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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA ..............................................................................................................................11
1. Níveis de análise da língua........................................................................................................................................................................12
2. Morfologia classes de palavras................................................................................................................................................................12
3. Pronomes ...................................................................................................................................................................................................23
4. Substantivo................................................................................................................................................................................................27
5. Verbo ..........................................................................................................................................................................................................28
6. Sintaxe básica da oração e do período .................................................................................................................................................34
7. Concordância verbal e nominal ..............................................................................................................................................................37
8. Acentuação gráfica.................................................................................................................................................................................. 40
9. Colocação pronominal ............................................................................................................................................................................. 41
10. Regência verbal e nominal ....................................................................................................................................................................42
11. Crase ...........................................................................................................................................................................................................45
12. Pontuação ................................................................................................................................................................................................ 46
13. Tipologia textual ..................................................................................................................................................................................... 48
14. Compreensão e interpretação de textos............................................................................................................................................ 50
15. Paráfrase um recurso precioso .............................................................................................................................................................53
16. Ortografia .................................................................................................................................................................................................55
17. Acordo ortográfico da língua portuguesa...........................................................................................................................................59
18. Interpretação de textos......................................................................................................................................................................... 64
19. Demais tipologias textuais ................................................................................................................................................................... 66
20. Interpretação de texto poético ........................................................................................................................................................... 69
21. Estrutura e formação de palavras ........................................................................................................................................................73
22. Figuras de linguagem ............................................................................................................................................................................75
23. Redação de correspondências oficiais ................................................................................................................................................77

REDAÇÃO ................................................................................................................................................ 94
1. Redação para concursos públicos ..........................................................................................................................................................95
2. Dissertação expositiva e argumentativa ............................................................................................................................................. 99

RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO.......................................................................................................106
1. Análise combinatória .............................................................................................................................................................................. 107
2. Teoria dos conjuntos ..............................................................................................................................................................................109
3. Conjuntos numéricos ...............................................................................................................................................................................111
4. Sistema legal de medidas ...................................................................................................................................................................... 115
5. Razões e proporções ...............................................................................................................................................................................116
6. Porcentagem e juros ............................................................................................................................................................................... 118
7. Probabilidade ...........................................................................................................................................................................................119
8. Sequências numéricas ............................................................................................................................................................................ 121
9. Matrizes, determinantes e sistemas lineares ..................................................................................................................................... 123
10. Funções, função afim e função quadrática ....................................................................................................................................... 129
11. Função exponencial e função logarítmica ......................................................................................................................................... 132
12. Trigonometria ........................................................................................................................................................................................ 134
13. Geometria plana .................................................................................................................................................................................... 138
14. Estatística descritiva ............................................................................................................................................................................. 143
15. Medidas de dispersão ou de variação................................................................................................................................................ 155
16. Medidas de forma: assimetria e curtose ........................................................................................................................................... 159

SUMÁRIO
SUMÁRIO

INFORMÁTICA ........................................................................................................................................162
1. Software ....................................................................................................................................................................................................163
2. Redes de computadores........................................................................................................................................................................ 167
3. Sistema windows 10 ............................................................................................................................................................................... 172
4. Segurança da informação .....................................................................................................................................................................184
5. Cloud computing ....................................................................................................................................................................................186

FÍSICA .....................................................................................................................................................189
1. Introdução à física ...................................................................................................................................................................................190
2. Cinemática escalar ...................................................................................................................................................................................191
3. Cinemática vetorial.................................................................................................................................................................................199
4. Movimento circular................................................................................................................................................................................206
5. Dinâmica..................................................................................................................................................................................................209
6. Leis de kepler e gravitação universal ................................................................................................................................................. 224
7. Estática .................................................................................................................................................................................................... 225
8. Óptica geométrica ................................................................................................................................................................................. 232
9. Termofísica ............................................................................................................................................................................................. 255
10. Gases ideais (ou perfeitos).................................................................................................................................................................260
11. Termodinâmica .......................................................................................................................................................................................261
12. Ondulatória............................................................................................................................................................................................264
13. Eletrostática .......................................................................................................................................................................................... 274
14. Eletrodinâmica...................................................................................................................................................................................... 283
15. Eletromagnetismo................................................................................................................................................................................ 289

ÉTICA E CIDADANIA ..............................................................................................................................299


1. Princípios fundamentais da administração pública ..........................................................................................................................300
2. Acesso à informação em âmbito federal ...........................................................................................................................................305

GEOPOLÍTICA .........................................................................................................................................313
1. Brasil político: nação e território ...........................................................................................................................................................314
2. Organização do estado brasileiro ........................................................................................................................................................ 319
3. A divisão inter-regional do trabalho no Brasil.................................................................................................................................. 325
4. Globalização e subdesenvolvimento ................................................................................................................................................. 326
5. Intercâmbio multidirecional................................................................................................................................................................. 329
6. A estrutura urbana brasileira e as grandes metrópoles ................................................................................................................. 330
7. Distribuição espacial da população no Brasil e os movimentos migratórios internos .............................................................. 335
8. A evolução da estrutura fundiária e os problemas demográficos no campo ............................................................................. 339
9. A integração entre indústria e estrutura urbana, rede de transportes e setor agrícola no Brasil ...........................................344
10. Macrodivisão natural do espaço brasileiro: biomas, domínios e ecossistemas ........................................................................ 347
11. Política e gestão ambiental no Brasil................................................................................................................................................. 353
12. O brasil e a questão cultural ...............................................................................................................................................................360
13. A integração do brasil ao processo de internacionalização da economia.................................................................................. 363
14. O século xx: urbanização da sociedade e cultura de massas ....................................................................................................... 365

LÍNGUA INGLESA ................................................................................................................................... 368


1. Numbers, definite articles, pronouns, indefinite articles .................................................................................................................369
2. Simple present, possessive adjectives, possessive pronouns, genitive case ............................................................................... 371
3. Present continuous, adjectives and adverbs .................................................................................................................................... 372
4. Simple past, past continuous, there to be..........................................................................................................................................373
5. Imperativo, subjuntivo, question words, demonstrative pronouns ............................................................................................. 375

8
9

6. Comparative adjectives, superlative adjectives ............................................................................................................................... 376


7. Question tags, reflexive pronouns, preposições de lugar e tempo ...............................................................................................377
8. Simple future, future with be going to .............................................................................................................................................. 379
9. Modal verbs, nouns, quantifiers, indefinete pronouns....................................................................................................................380
10. Present perfect, present perfect continuous................................................................................................................................... 383
11. Past perfect, past perfect continuous................................................................................................................................................ 384
12. Passive voice ......................................................................................................................................................................................... 385
13. Gerund and infinitive, conjunctions .................................................................................................................................................. 386
14. Conditional sentences, reported speech .......................................................................................................................................... 387
15. Relative pronouns and adverbs, phrasal verbs ............................................................................................................................... 389

LÍNGUA ESPANHOLA .............................................................................................................................390


1. Interpretação de textos .......................................................................................................................................................................... 391
2. O espanhol como língua estrangeira - classes de palavras............................................................................................................ 392
3. Adjetivos, numerais e advérbios ......................................................................................................................................................... 399
4. Preposições, conjunções e pronomes .................................................................................................................................................401
5. Verbos......................................................................................................................................................................................................406

DIREITO ADMINISTRATIVO..................................................................................................................... 411


1. Introdução ao direito administrativo ...................................................................................................................................................412
2. Administração pública ...........................................................................................................................................................................415
3. Órgão público ..........................................................................................................................................................................................421
4. Ato administrativo ................................................................................................................................................................................ 425
5. Agentes públicos ...................................................................................................................................................................................430
6. Poderes e deveres administrativos .....................................................................................................................................................431
7. Controle da administração pública ..................................................................................................................................................... 437
8. Responsabilidade civil do estado .......................................................................................................................................................443

DIREITO CONSTITUCIONAL ...................................................................................................................445


1. Teoria geral da constituição .................................................................................................................................................................446
2. Princípios fundamentais .......................................................................................................................................................................450
3. Direitos fundamentais - regras gerais................................................................................................................................................ 455
4. Direitos fundamentais - direitos e deveres individuais e coletivos ..............................................................................................459
5. Direitos fundamentais - direitos e deveres individuais e coletivos ..............................................................................................463
6. Direitos fundamentais - direitos sociais e nacionalidade ...............................................................................................................474
7. Direitos fundamentais – direitos políticos e partidos políticos......................................................................................................479
8. Organização dos poderes – poder executivo ................................................................................................................................... 483
9. Defesa do estado e das instituições democráticas ..........................................................................................................................489
10. Ordem social .........................................................................................................................................................................................495

DIREITO PENAL .....................................................................................................................................504


1. Introdução ao direito penal e aplicação da lei penal ........................................................................................................................505
2. Do crime ...................................................................................................................................................................................................514
3. Dos crimes contra a pessoa ................................................................................................................................................................. 525
4. Dos crimes contra o patrimônio........................................................................................................................................................... 551
5. Dos crimes contra a dignidade sexual ............................................................................................................................................... 573
6. Dos crimes contra a fé pública ............................................................................................................................................................ 577
7. Dos crimes contra administração pública..........................................................................................................................................584

SUMÁRIO
SUMÁRIO

DIREITO PROCESSUAL PENAL ................................................................................................................615


1. Introdução ao direito processual penal ...............................................................................................................................................616
2. Ação penal ............................................................................................................................................................................................... 617
3. Provas ...................................................................................................................................................................................................... 622
4. Prisões ..................................................................................................................................................................................................... 628
5. Inquérito policial .................................................................................................................................................................................... 632

LEGISLAÇÃO ESPECIAL ......................................................................................................................... 638


1. Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do idoso - dos crimes ........................................................................................................................639
2. Lei nº 5.553/1968 - Apresentação e uso de documento de identificação pessoal ......................................................................641
3. Lei nº 8.069/2013 - Estatuto da criança e do adolescente .............................................................................................................643
4. Lei nº 8.072/90 – Lei de crimes hediondos ...................................................................................................................................... 672
5. Lei nº 9.099/1995 - Juizados especiais cíveis e criminais............................................................................................................... 676
6. Lei nº 9.455/1997 - Lei de tortura ....................................................................................................................................................... 683
7. Lei nº 9.605/98 – Meio ambiente ....................................................................................................................................................... 687
8. Lei nº 10.826/2003 - Estatuto do desarmamento ...........................................................................................................................700
9. Lei nº 11.343/2006 - Sistema nacional de políticas públicas sobre drogas (SISNAD) ................................................................714
10. Lei de organização criminosa - lei nº 12.850/2013 ......................................................................................................................... 723
11. Lei nº 13.869/2019 - Lei de abuso de autoridade ............................................................................................................................ 732

DIREITOS HUMANOS ............................................................................................................................. 736


1. Os direitos humanos e a constituição federal.....................................................................................................................................737
2. A constituição e os tratados internacionais de direitos humanos................................................................................................. 739
3. Declaração universal dos direitos humanos (DUDH) .......................................................................................................................741

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO ......................................................................................................... 744


1. Lei nº 9.503/97 – Código de trânsito brasileiro ................................................................................................................................ 748
2. Competências dos órgãos do sistema ................................................................................................................................................ 751
3. Das normas gerais de circulação e conduta ...................................................................................................................................... 759
4. Da sinalização de trânsito .................................................................................................................................................................... 767
5. Dos veículos .............................................................................................................................................................................................773
6. Das infrações .......................................................................................................................................................................................... 786
7. Das penalidades ..................................................................................................................................................................................... 797
8. Das medidas administrativas ..............................................................................................................................................................800
9. Do processo administrativo .................................................................................................................................................................803
10. Dos crimes de trânsito ........................................................................................................................................................................805
11. Disposições finais e transitórias..........................................................................................................................................................808
12. Lei nº 12.813/2013 - Conflito de interesses, e impedimentos posteriores ao exercício do cargo federal............................... 812
13. Decreto nº 7.203/2010 - Vedação do nepotismo no âmbito da administração pública federal .............................................814

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LÍNGUA PORTUGUESA 11

LÍNGUA PORTUGUESA

SUMÁRIO
1. NÍVEIS DE ANÁLISE DA LÍNGUA
Vamos começar o nosso estudo fazendo uma distinção entre quatro
níveis de análise da Língua Portuguesa, afinal, você não pode confundir-se
na hora de estudar. Fique ligado nessa diferença:
ї Nível Fonético / Fonológico: estuda a produção e articulação dos
sons da língua.
ї Nível Morfológico: estuda a estrutura e a classificação das palavras.
ї Nível Sintático: estuda a função das palavras dentro de uma
sentença.
ї Nível Semântico: estuda as relações de sentido construídas entre
as palavras.
Na Semântica, estudaremos, entre outras coisas, a diferença entre
linguagem de sentido denotativo (ou literal, do dicionário) e linguagem
de sentido conotativo (ou figurado).
Ex: Rosa é uma flor.
01. Morfologia:
Rosa: substantivo;
Uma: artigo;
É: verbo ser;
Flor: substantivo
02. Sintaxe:
Rosa: sujeito;
É uma flor: predicado;
Uma flor: predicativo do sujeito.
03. Semântica:
Rosa pode ser entendida como uma pessoa ou como uma planta,
depende do sentido.
Vamos, a partir de agora, estudar as classes de palavras.

LÍNGUA PORTUGUESA 12
REDAÇÃO
REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS

1. REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS R


A questão discursiva (redação) assusta muitos candidatos. Afinal, escrever de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa, respeitando E
as inúmeras regras gramaticais, é tarefa que exige muita atenção. Além disso, é necessário que o candidato apresente bons argumentos dentro D
de uma estrutura na qual as ideias tenham coesão e façam sentido (coerência). Por isso, é importante que a redação seja estudada e treinada ao
longo da preparação para o concurso almejado.

1.1 Por que Tenho que me Preparar com Antecedência para a Redação?
Quando a redação (questão discursiva) é solicitada, em geral, é uma etapa eliminatória (se o candidato não alcançar a nota mínima, é
eliminado do concurso). Então, por ter peso significativo, podendo colocá-lo na lista de classificação ou tirá-lo dela, merece atenção especial.
Entretanto, não se pode dar início ao estudo para concurso pela redação. É necessário que o aluno tenha conhecimento das regras gramati-
cais, da estrutura sintática das orações e dos períodos, dos elementos de coesão textual, ou seja, é essencial uma maturidade para, então, produzir
um texto. Além do domínio da norma culta, deve-se dedicar à disciplina de Atualidades, que, muitas vezes, já vem prevista no edital. Quem tem
conhecimento do assunto se sente mais confortável para escrever.

1.2 Os Primeiros Passos


Antes de começar a praticar a produção de textos, é importante ler o edital de abertura do concurso (quando já tiver sido publicado; quando
não, leia o último) para entender os critérios de avaliação da sua prova discursiva e sobre qual assunto o tema versará.
Veja aguns exemplos:
CONCURSO EDITAL – PROVA DISCURSIVA ASSUNTO COBRADO - TEMA A PROPOSTA
SEGURANÇA PÚBLICA: POLÍCIA E POLÍTICAS
PÚBLICAS

A prova discursiva valerá 20,00 pontos Os assuntos que o tema pode abordar foram Ao elaborar seu texto, faça o que se pede a seguir.
e consistirá da redação de texto disponibilizados no edital. Atualidades: 1
DEPEN - 2015 dissertativo, de até 30 linhas, acerca Sistema de justiça criminal. 2 Sistema prisional > Disserte a respeito da segurança como condição para o
de tema de atualidades, constantes do brasileiro. 3 Políticas públicas de segurança exercício da cidadania. [valor: 25,50 pontos]
subitem 22.2 deste edital. pública e cidadania. > Dê exemplos de ação do Estado na luta pela segurança
pública. [valor: 25,50 pontos]
> Discorra acerca da ausência do poder público e a
presença do crime organizado. [valor: 25,00 pontos]

Com base na coletânea e nos conhecimentos sobre


o tema, redija um texto dissertativo-argumentativo
A Redação, com no mínimo 15 e no
Tema da atualidade, ou seja, pode ser cobrado que coloque em discussão a importância da correta
PC-PR - 2018 máximo 25 linhas, versará sobre um
qualquer assunto. emissão e decodificação da mensagem, bem como
tema da atualidade
o repasse dessa mensagem ao interlocutor, seja na
modalidade escrita ou oral.

Para o cargo de Perito Criminal


Considerando que o texto precedente tem caráter
Federal, a prova discursiva, de caráter
unicamente motivador, redija um texto dissertativo
eliminatório e classificatório, valerá
O tema tratará das matérias de acerca do impacto da LRF na gestão pública,
PF-2018 PERITO 13,00 pontos e consistirá da redação
conhecimentos específicos do cargo, ou seja, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:
CRIMINAL de texto dissertativo, de até 30 linhas,
será um assunto do conteúdo programático. 1. o processo de planejamento; [valor: 4,10 pontos]
a respeito de temas relacionados aos
2. as receitas e a renúncia fiscal; [valor: 4,10 pontos]
conhecimentos específicos para cada
3. as despesas com pessoal. [valor: 4,20 pontos]
cargo/área.
O COMBATE ÀS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO NAS
RODOVIAS FEDERAIS BRASILEIRAS

A prova discursiva valerá 20,00 pontos


e consistirá da redação de texto Ao elaborar seu texto, aborde os seguintes aspectos:
O tema tratará de algum assunto relacionado 1. medidas adotadas pela PRF no combate às infrações;
PRF - 2018 dissertativo, de até 30 linhas, a respeito
ao conteúdo programático. [valor: 7,00 pontos]
de temas relacionados aos objetos de
avaliação. 2. ações da sociedade que auxiliem no combate às
infrações; [valor: 6,00 pontos]
3. atitudes individuais para a diminuição das infrações.
[valor: 6,00 pontos]
Prova Dissertativa (Parte II), de caráter
eliminatório e classificatório, visa avaliar
a capacidade do candidato de produzir
PM-SP – 2019 - uma redação que atenda ao tema e ao Não foi informado o tema nem o tipo de texto A popularização da internet ameaça o poder de
SOLDADO gênero/tipo de texto propostos, além (dissertativo, narrativo, descritivo). influência da televisão?
de seu domínio da norma culta da língua
portuguesa e dos mecanismos de coesão
e coerência textual;

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A partir disso, o aluno deve direcionar a sua leitura para temas a) Jamais se dirija ao leitor: o leitor é o examinador e o can-
da atualidade, para matéria do conteúdo programático (conhecimentos didato não deve estabelecer um diálogo com ele.
específicos) ou para assunto relacionado ao cargo ou à instituição a que b) Não use gírias; clichês, provérbios e citações sem critério.
está concorrendo. É crucial que conheça a banca examinadora e que
você pode acabar errando o autor da expressão (o que
tenha contato com as provas anteriores a fim de observar o perfil das
pega muito mal), ou até mesmo usá-la fora de contexto,
propostas de redação.
o que pode direcionar a sua redação para um lado que
Em geral, as bancas de concursos públicos exigem textos dis-
você não quer. Os ditados populares empobrecem o texto.
sertativos e apontam qual assunto o tema abordará (atualidades ou
Os examinadores não gostam de ver o senso comum se
conteúdo programático). Quando isso não ocorrer, deve-se levar em con-
repetindo.
sideração o perfil da banca e as provas anteriores para o mesmo cargo.
Ex.: Desde os primórdios da humanidade; fechar com chave de
1.3 Orientações para o Texto Definitivo ouro.
a) Não use a 1ª pessoa do singular: os textos formais exigem a a) Evite a construção de períodos longos: pode prejudicar
impessoalização da linguagem. Isso significa que, às vezes, a clareza textual. Além disso, procure escrever na ordem
é necessário omitir os agentes do discurso e as diversas direta.
vozes que compõem um texto. Então, empregue a terceira b) Respeite as margens da folha de redação: não ultrapasse
pessoa do singular ou do plural. o limite estipulado na folha do texto definitivo.
Ex.: Eu acredito que a pena de morte deve ser aplicada em casos c) Não use corretivo: se errar alguma palavra, risque (com
de crimes hediondos. (Incorreto) um traço penas) e prossiga. Não use parênteses nem a
Acredita-se que a pena de morte deve ser aplicada em casos de palavra “digo”.
crimes hediondos. (Correto) Ex.: A sociadade sociedade deve se conscientizar do seu papel.
Devemos analisar alguns fatores que contribuem para esse pro- a) Evite algarismos, a não ser que se trate de anos, décadas,
blema. (incorreto)
séculos ou referências a textos legais (artigos, decretos,
Alguns fatores que contribuem para esse problema devem ser etc.).
analisados. (Correto)
b) A letra deve ser legível: pode ser letra cursiva ou de
Atenção! A primeira pessoa do plural deve ser um sujeito social-
imprensa. Não se esqueça de fazer a distinção entre maiús-
mente considerado, como em “Nós (brasileiros) devemos enten-
der que o voto é uma importante ferramenta para se alcançar cula e minúscula.
uma mudança.” Não empregue de forma indiscriminada. c) Cuidado com a separação silábica.
Como impessoalizar a linguagem do texto Translineação: é a divisão das palavras no fim da linha. Eva em
dissertativo-argumentativo? conta não apenas critérios de correção gramatical, mas também reco-
ї Oculte o agente: mendações estilísticas (estética textual).
Para deixar o discurso mais objetivo, prefira por ocultar o agente 1) Não se isola sílaba forma apenas por uma vogal;
sempre que possível. Isso pode ser feito por meio de expressões como: é 2) Não se isola elemento cacofônico;
importante, é preciso, é indispensável, é urgente, é crucial, é necessário, 3) Na partição de palavras hifenizadas, recomenda-se repetir o
já que elas não revelam o agente da ação: hífen na linha seguinte.
Ex.: É necessário discutir alguns aspectos relacionados a essa
Maria foi secretária, ministra e era muito
temática.
amiga do antigo presidente. Quando entrou na disputa
É essencial investir em educação para minimizar tais problemas.
eleitoral, todos nós esperávamos que, lançando-
ї Indetermine o sujeito:
-se candidata, facilmente ganharia as eleições.
Indeterminar o sujeito também é uma estratégia de ocultar o
ADEQUADO
agente da ação verbal. A melhor forma de empregar essa técnica é por
meio do pronome indeterminador do sujeito (se).
Maria foi secretária, ministra e era muito a-
Ex.: Muito se tem discutido sobre a redução da maioridade penal.
miga do antigo presidente. Quando entrou na dis-
Acredita-se que a desigualdade social contribui para o aumento
puta eleitoral, todos nós esperávamos que, lançando-
da violência.
se candidata, facilmente ganharia as eleições.
ї Empregue a voz passiva:
INADEQUADO
Na voz passiva, o sujeito da oração torna-se paciente, isto é, ele
sofre a ação expressa pelo fato verbal. Empregá-la é um recurso que a) Não use as palavras generalizadoras, afinal sempre há uma
também oculta o agente da ação. exceção, um exemplo contrário ou algo assim.
Ex.: Devem ser analisados alguns fatores que contribuem para Ex.: “Todos jogam lixo no chão” ou “Ninguém faria isso” ou “Isso
o aumento da violência. jamais vai acontecer, é impossível.”
Medidas devem ser tomadas para a pacificação da sociedade. a) Não invente dados estatísticos, pesquisas, mentiras
convincentes.

