Você está na página 1de 15

VAMOS FALAR SOBRE O

LINA?

Fernanda Eleutério Miara de Almeida - Aluna do curso de Zootecnia da Universidade Estadual


de Ponta Grossa/UEPG
Profa. Adriana de Souza Martins - Departamento de Zootecnia/UEPG
O que é o LINA?

O Leite Instável Não Ácido (LINA) é uma alteração


que ocorre no leite quando este é submetido a um
processamento térmico (aquecimento), como o que
ocorre na indústria, para fabricação de leite UHT e
outros derivados lácteos.
Quando a vaca produz um leite instável (LINA), este,
ao ser aquecido durante processamento pela indústria,

irá formar grumos, ficando com aspecto de qualhada.


Este leite é rejeitado pela indústria, pois pode causar
prejuízos como a redução no rendimento de queijos,
aumento no tempo de coagulação, problemas com a
pasteurização, aumento dos custos com a limpeza dos
equipamentos, etc). O produtor também terá prejuízos,
pois a indústria poderá rejeitar seu leite ou aplicar
descontos no preço pago por litro de leite.

.
Como o LINA é detectado?

Para detectar a ocorrência de LINA a indústria faz o


teste do álcool/alizarol na propriedade, antes da coleta
do leite. No teste, são misturados o mesmo volume de
leite e de alizarol/álcool (com álcool na concentração
mínima de 72%) e avaliado se há formação de grumos
ou não. Em caso positivo, leite é considerado instável.

O teste do alizarol tem a mesma finalidade do teste


do álcool. Entretanto, com ele é possível também
saber a faixa de acidez do leite, pois há um indicador
de pH, que altera a cor em função do pH: Leite com
pH ácido: coloração amarela; Leite com pH normal:
coloração pardo avermelhada; Leite com pH alcalino:
coloração roxa.
TESTE DO ÁLCOOL

Análise da estabilidade do leite pelo teste do álcool.


Leite estável ao teste do álcool e leite instável ao teste
do álcool (concentração de 72% v/v)

A: Leite estável. B: Leite instável.


Fonte: Milk Point

TESTE DO ALIZAROL
Análise da estabilidade do leite e do pH pelo teste do
alizarol.

Fonte: Milk Point


O teste do álcool pode ser
mais rigoroso?

Sim. De acordo com a legislação vigente (Instrução


Normativa nº 76 do MAPA), o teste do álcool/alizarol,
deve ser feito com álcool na concentração mínima de
72% v/v. Porém, quanto maior a concentração do
álcool (72%; 74%; 76%; 78%; 80%...), maior o rigor do
teste, ou seja, maior a chance do resultado ser positivo
(formar grumos).
Algumas cooperativas/indústrias de laticínios

utilizam álcool na concentração de 78% ou mais. Isto


torna o teste mais rigoroso para prevenir os riscos de
precipitação do leite no momento do processamento
térmico, especialmente para a fabricação de produtos
que exijam altas temperaturas, como o leite UHT, leite
em pó.
LEITE
LEITE INSTÁVEL
INSTÁVEL

A principal causa da instabilidade do leite é a acidez


elevada. O leite ácido ocorre principalmente devido à
falta de higiene durante a ordenha, falhas na limpeza
dos equipamentos e por problemas com o resfriamento
do leite. Já o LINA é instável não pela acidez, mas por
outras causas que serão abordadas neste texto. O leite
ácido é rejeitado pela indústria, pois apresenta alta
contaminação por microrganismos.
LEITE INSTÁVEL - pH ácido

CAUSAS:
Contaminação microbiana Lactose Ácido
lático pH Instabilidade do leite

Higiene na ordenha e equipamentos

Resfriamento do leite e tempo de transporte do


leite do produtor até a indústria
Algumas indústrias praticam bonificações/descontos
no preço pago por litro de leite aos produtores em
função da estabilidade do leite no teste do
álcool/alizarol. Sendo assim, o leite com alta
estabilidade pode gerar aumento no preço e o LINA
pode gerar descontos no preço pago por litro de leite.

