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Aula 14 - Guilherme de Ockham
Aula 14 - Guilherme de Ockham
Sumário
Introdução........................................................................................................ 2
1. O Problema dos universais.............................................................................. 2
2. O nominalismo/conceitualismo de Ockham........................................................4
2.1 O primado do indivíduo.............................................................................. 4
2.2 O primado da experiência: intuição e abstração.............................................6
2.3 O nominalismo/conceitualismo....................................................................7
3. A navalha de Ockham.................................................................................... 8
Bibliografia....................................................................................................... 9
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Isto não é Filosofia
Isto não é um Curso de História da Filosofia
Prof. Vitor Ferreira Lima
Licenciado em Filosofia (UFRRJ)
Introdução
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relativa a um gênero superior também pode ser um gênero relativo a uma espécie
inferior. É verdade que há espécies finais que não são gêneros: a espécie humana,
por exemplo. É também verdade que há gêneros finais que não são espécies: as dez
categorias, por exemplo, a substância. Diante desse quadro, é possível montar uma
hierarquia de divisões subordinadas em modo de diagrama:
Árvore de Porfírio
Substância
Incorpórea Corpórea
Corpo
Inanimada Animada
Vivente
Insensível Sensível
Animal
Irracional Racional
Homem
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2. O nominalismo/conceitualismo de Ockham
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2.3 O nominalismo/conceitualismo
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Os universais não são res. Não existem fora do intelecto (posição platônica
acerca das Formas), nem existem nas coisas (posição aristotélica a respeito das
formas). São construções intelectuais por meio das quais se estabelecem relações
entre os elementos individuais. O conhecimento abstrato, então, origina-se a partir da
exposição do intelecto a muitos elementos individuais até que opere a ação mental de
juntar todas essas intuições e, a partir delas, elaborar um abstrato (uma entidade
mental) que se refira a todas de uma só vez. Eis a gênese do conceito. Se cada
elemento individual gera um conhecimento intuitivo, a junção de muitos conhecimentos
intuitivos transforma-se em conhecimento abstrato. Assim, todos os signos
representam elementos individuais, pois não há no mundo coisas como universais
para representarem.
Ockham apresenta ao menos dois argumentos de ordem teológica7.
Primeiro, se os universais existissem ante rem (prévios e independentes às coisas –
realismo platônico), nenhum indivíduo poderia ser criado do nada – o que contraria o
dogma cristão do Deus criador. Segundo, se o universal é in re (constituinte das
coisas – realismo aristotélico), caso fosse destruído pela onipotência divina, aniquilaria
todos os outros indivíduos da mesma espécie, mediante eliminação da natureza
comum.
Portanto, sobra a hipótese post rem – isto é, o universal é formulado após as
coisas e somente para nomeá-las. Um universal é uma coisa singular e é universal
somente por significação, sendo um signo único de muitos elementos individuais, de
modo que há dois tipos de universais.
O primeiro é o universal natural. Trata-se de um pensamento no intelecto
(uma intentio animae). Equivale ao conhecimento não complexo abstrato que designa
muitos elementos individuais – ver alguns parágrafos acima.
O segundo é o universal convencional. Signos convencionais são universais
por decisão humana – apenas palavras criadas para expressar os universais naturais
e significar muitas coisas.
O esquema de Ockham, então, é este:
1. Elementos individuais (coisas singulares, contingentes e finitas) à
2. Conhecimento não complexo intuitivo (conceito individual) à
3. Repetição de conhecimentos não complexos intuitivos (diversos conceitos individuais) à
4. Conhecimento não complexo abstrato intelectual (conceito universal natural) à
5. Conhecimento não complexo abstrato linguístico (conceito universal convencional) à
6. Conhecimento complexo abstrato (proposições que juntam conceitos universais).
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3. A navalha de Ockham
“Os entes não devem ser multiplicados sem necessidade” (entia non sunt
multiplicanda praeter necessitatem) – eis a famosa navalha de Ockham. Tal
observação não é encontrada nos escritos que chegaram até nós, ainda que de fato
tenha afirmado coisas semelhantes8:
“É fútil fazer com muitos o que pode ser feito com poucos”.
“A pluralidade não é para ser assumida sem necessidade”.
Trata-se de um critério que baliza que tipos de teorias devem ser aceitas:
sempre que houver duas teorias concorrentes para explicar os mesmos fatos, a que
precisa de menos entidades para sua explicação deve ser preferível àquela que
precisa postular a existência de muitas entidades. Por essa razão, também é
conhecida como princípio da economia da razão e princípio da parcimônia.
Esse preceito se tornou a ferramenta ideal para criticar o platonismo das
essências e o aristotelismo hierarquizante e estruturante da realidade – as duas bases
da metafísica até então.
Ockham rejeita o conceito de substância. Tal noção remonta ao que há de
essencial nos elementos individuais, no entanto deles só temos acesso pela
experiência – primeiro intuições, depois abstrações. Portanto, só temos acesso às
qualidades e acidentes que os meios empíricos revelam. Dessa maneira, é só
aparente que a noção de substância (que pressupõe uma essência) facilite a
compreensão dos individuais, logo, pelo princípio da parcimônia, a navalha deve ser
passada.
Algo semelhante acontece com as noções de causa eficiente e de causa
final.
Em relação à primeira, de acordo com a experiência que temos dos
comportamentos dos elementos individuais, é possível dizer que se relacionam deste
ou daquele modo, no entanto só podemos perceber probabilidades. Isso quer dizer
que quando estabelecemos que uma causa acarreta um efeito, não podemos dizer
que ali há necessariamente um nexo causal (o que seria um princípio metafísico), mas
que ali há provavelmente um nexo causal (o que seria um princípio abstrato derivado
da experiência)9. Portanto, por parcimônia, a navalha também é passada no princípio
da causa eficiente.
Em relação à segunda, de acordo com a experiência, afirmar que os elementos
individuais se dirigem a uma finalidade é falar metaforicamente e não realmente. Isso
porque não é necessário intenção para haver movimento, tampouco é suficiente ter
intenção para haver movimento. Em suma, o movimento prescinde, para ser
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entendido, de uma causa final. Nesse sentido, a navalha também se aplica, e a causa
final é cortada.
A navalha de Ockham, portanto, abre caminho para um uso econômico da
razão, que tende a excluir conceitos supérfluos à explicação mais simples. A
metafísica até então conhecida sofre sérios abalos com esse conceito. Sem dúvida,
estamos no fim da Escolástica e no prenúncio dos tempos modernos.
Bibliografia
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