REDAÇÃO 96
REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS

b) Não use a ironia. A ironia é uma figura de linguagem que não O assunto principal;
deve ser utilizada no texto dissertativo argumentativo. Nele R
A linguagem utilizada (formal, informal, com figuras de lingua-
E
nada deve ficar subentendido. A escrita deve ser sempre clara, gem ou não, com marcas de regionalismo ou não etc.). D
sem nada oculto, sem gracinha e de forma argumentativa. ї Gráficos
c) Não é uma boa ideia usar palavras rebuscadas. Seu texto Os gráficos possibilitam uma leitura mais ágil das informações.
pode ficar sem fluência e clareza, dificultando a compreen- Ao se deparar com eles, observe o seguinte:
são do corretor. Lembre-se: linguagem formal não é sinô- O título;
nimo de linguagem complicada. As informações na horizontal e na vertical;
Ex.: Hodiernamente, mister, mormente, dessarte, etc. A forma como os índices foram representados (colunas, fatias etc.);
a) Evite estrangeirismo: empregar palavras estrangeiras em O uso de cores diferentes (caso haja);
meio à nossa língua de forma desnecessária. Não é neces- A fonte da qual as informações foram coletadas.
sário fazer isso se há no português uma palavra correspon- ї Imagens
dente que pode ser usada. Muitas vezes as imagens podem vir sem nenhuma palavra. Se
Ex.: Stress em vez de estresse isso ocorrer, note:
a) Não se utilize de pergunta retórica. O que é a imagem (foto, quadro etc.)?
Pergunta retórica: é uma interrogação que não tem como objetivo Quem é o autor dela?
obter uma resposta, mas sim estimular a reflexão do indivíduo sobre Qual é o assunto principal?
determinado assunto. O que está sendo retratado?
Há marcas temporais ou regionais na imagem?
1.4 Temas e Textos Motivadores Se o aluno não souber nada sobre a temática apresentada, os tex-
Os textos motivadores - um grupo de textos apresentados junto à tos motivadores podem ser um ótimo suporte. Além dos dados expos-
proposta de redação - têm a função de situar o candidato acerca do tema tos, tais textos também provocam a reflexão sobre outros aspectos do
proposto, fornecendo elementos que possam ajudá-lo a refletir sobre o problema e jamais devem ser ignorados.
assunto abordado. Tais textos servem para estimular ideias para o desen-
volvimento do tema e são úteis por ajudar a manter o foco temático. 1.5 Título
O papel dos textos motivadores da prova de redação é o de moti- O título só é obrigatório se for solicitado nas instruções da prova
var, inspirar e contextualizar o candidato em relação ao tema proposta. de redação.
Esses textos não estão ali por acaso, então devem ser utilizados, e Pode ser que a Banca examinadora deixe o espaço para o título,
podem evitar que o candidato escreva uma redação genérica. Contudo, nesse caso, ele também é obrigatório.
não podem ser copiados, pois as provas que contêm cópias terão as Se puser o título e não for obrigatório (não for exigido), não rece-
linhas desconsideradas e podem, quando em excesso, levar à nota zero. berá mais pontos por isso e só terá pontos descontados se contiver
Então, a intenção não é que o aluno reproduza as informações algum erro nele.
contidas nos textos motivadores. O que se deseja é que o candidato leia Caso se esqueça de colocar título quando for obrigatório, a reda-
os textos, interprete-os e reelabore-os, interligando-os à sua discussão. ção não será anulada, mas poderá ter pontos (poucos) descontados.
Assim sendo, o ideal é retirar de cada texto motivador as ideias principais Dicas:
e que podem ser utilizadas na sua produção escrita.
ঠ Nunca utilize tema como título;
Leia todos com atenção e não se esqueça de procurar estabelecer
ঠ Não coloque ponto final;
uma relação entre eles, ou seja, busque os pontos em comum, e os conecte
de uma maneira que defina argumentos consistentes para sua redação. ঠ Não escreva todas as palavras com letra maiúscula;
Escreva as principais ideias em forma de tópicos e com as suas palavras. ঠ Não pule linha depois do título;
ঠ Construa-o quando terminar o texto.
Tipos de textos motivadores
Os textos motivadores podem ser de vários tipos 1.6 O Texto Dissertativo
ї Matérias jornalísticas/ Reportagens Dissertar significa expor algum assunto. Dependendo da maneira
Um dos tipos mais comuns de textos motivadores são as matérias como o esse assunto seja abordado, a dissertação poder ser expositiva
jornalísticas. Para que haja maior entendimento sobre elas, análise: ou argumentativa.
O que acontece? ї Dissertação expositiva: apresenta informações sobre assuntos,
expõe, explica, reflete ideias de modo objetivo, imparcial. O autor é
Com quem acontece? De que modo acontece?
o porta-voz de uma opinião, ou seja, a intenção é expor fatos, dados
Em que lugar acontece? Por que acontece? estatísticos, informações científicas, argumentos de autoridades
Quando acontece? Para que acontece? etc. Este tipo de texto pode ter duas abordagens: Estudo de Caso
ї Charges/Tirinhas (em que é apresentada uma solução para a situação hipotética
As charges ou as tirinhas são uma forma curta e, muitas vezes, apresentada) e Questão Teórica (em que é preciso apresentar con-
descontraída de apresentar informações relevantes para a produção ceitos, normas, regras, diretrizes de um determinado conteúdo).
do texto. Repare nelas: Vejamos um exemplo do tipo expositivo.
Os personagens; A forma temporária como tratam os vídeos criados reflete outro
O ambiente; aspecto característico desses apps. Em oposição à noção de que tudo

97
o que é postado na internet fica registrado para a eternidade (e tem base em errônea interpretação. Se o administrado teve reconhecido
potencial de se transformar em viral), os aplicativos querem passar a determinado direito com base em interpretação adotada em caráter
sensação de efêmero. Quem não viu a transmissão ao vivo dificilmente uniforme para toda a administração, é evidente que a sua boa-fé deve
terá nova chance. Nisso, eles se assemelham a outro app de sucesso, ser respeitada. Se a lei deve respeitar o direito adquirido, o ato jurídico
o Snapchat, serviço de troca de mensagens pelo qual o conteúdo é perfeito e a coisa julgada, por respeito ao princípio da segurança jurídica,
destruído segundos após ser recebido pelo destinatário. não é admissível que os direitos do administrado fiquem flutuando ao
(VE JA, 2015, p. 98) sabor de interpretações jurídicas variáveis no tempo.
ї Dissertação argumentativa: defende uma tese (ideia, ponto de vista) Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Direito administrativo. p. 85 (com adaptações).
por meio de estratégias argumentativas. Tem a intenção de persuadir Considerando que o texto apresentado tem caráter estritamente
(convencer) o interlocutor. Em geral, há o predomínio da linguagem motivador, elabore uma dissertação a respeito dos atos administrativos
denotativa, de conectores de causa-efeito, de verbos no presente. e da segurança jurídica no direito administrativo brasileiro, abordando,
Vejamos agora um exemplo do tipo argumentativo. necessariamente, os seguintes aspectos:
1. os elementos de validade do ato administrativo e os critérios
Fazer pesquisa crítica envolve difíceis decisões de cunho ético e
para sua convalidação; [valor: 14,00 pontos]
político a fim de que, não importa quais sejam os resultados de nossos
estudos, nosso compromisso com os sujeitos pesquisados seja mantido. 2. distinção entre ato administrativo nulo, anulável e inexistente;
A questão é complexa por causa das múltiplas realidades dos múltiplos [valor: 10,00 pontos]
participantes envolvidos na pesquisa naturalística da visa social. Por 3. o controle exercido de ofício pela administração pública sobre
exemplo, no projeto de pesquisa de referência neste artigo, havia um os seus atos e o dever de agir e de prestar contas. [valor: 14,00 pontos]
componente que envolvia a observação participante da sala de aula, Considerando o tema proposto e os tópicos apresentados, pode-
isto é, a observação à procura das unidades e elementos significativos -se perceber que o candidato deve, necessariamente, produzir um texto
para os próprios participantes da situação. expositivo, já que o examinador avaliará o conhecimento técnico dele
(KLEIMAN, 2001, p. 49) sobre o assunto, e não o seu ponto de vista, a sua opinião. Para isso,
deverá fundamentar suas ideias por meio de leis, doutrina, jurisprudên-
Quando o texto dissertativo se dedica mais a expor ideias, a fazer
cia, citação de uma autoridade no assunto.
que o leitor/ouvinte tome conhecimento de informações ou interpreta-
ções dos fatos, tem caráter expositivo e podemos classificá-lo como
expositivo. Quando as interpretações expostas pelo texto dissertativo
1.7 Estrutura do Texto Dissertativo
vão mais além nas intenções e buscam explicitamente convencer o leitor/ Não há dúvida de que todo texto dissertativo (expositivo ou
ouvinte sobre a validade dessas explicações, classifica-se o texto como argumentativo) deve ter início, meio e fim, ou seja, introdução, desen-
argumentativo (COROA , 2008b, p. 121). volvimento e conclusão.
ї Introdução: a importância da introdução é evidente, pois é ela que
Vale mencionar que, muitas, vezes, nos editais, não fica claro se
determina o tom do texto, o encaminhamento do desenvolvimento
o texto será expositivo ou argumentativo. Quando isso ocorrer, o can-
e sua estrutura. Então, ela deve ser vista como um compromisso
didato deve analisar as provas anteriores para traçar o perfil da banca
que o autor assume com o restante do desenvolvimento. Nela
examinadora. Mas não se preocupe, pois a estrutura de ambos é igual, ou
haverá a contextualização do assunto que será desenvolvido ao
seja, os dois tipos de texto devem conter introdução, desenvolvimento e
longo do texto, ou seja, apresentação da ideia que será defendida
conclusão. Além disso, no primeiro parágrafo, deve haver a apresentação
(argumentação) ou esclarecida (exposição).
da ideia central que será desenvolvida.
ї Desenvolvimento: é a parte da redação em que há o desenvolvi-
Veja as propostas a seguir: mento da ideia apresentada no primeiro parágrafo. Vai ocorrer a
Foi recentemente publicado no Americam Journal of Preven- comprovação da tese por meio de argumentos – texto argumen-
tive Medicine um estudo com adultos jovens, de 19 a 32 anos de idade, tativo – ou a exposição de informações a fim de esclarecer um
apontando que quanto maior o tempo dispendido em mídias sociais de assunto – texto expositivo.
relacionamento, maior a sensação de solidão das pessoas. Além disso, Estrutura dos parágrafos de desenvolvimento:
esse estudo demonstrou também que quanto maior a frequência de Tópico frasal: apresentação da ideia-núcleo que será
uso, maior a sensação de isolamento social. desenvolvida(introdução);
(Adaptado de: ESCOBAR, Ana. Disponível em: http://g1.globo.com) Comprovação da ideia-núcleo (desenvolvimento);
Com base nas ideias do texto acima, redija uma dissertação sobre Fechamento do parágrafo (conclusão).
o tema: Jamais construa parágrafos com apenas um período. Os parágra-
Isolamento social na era da comunicação virtual fos de desenvolvimento devem ter, no mínimo, três períodos.
A partir da proposta apresentada, pode-se inferir que o exami- ї Conclusão: consiste no fechamento das ideias apresentadas. Não
nador quer saber o ponto de vista (opinião) do candidato em relação podem ser expostos argumentos novos nesse parágrafo. O que
ao assunto. A intenção é que seja apontado o que ele pensa a respeito ocorre é a retomada da ideia central (tese ou tema) e a apresen-
do tema, e não que ele apresente de forma objetiva informações a fim tação das considerações finais.
de esclarecer determinado assunto. Então, resta claro que a dissertação
terá caráter argumentativo.
Agora veja a proposta seguinte:
A segurança jurídica tem muita relação com a ideia de respeito à
boa-fé. Se a administração adotou determinada interpretação como a
correta e a aplicou a casos concretos, não pode depois vir a anular atos
anteriores, sob o pretexto de que os mesmos foram praticados com

REDAÇÃO 98
LÍNGUA PORTUGUESA 106

RACIOCÍNIO
LÓGICO-MATEMÁTICO

SUMÁRIO
ANÁLISE COMBINATÓRIA

1. ANÁLISE COMBINATÓRIA (n+2) (n+1) n! = 20n!, dividindo por n!,temos:


As primeiras atividades matemáticas da humanidade estavam (n+2) (n+1) = 20, fazendo a distributiva
ligadas à contagem de objetos de um conjunto, enumerando seus n2 + 3n + 2 = 20 Ÿn2 + 3n - 18 = 0
elementos. Rapidamente concluímos que as raízes procuradas são -6 e 3, mas
Vamos estudar, aqui, algumas técnicas para a descrição e con- como não existe fatorial de números negativos, já que eles não R
tagem de todos os casos possíveis de um acontecimento. pertencem ao conjunto dos números naturais, ficamos apenas L
com a raiz igual a 3. M
1.1 Definição Portanto:
A análise combinatória é utilizada para descobrir o número de O valor numérico de n, para que a equação seja verdadeira, é
maneiras possíveis de realizar determinado evento, sem que seja neces- igual a 3.
sário demonstrar todas essas maneiras.
Ex.: Quantos são os pares formados pelo lançamento de dois 1.3 Princípio Fundamental da Contagem (PFC)
“dados” simultaneamente? É uma das técnicas mais importantes e uma das mais utilizadas
No primeiro dado, temos 6 possibilidades – do 1 ao 6 – e, no nas questões de Análise Combinatória.
segundo dado, também temos 6 possibilidades – do 1 ao 6. O PFC é utilizado nas questões em que os elementos podem ser
Juntando todos os pares formados, temos 36 pares (6 . 6 = 36). repetidos ou quando a ordem dos elementos fizer diferença no resultado.
(1,1), (1,2), (1,3), (1,4), (1,5), (1,6),
Atenção
(2,1), (2,2), (2,3), (2,4), (2,5), (2,6),
(3,1), (3,2), (3,3), (3,4), (3,5), (3,6), Esses “elementos” são os dados das questões, os valores
(4,1), (4,2), (4,3), (4,4), (4,5), (4,6), envolvidos.
(5,1), (5,2), (5,3), (5,4), (5,5), (5,6), Consiste de dois princípios: o multiplicativo e o aditivo. A dife-
(6,1), (6,2), (6,3), (6,4), (6,5), (6,6); rença dos dois consiste nos termos utilizados durante a resolução das
Logo, temos 36 pares. questões.
Não há necessidade de expor todos os pares formados, basta Multiplicativo: usado sempre que na resolução das questões utili-
que saibamos quantos pares são. zarmos o termo “e”. Como o próprio nome já diz, faremos multiplicações.
Imagine se fossem 4 dados e quiséssemos saber todas as quadras Aditivo: usado quando utilizarmos o termo “ou”. Aqui realiza-
possíveis, o resultado seria 1296 quadras. Um número inviável de ser remos somas.
representado. Por isso utilizamos a Análise Combinatória. Ex.: Quantas senhas de 3 algarismos são possíveis com os alga-
Para resolver as questões de Análise Combinatória, utilizamos rismos 1, 3, 5 e 7?
algumas técnicas, que veremos a partir de agora. Como nas senhas os algarismos podem ser repetidos, para formar
senhas de 3 algarismos temos a seguinte possibilidade:
1.2 Fatorial
SENHA = Algarismo E Algarismo E Algarismo
É comum, nos problemas de contagem, calcularmos o produto
Nº de SENHAS = 4 . 4 . 4 (já que são 4 os algarismos que temos
de uma multiplicação cujos fatores são números naturais consecutivos.
na questão, e observe o princípio multiplicativo no uso do “e”). Nº
Fatorial de um número (natural) é a multiplicação deste número por
de SENHAS = 64.
todos os seus antecessores, em ordem, até o número 1.
Ex.: Quantos são os números naturais de dois algarismos que são
múltiplos de 5?
n! = n (n-1)(n-2)…3.2.1, sendo n ‫א‬e n > 1.
Como o zero à esquerda de um número não é significativo, para
que tenhamos um número natural com dois algarismos, ele deve
Por definição, temos: começar com um dígito de 1 a 9. Temos, portanto, 9 possibilidades.
ї 0! = 1 Para que o número seja um múltiplo de 5, ele deve terminar em 0 ou
ї 1! =1 5, portanto temos apenas 2 possibilidades. A multiplicação de 9 por
2 nos dará o resultado desejado. Logo: São 18 os números naturais
Ex.: 4! = 4 . 3 . 2 . 1 = 24 de dois algarismos que são múltiplos de 5.
6! = 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 720
8! = 8 . 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 40320 1.4 Arranjo e Combinação
Observe que: Duas outras técnicas usadas para resolução de problemas de aná-
6! = 6 . 5 . 4! lise combinatória, sendo importante saber quando usa cada uma delas.
8! = 8 . 7 . 6! Arranjo: usado quando os elementos (envolvidos no cálculo) não
Para n = 0, teremos: 0! = 1. podem ser repetidos E quando a ordem dos elementos faz diferença
no resultado
Para n = 1, teremos: 1! = 1.
A fórmula do arranjo é:
Ex.: Qual deve ser o valor numérico de n para que a equação
(n + 2)! = 20 . n! seja verdadeira?
O primeiro passo na resolução deste problema consiste em escre-
=
Sendo:
vermos (n + 2)! em função de n!, em busca de uma equação que
n = todos os elementos do conjunto;
não mais contenha fatoriais:
p = os elementos utilizados.

107
Ex.: pódio de competição.
Combinação: usado quando os elementos (envolvidos no cálculo)
não podem ser repetidos E quando a ordem dos elementos não faz
diferença no resultado.
A fórmula da combinação é:

=
Sendo:
n = a todos os elementos do conjunto;
p = os elementos utilizados.
Ex.: salada de fruta. Resumo:

COMBINATÓRIA
1.5 Permutação

ANÁLISE
Permutação simples
Seja E um conjunto com n elementos. Chama-se permutação
simples dos n elementos, qualquer agrupamento (sequência) de n
elementos distintos de E em outras palavras, permutacao é a ORGA-

Os elementos
podem ser
repetidos?
NIZACAO de TODOS os elementos. Em outras palavras, permutação
a ORGANIZAÇÃO de TODOS os elementos

NÃO
Podemos, também, interpretar cada permutação de n ele-

SIM
mentos como um arranjo simples de n elementos tomados n a n,
ou seja, p = n. elementos faz a

da Contagem
Fundamental
A ordem dos
diferença?

Princípio
Nada mais é do que um caso particular de arranjo cujo p = n.

(P.F.C.)
Logo:
NÃO

Assim, a fórmula da permutação é: SIM

Pn = n!

e = multiplicação
Combinação

ou = adição
Arranjo

Ex.: Quantos anagramas têm a palavra prova?


A palavra prova tem 5 letras, e nenhuma repetida, sendo assim
n = 5, e:
P5 = 5!
P5 = 5 . 4 . 3 . 2 . 1
São utilizados
=

SIM
elementos?
todos os

P5 = 120 anagramas
=

Atenção
PERMUTAÇÃO

P n = n!