LEITE ESTÁVEL

LEITE INSTÁVEL - LINA


FATORES QUE INFLUENCIAM
A OCORRÊNCIA DO LINA

Conforme mencionado, a principal causa de


instabilidade no leite é a acidez elevada, porém, o
LINA, apesar de ser instável no teste do álcool/alizarol,
não apresenta acidez, ou seja, seu pH é normal (entre
6,6 e 6,8). Portanto, a ocorrência do LINA tem outras
causas e algumas ainda não estão bem definidas.
Entre os fatores relacionados com a incidência do
LINA em rebanhos leiteiros, podemos citar:

Estresse Restrição Ocorrência


Térmico Alimentar de mastite

Fase da Dieta DEL (Dias em Leite)


Lactação Desbalanceada Avançado
FATORES QUE INFLUENCIAM
A OCORRÊNCIA DO LINA

Teor de Ca Doenças Fatores


Iônico no leite Metabólicas Metodológicos

Raça Subnutrição Temperatura do leite


para realizar o teste
PREVENÇÃO

Uma vez que o LINA possui várias causas e existem


variações entre propriedades e dentro do próprio
rebanho, algumas medidas podem ser tomadas para a
sua prevenção, tais como:

Planejamento Conforto Água de boa


nutricional do térmico dos qualidade
rebanho animais e à vontade

Secagem correta Controle de CCS e


dos animais mastite
O consumo do LINA faz mal à
saúde?

Não. O LINA pode ser consumido sem nenhum dano


à saúde, tanto na forma in natura como na forma de
derivados lácteos. Podem haver pequenas alterações
na composição do leite (teores de lactose, proteína e
gordura), porém, sem nenhum comprometimento para
quem o consome.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ocorrência de LINA em rebanhos leiteiros pode


trazer prejuízos ao produtor e à indústria devido à
instabilidade do leite.
A indústria rejeita o LINA devido à diminuição do
rendimento do leite, à formação de grumos durante
o processamento para a fabricação de produtos
lácteos, entre outros.
O produtor com casos de LINA no rebanho poderá
ter seu leite rejeitado ou receber descontos no
preço pago por litro de leite.
O monitoramento da nutrição do rebanho, a
prevenção de doenças metabólicas e o bem-estar
dos animais e ambiência nas instalações são
alguns dos fatores que previnem a ocorrência de
LINA.
REFERÊNCIAS
CUNHA, J.; SOUZA, L.; VIEIRA, E. Teste do álcool e do
alizarol: primeiro passo para seleção do leite. Milk Point,
2021. Disponível em:
https://www.milkpoint.com.br/colunas/lipaufv/teste-do-
alcool-e-do-alizarol-1-passo-para-selecao-do-leite-
227443/#. Acesso em: 16/01/2023.

MARTINS, F. A. Caracterização de variáveis relacionadas


com a estabilidade do leite bovino. Ponta Grossa, 2022.
Dissertação (Mestrado em
Zootecnia - Área de
concentração: Produção Animal), Universidade Estadual de
Ponta Grossa, 63p. 2022.

MELLO, L.; COSTA, F.. LINA: um leite saudável, mas de má


aparência. Revista Leite Integral. Disponível em:
http://www.revistaleiteintegral.com.br/noticia/lina-um-
leite-saudavel-mas-de-ma-aparencia. Acesso em:
15/01/2023.

SOUTELINO, Maria; SILVA, Adriana; HEYLAEL, Michel. Leite


LINA: conhecer as causas para prevenir. Milk Point, 2021.
Disponível em:
https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-
leite/leite-lina-226266/. Acesso em: 16/01/2023.

ZANELA, Maira; RIBEIRO, Maria. LINA - Leite Instável Não


Ácido. Embrapa - Comunicado Técnico 356. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/1840
58/1/COMUNICADO-TECNICO-356.pdf. Acesso em:
14/01/2022.

Você também pode gostar