O documento discute três tipos de eficácia de precedentes judiciais no direito brasileiro: 1) eficácia persuasiva, onde os precedentes apenas influenciam outros casos de forma não vinculante; 2) eficácia normativa forte, onde os precedentes são obrigatórios, mas isso só ocorre quando há possibilidade de reclamação no Brasil; 3) eficácia intermediária, onde os precedentes produzem efeitos para além dos casos originais, mas não há possibilidade de reclamação.
Descrição original:
Fichamento sobre artigo abordado na disciplina "Teoria dos Precedentes"
O documento discute três tipos de eficácia de precedentes judiciais no direito brasileiro: 1) eficácia persuasiva, onde os precedentes apenas influenciam outros casos de forma não vinculante; 2) eficácia normativa forte, onde os precedentes são obrigatórios, mas isso só ocorre quando há possibilidade de reclamação no Brasil; 3) eficácia intermediária, onde os precedentes produzem efeitos para além dos casos originais, mas não há possibilidade de reclamação.
O documento discute três tipos de eficácia de precedentes judiciais no direito brasileiro: 1) eficácia persuasiva, onde os precedentes apenas influenciam outros casos de forma não vinculante; 2) eficácia normativa forte, onde os precedentes são obrigatórios, mas isso só ocorre quando há possibilidade de reclamação no Brasil; 3) eficácia intermediária, onde os precedentes produzem efeitos para além dos casos originais, mas não há possibilidade de reclamação.
Trabalhando com uma nova lógica: A ascensão dos precedentes no direito
brasileiro.
“3 A EFICÁCIA DOS PRECEDENTES JUDICIAIS NO DIREITO
BRASILEIRO 3.1 Os Tipos de Eficácia: Eficácia Persuasiva, Eficácia Normativa e Eficácia Intermediária Diante das considerações acima, pode-se afirmar que os precedentes judiciais, no direito brasileiro, produzem três espécies de eficácia. Há, primeiramente, os precedentes com eficácia meramente persuasiva. Esta é a eficácia que tradicionalmente se atribuía às decisões judiciais em nosso ordenamento, em razão de sua própria raiz romano-germânica. Os julgados com essa eficácia produzem efeitos restritos às partes e aos feitos em que são afirmados, são relevantes para a interpretação do direito, para a argumentação e para o convencimento dos magistrados; podem inspirar o legislador; e sua reiteração dá ensejo à produção da jurisprudência consolidada dos tribunais. São, contudo, fonte mediata ou secundária do direito. Há, no outro polo, os precedentes normativos em sentido forte, correspondentes aos julgados e entendimentos que devem ser obrigatoriamente observados pelas demais instâncias e cujo desrespeito enseja reclamação. Nos países do common law, um instrumento como a reclamação é prescindível para que a eficácia normativa se torne efetiva. O respeito aos binding precedents é pressuposto e tradição do sistema. A experiência mostrou, contudo, que não é isso o que ocorre no Brasil. O cabimento de reclamação é essencial, em nosso sistema, para a efetividade do respeito ao precedente. Não há, aqui, tradição neste sentido. Ao contrário, há mesmo alguma resistência em aceitar a ampliação dos precedentes vinculantes, por se considerar que estes interferem indevidamente na independência e no livre convencimento dos juízes. E a correção das decisões que violam os precedentes judiciais pelo sistema recursal tradicional pode levar muitos anos. Consequentemente, só é possível falar em eficácia normativa forte, por ora, para aqueles casos em que é cabível a reclamação. Há, ainda, em nosso sistema, um conjunto de julgados que produzem uma eficácia intermediária. Não são dotados de eficácia meramente persuasiva porque o próprio ordenamento lhes atribui efeitos para além dos casos em que foram produzidos, em favor ou desfavor de quem não era parte nestes, ou, ainda, porque o próprio direito determina expressamente que a observância dos entendimentos proferidos em tais julgados é obrigatória. Não é possível, por outro lado, afirmar que tais precedentes produzem eficácia normativa em sentido forte porque a lei não permite o uso de reclamação, em caso de desrespeito à orientação Ficha Artigo: MELLO, Patrícia Perrone Campos; BARROSO, Luiz Roberto. Trabalhando com uma nova lógica: A ascensão dos precedentes no direito brasileiro. neles traçada. Esta terceira categoria é residual. Abriga, por isso, decisões judiciais com eficácia heterogênea que produzem efeitos impositivos em diferentes graus” (págs. 11-12)