As permutações são muito usadas nas questões de


anagramas.
Anagramas: todas as palavras formadas com todas as
letras de uma palavra, quer essas novas palavras tenham
Para saber qual das técnicas utilizar basta fazer duas, no máximo,
sentido ou não na linguagem comum. três perguntas para a questão, veja:
Permutação com elementos repetidos Os elementos podem ser repetidos?
Na permutação com elementos repetidos, usa-se a seguinte Se a resposta for sim, deve-se trabalhar com o PFC; se a resposta
fórmula: for não, passe para a próxima pergunta;
A ordem dos elementos faz diferença no resultado da
questão?
Se a resposta for sim, trabalha-se com arranjo; se a resposta for
Sendo:
não, trabalha-se com as combinações (todas as questões de arranjo
n = o número total de elementos do conjunto; podem ser feitas por PFC).
k, y, w = as quantidades de elementos repetidos. (Opcional): vou utilizar todos os elementos para resolver
Ex.: Quantos anagramas têm a palavra concurso? a questão?
Observe que na palavra CONCURSO existem duas letras repetidas, o Para fazer a 3ª pergunta, depende, se a resposta da 1ª for não e a
“C” e o “O”, e cada uma duas vezes, portanto n = 8, k = 2 e y = 2, agora: 2ª for sim; se a resposta da 3ª for sim, trabalha-se com as permutações.

RACIOCÍNIO LÓGICO-MATEMÁTICO 108


ANÁLISE COMBINATÓRIA

Permutações circulares e combinações com repetição


Casos especiais dentro da análise combinatória
Permutação Circular: usada quando houver giro horário ou anti-
-horário. Na permutação circular o que importa são as posições, não
os lugares. R
L
M
Pc (n) = (n - 1)!
Sendo:
n = o número total de elementos do conjunto;
Pc = permutação circular.
Combinação com Repetição: usada quando p > n ou quando a
questão deixar subentendido que pode haver repetição.

= =

Sendo:
n = o número total de elementos do conjunto;
p = o número de elementos utilizados;
Cr = combinação com repetição.

Questões

01. (CESPE) Considere que três alunos tenham camisetas azuis, três tenham
camisetas brancas, dois tenham camisetas vermelhas, um tenha cami-
seta verde e um tenha camiseta preta. Nessas condições, existem 72
. 5! maneiras diferentes de se colocarem os dez alunos em fila, de tal
forma que alunos com camisetas de mesma cor fiquem sempre juntos.
Certo ( ) Errado ( )

02. (CESPE) Um correntista do BB deseja fazer um único investimento no


mercado financeiro, que poderá ser em uma das 6 modalidades de
caderneta de poupança ou em um dos 3 fundos de investimento que
permitem aplicações iniciais de pelo menos R$ 200,00. Nessa situação,
o número de opções de investimento desse correntista é inferior a 12.
Certo ( ) Errado ( )

03. (CESPE) O número de países representados nos Jogos Pan-Americanos


realizados no Rio de Janeiro foi 42, sendo 8 países da América Central,
3 da América do Norte, 12 da América do Sul e 19 do Caribe. Com base
nessas informações, julgue o item que se segue.
Considerando-se que, em determinada modalidade esportiva, havia
exatamente 1 atleta de cada país da América do Sul participante dos
Jogos Pan-Americanos, então o número de possibilidades distintas de
dois atletas desse continente competirem entre si é igual a 66.
Certo ( ) Errado ( )

04. (CESPE) Sabe-se que no BB há 9 vice-presidências e 22 diretorias. Nessa


situação, a quantidade de comissões que é possível formar, constituídas
por 3 vice-presidentes e 3 diretores, é superior a 105.
Certo ( ) Errado ( )

Gabaritos
01 CERTO

02 CERTO

03 CERTO

04 CERTO
109
INFORMÁTICA
SOFTWARE

1. SOFTWARE A GPL (CopyLeft) é um reforço a essas quatro liberdades, garan-


Cerca de 90% das questões de Informática abordam conceitos tindo que o código fonte de um programa software livre não possa ser
relacionados aos softwares, na forma de definições e de modos de ope- apropriado por outra pessoa ou empresa, principalmente para que não
ração, tanto em provas de nível médio como de nível superior. Por esse seja transformado em software proprietário.
motivo, ele será abordado em nosso primeiro tópico. A GPL só possui versão em inglês devido a possíveis erros de
O software é a parte abstrata de um computador, também conhe- tradução que possam vir a ser inseridos em sua descrição.
cido como a parte lógica. É um programa instalado em um dispositivo, O Linux é um dos principais projetos desenvolvidos sob a licença
que pode ser um computador ou mesmo um celular. de software livre, assim como o BrOffice, mas o principal responsá-
Os programas são a aplicação de regras de maneira digital, para vel por alavancar o software livre, assim como o próprio Linux, foi o
I
que, dada uma situação, ocorra uma reação pré-programada. Assim, projeto Apache2 que no início só rodava em servidores Linux e hoje é N
temos que um programa é uma representação de tarefas manuais; multiplataforma. F
com eles podemos automatizar processos, o que torna as tarefas mais São exemplos de softwares livres: Apache, Linux, BrOffice, O
dinâmicas. LibreOffice, Mozilla Firefox, Mozilla Thunderbird, entre outros.

1.1 Licenças de software Shareware


Uma licença de software define o que um usuário pode ou não A licença do tipo shareware é comumente usada quando se deseja
fazer com ele, ela se baseia essencialmente no direito autoral. Existem permitir ao usuário uma degustação do programa, é uma licença que
vários tipos de licenças de software, mas, no que tange ao concurso oferece funcionalidades reduzidas ou mesmo em sua totalidade, porém,
público, apenas duas são de valor significativo: a licença de software com um prazo para esse uso que, depois de encerrado, o programa limita
livre e a licença de software proprietário. as funcionalidades ou pode deixar de funcionar.
Um exemplo de software popular que utiliza essa licença é o
Software proprietário WinRAR, que, após os 40 dias, começa a exibir uma mensagem toda
A licença de software proprietário procura reservar o direito de vez que é aberto, contudo, continua funcionando mesmo que o usuário
autor do programa. não adquira a licença.
Um software proprietário é também conhecido como software Esta permite a cópia e redistribuição do software, porém, não
não livre, pois uma de suas principais características é manter o Código permite a alteração, pois o código fonte não é público.
Fonte1 Fechado.
Há vários softwares proprietários gratuitos. Por outro lado, existem 1.2 Tipos de software
aqueles que, para o usuário adquirir o direito de uso, exigem a compra Existem diversos tipos de software, mas somente alguns nos
de uma licença de uso, a qual não lhe dá direito de propriedade sobre o interessam durante a prova. Dessa forma, iremos focar o estudo no
programa, apenas concede a ele o direito de utilizá-lo, além de impor que nos é pertinente.
algumas regras quanto ao seu uso. Podemos classificar os softwares de acordo com os itens a
São exemplos de softwares proprietários: Windows, Microsoft seguir:
Office, Mac OS, aplicativos da Adobe, Corel Draw, WinRAR, WinZip, MSN, ঠ Firmwares;
entre outros tantos. ঠ Sistemas Operacionais;
ঠ Escritório;
Software livre
ঠ Utilitários;
Em contrapartida ao software proprietário, um grupo criou o soft-
ware livre. Como princípio atribuem-se às leis que regem a definição de ঠ Entretenimento;
liberdades como forma de protesto em relação ao software proprietário. ঠ Malwares.
O software livre tem como primordial característica o Código Firmwares
Fonte Aberto.
Um firmware é normalmente um software embarcado, ou
A principal organização que mantém e promove o software livre
seja, ele é um software desenvolvido para operar sobre um hardware
é a Free Software Foundation (FSF).
específico. De forma geral, um firmware é incorporado ao hardware já
Para que um software seja classificado como Software Livre, ele no momento de sua fabricação, mas, dependendo do tipo de memória
deve obedecer a quatro liberdades de software do projeto GNU - General em que é armazenado, ele pode ser atualizado ou não. O software do
Public License (Licença Pública Geral) - idealizado por Richard Matthew tipo firmware que interessa ao nosso estudo é o BIOS.
Stallman, ativista e fundador do movimento software livre.
Liberdade 0: a liberdade para executar o programa, para qual- Bios (basic input/output system)
quer propósito. O Sistema Básico de Entrada e Saída é um software embarcado
Liberdade 1: a liberdade de estudar como o programa funciona em uma memória do tipo ROM, nos computadores atuais é mais comum
e adaptá-lo às suas necessidades. em memórias do tipo Flash ROM.
Liberdade 2: a liberdade de redistribuir cópias do programa de O BIOS é o primeiro programa que roda quando ligamos o com-
modo que você possa ajudar ao seu próximo. putador. Ele é composto pelo SETUP, que são suas configurações, e pelo
Liberdade 3: a liberdade de modificar o programa e distribuir POST, responsável por realizar os testes de hardware.
essas modificações, de modo que toda a comunidade se beneficie.
1  Código Fonte: conjunto de instruções feitas em uma linguagem de programação, 2  Apache: servidor responsável pelo processamento da maior parte das páginas
que definem o funcionamento e o comportamento do programa. disponibilizadas atualmente na Internet, cerca de 51%. .

163
Durante o processo de boot3, o BIOS aciona a memória CMOS4,
Aplicativos
onde ficam armazenadas as últimas informações sobre o hardware do
computador e sobre a posição de início do sistema operacional no disco. Gerenciamento de entrada/saída
Em posse dessas informações, o BIOS executa o POST, a etapa que veri- Gerenciamento de drivers de dispositivos
fica se todos os dispositivos necessários estão conectados e operantes. Hardware
Após as verificações de compatibilidade, o BIOS inicia o processo Gerenciamento de memória
de leitura do disco indicado como primário a partir do ponto onde se Gerenciamento de CPU
encontra o sistema operacional, que é carregado para a memória prin-
cipal do computador. Hardware
Em um mesmo computador podem ser instalados dois ou mais Dentre os sistemas operacionais modernos, o Windows ainda é
sistemas operacionais diferentes, ou mesmo versões diferentes do mesmo o que mais se destaca em termos de número de usuários em compu-
sistema. tadores pessoais. Por outro lado, quando se questiona em relação ao
Quando há apenas um sistema operacional instalado no computa- universo de servidores na internet, deparamo-nos com o Linux como
dor, este é iniciado diretamente pelo BIOS, porém, se houver dois ou mais mais utilizado; o principal motivo relaciona-se à segurança mais robusta
se faz necessário optar por qual dos sistemas se deseja utilizar. oferecida pelo Linux.
Em uma situação em que existem dois sistemas operacionais Os exemplos de SO para computadores pessoais (PC) que podem
atribui-se a caracterização de Dual boot. ser citados em provas são:
Um computador que possua uma distribuição Linux instalada ঠ Windows;
e uma versão Windows, por exemplo, ao ser concluído o processo do ঠ Linux;
BIOS, inicia um gerenciador de boot. Em geral é citado nas provas ou o
ঠ Mac OS;
GRUB ou o LILO, que são associados ao Linux.
ঠ Chrome OS.
Sistemas operacionais (so) Porém, esses sistemas derivaram de duas vertentes principais o
O conteúdo de sistemas operacionais é cobrado de duas formas DOS e o UNIX. É de interesse da prova saber que o DOS foi o precursor
nas provas: prática e conceitual. Questões de caráter conceitual são do Windows e que a plataforma UNIX foi a base do Linux e também
colocadas de forma comparativa entre os sistemas, enquanto que as do Mac OS.
práticas estão associadas às ferramentas e modos de operação de cada Contudo, não encontramos SO apenas em PCs. Celulares, smartpho-
sistema. O conteúdo referente à parte prática é abordado em específico nes e tablets também utilizam sistemas operacionais. Atualmente, fala-se
nos tópicos Windows e Linux. muito no sistema do Google para esses dispositivos, o Google Android.
O sistema operacional é o principal programa do computador. Os Sistemas Operacionais podem ser divididos em duas partes
Ele é o responsável por facilitar a interação do usuário com a máquina, principais: Núcleo e Interface.
além de ter sido criado para realizar as tarefas de controle do hardware, O Núcleo de um Sistema Operacional é chamado de Kernel. Ele
livrando assim os aplicativos de conhecer o funcionamento de cada peça é a parte responsável pelo gerenciamento do hardware, como já expla-
existente no mundo. nado, enquanto que a interface é parte de interação com o usuário, seja
As tarefas de responsabilidade do SO são, principalmente, de ela uma interface apenas textual ou uma interface com recursos gráficos.
níveis gerenciais. O sistema operacional é o responsável por administrar A interface com recursos gráficos é comumente chamada de GUI
a entrada e a saída de dados de forma que, quando um usuário seleciona (Graphic User Interface - Interface Gráfica do Usuário), também citada
uma janela, ele está trazendo-a para o primeiro plano de execução. como gerenciador de interface gráfica. O nome Windows foi baseado,
Assim, sempre que o usuário digita um texto, por exemplo, o SO tem de justamente, nessa característica de trabalhar com janelas gráficas como
gerenciar qual a janela, ou seja, qual aplicativo receberá as informações forma de comunicação com o usuário.
entradas pelo teclado, mas ao mesmo tempo o SO receberá uma soli-
citação do aplicativo para que exiba na tela as informações recebidas. Sistema Operacional Kernel
É de responsabilidade do SO gerenciar o uso da memória RAM Windows XP NT 5.2
e do processador. O controle estabelecido pelo sistema operacional
Windows Vista NT 6.0
dita que programa será executado naquele instante e quais espaços
de memória estão sendo usados por ele e pelos demais aplicativos em Windows 7 NT 6.1
execução. Windows 8 NT 6.2
Para que o sistema operacional consiga se comunicar com cada Linux Linux 3.10
dispositivo, aquele precisa saber antes como estes funcionam, para
Em relação às GUIs, cada versão do Windows utiliza e trabalha
tanto, é necessário instalar o driver5 do dispositivo. Atualmente, a maio-
com apenas uma única interface gráfica, que só passou a ter um nome
ria dos drivers é identificada automaticamente pelo SO, mas o sistema
específico a partir do Windows Vista.
nem sempre possui as informações sobre hardwares recém-lançados.
Nesse caso, o sistema, ao não conseguir o driver específico, solicita ao
Windows GUI
usuário que informe o local onde ele possa encontrar o driver necessário.
XP Sem nomenclatura
Vista Aero
7 Aero
3  Boot: processo de inicialização do sistema operacional.
4  CMOS: uma pequena memória RAM alimentada por uma pilha de 9V . 8 Metro
5  Driver: conjunto de informações sobre como funciona um dispositivo de hardware.

INFORMÁTICA 164
SOFTWARE

Por outro lado, existem diversas GUIs para o Linux, algumas Dis-
Desenho Publisher Draw
tribuições Linux6 trabalham com apenas um gerenciador de interface
gráfica, enquanto que outras trabalham com múltiplas. As principais Banco de dados Access Base
GUIs do Linux são:
Fórmula Equation Math
ঠ Gnome; ঠ FluxBox;
Os editores de texto, planilha e apresentação são os mais cobra-
ঠ KDE; ঠ BlackBox;
dos em provas de concursos. Sobre esses programas podem aparecer
ঠ Unity; ঠ Mate; perguntas a respeito do seu funcionamento, ainda que sobre editores
ঠ XFCE; ঠ Cinnamon. de apresentação sejam bem menos frequentes.
Ao contrário do Windows, o Linux tem suporte a várias Interfaces Outro ponto importante a se ressaltar é que o Microsoft Outlook I
Gráficas. é componente da suíte de aplicativos Microsoft Office. Não foi destacado N
na tabela acima por não existir programa equivalente no BrOffice. F
Características de um sistema operacional O
Por vezes o concursando pode se deparar na prova com o nome
Os Sistemas Operacionais podem ser classificados de acordo com LibreOffice, o que está correto, pois o BrOffice é utilizado no Brasil
suas características comportamentais. apenas, mas ele é baseado no Libre Office. Até a versão 3.2, o BrOffice
Multitarefa era fundamentado no OpenOffice e, após a compra da Sun pela Oracle
Um Sistema Operacional é dito multitarefa quando consegue exe- a comunidade decidiu mudar para o Libre por questões burocráticas.
cutar mais de uma tarefa simultânea, como: tocar uma música enquanto
o usuário navega na internet e escreve um texto no Word. Softwares utilitários
Contudo, há duas formas de multitarefa empregadas pelos SO Alguns programas ganharam tamanho espaço no dia a dia do
modernos: Multitarefa Preemptiva e Multitarefa Real. usuário que, sem eles, podemos por vezes ficar sem acesso às infor-
Windows, Linux e Mac OS. mações contidas em arquivo, por exemplo.
Monotarefa São classificados como utilitários os programas compactadores
de arquivos e leitores de PDF. Esses programas assumiram tal patamar
Sistema Monotarefa é o sistema que, para executar uma tarefa,
por consolidarem seus formatos de arquivos. Entre os compactadores
deve aguardar a que está em execução terminar ou mesmo forçar o seu
temos os responsáveis pelo formato de arquivos ZIP, apesar de que,
término para que possa executar. Trabalha com um item de cada vez.
desde sua versão XP, o Windows já dispunha de recurso nativo para
DOS e algumas versões UNIX. compactar e descompactar arquivos nesse formato, muitos aplicativos
Multiusuário se destacavam por oferecer o serviço de forma mais eficiente ou prá-
É quando o Sistema Operacional permite mais de uma sessão de tica. Os compactadores mais conhecidos são: WinZip, BraZip e 7-Zip.
usuário ativa simultaneamente. Outro compactador que ganhou espaço no mercado foi o WinRar com
Se dois ou mais usuários estiverem com sessões iniciadas, elas o formato .RAR, que permite uma maior compactação do que o ZIP.
são de certa maneira tratadas independentemente, ou seja, um usuá-
rio não vê o que o outro estava fazendo, como também, em um uso Softwares de entretenimento
normal, não interfere nas atividades que estavam sendo executadas Nesta categoria, entram os aplicativos multimídias como players
pelo outro usuário. de áudio e vídeo, como o Windows Media Player, o Winamp, o iTunes,
O sistema multiusuário geralmente possui a opção trocar de VLC player e BS player, dentre inúmeros outros, assim como também
usuário, que permite bloquear a sessão ativa e iniciar outra sessão os jogos como Campo Minado, Paciência, Pinball e outros tantos de
simultânea. mais alto nível.
Monousuário Malwares (malicious softwares)
Em um sistema monousuário, para que outro usuário inicie ses- Os malwares são programas
são, é necessário finalizar a do usuário ativo, também conhecido como que têm finalidade mal intencionada,
efetuar Logoff. na maioria das vezes ilícita. Grande
Softwares de escritório parte das bancas cita-os como pragas
cibernéticas que infectam o compu- Para ser um malware tem
São aplicativos com utilização mais genérica, de forma a possibi- tador do usuário e trazem algum pre- que ser um software; do
litarem as diversas demandas de um escritório como também suprirem juízo; por outro lado, há bancas que contrário, pode ser uma
muitas necessidades acadêmicas em relação à criação de trabalhos. especulam sobre os diferentes tipos prática maliciosa, mas não
Nesta seção é apresentado um comparativo entre as suítes de de malwares. A seguir são destacados um malware.
escritório que são cobradas na prova. os principais tipos de malwares.

Editor Microsoft Office BrOffice Vírus


Texto Word Writer O vírus é apenas um dos tipos de malware, ou seja, ao contrário
do que a maioria das pessoas fala, nem tudo que ataca o computador
Planilha Excel Calc é um vírus. As questões que tangem ao que é um vírus, em geral, são
Apresentação de slides PowerPoint Impress cobradas em prova como forma de saber se o concursando conhece as
diferenças entre os malwares.
Um vírus tem por características:
6  Distribuição Linux: uma cópia do Linux desenvolvida, geralmente, com base em
outra cópia, mas com algumas adaptações.

165
ঠ Infectar os arquivos do computador do usuário, principal- Podemos tratá-lo em essência como um meio para que outro
mente arquivos do sistema. malware seja instalado no computador. Da mesma forma como o cavalo
ঠ Depender de ação do usuário, como executar o arquivo ou da história serviu como meio para infiltrar soldados e como os soldados
programa que está contaminado com o vírus. abriram os portões da cidade, o malware também pode abrir as portas
ঠ Ter finalidades diversas, dentre as quais danificar tanto do computador para que outros malwares o infectem, o que acontece
arquivos e o sistema operacional, como também as peças. na maioria dos casos, portanto, pode trazer em seu interior qualquer
tipo de malware.
Vírus mutante Esse malware executa as ações para as quais, aparentemente,
É um vírus mais evoluído, que tem a capacidade de alterar algu- fora criado; como exibir uma mensagem, ou crackear9 um programa.
mas de suas características a fim de burlar o antivírus. Essa tarefa é realizada com o intuito de distrair o usuário enquanto que
os malwares são instalados.
Vírus de macro
O vírus de macro explora falhas de segurança das suítes de escri- Spyware
tório, principalmente da Microsoft. Uma macro, ao ser criada de certa Também conhecido como software espião, o spyware tem por
forma, anexa ao documento uma programação (comandos geralmente finalidade capturar dados do usuário e enviá-los para terceiros: nº de
em Visual Basic7), ele pode inserir seu código dentro deste código em VB. cartões de crédito, CPF, RG, nomes, data de nascimento e tudo mais
O Vírus de Macro geralmente danifica a suíte de escritório, inuti- que for pertinente para que transações eletrônicas possam ser feitas
lizando-a, além de poder apagar documentos do computador. utilizando seus dados.
Para que seja executado esse vírus, é necessário que o usuário Existem dois tipos de spywares: os KeyLoggers e os
execute o arquivo contaminado. ScreenLoggers.

Worm Keylogger
O worm é, por vezes, citado nas provas em português como Key = chave, Log = registro de ações.
verme, como forma de confundir o concursando. Ao contrário do vírus, O KeyLogger é um spyware cuja característica é capturar os dados
ele não depende de ação do usuário para executar; ele executa auto- digitados pelo usuário. Na maioria das situações o KeyLogger não cap-
maticamente: no momento em que um pendrive é conectado a um tura o que é digitado a todo instante, mas o que é teclado após alguma
computador, ele é contaminado ou contamina este. ação prévia do usuário, como por exemplo abrir uma página de um
Ele tem como finalidade se replicar, porém, não infecta outros banco ou de uma mídia social - alguns keyloggers são desenvolvidos
arquivos, apenas cria cópias de si em vários locais, o que pode encher para capturar conversas em programas de messenger.
o HD do usuário. Outra forma utilizada de se replicar é através da explo-
ração de falhas dos programas, principalmente os clientes de e-mail,
Screenlogger
enviando por correio eletrônico cópias de si para os contatos do usuário Screen = Tela
armazenados no cliente de e-mail. O ScreenLogger é uma evolução do KeyLogger na tentativa de
Um worm, muitas vezes, instala no computador do usuário um capturar, principalmente, as senhas de bancos, pois o ScreenLogger
bot, transformando aquele em um robô controlado à distância. Os indiví- captura fotos avançadas da tela do computador a cada clique do mouse.
duos que criam um Worm fazem-no com a finalidade de infectar o maior Essa foto avançada, na verdade, é uma foto de uma pequena área que
número possível de computadores, para que possam utilizá-los em um circunda o mouse, mas grande o suficiente para que seja possível ver
ataque de DDoS8, ou como forma de elevar a estatística de acessos a em que número o usuário clicou.
determinados sites. Também pode ser utilizado para realizar um ataque Muitos serviços de Internet Banking10 utilizam um teclado virtual,
a algum computador ou servidor na Internet a partir do computador no qual o usuário clica nos dígitos de sua senha ao invés de digitar.
infectado. Assim, ao forçar que o usuário não utilize o teclado, essa ferramenta de
segurança ajuda a evitar roubos de senhas por KeyLoggers. Por outro
Trojan horse (cavalo de troia) lado, foi criado o ScreenLogger, que captura imagens; então, como forma
O Cavalo de Troia foi batizado com esse nome, pois suas caracte- de oferecer segurança maior, alguns bancos utilizam um dispositivo
rísticas se assemelham muito às da guerra da Grécia com Troia. Na His- chamado de Token.
tória, os gregos deram aos troianos um grande cavalo feito de madeira O Token é um dispositivo que gera uma chave de segurança alea-
e coberto de palha para disfarçar que era oco, dentro do cavalo foram tória, a qual uma vez utilizada para acessar a conta, torna-se inválida
colocados vários soldados gregos que deveriam abrir os gigantes e fortes para novos acessos. Assim, mesmo sendo capturada, ela se torna inútil
portões da cidade de Troia para que o exército grego pudesse invadir ao invasor.
a fortaleza.
Um Cavalo de Troia é recebido pelo usuário como um presente de Cuidado para não confundir: Teclado Virtual em uma página
grego, de forma a levar o usuário a abri-lo, ou seja, ele depende de ação de Internet Banking é um recurso de segurança, enquanto o teclado
do usuário. Os presentes geralmente podem parecer um cartão virtual, virtual que faz parte do Windows é um recurso de acessibilidade.
uma mensagem, álbuns de fotos, e-mails com indicações de prêmios,
falsas respostas de orçamentos, folhas de pagamento, sempre alguma Hijacker
forma de chamar a atenção do usuário para que ele abra o Trojan.
9  Crackear: é uma quebra de licença de um software para que não seja necessário
7  Visual Basic (VB): é uma linguagem de programação criada pela Microsoft. adquirir a licença de uso, caracterizando pirataria.
8 DDoS: ataque de negação de serviço distribuído, veja mais no tópico segurança 10  Internet Banking: acesso à conta bancária pela internet, para realizar algumas
desse material. movimentações e consultas.

INFORMÁTICA 166
SOFTWARE

O Hijacker é um malware que tem por finalidade capturar o nave-


gador do usuário, principalmente o Internet Explorer. Esse programa
fixa uma página inicial no navegador, que pode ser uma página de
propaganda ou um site de venda de produtos, ou mesmo um site de
pornografia, como os mais perigosos que fixam páginas falsas de bancos
(veja mais na seção Segurança no tópico ataques).
As alterações realizadas por ele no navegador dificilmente são
reversíveis. Na maioria dos casos, é necessário reinstalar o navegador
várias vezes até formatar o computador. Existem, no mercado, alguns
programas que tentam restaurar as configurações padrões dos nave- I
N
gadores, são conhecidos por Hijacker This, porém, esses programas não
F
são ferramentas de segurança, mas apenas uma tentativa de consertar O
o estrago feito.

Adware
Adware (Advertising Software) é um software especializado em
apresentar propagandas.
Ele é tratado como malware, quando apresenta algumas caracte-
rísticas de spywares, além de, na maioria dos casos, se instalar no com-
putador explorando falhas do usuário, por exemplo, durante a instalação
de um programa em que o indivíduo não nota que em uma das etapas
estava instalando outro programa diferente do desejado.
Um exemplo clássico é o Nero gratuito, que é patrocinado pelo
ASK11. Durante a instalação, uma das telas apresenta algumas opções:
deseja instalar a barra de ferramenta do ASK; deseja tornar o motor de
busca do ASK como seu buscador padrão; deseja tornar a página do ASK
como sua página inicial, que, por padrão, aparecem marcadas esperando
que o usuário clique indiscriminadamente na opção “avançar”.
Muitos Adwares monitoram o comportamento do usuário durante
a navegação na Internet e vendem essas informações para as empresas
interessadas.

Backdoors
Backdoor, basicamente, é uma porta dos fundos para um ataque
futuro ao computador do usuário.
Um Backdoor pode ser inserido no computador por meio de Tro-
jan Horse, como também pode ser um programa adulterado recebido
de fonte pouco confiável. Por exemplo, um usuário baixa em um site
qualquer, diferente do oficial, o BrOffice, nada impede que o programa
tenha sido ligeiramente alterado com a inserção de brechas para ata-
ques futuros.

Rootkits
RootKit vem de Root = administrador do ambiente Linux. Kit =
conjunto de ferramentas e ações.
Um Rootkit altera aplicativos do Sistema, como gerenciadores de
arquivos, com o intuito de esconder arquivos maliciosos que estejam
presentes no computador. Por meio dele também o invasor pode criar
Backdoors no computador, para que possa voltar a atacar o micro sem
se preocupar em ter de contaminá-lo novamente.

11 Ask: motor de buscas na internet.

167
LÍNGUA PORTUGUESA 189

FÍSICA

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO À FÍSICA nano n 10-9 = 0,000,000,001
A Física (a palavra “física”, do grego physis, significa natureza) é a ciência
pico p 10-12 = 0,000,000,000,001
que se preocupa em descrever e explicar os fenômenos naturais. Para
isso, cria modelos idealizados das situações reais, em que apenas os femto f 10-15 = 0,000,000,000,000,001
fatores que interessam são considerados. A partir de conclusões sobre atto a 10-18 = 0,000,000,000,000,000,001
o comportamento de um modelo, generaliza o resultado de forma a
explicar a situação real, e é capaz de prever circunstâncias futuras para 1.2 Grandezas Escalares e Vetoriais
o mesmo fenômeno.
E scalares: ficam totalmente definidas por um número, que
1.1 Sistemas de Unidades fornece a medida, e por uma unidade.
Para medir uma grandeza, devemos compará-la com um padrão Ex.: massa, tempo e energia.
arbitrariamente escolhido, o qual denominamos unidade. O número Vetoriais: necessitam, além de medida e unidade, de uma orien-
resultante dessa comparação é chamado de valor numérico. tação para ficarem totalmente definidas. A orientação é estabelecida
por um direção e um sentido.
Ex.: 12 Newtons ou, usando o símbolo N, 12 N. Nesse caso, 12 é o
valor numérico da força, e Newton é a unidade. Ex.: velocidade, força e campo elétrico.

O sistema internacional de unidades 1.3 Notação Científica


Uma maneira prática de manipular números com grande quanti-
Sete unidades de base
dade de zeros é a notação científica, na qual se utiliza a potência de 10.
Unidade Símbolo Grandeza Qualquer número real K pode ser escrito como o produto de um
número a, cujo módulo está entre 1 e 10 (incluindo o 1), por outro, que
metro m comprimento é uma potência de 10 com expoente inteiro (10n):
quilograma kg massa K = a ˜ 10n, sendo 1 d_a_ 10
segundo s tempo Ex.: colocar 2.000 na notação científica é escrevê-lo como 2 · 103
ampère A corrente elétrica colocar 0,0052 na notação científica é escrevê-lo como 5,2 · 10-3
kelvin K temperatura termodinâmica
mol mol quantidade metéria
1.4 Ordem de Grandeza
Determinar a ordem de grandeza de uma medida consiste em
candela cd insensidade luminosa
fornecer, como resultado, a potência de 10 mais próxima do valor encon-
Unidades derivadas trado para a grandeza.
Como obter a ordem de grandeza (OG)?
Unidade Símbolo Grandeza Regra prática:
metro por segundo m/s velocidade a t ठ10 (| 3,162) o ordem de grandeza: 10n+1
newton N força a  ठ10 (| 3,162) o ordem de grandeza: 10n
joule J trabalho Ex.: a ordem de grandeza do raio da Terra (6,37 · 106 m).
ohm : resistência elétrica
6,37 ! ठ10, aordem de grandeza do raio da Terra é dada por:
106+1m = 107
lúmen lm fluxo luminoso
Ex.: a ordem de grandeza da distância da Terra ao Sol (1,49·1011 m)
pascal Pa pressão
1,49  ठ10, a ordem de grandeza da distância da Terra ao Sol é
Múltiplos e submúltiplos decimais das unidades dada por: 1011 m

Nome Símbolo Fator 1.5 Algarismos Significativos


Imagine que você esteja realizando uma medida qualquer, como,
exa E 1018 = 1.000.000.000.000.000.000
por exemplo, a medida do comprimento de uma barra (ver figura).
peta P 1015 = 1.000.000.000.000.000 Observe que a menor divisão da régua utilizada é de 1 mm. Ao tentar
tera T 1012 = 1.000.000.000.000 expressar o resultado dessa medida, você percebe que ela está com-
giga G 109 = 1.000.000.000 preendida entre 14,3 cm e 14,4 cm. A fração de milímetro que deverá ser
acrescentada a 14,3 cm terá de ser avaliada, pois a régua não apresenta
mega M 106 = 1.000.000
divisões inferiores a 1 mm.
quilo k 103 = 1.000 (Obs. letra k minúscula) Para fazer essa avaliação, você deverá imaginar o intervalo entre
hecto h 102 = 100 14,3 cm e 14,4 cm, subdividido em 10 partes iguais, e com isso, a fração
deca da 10 de milímetros, que deverá ser acrescentada a 14,3 cm, poderá ser obtida
com razoável aproximação. Na figura podemos avaliar a fração men-
deci d 10-1 = 0,1 cionada como sendo 5 décimos de milímetros, e o resultado da medida
centi c 10-2 = 0,01 poderá ser expresso como 14,35 cm.
mili m 10-3 = 0,001
micro P 10-6 = 0,000,001

FÍSICA 190
INTRODUÇÃO À FÍSICA

14

13

12
15
Observe que estamos seguros em relação aos algarismos 1, 4 e 3,
pois eles foram obtidos por meio das divisões inteiras da régua, ou seja,
eles são algarismos corretos. Entretanto, o algarismo 5 foi avaliado, isto
é, você não tem muita certeza sobre seu valor e outra pessoa poderia
avaliá-lo como sendo 4 ou 6, por exemplo. Por isso, esse algarismo
avaliado é denominado de duvidoso ou algarismo inCerto..
Algarismos significativos de uma medida são os algarismos
corretos e o primeiro algarismo duvidoso.
Operações com algarismos significativos
Na adição e na subtração, o resultado deve conter um número de F
casas decimais igual ao da parcela com menos casas decimais. I
S
3,32 + 3,1 = 6,42 Æ apresentamos o resultado com apenas uma
casa decimal: 6,4.
3,37 + 3,1 = 6,47 Æ apresentamos o resultado com uma casa
decimal e, levando em conta a regra do arredondamento, obtemos: 6,5.
Na multiplicação ou na divisão, devemos apresentar o resultado
com o número de algarismos significativos igual ao do fator que possui
o menor número de algarismos significativos.
2,31 . 1,4 = 3,234 Æ apresentamos o resultado com dois algaris-
mos significativos: 3,2.
OBS: como se faz o arredondamento?
Sendo o primeiro algarismo abandonado menor que 5, mantemos
o valor do último algarismo significativo; ou se o primeiro algarismo a
ser abandonado for maior ou igual a 5, acrescentamos uma unidade ao
último algarismo significativo.

191
LÍNGUA PORTUGUESA 299

ÉTICA E CIDADANIA

SUMÁRIO
1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA A seguir, analisaremos as características dos princípios funda-
mentais da administração pública que mais aparecem nas provas de
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA concurso público.
Neste capítulo, o objetivo é conhecer o rol de princípios funda-
mentais que norteiam e orientam toda a atividade administrativa do 1.2 Princípio da Legalidade
Estado, bem como toda a atuação da Administração Pública direta e O Princípio da Legalidade está previsto em dois lugares distin-
indireta. tos na Constituição Federal. Em primeiro plano, no Art. 5º, II: ninguém
Tais princípios são de observância obrigatória para toda a Admi- será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
nistração Pública, quer da União, dos Estados, do Distrito Federal, de lei. O Princípio da Legalidade regula a vida dos particulares e, ao
quer dos Municípios. São considerados expressos, pois estão descritos particular, é facultado fazer tudo que a lei não proíbe; é o chamado
expressamente no caput do Art. 37 da Constituição Federal de 1988. princípio da Autonomia da Vontade. Essa regra não deve ser aplicada
Art. 37. A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos à administração pública.
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios Em segundo plano, o Art. 37, caput do texto Constitucional, deter-
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, mina que a Administração Pública somente pode fazer aquilo que a lei
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (Ver CF/88). determina ou autoriza. Assim, em caso de omissão legislativa (falta de
lei), a Administração Pública está proibida de agir.
1.1 Classificação Nesse segundo caso, a lei deve ser entendida em sentido amplo,
Os princípios da Administração Pública são classificados como o que significa que a administração pública deve obedecer aos manda-
princípios explícitos (expressos) e implícitos. mentos constitucionais, às leis formais e materiais (leis complementares,
É importante apontar que não existe relação de subordinação e leis delegadas, leis ordinárias, Medidas Provisórias) e também às normas
de hierarquia entre os princípios expressos e os implícitos; na verdade, infra legais (decretos, resoluções, portarias, entre outros), e não somente
essa relação não existe entre nenhum princípio. a lei em sentido estrito.
Isso quer dizer que, em um aparente conflito entre os princípios,
um não exclui o outro, pois deve o administrador público observar ambos Princípio Para Todos os
ao mesmo tempo, devendo nortear sua decisão na obediência de todos Art. 5º
Particulares
os princípios fundamentais pertinentes ao caso em concreto.
Como exemplo, não pode o administrador público deixar de obser-
Legalidade
var o princípio da legalidade para buscar uma atuação mais eficiente (de
acordo com o Princípio da Eficiência), devendo ele, na colisão entre os dois
princípios, observar a lei e ainda buscar a eficiência conforme os meios Art. 37,
Princípio Para Toda
que lhes seja possível. caput Administração Pública
Os princípios explícitos ou expressos são aqueles que estão des-
critos no caput do Art. 37 da CF. São eles:
1.3 Princípio da Impessoalidade
O Princípio da Impessoalidade determina que todas as ações da
LEGALIDADE administração pública devem ser revestidas de finalidade pública. Além
disso, como segunda vertente, proíbe a promoção pessoal do agente
IMPESSOALIDADE público, como determina o Art. 37, § 1º da CF/88:
Art. 37, § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços
MORALIDADE e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal
PUBLICIDADE de autoridades ou servidores públicos (Ver CF/88).
O Princípio da Impessoalidade é tratado sob dois prismas, a saber:
EFICIÊNCIA ї Como determinante da finalidade de toda atuação administra-
tiva (também chamado de princípio da finalidade, conside-
Os princípios implícitos são aqueles que não estão descritos no rado constitucional implícito, inserido no princípio expresso da
caput do Art. 37 da CF. São eles: impessoalidade).
ঠ Supremacia do Interesse Público; ї Como vedação a que o agente público se promova à custa das rea-
ঠ Indisponibilidade do Interesse Público; lizações da administração pública (vedação à promoção pessoal
do administrador público pelos serviços, obras e outras realizações
ঠ Motivação; efetuadas pela administração pública).
ঠ Razoabilidade; É pelo Princípio da Impessoalidade que dizemos que o agente
ঠ Proporcionalidade; público age em imputação à pessoa jurídica a que está ligado, ou seja,
ঠ Autotutela; pelo princípio da impessoalidade as ações do agente público são deter-
minadas como se o próprio Estado estivesse agindo.
ঠ Continuidade dos Serviços Públicos;
ঠ Segurança Jurídica, entre outros.

ÉTICA E CIDADANIA 300


PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
FINS PÚBLICOS coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
cindível à segurança da sociedade e do Estado.
IMPESSOALIDADE Sendo assim, o ato que tiver em seu conteúdo uma informação
sigilosa ou relativa à intimidade da pessoa tem que resguardar o devido
sigilo.
PROIBIÇÃO DE PROMOÇÃO
PESSOAL § 1º, ART. 37
ঠ Exigência de transparência da atuação administrativa:
Art. 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos órgãos
públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
1.4 Princípio da Moralidade de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
O Princípio da Moralidade é um complemento ao da legalidade, cindível à segurança da sociedade e do Estado.
pois nem tudo que é legal é moral. Dessa forma, o Estado impõe a O Princípio da Publicidade orientou o poder legislativo nacio-
sua administração a atuação segundo a lei e também segundo a moral nal a editar a Lei nº 12.527/2011, que regulamenta o dispositivo do Art.
administrativa. Tal princípio traz para o agente público o dever de probi- 5º, XXXIII, da CF. Dispõe sobre o acesso à informação pública, sobre a
dade. Esse dever é sinônimo de atuação com ética, decoro, honestidade informação sigilosa, sua classificação, bem como a informação pessoal,
e boa-fé. entre outras providências. Tal dispositivo merece ser lido, pois essa lei E
O Princípio da Moralidade determina que o agente deva sempre transpassa toda a essência do Princípio da Publicidade. T
trabalhar com ética e em respeito aos princípios morais da administração Podemos inclusive afirmar que esse princípio foi materializado I
pública. O princípio está intimamente ligado ao dever de probidade em lei após a edição da Lei nº 12.527/2011. Veja a seguir a redação do
(honestidade) e sua não observação acarreta a aplicação do Art. 37, Art. 3º dessa Lei:
§4º da CF/88 e a Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa). Art. 3º. Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a asse-
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- gurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indis- executados em conformidade com os princípios básicos da admi-
ponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e nistração pública e com as seguintes diretrizes:
gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. I. Observância da publicidade como preceito geral e do sigilo
O desrespeito ao Princípio da Moralidade afeta a própria lega- como exceção;
lidade do ato administrativo, ou seja, leva a anulação do ato, e ainda II. Divulgação de informações de interesse público, indepen-
pode acarretar a responsabilização dos agentes por improbidade dentemente de solicitações;
administrativa. III. Utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec-
O Princípio da Moralidade não se refere ao senso comum de moral, nologia da informação;
que é formado por meio das instituições que passam pela vida da pessoa, IV. Fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência
tais como família, escola, igreja, entre outras. Para a administração pública, na administração pública;
esse princípio refere-se à moralidade administrativa, que está inserida no V. Desenvolvimento do controle social da administração pública.
corpo das normas de Direito Administrativo.

1.5 Princípio da Publicidade PUBLICAR


Esse princípio deve ser entendido como aquele que determina
que os atos da Administração sejam claros quanto à sua procedência. Por
esse motivo, em regra, os atos devem ser publicados em diário oficial e, PUBLICIDADE
além disso, a Administração deve tornar o fato acessível (público). Tornar
público é, além de publicar em diário oficial, apresentar os atos na Inter-
TORNAR TRANSPARÊNCIA
net, pois esse meio hoje é o que deixa todas as informações acessíveis. PÚBLICO DO ATO
O Princípio da Publicidade apresenta dupla acepção em face do
sistema constitucional vigente:
ঠ Exigência de publicação em órgão oficial como requisito 1.6 Princípio da Eficiência
de eficácia dos atos administrativos que devam produzir O Princípio da Eficiência foi o último a ser inserido no bojo do texto
efeitos externos e dos atos que impliquem ônus para o constitucional (o Princípio da Eficiência foi incluído com a Emenda Consti-
patrimônio público. tucional nº 19/98), e apresenta dois aspectos principais:
Essa regra não é absoluta, pois, em defesa da intimidade e também ঠ Relativamente à forma de atuação do agente público,
do Estado, alguns atos públicos não precisam ser publicados: espera-se o melhor desempenho possível de suas atri-
Art. 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra buições, a fim de obter os melhores resultados.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo ঠ Quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar
dano material ou moral decorrente de sua violação. a Administração Pública, exigiu-se que esse seja o mais
racional possível, no intuito de alcançar melhores resul-
tados na prestação dos serviços públicos.

301
Art. 37, § 8º, CF. A autonomia gerencial, orçamentária e finan- a ordem jurídica confere ao agentes públicos para alcançar os objetivos
ceira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta do Estado. E o uso desses poderes, então, deve ser balizado pelo inte-
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus resse público, o que impõe restrições legais a sua atuação, garantindo
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação
que a utilização do poder tenha por finalidade o interesse público e não
de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à
lei dispor sobre. o do administrador.
O Princípio da Eficiência orienta a atuação da administração pública Sendo assim, é vedada a renúncia do exercício de competência
de forma que essa busque o melhor custo benefício no exercício de suas pelo agente público, pois a atuação desse não é balizada por sua vontade
atividades, ou seja, os serviços públicos devem ser prestados com adequação pessoal, mas, sim, pelo interesse público, também chamado de interesse
às necessidades da sociedade que o custeia. da lei. Os poderes conferidos aos agentes públicos têm a finalidade de
auxiliá-los a atingir tal interesse. Com base nessa regra, concluímos
A atuação da Administração Pública tem que ser eficiente, o que
que esses agentes não podem dispor do interesse público, por não ser
acarreta ao agente público o dever de agir com presteza, esforço, rapi-
o seu proprietário, e sim o povo. Ao agente público cabe a gestão da
dez e rendimento funcional. O seu descumprimento poderá acarretar a
Administração Pública em prol da coletividade.
perda do seu cargo por baixa produtividade apurada em procedimento
da avaliação periódica de desempenho, tanto antes da aquisição da
estabilidade, como também após.
1.9 Princípios da Razoabilidade
e Proporcionalidade
1.7 Princípio da Supremacia do Interesse Os Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade não se
Público sobre o Privado encontram expressos no texto constitucional. Esses são classificados
como princípios gerais do Direito e são aplicáveis a vários ramos da
Esse princípio é também considerado o norteador do Direito
ciência jurídica. São chamados de princípios da proibição de excesso
Administrativo. Ele determina que o Estado, quando trabalhando com
do agente público.
o interesse público, se sobrepõe ao particular. Devemos lembrar que
esse princípio deve ser utilizado pelo administrador público de forma A razoabilidade diz que toda atuação da Administração tem que
razoável e proporcional para que o ato não se transforme em arbitrário seguir a teoria do homem médio, ou seja, as decisões devem ser tomadas
e, consequentemente, ilegal. segundo o critério da maioria das pessoas “racionais”, sem exageros
ou deturpações.
É o fundamento das prerrogativas do Estado, ou seja, da relação
jurídica desigual ou vertical entre o Estado e o particular. A exemplo, temos Razoabilidade: adequação entre meios e fins. O Princípio da Pro-
o poder de império do Estado (também chamado de poder extroverso), porcionalidade diz que o agente público deve ser proporcional no uso
que se manifesta por meio da imposição da lei ao administrado, admitindo da força para o cumprimento do bem público, ou seja, nas aplicações
até o uso da força coercitiva para o cumprimento da norma. Assim sendo, de penalidades pela Administração deve ser levada em conta sempre a
a administração pública pode criar obrigações, restringir ou condicionar os gravidade da falta cometida.
direitos dos administrados. Proporcionalidade: vedação de imposição de obrigações, res-
Limitações: trições e sanções em medida superior àquela estritamente necessária
ao interesse público.
ঠ Respeito aos demais princípios;
Podemos dar como exemplo a atuação de um fiscal sanitário, que
ঠ Não está presente diretamente nos atos de gestão (Atos de esteja vistoriando dois estabelecimentos e, em um deles, encontre um quilo
gestão são praticados pela administração na qualidade de de carne estragada e, no outro, encontre uma tonelada.
gestora de seus bens e serviços, sem exercício de supremacia Na aplicação da penalidade, deve ser respeitada tanto a razoa-
sobre os particulares, assemelhando-se aos atos praticados bilidade quanto a proporcionalidade, ou seja, aplica-se, no primeiro,
pelas pessoas privadas. São exemplos de atos de gestão a uma penalidade pequena, uma multa, por exemplo, e, no segundo, uma
alienação ou a aquisição de bens pela administração pública, penalidade grande, suspensão de 90 dias.
o aluguel a um particular de um imóvel de propriedade de Veja que o administrador não pode fazer menos ou mais do que
uma autarquia, entre outros). a lei determina, isso em obediência ao Princípio da Legalidade, senão
Exemplos de Incidência: cometerá abuso de poder.
ঠ Intervenção na propriedade privada;
ঠ Exercício do poder de polícia, limitando ou condicionando o
1.10 Princípio da Autotutela
exercício de direito em prol do interesse público; O Princípio da Autotutela propicia o controle da Administração
Pública sob seus próprios atos em dois pontos específicos:
ঠ Presunção de legitimidade dos atos administrativos. De legalidade: em que a Administração pode controlar seus pró-
prios atos quando eivados de vício de ilegalidade, sendo provocado ou
1.8 Princípio da Indisponibilidade de ofício.
do Interesse Público De mérito: a Administração Pública pode revogar seus atos por
Conforme dito anteriormente, o princípio da indisponibilidade do conveniência e oportunidade.
interesse público juntamente com o da supremacia do interesse público, Súmula 473 do STF. A Administração pode anular seus próprios
formam os pilares do regime jurídico administrativo. atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
Esse princípio é o fundamento das restrições do Estado. Assim deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de con-
veniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
sendo, apesar de o Princípio da Supremacia do Interesse Público prever
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
prerrogativas especiais para a Administração Pública em determinadas
relações jurídicas com o administrado, tais poderes são ferramentas que

ÉTICA E CIDADANIA 302


PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O Princípio da Autotutela não exclui a possibilidade de controle Alcance:


jurisdicional do ato administrativo previsto no Art. 5º, XXXV, da CF: a lei ঠ Todos os prestadores de serviços públicos;
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
ঠ Administração Direta;
Poder
ঠ Administração Indireta;
Judiciário ঠ Concessionárias, Autorizatárias e Permissionárias de ser-
viços públicos.
ANULAÇÃO Ex tunc (critério de Efeitos:
Ato Ilegal Retroativos LEGALIDADE) ঠ Restrição de direitos das prestadoras de serviços públicos,
bem como dos agentes envolvidos na prestação desses
Própria serviços, a exemplo do direito de greve.
Administração Dessa forma, quem realiza o serviço público se submete a algu-
mas restrições:
Poder Judiciário não revoga ঠ Restrição ao direito de greve, Art. 37, VII CF/88;
Poder
ato de outro poder ঠ Suplência, delegação e substituição – casos de funções
Judiciário
vagas temporariamente;
ঠ Impossibilidade de alegar a exceção do contrato não E
REVOGAÇÃO Ex nunc (critério
cumprido, somente em casos em que se configure uma T
Ato Legal Prospectivos de mérito)
I
impossibilidade de realização das atividades;
Própria ঠ Possibilidade da encampação da concessão do serviço,
Administração retomada da administração do serviço público concedido
no prazo na concessão, quando o serviço não é prestado
1.11 Princípio da Ampla Defesa de forma adequada.
A ampla defesa determina que todos que sofrerem medidas de O Código de Defesa do Consumidor, em seu Art. 22, assegura
caráter de pena terão direito a se defender de todos os meios dispo- ao consumidor que os serviços essenciais devem ser contínuos, caso
níveis legais em direito. Está previsto nos processos administrativos contrário, aos responsáveis, caberá indenização. O referido código não
disciplinares: diz quais seriam esses serviços essenciais. Podemos usar, como analogia,
Art. 5ª, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou administra- o Art. 10 da Lei nº 7.783/89, que enumera os que seriam considerados
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e fundamentais:
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Art. 10. São considerados serviços ou atividades essenciais:
I. Tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição
1.12 Princípio da Continuidade de energia elétrica, gás e combustíveis;
do Serviço Público II. Assistência médica e hospitalar;
O Princípio da Continuidade do Serviço Público tem como escopo III. Distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos;
(objetivo) não prejudicar o atendimento dos serviços essenciais à popu- IV. Funerários;
lação. Assim, evitam que esses sejam interrompidos. V. Transporte coletivo;
O professor Celso Ribeiro Bastos1 é um dos doutrinadores que VI. Captação e tratamento de esgoto e lixo;
defende a não interrupção do serviço público essencial: O serviço público VII. Telecomunicações;
deve ser prestado de maneira contínua, o que significa dizer que não é VIII. Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipa-
passível de interrupção. Isso ocorre pela própria importância de que tal mentos e materiais nucleares;
serviço se reveste, o que implica ser colocado à disposição do usuário com IX. Processamento de dados ligados a serviços essenciais;
qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade... X. Controle de tráfego aéreo;
Essa continuidade afigura-se em alguns casos de maneira absoluta, quer
XI. Compensação bancária.
dizer, sem qualquer abrandamento, como ocorre com serviços que aten-
dem necessidades permanentes, como é o caso de fornecimento de água,
gás, eletricidade. Diante, pois, da recusa de um serviço público, ou do
1.13 Princípio da Segurança Jurídica
seu fornecimento, ou mesmo da cessação indevida desse, pode o usuário Esse princípio veda a aplicação retroativa da nova interpretação
utilizar-se das ações judiciais cabíveis, até as de rito mais célere, como o da norma.
mandado de segurança e a própria ação cominatória. Caso uma regra seja revogada ou alterada a sua redação ou
Regra: interpretação, os atos praticados durante a vigência da norma antiga
continuam valendo, pois tal princípio visa resguardar o direito adquirido,
» Os serviços públicos devem ser adequados e
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
ininterruptos.
Assim, temos que a nova interpretação da norma, via de regra,
Exceção: somente terá efeitos prospectivos, ou seja, da data em que for revo-
» Aviso prévio; gada para frente, não atingindo os atos praticados na vigência da norma
» Situações de emergência. antiga.
1 Curso de direito administrativo, 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 1996, p. 165.

303
Questões Gabaritos

A Administração Pública, regulamentada no texto constitucional, pos-


01 CERTO 06 ERRADO
sui princípios e características que lhe conferem organização e funcio-
namento peculiares. A respeito desse assunto, julgue os próximos itens. 02 ERRADO 07 ERRADO

01. (CESPE - ADAPTADA) Como consequência do princípio da legalidade ao 03 CERTO 08 CERTO


particular, é autorizado fazer tudo que a lei não proíbe e, ao administra-
dor público, só é permitido fazer aquilo que a lei determina ou autoriza. 04 ERRADO 09 CERTO
Certo ( ) Errado ( )
05 CERTO - -
02. (CESPE - ADAPTADA) Como decorrência do princípio da moralidade
os atos devem ser publicados.
Certo ( ) Errado ( )
Com relação ao vencimento e à remuneração dos servidores públicos,
julgue o próximo item.
03. (CESPE) Assegura-se a isonomia de vencimentos para cargos de atri-
buições iguais ou assemelhadas do mesmo Poder, ou entre servidores
dos três Poderes, ressalvadas as vantagens de caráter individual e as
relativas à natureza ou ao local de trabalho.
Certo ( ) Errado ( )

04. (CESPE) Podemos afirmar que o princípio da eficiência foi um dos prin-
cípios originais da Constituição, ou seja, foi inserido em 1988, com a
promulgação da Constituição.
Certo ( ) Errado ( )
No que se refere aos poderes administrativos e aos princípios que regem
a Administração Pública, julgue os itens subsequentes.
05. (CESPE) O princípio da moralidade administrativa tem existência
autônoma no ordenamento jurídico nacional e deve ser observado não
somente pelo administrador público, como também pelo particular que
se relaciona com a Administração Pública.
Certo ( ) Errado ( )

06. (CESPE) Com fundamento no princípio da publicidade ao administrador


publico só é permitido fazer o que a lei determina.
Certo ( ) Errado ( )
A respeito dos princípios constitucionais aplicados ao direito administra-
tivo, julgue os itens que se seguem. Nas situações em que for empregada,
considere que a sigla CF se refere à Constituição Federal de 1988.
07. (CESPE) Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade estão
expressos no texto da CF.
Certo ( ) Errado ( )

08. (CESPE) O princípio da autotutela possibilita à Administração Pública


anular os próprios atos, quando possuírem vícios que os tornem ilegais,
ou revogá-los por conveniência ou oportunidade, desde que sejam
respeitados os direitos adquiridos e seja garantida a apreciação judicial.
Certo ( ) Errado ( )
Acerca da Administração Pública, julgue o item seguinte.
09. (CESPE) As organizações privadas podem deixar de fornecer, por exem-
plo, determinados dados financeiros, para resguardar as suas estratégias.
Em contrapartida, na gestão pública, a transparência das ações e decisões
deve existir, salvo quando houver questões que envolvam segurança
nacional ou demais exceções respaldadas na CF.
Certo ( ) Errado ( )

ÉTICA E CIDADANIA 304


LÍNGUA PORTUGUESA 313

GEOPOLÍTICA

SUMÁRIO
1. BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E [...] A União das duas coroas foi realizada em 1580. A Espanha não
tem inveja da presença portuguesa no Brasil e tolera bem o contrabando
TERRITÓRIO que se exerce pela Prata em benefício dos portugueses. A ocupação do
Em conjunto, o Brasil se apresenta em compacta massa territorial, Recife pelos holandeses desagrada Madrid, mas não ameaça os eixos
limitada a leste por uma linha costeira extremamente regular, sem sinuo- vitais da construção imperial - lembra apenas que seria loucura abrir ainda
sidades acentuadas nem endentações e, por isso, em geral, desfavorável mais o continente para o Sul, por Buenos Aires. Em 1625, os espanhóis
à aproximação humana e à utilização nas comunicações marítimas; e a enviam uma frota para libertar Salvador, depois deixam os portugueses
oeste, por territórios agrestes, de penetração e ocupação difíceis (e por praticamente sós face à empresa holandesa.
isso, até hoje ainda, muito pouco habitado), estendidos ao longo das CLAVAL, Paul. A Construção do Brasil: uma grande potência em emergência. Lisboa:
fraldas da Cordilheira dos Andes, e barrando assim as ligações com o litoral Piaget, 2010 .
Pacífico do continente. O Brasil, embora ocupe longitudinalmente a maior
A fundação da Vila de São Vicente no litoral Paulista, em 1532,
parte do território sul-americano, volta-se inteiramente para o Atlântico.
assinalou o início da colonização dos domínios portugueses na América,
Caio Prado Júnior. História Econômica do Brasil. Ed. Brasiliense, 2008.
com a distribuição das primeiras sesmarias, inspiradas na legislação
O processo de formação do território brasileiro, lento e irregular, fundiária portuguesa do século XIV.
é fruto de uma longa história de encontros de povos que aqui viviam e
No território colonial, os sesmeiros eram homens da pequena
de outros que vieram a ocupá-lo ao longo dos anos. O Brasil foi assim
nobreza, militares ou navegantes, que recebiam as suas glebas como
uma construção, na qual os colonizadores portugueses se apropria-
recompensa por serviços prestados à Coroa. Ao tomarem posse das
ram de certas áreas, geralmente expulsando, às vezes escravizando, ou
terras, ficavam obrigados apenas a fazê-las produzir em alguns anos
exterminando os índios que as ocupavam, e com o tempo expandiram
(em geral cinco) e pagar o dízimo à Ordem de Cristo.
o seu território e criaram neste novo mundo uma sociedade diferente,
que um dia se tornou um Estado-Nação “independente”. A extensão das sesmarias brasileiras girava em torno de 10 mil a
A gênese do Estado brasileiro encontra-se na colonização portu- 13 mil hectares. Assim, as sesmarias foram o embrião do modelo con-
guesa da América. A expansão oficial, realizada por expedições militares centrador que ainda hoje permanece na estrutura agrária brasileira.
a serviço de Portugal (desde o final do século XVI e, principalmente, Entre 1534-1536, a Coroa Portuguesa implantou o sistema polí-
no século XVII), foi responsável pela conquista de uma vasta porção tico-administrativo das capitanias hereditárias. O território foi dividido
do atual território brasileiro. Entretanto, o território não é apenas uma em capitanias, lotes doados a quem tivesse capital para colonizá-los.
continuação da América Portuguesa: a delimitação das fronteiras atuais, Os detentores desses lotes, transmitidos de pai para filho, eram os capi-
concluída apenas no início do século XX, envolveu diversos conflitos, tães-donatários. Esse regime fragmentou a América Portuguesa em
negociações econômicas e acordos diplomáticos. Nos primeiros séculos unidades autônomas e desarticuladas entre si.
de colonização, a ocupação portuguesa limitou-se ao litoral. A econo-
ANTIGO MAPA DAS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
mia voltava-se para o mercado externo, com a produção de açúcar nas
áreas próximas ao litoral. No interior, a presença europeia praticamente
limitava-se à vila de São Paulo e a um punhado de núcleos vizinhos.
Inicialmente, os portugueses ampliaram suas terras incorporando áreas
de domínio espanhol, ainda no período colonial. Diversos fatores con-
tribuíram para o processo expansionista, que acabou por ultrapassar
a linha de Tordesilhas.

1.1 Estrutura Política e Administrativa


Nos séculos XVII e XVIII, expedições militares portuguesas avan-
çaram ainda mais, instalando fortificações no alto curso do rio Ama-
zonas e de seus afluentes, ao longo do Rio Guaporé e na margem
esquerda do estuário platino.
As iniciativas da Coroa Portuguesa obedeciam a interesses
estratégicos, na medida em que procuravam estabelecer limites à
expansão espanhola na América.
O PAPEL DA ESPANHA
A história do Brasil está ligada de duas maneiras à do Império Espa-
nhol na América: 1. Madrid exerce, apoiada no direito, a sua soberania sobre
tudo o que se encontra a Oeste do meridiano de Tordesilhas; 2. A união das
duas coroas, que resulta da extinção da dinastia de Avis, reduz, considera-
velmente, a liberdade de manobra de Portugal entre 1580 e 1640.
A penetração espanhola na América do Sul faz-se por Este: O
império Inca, que se estendia do Equador ao Chile, passando pelo Peru,
pela Bolívia e noroeste da Argentina, foi conquistado entre 1531 e 1544.
É preciso esperar por 1580 para que uma rota permanente seja aberta
entre Potosí e o Rio da Prata, e que Buenos Aires seja definitivamente
fundada. [...]

GEOPOLÍTICA 314
BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E TERRITÓRIO

Em 2014, Jorge Cintra, do Instituto Histórico e Geográfico de São ÁREA INCORPORADA PELO TRATADO DE MADRI
Paulo, divulgou um novo mapa das capitanias hereditárias, baseando-se
em novas pesquisas que mostraram que os mapas anteriores das capi-
tanias foram elaborados com base nos paralelos e não nos meridianos,
o que muda a disposição das capitanias do extremo-norte da América
Portuguesa.
NOVO MAPA DAS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

O território passou a ter aproximadamente 6.900.000 km2.


Em 1759, foram organizadas as Capitanias da Coroa, governadas G
por funcionários nomeados pelo rei. Com a independência do Brasil, E
essas áreas transformaram-se em províncias de um Império Unitário. O
Após a independência, ocorrida em 1822, outras áreas se incor-
poraram ao território do Brasil. Essas áreas foram anexadas de países
fronteiriços (como Bolívia, Paraguai e Peru), por meio de tratados bila-
terais ou por arbitramento internacional1 .
O Império foi responsável pela fixação de mais da metade da
formação das fronteiras terrestres brasileiras. Os limites com o Uruguai,
anexados por D. João VI em 1821, foram frutos de acordos de 1828, que
Em 1549, em uma tentativa de reforçar sua presença e coordenar reconheceram a independência do país.
os esforços dos capitães-donatários, a Coroa instalou um Governo Geral
na recém-fundada cidade de Salvador. Mas, na verdade, Portugal sempre
1.2 Formação das Fronteiras
temeu a formação de um centro de poder unificado em suas colônias ao Longo da História
do Novo Mundo.
Em 1621, a América Portuguesa foi dividida em Estado do Brasil
e Estado do Maranhão. Este segundo, subordinado apenas à Coroa,
destinava-se a garantir a defesa do litoral setentrional sujeito a ataques
de franceses corsários. Em 1737, afastadas as ameaças francesas, a
atenção da Coroa concentrou-se na consolidação da soberania sobre
a bacia amazônica, alterando-se o nome da entidade para Estado do
Grão-Pará e Maranhão e transferindo-se a sede de São Luiz para Belém.
As fortificações erguidas pela Coroa confirmaram seu valor estra-
tégico durante as negociações entre Portugal e a Espanha que levaram à
assinatura do Tratado de Madri. Após muitas disputas entre Portugal e
Espanha, os governantes decidiram aceitar o uti possidetis, um princípio
do Direito Romano pelo qual é considerado dono da terra aquele que
realmente a ocupa.
Fortificações na região amazônica.
Em 1750 foi assinado o Tratado de Madri, pelo qual foi reconhe-
cida a posse portuguesa da Amazônia e de outras regiões situadas além
dos limites de Tordesilhas.
As fronteiras com o Paraguai formaram-se a partir do conflito
entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, no fim da Guerra do Paraguai em
1870.
1 Arbitramento Internacional: situação em que outros países são escolhidos para
resolver as questões de fronteira.

315
1.4 O Período Republicano
Desde a proclamação da República, em 1889, as províncias foram
transformadas em estados. A Constituição Republicana de 1891 orga-
nizou o país como Estado federal. Com isso, os estados, unidades da
Federação, ganharam autonomia.
Ao longo da República, as mudanças nos limites político-adminis-
trativos das unidades da federação decorreram dos processos de criação
de territórios federais e de desmembramentos de estados.
O Acre foi o primeiro território federal, criado em 1903. A política
externa do início do período republicano foi marcada pela figura do
Barão do Rio Branco, responsável pela delimitação de quase um terço
da extensão das fronteiras terrestres. O principal feito do Barão do Rio
Branco foi a solução para a Questão do Acre. Após inúmeras revoltas
Duque de Caxias e o ditador paraguaio Francisco Solano Lopes de seringueiros contra a empresa Bolivian Syndicate, um cartel estadu-
A geração daqueles que lutaram na guerra, quer nos países alia- nidense, Rio Branco iniciou negociações que culminaram na assinatura
dos, quer no Paraguai, não registrava de forma positiva o papel histó- do Tratado de Petrópolis no ano de 1903.
rico de Solano López. Havia certeza da sua responsabilidade, quer no
desencadear da guerra, ao invadir o Mato Grosso, quer na destruição de
seu país, pelos erros na condução das operações militares e na decisão
de sacrificar os paraguaios, mesmo quando caracterizada a derrota,
em lugar de pôr fim ao conflito. Dessa geração nasceu a historiografia
tradicional sobre a guerra, que simplificou a explicação do conflito ao
ater-se às características pessoais de Solano López, classificado como
ambicioso, tirânico e, mesmo, quase desequilibrado.
DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: Nova História Da Guerra Do Paraguai.

1.3 A independência e a Identidade Nacional


Com a Independência, nasceu um imenso império nos trópicos,
comandado por D. Pedro I. A Constituição de 1824, imposta pelo impe-
rador, consolidou o caráter hereditário e escravista desse império cuja
capital era o Rio de Janeiro. Aos poucos, os territórios federais foram elevados a estados,
outros foram extintos com a promulgação da Constituição de 1946, como
é o caso de Ponta Porã, incorporado ao Mato Grosso (hoje Mato Grosso
do Sul). Outros permaneceram até a Constituição de 1988, quando foram
extintos e se transformaram em estados.
As sucessivas expansões territoriais fizeram do Brasil o maior
país da América Latina, seguido pela Argentina (2.776.889 km2), o Peru
(1.285.216 km2), a Colômbia (1.138.9145 km2) e a Bolívia (1.098.518 km2).

1.5 Extensão, Localização e Limites


Com 8.514.876,5 Km2 de superfície, o Brasil é o quinto país do
mundo em extensão territorial, sendo superado pela Rússia, Canadá,
China e Estados Unidos. O território brasileiro corresponde a 1,6% de toda
a superfície terrestre, 5,7% das terras emersas, 20,8% da América e 47,3%
Proclamação da República, Pedro Américo.
da América do Sul. O território brasileiro atual tem 7.367 km de contorno
marítimo e 15.719 km de fronteiras terrestres limitando-se com 10 países
Desde o início, a elite imperial dedicou-se à obra de produção e
sul-americanos com exceção de Chile e Equador. A maior fronteira é com
de uma identidade nacional. O IHGB (Instituto Histórico e Geográfico
a Bolívia (3.126 km) e a menor com o Suriname (593 km). As últimas
Brasileiro), organizado em 1838 e presidido a partir de 1849 por D. Pedro
mudanças com relação às fronteiras do país aconteceram no fim do
II, reuniu arquitetos dessa obra. Escritores como Gonçalves Dias e José
século XIX e no início do século XX, como as questões que envolviam
de Alencar elaboraram a mitologia romântica do índio. Naturalistas como
os territórios do Acre, Palmas, Amapá e Pirara.
o alemão Carl Von Martius dedicaram-se a descrever a flora brasileira.
Intelectuais como Francisco de Varnhagen e Capistrano de Abreu come-
çaram a gerar uma narrativa da história colonial, na qual a natureza
ocupava lugar privilegiado.
Ao mesmo tempo, expedições científicas e artísticas percorreriam
o país produzindo um paisagismo brasileiro. Os viajantes descreviam,
desenhavam, gravavam e pintavam a paisagem tropical, os animais e
as plantas, assim como os índios.

GEOPOLÍTICA 316
BRASIL POLÍTICO: NAÇÃO E TERRITÓRIO
FRONTEIRAS ATUAIS 1.7 Equidistância
O Brasil é considerado um país equidistante, pois as distâncias
entre o norte/sul (4.394,7km) e leste/oeste (4.319,4km) são prati-
camente as mesmas.

Fonte: IBGE. Disponível em http://www.ibge.com.br; THÉRY, Hervé.


Esse processo de sucessivas expansões territoriais transformou Fonte: IBGE
o Brasil no maior país da América do Sul. Sua posição astronômica é
determinada pela passagem de dois dos principais paralelos: a linha do Questões
G
Equador (0°) e o Trópico de Capricórnio (23°27´S).
E
A linha do Equador deixa 7% das terras brasileiras no hemisfério (IEMA-ES - Analista Ambiental-Geografia – 2007) O território brasileiro O
norte e o restante no hemisfério sul, cortando os estados do Pará, está localizado na porção oriental da América do Sul e possui uma exten-
Amazonas, Amapá e Roraima; o Trópico de Capricórnio coloca 8% são de cerca de 15.719 quilômetros de fronteiras terrestres, localizadas
da superfície do país na zona subtropical e 92% das terras na zona entre Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela,
intertropical, cortando os estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Todas essas delimitações e demar-
e Paraná. Sua posição geográfica é amplamente favorável impedindo cações foram consolidadas ao longo do processo de ocupação colonial e
que haja áreas anecumênicas como altas montanhas, desertos e áreas da soberania do território como Estado-Nação.
predominantemente geladas.
Tendo como base essa afirmação, julgue os itens que se seguem.
01. Entre os importantes rios brasileiros que fazem fronteira com países da
América do Sul, destacam-se o Paraguai e o Paraná, ambos situados
na região Sul do país.
Certo ( ) Errado ( )

02. A expansão das fronteiras nacionais representou, para o Brasil, a ane-


xação de distintos ecossistemas e de áreas de vocação produtiva, todas
importantes para o desenvolvimento econômico nacional.
Certo ( ) Errado ( )
Invasões Holandesas - Batalha dos Guararapes. Vitor Meirelles de Lima. (PM - AC - Soldado – 2008) O Brasil é uma República federativa cuja
organização político-administrativa comporta a existência de estados,
1.6 Pontos Extremos - o Brasil vai municípios e o Distrito Federal.
do Oiapoque ao Chuí? O território brasileiro foi conquistado pelos europeus no século
A extensão latitudinal considerável tem como consequência prin- XVI e colonizado por cerca de três séculos. Ele localiza-se, predominan-
cipal a grande diversidade climato-botânica e a possibilidade de grande temente, na área da Terra marcada pela tropicalidade. Os tipos de clima
diversidade agrícola em nosso país. presentes no Brasil são o equatorial (Amazônia, norte de Mato Grosso e
Por muito tempo acreditou-se que o ponto mais extremo ao norte oeste do Maranhão), o tropical (centro do país, Roraima, partes do Piauí,
do nosso território era o Oiapoque, no Amapá. Na realidade, o Monte Bahia e Minas Gerais), o tropical de altitude (partes mais elevadas do
Caburaí é a borda de um imenso planalto, com mais de 2000 m de alti- planalto Atlântico do Sudeste), o tropical úmido (litoral), o subtropical
tude, que se estende ao longo da fronteira, com 5º 16’ 20” norte, sendo (parte de São Paulo e região Sul) e o semiárido (interior do Nordeste).
o ponto mais setentrional do Brasil (Norte). Então o ditado correto seria: O Brasil detém uma das mais ricas e variadas formações vegetais
"O Brasil vai do Caburaí ao Chuí" do planeta, que se relaciona aos diversos tipos de clima, relevos e solos
O Monte Caburaí localiza-se 84,5 km mais ao norte que o existentes no país. Explorada de forma desordenada desde começos da
Oiapoque. colonização, essa vegetação pode ser dividida em vários grupos: Floresta
Amazônica, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal Mato-Grossense, Cerrado,
Campos, Mata de Araucária, Mata de Cocais, Mangue e Restinga.

317
A Floresta Amazônica é a floresta tropical de maior extensão 09. A linha divisória entre Portugal e Espanha estabelecida pelo Tratado de
remanescente no mundo, com cerca de 5,5 milhões de km2, dos quais Tordesilhas não abrangia o Pacífico, mas apenas o Atlântico.
algo em torno de 60% encontram-se em território brasileiro. Certo ( ) Errado ( )
Originalmente, a Mata Atlântica recobria extensa faixa do litoral, 10. As capitanias hereditárias foram concedidas a militares portugueses,
do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. No Nordeste, a devasta- que recebiam as doações como reconhecimento por serviços prestados
ção foi tão acentuada, desde a colonização, que praticamente só res- à Coroa, bem como para reforçar a defesa do território colonial e facilitar
tou o nome Zona da Mata, onde ainda hoje se concentra o plantio de a sua exploração.
cana-de-açúcar. Certo ( ) Errado ( )
Na defesa das florestas e do meio ambiente, em geral, setores da
sociedade se mobilizam, muitas vezes em organizações não governa-
mentais (ONGs), para pressionar o poder público para que este também Gabaritos
assuma a responsabilidade da preservação.
Tendo as informações acima como referência inicial e considerando aspec-
tos relevantes da geografia brasileira, julgue os itens 03 e 04 01 ERRADO 06 ERRADO

03. A ausência de autonomia político-administrativa dos estados e dos 02 CERTO 07 CERTO


municípios caracteriza o Brasil como Estado unitário, governado dire-
tamente pelo Distrito Federal (Brasília). 03 ERRADO 08 ERRADO
Certo ( ) Errado ( )
04 ERRADO 09 CERTO
04. O território brasileiro foi sendo ampliado desde o período colonial,
05 ERRADO 10 ERRADO
ultrapassando-se os limites de Tordesilhas e, já na República, incor-
porando-se o Acre.
Certo ( ) Errado ( )
(Diplomata – CESPE – IrBr – 2013) Acerca da configuração territorial da
América portuguesa, julgue (C ou E) o próximo item.
05. O Tratado de Madri tinha como princípio principal, quanto à definição
de fronteiras, o uti possidetis e como argumento subsidiário, aplicável
à foz do Amazonas e ao Rio da Prata, o mare liberum.
Certo ( ) Errado ( )
(Diplomata – CESPE – IrBr – 2012) O Brasil, que sempre se caracterizou
pela existência, em uma região ou em outra, de fronteira de povoamen-
to, viu, com o processo de industrialização do campo, o aparecimento
de fronteiras de modernização nas quais se verificaram profundas trans-
formações socioespaciais. Ambos os tipos de fronteira suscitam novos
centros de comercialização e beneficiamento de produção agrícola, de
distribuição varejista e prestação de serviços ou, em muitos casos, de
centros que já nascem como reservatórios de uma força de trabalho tem-
porária.
R. L. Corrêa. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2006, p.
323 (com adaptações).
Julgue (C ou E) os próximos itens, relativos à formação histórica do ter-
ritório brasileiro.
06. Mesmo após cinco séculos de ocupação e povoamento, a configuração
atual do território brasileiro permanece conforme a implantação das
capitanias hereditárias.
Certo ( ) Errado ( )

07. Nos três primeiros séculos de colonização portuguesa no Brasil, a pro-


dução no território brasileiro era fundada na criação de um meio técnico
mais dependente do trabalho direto e concreto do homem do que da
incorporação de capital à natureza.
Certo ( ) Errado ( )

08. A colonização portuguesa no Brasil iniciou-se com a extração de metais


preciosos e a consequente ocupação das denominadas áreas do sertão,
afastadas do litoral atlântico.
Certo ( ) Errado ( )
No que se refere a fatores que contribuíram para a configuração do terri-
tório da América portuguesa colonial, julgue os itens a seguir.

GEOPOLÍTICA 318
LÍNGUA INGLESA
NUMBERS, DEFINITE ARTICLES, PRONOUNS, INDEFINITE ARTICLES

1. NUMBERS, DEFINITE ARTICLES, 1.2 Ordinal Numbers


PRONOUNS, INDEFINITE ARTICLES Os números ordinais são utilizados para indicar ordem ou hierar-
quia relativa a uma sequência.
1.1 Cardinal Numbers Na Língua Inglesa, a formação dos números ordinais é diferente
Os numerais cardinais são usados no nosso dia a dia para expres- da formação dos ordinais em Português: apenas o último número é
sar diversas funções, dentre elas: informar o número de telefone, expres- escrito sob a forma ordinal.
sar endereços e falar sobre preços. Segue abaixo uma lista dos principais Todos os outros números são utilizados sob a forma de números
numerais cardinais:
cardinais em Inglês.
0 zero Exs.:
1 one 1st – First
2 two 2nd – Second
3 three 3rd – Third
4 four 4th- Foruth
5 five 23rd - twenty-third
6 six 135th - a/one hundred thirty-fifth
7 seven 1.234th - a/one thousand two hundred thirty-four
8 eight
9 nine
1.3 Articles
Artigo é a classe de palavras que se antepõe ao substantivo para
10 ten
definir, limitar ou modificar seu uso. Os artigos dividem-se em definidos
11 eleven e indefinidos.
12 twelve A seguir, estudaremos cada um deles.
13 thirteen
14 fourteen Definite article
“The” é o artigo definido na Língua Inglesa, e significa o, a, os, as L
15 fifteen I
e pode ser usado com substantivos contáveis no singular ou plural e com
16 sixteen substantivos incontáveis. É utilizado quando queremos sinalizar especi- N
17 seventeen G
ficamente a que elemento(s) estamos nos referindo especificamente, ou
18 eighteen seja, que se trata de um elemento único. A seguir serão apresentadas
19 nineteen situações típicas de seu uso:
20 twenty ї Antes de substantivos com sentido específico:
30 thirty The water in the world.
40 forty ї Antes de numerais ordinais:
50 fifty The 4th of July.
ї Antes de nomes de países no plural ou de países que são união de
60 sixty
estados, ilhas etc.:
70 seventy
The United States of America
80 eighty
The Falklands
90 ninety
ї Antes de adjetivos e advérbios no grau superlativo:
99 ninetynine Mary is the most intelligent person of this class.
100 one hundred /a hundred ї Antes de nomes de ilhas, desertos, montanhas, rios, mares etc.:
200 two hundred The Pacific Ocean
300 three hundred The Saara Desert
400 four hundred ї Antes de nomes de navios, modelos de carros e aviões:
500 fifty hundred The Titanic was enourmous.
600 six hundred ї Antes de nomes de famílias no plural:
700 seven hundred The Smiths
800 eight hundred ї Antes de nomes de instrumentos musicais:
900 nine hundred He plays the guitar very well.
1000 one thousand /a thousand Quando não usar o artigo definido?
100000 one hundred thousand ї Antes de substantivos tomados em sentido genérico:
1000000000 one million Grape juice is good for you.
Ex.: ї Antes de nomes próprios no singular (pessoas, cidades etc.):
Where do you live? São Paulo is a big city.
I live in that building, apartment 214. Mike loves coffee.

369
ї Antes de possessive adjectives: ATENÇÃO
His car is over there.
ї O elemento neutro representa vocábulos sem gênero na Língua
ї Antes de nomes de profissões (se o nome do profissional for
Inglesa, tais como: objetos, animais, fenômenos da natureza.
citado):
ї A 2ª pessoa, tanto do singular quanto do plural, possui a mesma
Judge Louis will talk to you later.
forma. Sendo assim, dependemos do contexto para identificá-la.
ї Antes de palavras que se referem a idiomas, desde que não sejam
ї A 3ª pessoa do plural é a mesma para o gênero masculino, femi-
seguidas do termo “language”:
nino ou ainda para os elementos neutros.
Portuguese is interesting.
Agora veremos o uso dos pronomes pessoais em frases. Os verbos
Indefinite articles (ações) estão sublinhados para que ajudem a identificar a posição do pronome,
seja antes (subject pronouns) ou depois (object pronouns).
Os artigos indefinidos em Língua Inglesa na forma do singular
são dois: a e an. Ambos só podem ser empregados com substantivos I live in New York.
contáveis. He bought a gift for you.
A é usado antes de palavras que iniciam com som de consoante They didn’t like it.
e AN antes das que iniciam com som de vogal. He saw her yesterday.
She has a doll. Boys, you don’t have to wake up early tomorrow.
Look! That’s an apple tree!
Attention!
Existem casos em que a pronúncia determina o uso de artigos
indefinidos. Observe as seguintes regras:
A
ї Antes de palavras que iniciam com H aspirado:
a house, a horse, a homerun
ї Antes de palavras que começam com os sons de eu, ew e u:
a European trip, a unicorn, a useful skill.
AN
ї Antes de palavras que iniciam com H não pronunciado (mudo):
an hour, an heir, an honest man.

1.4 Pronouns
São palavras que acompanham os substantivos, podendo subs-
tituí-los (direta ou indiretamente), retomá-los ou se referir a eles. Os
pronomes são divididos em várias categorias. Neste módulo falaremos
dos pronomes pessoais:

Personal pronouns
Os pronomes pessoais (personal pronouns) são termos utilizados
para substituir nomes completos ou substantivos em frases. Eles são
divididos de acordo com quatro classificações:
ї Quanto ao número: singular ou plural;
ї Quanto à pessoa: primeira, segunda ou terceira;
ї Quanto ao gênero: masculino, feminino ou neutro;
ї Quanto à função que cumprem nas sentenças: sujeito ou objeto.
Vejamos quais são os pronomes pessoais de acordo com as clas-
sificações a seguir:

Pronomes Subjet Object


Pessoais Pronouns Pronouns
1 ª Pessoa do Singular Eu I Me
2 ª Pessoa do Singular Tu/Você You You
3 ª Pessoa do Singular Ele He Him
Ela She Her
Ele/Ela It It
(Neutro)
1 ª Pessoa do Plural Nós We Us
2ª Pessoa do Plural Vós/Vocês You You
3ª Pessoa do Plural Eles/Elas They Them

LÍNGUA INGLESA 370


LÍNGUA ESPANHOLA
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

1. INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS Atenção quanto ao comando dado no enunciado das questões:


Interpretar é o ato de fazer a interpretação de algo (texto) com » según el texto = segundo o texto
o intuito de buscar o sentido/a ideia defendida, explicada e/ou apre- » en el texto se dice que = no texto diz que
sentada pelo autor.
» de acuerdo con el texto = de acordo com o texto
Em se tratando de uma prova interpretativa de concurso público,
é necessário entender que as questões não esperam que o candidato » la expresión______tiene el sentido de
mostre o que ele entendeu sobre um texto a partir de suas experiên- » la expresión______significa
cias, mas o que realmente o texto afirma, considerando que pode haver » la expresión______se refiere a
afirmações tanto do autor do texto quanto de outras pessoas sobre o
assunto, em forma de citações. » en el texto la palabra_____se puede sustituir (subs-
Independente de qual idioma o texto esteja escrito, há alguns
tituir) por
elementos que contribuem para a escrita e para a compreensão de uma » en el texto la locución_____tiene valor de
produção escrita. » en el contexto del texto la palabra_____tiene el
E, devido à proximidade existente entre o português e o espanhol, sentido de
é fundamental conhecer alguns aspectos que interferem no processo » equivalencia semántica entre la expresión
de interpretação textual.
_____e_____
Dentre eles, destacam-se: a) classes gramaticais: artigos, subs-
tantivos, pronomes, preposições, conjunções advérbios e verbos; b) » según el texto es correcto afirmar que
coesão: elementos conectivos que unem palavras, frases, orações e » tras leer las afirmaciones del texto uno concluye que
períodos (desses elementos, os mais comuns são os que têm valor de = depois de ler as afirmações do texto se conclui que
pronome, preposição e conjunção). » la idea central de los dos primeros párrafos del texto
Desse modo, serão apresentados os elementos mais importantes es = a ideia central dos dois primeiros parágrafos do
no processo de interpretação de textos texto é
1.1 Interpretação de Textos em Espanhol
Quando o texto é em uma língua diferente da nossa língua
materna, é preciso ter muita atenção ao lê-lo e ao interpretá-lo, princi-
palmente por causa dos falsos amigos (palavras que são semelhantes
ao português na grafia, mas são diferentes quanto ao sentido).
No momento da leitura de um texto, é conveniente que algumas atitudes L
sejam tomadas: E
S
ঠ Grifar as palavras desconhecidas, pois elas podem ser a P
chave para solução de alguma questão;
ঠ Tentar entender a ideia principal de cada parágrafo;
ঠ Sempre voltar ao texto para comparar a alternativa com
as frases a que ela se refere;
ঠ Lembrar que o texto possui a opinião do autor e não a sua;
ঠ Dar atenção especial ao enunciado da questão, principal-
mente a algumas palavras, como: subrayada (sublinhada),
hueco (espaço), con excepción de (com exceção de), en
negrita (em negrito), señalado (assinalado), palabra des-
tacada del texto, correcta/incorrecta;
ঠ Ficar atento às palavras em espanhol que são parecidas
com o português, pois nem tudo o que parece em espa-
nhol é igual em português e vice-versa;
ঠ Dar uma atenção aos advérbios, conjunções, preposições e
famosas expressões idiomáticas - fazem toda a diferença
no contexto textual;
Em relação aos verbos, eles desempenham papel importante
dentro do texto, porque diferenciam as afirmações, dizendo se são
informativas, argumentativas, enfáticas, repetitivas, adicionais ou com-
plementares. Entre os que costumam aparecer com mais frequência,
podemos citar: decir, manisfestar, expresar, señalar, añadir, mantener,
subrayar, enfatizar, sostener, declarar;
Quanto aos textos jornalísticos, eles costumam usar metáforas,
metonímias, frases irônicas e com duplo sentido;

391
LÍNGUA PORTUGUESA 411

DIREITO
ADMINISTRATIVO

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO AO DIREITO 1.2 Conceito de Direito Administrativo
ADMINISTRATIVO Vários são os conceitos que podem ser encontrados na doutrina
Neste capítulo, vamos conhecer algumas características do Direito para o Direito Administrativo. Descreveremos dois deles trazidos pela
Administrativo, seu conceito, sua finalidade, seu regime jurídico peculiar doutrina contemporânea e citados a seguir:
que orienta toda a sua atividade administrativa, seja ela exercida pelo O Direito Administrativo é o ramo do direito público que tem por
próprio Estado-administrador, ou por particular. Para entendermos melhor objeto órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que inte-
tudo isso, é preciso dar início ao nosso estudo pela compreensão adequada gram a Administração Pública. A atividade jurídica não contenciosa
do papel do Direito na vida social. que exerce e os bens que se utiliza para a consecução de seus fins de
O Direito é um conjunto de normas (regras e princípios) impostas natureza pública1.
coativamente pelo Estado que regularão a vida em sociedade, possibi- O Direito Administrativo é o conjunto harmônico de princípios
litando a coexistência pacífica das pessoas. jurídicos que regem órgãos, agentes e atividades públicas que tendem a
realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado2.
1.1 Ramos do Direito 1.3 Objeto do Direito Administrativo
O Direito é historicamente dividido em dois grandes ramos: o Os conceitos de Direito Administrativo foram desenvolvidos de
Direito Público e o Direito Privado. Em relação ao Direito Privado, vale forma que se desdobram em uma sequência natural de tópicos que
o princípio da igualdade (isonomia) entre as partes; aqui não há que se devem ser estudados ponto a ponto para que a matéria seja correta-
falar em superioridade de uma parte sobre a outra. Por esse motivo, mente entendida.
dizemos que estamos em uma relação jurídica horizontal ou uma hori-
Por meio desses conceitos, podemos constatar que o objeto
zontalidade nas relações jurídicas.
do Direito Administrativo são as relações da administração pública,
O Direito Privado é regulado pelo princípio da autonomia da von- sejam elas de natureza interna entre as entidades que a compõe, seus
tade, o que traduz a regra a qual diz que o particular pode fazer tudo órgãos e agentes, ou de natureza externa entre a administração e os
que não é proibido (Art. 5º, II, da Constituição Federal). administrados.
No Direito Público, temos o Estado em um dos polos, represen- Além de ter por objeto a atuação da administração pública, também
tando os interesses da coletividade, e um particular desempenhando é foco do Direito Administrativo o desempenho das atividades públicas
seus próprios interesses. Sendo assim, o Estado é tratado com supe- quando exercidas por algum particular, como no caso das concessões,
rioridade ante ao particular, pois o Estado é o procurador da vontade permissões e autorizações de serviços públicos.
da coletividade e, representada pelo próprio Estado, deve ser tratada
Resumidamente, podemos dizer que o Direito Administrativo tem
de forma prevalente ante a vontade do particular.
por objeto a administração pública e também as atividades administra-
O fundamento dessa relação jurídica vertical é encontrado no tivas, independentemente de quem as exerçam.
Princípio da Supremacia do Interesse Público, que estudaremos com
mais detalhes no tópico referente aos princípios. Mas já podemos adian- 1.4 Fontes do Direito Administrativo
tar que, como o próprio nome o interesse público é supremo. Desse
É o lugar de onde provém algo, no nosso caso, no qual emanam
modo, são disponibilizadas ao Estado prerrogativas especiais para que
as regras do Direito Administrativo. Esse não está codificado em um
possa atingir os seus objetivos. Essas prerrogativas são os poderes da único livro. Dessa forma, para o estudarmos de maneira completa, temos
administração pública. que recorrer às fontes, ou seja, a institutos esparsos. Por esse motivo,
Esquema da Divisão do Direito dizemos que o Direito Administrativo está tipificado (escrito), mas não
está codificado em um único instituto.
Lei: fonte principal do Direito Administrativo. A lei deve ser com-
Direito
preendida em seu sentido amplo, o que inclui a Constituição Federal,
Administrativo
as normas supra legais, as leis e também os atos normativos da própria
Público Desigualdade administração pública. Temos como exemplo os Arts. 37 ao 41 da Consti-
- Supremacia do Interesse
tuição Federal, a Lei nº 8.666/93, a Lei nº 8.112/90, a Lei de Improbidade
Público / Prerrogativas
Estado de Direito Público; Administrativa (Lei nº 8.429/92), Processo Administrativo Federal (Lei
Divisão do - Indisponibilidade do nº 9.784/99), etc.
direito Interesse Público / Deve- Jurisprudência: gênero que se divide entre jurisprudência e dou-
res da Administração;
Indivíduo - Verticalidade nas
trina. Jurisprudência são decisões quais são editadas pelos tribunais
relações jurídicas. e não possuem efeito vinculante; são resumos numerados que servem
Privado
de fonte de pesquisa do direito materializados em livros, artigos e
Igualdade pareceres.
Isonomia Doutrina tem a finalidade de tentar sistematizar e melhor expli-
Indivíduo Indivíduo car o conteúdo das normas de Direito Administrativo; doutrina pode ser
utilizada como critério de interpretação de normas, bem como auxiliar a
Horizontalidade nas Relações Jurídicas produção normativa.

Os dois princípios norteadores do Direito Administrativo são:


Supremacia do Interesse Público (gera os poderes) e Indisponibilidade
do Interesse Público (gera os deveres da administração). 1 Direito Administrativo, Maria Sylvia Zanella di Pietro, 23ª edição.
2 Conceito de Direito Administrativo do professor Hely Lopes Meirelles.

DIREITO ADMINISTRATIVO 412


INTRODUÇÃO AO DIREITO ADMINISTRATIVO

Costumes: conjunto de regras não escritas, porém, observadas Via administrativa de curso forçado
de maneira uniforme, as quais suprem a omissão legislativa acerca de São situações em que o particular é obrigado a seguir todas
regras internas da Administração Pública. as vias administrativas até o fim, antes de socorrer ao poder judi-
Segundo o doutrinador do Direito Administrativo, Hely Lopes Mei- ciário. Isso é exceção, pois a regra é que, ao particular, é facul-
relles, em razão da deficiência da legislação, a prática administrativa vem tado socorrer ao poder judiciário, por força do Art. 5º, XXXV, da
suprindo o texto escrito e, sedimentada na consciência dos administradores e Constituição Federal.
administrados, a praxe burocrática passa a saciar a lei e atuar como elemento XXXV. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
informativo da doutrina. ou ameaça a direito.
Lei e Súmulas Vinculantes são consideradas fontes principais do Exemplos de via administrativa de curso forçado:
Direito Administrativo. Jurisprudência, súmulas, doutrina e costumes Aqui, o indivíduo deve esgotar as esferas administrativas obriga-
são considerados fontes secundárias. toriamente antes de ingressar com ação no poder judiciário.
Justiça Desportiva: só são admitidas pelo poder judiciário ações
Principais Fontes relativas à disciplina e as competições desportivas depois de esgotadas
as instâncias da Justiça Desportiva. Art. 217, § 1º, CF.
Ato Administrativo ou a Omissão da Administração Pública que
contrarie Súmula Vinculante: só pode ser alvo de reclamação ao STF
Lei Súmulas Vinculantes depois de esgotadas as vias administrativas. Lei nº 11.417/2006, Art.
7º, §1º.
Habeas Data: é indispensável para caracterizar o interesse de
agir no Habeas Data a prova anterior do indeferimento do pedido de
Art. 37 ao 41 CF/ 88 informação de dados pessoais ou da omissão em atendê-lo sem que
Lei nº 8.666 /93 se confirme situação prévia de pretensão. STF, HD, 22-DF Min. Celso
Lei nº 8.112 /90 de Mello.
Lei nº 8.429 / 92
Lei nº 9.784 /99
1.6 Regime Jurídico Administrativo
É o conjunto de normas e princípios de direito público que regu-
Fontes lam a atuação da administração pública. Tais regras se fundamentam
Secundárias nos princípios da Supremacia e da Indisponibilidade do Interesse Público,
conforme estudaremos adiante.
O Princípio da Supremacia do Interesse Público é o fundamento
Jurisprudência Doutrina Súmulas dos poderes da Administração Pública, afinal de contas, qualquer pessoa
que tenha como fim máximo da sua atuação o interesse da coletivi-
dade, somente conseguirá atingir esses objetivos se dotadas de poderes
1.5 Sistemas Administrativos especiais.
É o regime que o Estado adota para o controle dos atos administrati- D
O Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público é o funda- A
vos ilegais praticados pelo poder público nas diversas esferas e em todos os D
poderes. Existem dois sistemas que são globalmente utilizados. mento dos deveres da Administração Pública, pois essa tem o dever de
nunca abandonar o interesse público e de usar os seus poderes com a M
O Sistema Francês (do contencioso administrativo), não utilizado
finalidade de satisfazê-lo.
no Brasil, determina que as lides administrativas podem transitar em
julgado, ou seja, as decisões administrativas têm força de definibilidade. Desses dois princípios decorrem todos os outros princípios e
Nesse sentido, falamos em dualidade de jurisdição, já que existem tri- regras que se desdobram no regime jurídico administrativo.
bunais administrativos e judiciais, cada qual com suas competências.
O Sistema Inglês, também chamado de jurisdicional único ou
1.7 Noções de Estado
unicidade da jurisdição, é o sistema que atribui somente ao poder judi- Conceito de estado
ciário a capacidade de tomar decisões sobre a legalidade administrativa Estado é a pessoa jurídica territorial soberana.
com caráter de coisa julgada ou definitividade.
Pessoa: capacidade para contrair direitos e obrigações.
O Direito Administra-
Jurídica: é constituída por meio de uma formalidade documental
tivo, no nosso sistema, não
pode fazer coisa julgada e e não por uma mulher, tal como a pessoa física.
todas as decisões administra- Territorial soberana: quer dizer que, dentro do território do Estado,
tivas podem ser revistas pelo esse detém a soberania, ou seja, sua vontade prevalece ante a das demais
A Constituição Federal de
poder judiciário, pois somente pessoas (sejam elas físicas ou jurídicas). Podemos definir soberania da
1988 adotou o sistema seguinte forma: soberania é a independência na ordem internacional (lá
ele pode dar resolução em
caráter definitivo. Ou seja, Inglês ou, o do não conten- fora ninguém manda no Estado) e supremacia na ordem interna (aqui
não cabem mais recursos, por cioso administrativo. dentro quem manda é o Estado).
isso, falamos em trânsito em
Elementos do estado
julgado das decisões judiciais
e nunca das decisões administrativas. Território: é a base fixa do Estado (solo, subsolo, mar, espaço
aéreo).
Povo: é o componente humano do Estado.

413
Governo Soberano: é o responsável pela condução do Estado. De acordo com ele, a administração é uma atividade neutra, nor-
Por ser tal governo soberano, ele não se submete a nenhuma vontade malmente vinculada à lei ou à norma técnica, e exercida mediante conduta
externa, pois, relembrando, lá fora o Estado é independente e aqui hierarquizada.
dentro sua vontade é suprema, afinal, a vontade do Estado é a vontade Não podemos confundir Governo com Administração Pública,
do povo. pois governo se encarrega de definir os objetivos do Estado e definir
Formas de estado as políticas para o alcance desses objetivos; a Administração Pública se
encarrega simplesmente em atingir os objetivos traçados pelo governo.
Temos duas formas de Estado:
O governo atua mediante atos de soberania ou, pelo menos, de
Estado Unitário: é caracterizado pela centralização política; não
autonomia política na condução dos negócios públicos. A Administra-
existe divisão em estados membros ou municípios, há somente uma
ção é atividade neutra, normalmente vinculada à lei ou à norma téc-
esfera política central que emana sua vontade para todo o país. É o
nica. Governo é conduta independente, enquanto a Administração é
caso do Uruguai.
hierarquizada.
Estado Federado: caracteriza-se pela descentralização política;
O Governo deve comandar com responsabilidade constitucional e
existem diferentes entidades políticas autônomas que são distribuídas
política, mas sem responsabilidade técnica e legal pela execução. A admi-
regionalmente e cada uma exerce o poder político dentro de sua área
nistração age sem responsabilidade política, mas com responsabilidade
de competência. É o caso do Brasil.
técnica e legal pela execução dos serviços públicos.
Poderes do estado
Sistemas de governo
Os poderes do Estado estão previstos no texto Constitucional.
Sistema de governo se refere ao grau de dependência entre o
Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre
si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. poder legislativo e executivo.
Os poderes podem exercer as funções para que foram investidos pela
Parlamentarismo
Constituição Federal (funções típicas) ou executar cargos diversas das suas
competências constitucionais (funções atípicas). Por esse motivo, não há É caracterizado por uma grande relação de dependência entre o
uma divisão absoluta entre os poderes, e sim relativa, pois o poder Executivo poder legislativo e o executivo.
pode executar suas funções típicas (administrar) e pode também iniciar o A chefia do Estado e a do Governo são desempenhadas por pes-
processo legislativo em alguns casos (pedido de vagas para novos cargos). soas distintas.
Além disso, é possível até mesmo legislar no caso de medidas provisórias Chefe de Estado: responsável pelas relações internacionais.
com força de lei. Chefe de Governo: responsável pelas relações internas, o chefe
de governo é o da Administração pública.
Poderes Funções Típicas Funções Atípicas
Presidencialismo
Criar Leis Administrar
Legislativo É caracterizado por não existir dependência, ou quase nenhuma,
Fiscalizar (Tribunal de Contas) Julgar Conflitos
entre o Poder Legislativo e o Executivo.
Criar Leis
Executivo Administrar
Julgar Conflitos
A chefia do Estado e a do Governo são representadas pela mesma
pessoa.
Administrar O Brasil adota o presidencialismo.
Judiciário Julgar Conflitos
Criar Leis
É importante notar que a atividade administrativa está presente
Formas de governo
nos três poderes, por isso, o Direito Administrativo, por ser um dos ramos Conforme Hely Meirelles, a forma de governo se refere à relação
do Direito Público, disciplina não somente a atividade administrativa do entre governantes e governados.
Poder Executivo, mas também a do Poder Legislativo e do Judiciário.
Monarquia
1.8 Noções de Governo Hereditariedade: o poder é passado de pai para filho.
O governo é atividade política e discricionária, tendo conduta Vitaliciedade: o detentor do poder fica no cargo até a morte.
independente. Governar está relacionado com a função política do
Ausência de prestação de contas.
Estado, a de comandar, de coordenar, de direcionar e de fixar planos
e diretrizes de atuação do Estado. O governo é o conjunto de Poderes República
e órgãos constitucionais responsáveis pela função política do Estado. Eletividade: o governante precisa ser eleito para chegar ao poder.
O governo está diretamente ligado com as decisões tomadas
Temporalidade: ao chegar ao poder, o governante ficará no cargo
pelo Estado. Exerce a direção suprema e geral, ao fazer uma analogia,
podemos dizer que o governo é o cérebro do Estado. por tempo determinado.
Dever de prestar contas.
Função de governo e função administrativa O Brasil adota a república como forma de governo.
É comum aparecer em provas de concursos públicos questões que
confundem as ideias de governo e de administração pública. Para evitar
esse erro, analisaremos as diferenças entre as expressões:
Segundo o jurista brasileiro, Hely Lopes Meirelles, o governo é uma
atividade política e discricionária e tem conduta independente.

DIREITO ADMINISTRATIVO 414


LÍNGUA PORTUGUESA 445

DIREITO
CONSTITUCIONAL

SUMÁRIO
1. TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO ঠ consagrar um sistema de garantias da liberdade (mecanismos
Neste capítulo, trataremos da teoria geral da Constituição, de defesa do cidadão contra arbítrios estatais);
especificamente suas origens, seu conceito e sua classificação. Além ঠ conter o princípio da divisão de poderes, permitindo o
disso, veremos a classificação das normas constitucionais quanto à controle sistêmico do Estado por si mesmo;
sua eficácia; discutiremos o poder constituinte, e também as emendas
ঠ ser escrita.
constitucionais.
Classificação das constituições
1.1 Conceito de Constituição e Princípio As constituições podem ser classificadas por diversos critérios.
da Supremacia da Constituição Vejamos os principais deles:
Costuma-se dizer que a origem das Constituições seria a cha-
mada “Magna Charta Libertatum”, ou simplesmente “Magna Carta”, Quanto ao conteúdo
que foi assinada em 1215, pelo Rei João Sem Terra da Inglaterra, na Na verdade, não se trata de um critério de classificação de cons-
qual o mesmo aceitava limitações impostas à sua autoridade por parte tituições, mas sim de normas constitucionais.
dos nobres locais. Por ele, as normas constitucionais podem ser agrupadas em dois
Esse documento é considerado como um embrião das consti- grupos: constituição material e constituição formal.
tuições atuais porque, pela primeira vez, entendia-se que até o mesmo Constituição material: conjunto de regras substancialmente
próprio rei teria que se submeter a um documento jurídico. constitucionais, ou seja, são aquelas normas que tratam de assuntos
No entanto, embora se considere que essa seria a origem remota propriamente constitucionais, como organização do Estado, direitos
das constituições, o constitucionalismo, como ramo do Direito, surgiu fundamentais etc.
juntamente com as constituições escritas e rígidas, sendo que as primei- Constituição formal: o conjunto de todas as regras constantes
ras foram a dos Estados Unidos da América, em 1787, após a indepen- da constituição escrita, consubstanciada em um documento solene,
dência das 13 colônias inglesas, e a da França, em 1791, após a Revolução mesmo que algumas dessas regras tratem de matéria não propriamente
Francesa de 1789. constitucional. Ou seja, é tudo o que consta em uma constituição.
Essas duas constituições apresentavam dois traços marcantes: Existem normas que são formalmente constitucionais, porém
organização do Estado e limitação do poder estatal, por meio da pre- materialmente não o são, porque tratam de assunto que poderia muito
visão de direitos e garantias fundamentais. bem não estar da Constituição. Exemplo disso é a disposição constante
Mas, o que vem a ser uma constituição? no Art. 242, § 2º:
A palavra constituição tem o significado de estrutura, formação, § 2º. O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro,
organização. será mantido na órbita federal.
Pode ser definida como a lei fundamental e suprema de um Estado, Quanto à forma
que contém normas referentes à estruturação do Estado, forma de governo
Quanto à sua forma, as constituições dividem-se em escritas e
e aquisição do poder, direitos e garantias dos cidadãos.
costumeiras.
Ou seja, a Constituição vai definir, em normas gerais, o funciona-
As escritas, conforme o próprio nome indica, caracterizam-se por
mento do Estado, bem como os direitos fundamentais de seus cidadãos.
se encontrarem consubstanciadas em textos legais formais. A maioria
É o principal documento jurídico de uma nação e todas as leis dos países ocidentais adota essa forma.
lhe devem obediência, sendo que aquelas que contradisseram a Cons-
Ex.: constituições brasileira, americana, francesa, alemã, portu-
tituição serão consideradas como aberrações jurídicas, e não devem
guesa etc.).
produzir efeitos.
Já as constituições costumeiras são aquelas que não estão codifica-
Essa ideia de superioridade da Constituição em relação às leis é o
das somente em textos legais formais, mas são formadas pelos costumes
que se chama de “Princípio da Supremacia da Constituição”.
e decisões dos tribunais (a chamada jurisprudência) e em textos consti-
Para garantir tal supremacia, o Poder Judiciário utiliza-se do tucionais esparsos. Seu maior exemplo é o da Constituição Inglesa, pois
chamado mecanismo de controle de constitucionalidade, afastando do aquele país não possui um documento intitulado “Constituição”, sendo as
ordenamento jurídico aquelas normas consideradas inconstitucionais. normas organizadoras do Estado Inglês formadas ao longo de um extenso
Conceito ideal de constituição período de tempo.
Durante o século XIX, tendo em vista o surgimento de movimen- Quanto ao modo de elaboração
tos liberais em praticamente toda a Europa, exigindo que os respectivos
Quanto a esse critério, podem as constituições ser dogmáticas
monarcas de cada país aceitassem submeter-se a uma Constituição,
ou históricas.
surgiram muitos textos com esse nome, mas que, na prática, serviam
para legitimar o poder real. Na verdade, essa classificação está muito ligada à classificação
quanto à forma da constituição. As dogmáticas são sempre escritas e são
Ou seja, funcionavam como “falsas constituições” para reforçar
elaboradas por um órgão constituinte em um momento preciso e deter-
a autoridade dos reis.
minado, produzindo um documento que pode ser datado e que refletirá
Para combater isso, os constitucionalistas criaram o que ficou as ideias predominantes na sociedade em um determinado momento.
conhecido como “conceito ideal de Constituição”.
Toda constituição escrita é dogmática e vice-versa.
Segundo ele, uma constituição, para que possa ser de fato con-
Já as históricas, que estão associadas às constituições costu-
siderada como tal, deve:
meiras, têm sua formação dispersa no tempo, sendo consolidadas por
meio de um lento processo histórico, não havendo um momento em

DIREITO CONSTITUCIONAL 446


TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO

que se possa dizer: “eis a nossa Constituição pronta!”, estando em um São chamadas de sintéticas por serem resumidas e tratarem
processo de contínua formação e alteração, uma vez que não estão somente dos assuntos materialmente constitucionais.
consubstanciadas em um único documento. As constituições mais recentes tendem a ser analíticas.
Uma vez mais, quem nos fornece o exemplo é a Constituição Exemplo de constituição analítica é a nossa atual e exemplo de
Inglesa. constituição sintética é a norte-americana.

Quanto à origem 1.2 Poder Constituinte


Sob esse ponto de vista, as constituições podem ser populares, O Poder Constituinte pode ser definido como a manifestação
outorgadas ou cesaristas. soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridi-
As constituições populares são elaboradas por um órgão eleito camente organizado, que se manifesta na elaboração e alteração da
pela vontade popular, chamado normalmente de Assembleia Consti- Constituição.
tuinte, que assim delibera e aprova o documento como representante da Ou seja, é o poder constituinte que elabora e altera a Constituição.
vontade dos nacionais. Exemplo desse tipo é a nossa Constituição atual.
As constituições outorgadas se caracterizam por serem elabo- Titularidade
radas sem a participação do povo, mas são impostas (outorgadas) por Em uma democracia, o poder constituinte pertence ao povo.
alguém ou um grupo que não recebeu do povo o poder constituinte Assim, a vontade constituinte é a vontade do próprio povo.
originário. Porém, embora o povo seja o titular do direito, quem o exerce são
Exemplo dessas constituições são as constituições brasileiras de seus representantes, uma vez que o exercício direto do poder constituinte
1824, 1937 e 1967. pelo povo é inviável. Essa titularidade (mas não exercício direto) fica claro
Por fim, as chamadas constituições cesaristas ou plebiscitárias no preâmbulo de nossa Constituição: Nós, representantes do povo bra-
representam um meio-termo entre os dois primeiros tipos, pois são sileiro, reunidos...” e no parágrafo único do Art. 1º. “Todo o poder emana
elaboradas por alguém que não recebeu do povo a incumbência de do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
elaborar a constituição, porém são submetidas posteriormente a um nos termos desta Constituição.
processo de aprovação popular (plebiscito).
Espécies de poder constituinte
Quanto à possibilidade de alteração O Poder Constituinte classifica-se em:
Nesse aspecto, as constituições podem ser: imutáveis, rígidas, ঠ Poder Constituinte originário ou de 1º grau;
flexíveis ou semirrígidas. ঠ Poder Constituinte derivado ou de 2º grau.
As constituições imutáveis não admitem qualquer modificação
por qualquer meio, tendo sempre o mesmo texto perpetuamente. Como Poder constituinte originário
se pode logo concluir, estão fadadas a uma existência de curta duração, O Poder Constituinte originário elabora a Constituição do Estado,
uma vez que não podem ser alteradas para adaptarem-se às mudanças organizando-o e criando seus poderes.
da sociedade. O exercício desse poder se manifesta na elaboração de uma nova
As rígidas são aquelas que somente podem ser alteradas constituição.
mediante um processo especial, mais solene e mais difícil do que o Pode-se identificar duas formas de expressão desse poder: atra-
utilizado na elaboração das leis. vés de uma Assembleia Constituinte eleita pelo povo, ato chamado de
As flexíveis caracterizam-se por poderem ser modificadas sem convenção (constituições populares, tendo como um dos exemplos a
a exigência de um processo qualificado diferente do adotado para a Constituição Federal de 1988) ou de um Movimento Revolucionário, D
legislação ordinária. Ou seja, são aquelas que são alteradas da mesma através de um ato de outorga, como ocorreu com a Constituição de 1824. C
forma que as leis. O Poder Constituinte originário caracteriza-se por ser inicial (dá início O
Por sua vez, as semirrígidas ou semiflexíveis são aquelas que con- ao ordenamento jurídico), ilimitado (não é limitado por qualquer norma N
têm uma parte rígida, que somente pode ser alterada por um processo jurídica anterior) e incondicionado (forma livre de exercício).
diferenciado, e uma parte flexível, que pode ser alterada por leis comuns.
A Constituição Brasileira de 1988 é rígida. Poder constituinte derivado
Tem esse nome porque deriva das normas estabelecidas pelo
Quanto à extensão Poder Constituinte originário.
De acordo com esse critério, as constituições podem ser analíticas Além de derivado do Poder Constituinte originário, apresenta as
ou sintéticas. características de subordinado ou limitado (encontra-se limitado pelas
As constituições analíticas, também chamadas de dirigentes, têm normas do texto constitucional, às quais deve obedecer, sob pena de
esse nome por serem mais detalhadas, regendo todos os assuntos que inconstitucionalidade) e condicionado, uma vez que seu exercício deve
entendam relevantes à formação, destinação e funcionamento do Estado. seguir as regras estabelecidas pelo Poder Constituinte originário.
Por tal razão são chamadas também de dirigentes. Por sua vez, o Poder Constituinte derivado subdivide-se em:
Já as constituições sintéticas, também chamadas de negativas, Poder Constituinte Derivado Reformador: consiste na possibi-
preocupam-se somente com os princípios e as normas gerais de regência lidade de alterar-se o texto constitucional, respeitando-se os limites e
do Estado, organizando-o e limitando seu poder através dos direitos e a forma estabelecidos na Constituição.
garantias individuais. Ou seja, praticamente só possuem normas mate- Poder Constituinte Derivado Decorrente: consiste na capacidade,
rialmente constitucionais. em um Estado Federal, de os Estados-membros auto-organizarem-se

447
por meio de constituições estaduais, respeitando as regras contidas na Restrições às emendas constitucionais
Constituição Federal. As restrições às emendas constitucionais podem ser de dois tipos:
Assim, no Brasil, por exemplo, cada Estado possui a sua própria materiais (também chamadas de cláusulas pétreas), temporais e formais.
Constituição, e os Municípios podem elaborar suas Leis Orgânicas.
Restrições materiais
1.3 Classificação das Normas Constitucionais Têm esse nome porque são restrições de conteúdo (matéria).
Ou seja, a Constituição proíbe a aprovação de emendas que tratem de
quanto à sua Eficácia determinadas matérias.
As normas constitucionais podem ser classificadas de acordo
Essas matérias que não podem ser objeto de emendas estão
com sua aplicabilidade, ou seja, de acordo com sua capacidade de pro-
previstas no Art. 60, § 4º, e são chamadas pela doutrina de cláusulas
duzirem efeitos.
pétreas.
A classificação tradicional é do jurista José Afonso da Silva, que
Vejamos o texto deste dispositivo:
divide as normas constitucionais em três categorias: normas de eficácia
Art. 60 (...)
plena, de eficácia contida e de eficácia limitada.
§ 4º. Não será objeto de deliberação a proposta de emenda ten-
ঠ Normas de eficácia plena: são aquelas que, desde a dente a abolir:
entrada em vigor da Constituição, produzem ou podem I. A forma federativa de Estado;
produzir todos os seus efeitos essenciais, nos termos pro- II. O voto direto, secreto, universal e periódico;
postos pelo constituinte (Ex.: os remédios constitucionais). III. A separação dos Poderes;
ঠ Normas de eficácia contida: são aquelas que, embora IV. Os direitos e garantias individuais.
produzam seus efeitos desde logo, foi deixada margem,
pelo constituinte, de restrição, pelo legislador ordinário,
Teoria da dupla revisão
de seus efeitos. Ex.: Art. 5º, XIII. O constitucionalista português José Gomes Canotilho defendia
ser possível a alteração das cláusulas pétreas, desde que antes fosse
ঠ Normas de eficácia limitada: somente produzem seus alterado o texto constitucional que as defina (teoria da dupla revisão).
efeitos plenamente após a edição de lei ordinária ou com- Ou seja, primeiro altera-se o rol das cláusulas pétreas e depois altera-se
plementar que lhes desenvolva a aplicabilidade. Ou seja, a constituição no particular.
precisam ser regulamentadas. Ex.: Art. 7º, XI. No entanto, a maioria dos doutrinadores brasileiros rejeita esta
Além desses três tipos, podemos citar também as normas tese por ser uma forma de burlar a vontade soberana do Constituinte
programáticas: Originário.
ঠ Normas programáticas: caracterizam-se por expressarem
valores que devem ser respeitados e perseguidos pelo legis- Restrições temporais
lador. Não têm a pretensão de serem de aplicação imediata, O Art. 60, § 1º, estabelece que a Constituição não poderá ser
mas sim de aplicação diferida, paulatina, constituindo um emendada:
norte ao legislador. Por isso, normalmente, trazem conceitos ঠ na vigência de intervenção federal;
vagos e abertos. Um exemplo de norma programática seria ঠ na vigência de estado de defesa;
o Art. 7º, inciso IV, de nossa Constituição Federal, que trata
ঠ na vigência de estado de sítio.
do salário mínimo:
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de Restrições formais
outros que visem à melhoria de sua condição social:
As restrições formais nada mais são do que os procedimentos
IV. Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de necessários para que a emenda constitucional possa ser votada e
sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, aprovada.
vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes Pelo fato de a nossa constituição ser rígida, a elaboração de
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada emendas à Constituição exige um processo legislativo mais rígido e
sua vinculação para qualquer fim; dificultoso do que o ordinário.
1.4 Emendas Constitucionais Ou seja, as restrições formais são os requisitos que deverão ser
No exercício do Poder Constituinte Derivado, o Estado pode alte- observados para a aprovação da emenda. Estão ligados à iniciativa para
rar o texto constitucional, respeitados os limites impostos pelo Poder a propositura da emenda, ao rito e ao quórum necessários para sua
Constituinte Originário. aprovação.
Estas alterações se dão por meio das chamadas emendas constitu- Iniciativa
cionais, as quais, uma vez aprovadas, passam a compor o texto original da De acordo com o Art. 60 da CF, a Constituição poderá ser emen-
Magna Carta, em pé de igualdade com as demais normas. dada mediante proposta:
A emenda constitucional é expressamente prevista como espécie I. De um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Depu-
normativa no Art. 59 da Constituição Federal. tados ou do Senado Federal;
No entanto, para sua aprovação, uma proposta de emenda II. Do Presidente da República;
constitucional não pode incidir em alguma das restrições previstas III. De mais da metade das Assembleias Legislativas das uni-
pelo constituinte. dades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela
maioria relativa de seus membros.

DIREITO CONSTITUCIONAL 448


TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO

Ou seja, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) somente


pode ser apresentada por uma dessas pessoas ou entidades.
Rito e quórum de aprovação
A PEC terá sua constitucionalidade examinada pela Comissão
de Constituição e Justiça da Casa onde foi proposta. Após isso, será
colocada em plenário e será votada em dois turnos, sendo que, em cada
um deles, deverá ser aprovada por três quintos dos votos dos membros
daquela Casa (maioria qualificada de 60% dos membros).
Se a PEC for aprovada nestes dois turnos, será enviada para vota-
ção na outra Casa legislativa, onde também deverá ser aprovada em
dois turnos com três quintos de aprovação.
Após isso, se aprovada, será então promulgada pelas Mesas da
Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

Questões

01. (CESPE) À luz das diferentes concepções de constituição, julgue o item


a seguir.
Segundo a concepção jurídica de constituição defendida por Hans Kel-
sen, a constituição é a norma que fundamenta todo o resto do ordena-
mento jurídico positivo, atribuindo-lhe validade.
Certo ( ) Errado ( )

02. (CESPE) Com relação às constituições em seus sentidos formal e mate-


rial, julgue o item a seguir.
Em sentido material, apenas as normas que possuam conteúdo mate-
rialmente constitucional são consideradas normas constitucionais.
Certo ( ) Errado ( )

Gabaritos

01 CERTO

02 CERTO

D
C
O
N

449
DIREITO PENAL

DIREITO PENAL 504


INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E APLICAÇÃO DA LEI PENAL

1. INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E ї Para configurar infração penal, são necessários alguns
pressupostos:
APLICAÇÃO DA LEI PENAL Deve ser uma conduta humana, ou seja, o simples ataque de
1.1 Introdução ao Estudo do Direito Penal um animal não configura crime, porém, caso ele seja instigado por uma
pessoa, passa a ser um mero objeto utilizado na prática da conduta do
A Infração Penal é gênero que se divide em duas espécies: crimes agressor.
(conduta mais gravosa) e contravenções penais (conduta de menor gra-
Deve ser uma ação consciente, possível de ser prevista pelo
vidade). Essa divisão é chamada de dicotômica. A diferença básica incide
agente, quando a conduta do agente se der com imprudência, negligên-
sobre as penas aplicáveis aos infratores: enquanto o crime é punível com
cia ou imperícia. Responderá de forma culposa, entretanto se realmente
pena de reclusão e detenção, as contravenções penais implicam em pri-
houver intenção, ou seja, a conduta do indivíduo é motivada por desejo
são simples e multa, que pode ser aplicada de forma cumulativa ou não.
ou propósito específico, tem-se a conduta dolosa.
Para que a conduta seja definida como crime, tem que estar
Necessita ser voluntária. Por exemplo, caso o agente venha a
tipificada (escrita) em alguma norma penal. Não somente o próprio
agredir alguém por conta de um espasmo muscular, essa conduta é
Código Penal as descreve, mas também as Leis Complementares
tida como involuntária.
Penais ou Leis Especiais, por exemplo: Estatuto do Desarmamento (Lei
nº 10.826/2003), Lei de Tortura (Lei nº 9.455/1997), entre outras. Por ї A infração penal sempre gera um resultado que pode ser:
conseguinte, o Decreto-lei nº 3.688/1941 prevê as Contravenções Penais, ঠ Naturalístico: quando ocorre efetivamente a lesão do um
que também são conhecidas como Crime Anão ou Delito Liliputiano, bem jurídico tutelado. Por exemplo, no crime de homicí-
visto seu reduzido potencial ofensivo. Como essa espécie de infração dio, o resultado naturalístico ocorre com a interrupção da
não é o objetivo do estudo, não convém aprofundar o assunto, basta vida da vítima, pois a conduta modificou o mundo exterior,
apenas ressaltar que Contravenção Penal não admite tentativa. Porém, tanto do de cujus (falecido) como de seus familiares.
no Crime, a modalidade tentada é punível, desde que exista previsão
ঠ Jurídico: ocorre quando a lesão não se consuma. Utili-
legal (Código Penal).
zando o mesmo exemplo acima, ocorreria caso o agressor
Fique Ligado não tivesse êxito na sua conduta. Ele responderia pela
O Direito Penal é chamado de Direito das Condutas Ilícitas tentativa de homicídio, desde que não tivesse causado
lesão corporal. Convém ressaltar que, embora o agente
Reclusão Crime Infração Penal Contravenção Prisão não obtenha êxito no resultado pretendido, o Código
Detenção = (delito) (Divisão Penal = simples Penal sempre irá punir por aquilo que ele queria fazer
Dicotômica) (crime anão) Multa
(elemento subjetivo), contudo, nesse caso, gerou apenas
Não admite um resultado jurídico.
+ Grave - Grave tentativa
Fique Ligado
Conduta humana Todo crime gera um resultado, porém nem todo crime gera um
Consciente Proposital = Dolo
Descuidada = Culpa resultado naturalístico (lesão).
Voluntária

Classificação dos 1.2 Teoria do Crime


Crimes: Sendo o crime (delito) espécie da infração penal, possui uma
Tipificadas Comissivo
(escritas) Omissivo nova divisão. Nesse caso, existem diversas correntes doutrinárias que
CP Material definem esse conceito, entretanto, adotaremos a majoritária, a qual
LCP Formal
Leis Especiais vigora no Direito Penal Brasileiro, classificada como Teoria Finalista
Mera Conduta
Especial ou própria Tripartida ou Tripartite.
Mão própria
Preterintencional → Fato Típico (está escrito, definido como crime)
D
Permanente
Crime Delito

Putativo + P
E
→ Ilícito (antijurídico) – (contrário à lei) N
Lesão Ameaça a Lesão
(Resultado Resultado (Resultado +
Naturalístico) Jurídico)
→ Culpável (culpabilidade)
Fere Bens Jurídicos
Fundamentais Conceito de crime no direito penal brasileiro
ї Fato típico: para ser considerado fato típico, é fundamental que a
conduta esteja tipificada, ou seja, escrita em alguma norma penal.
Não obstante, é necessário que exista:
ঠ Conduta. É a ação do agente, seja ela culposa (descui-
dada) ou dolosa, intencional; comissiva (ação) ou omissiva
(deixar de fazer).

505
ঠ Resultado. Que seja naturalístico (modificação provocada em vigor no momento da prática da infração penal (Anterioridade).
no mundo exterior pela conduta) ou jurídico (quando não Fundamento Constitucional é o art. 5º, XXXIX.
houver resultado jurídico, não há crime). ї Princípio: Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege (não há
ঠ Nexo Causal. O elo entre a ação e o resultado, ou seja, crime nem pena sem lei prévia).
se o resultado foi provocado diretamente pela ação do As normas penais incriminadoras não são proibitivas e, sim, des-
agente, há nexo causal. critivas. Por exemplo, o art. 121 diz que matar alguém, no Código Penal,
não é proibitivo, ou seja, não descreve “não matar”. O tipo penal prevê
ঠ Tipicidade. A conduta tem que ser considerada crime,
uma conduta, que, se cometida, possuirá uma sanção (punição).
deve estar tipificada, escrita na norma penal.
ї Ilícito (antijurídico): neste quesito, a ação do agente tem que Não são
ser ilícita, pois nosso ordenamento jurídico prevê legalidade em proibitivas
determinadas situações em que, mesmo sendo antijurídicas, serão Quem pratica um crime não
Normas Penais
permissivas. São as chamadas excludentes de ilicitude ou de anti- age contra a lei, mas de
Incriminadoras
juridicidade, sendo elas: Legítima Defesa, Estado de Necessidade, acordo com ela.
Estrito Cumprimento do Dever Legal ou Exercício Regular de um São
Direito. descritivas

Fique Ligado A analogia no Direito Penal só é aceita para beneficiar o agente.


Caso não existam alguns destes elementos na conduta, pode-se dizer Por exemplo, no antigo ordenamento jurídico, só era permitido realizar
que o fato é atípico. o aborto em decorrência do estupro (conjunção carnal), entretanto, a
ї Culpável (culpabilidade): é o juízo de reprovação que recai na con- norma penal não abrangia o caso de atentado violento ao pudor (qual-
duta típica e ilícita. Em alguns casos, mesmo o agente cometendo quer outro contato íntimo que não seja relação sexual vaginal). Caso a
um fato típico e ilícito, ele não poderá ser culpável, ou seja, não mulher viesse a engravidar em decorrência disso, realizava-se a analogia
poderá receber uma sanção penal, pois incidirá nas excludentes de in bonam partem, permitindo também, nesse caso, o aborto. Contudo,
culpabilidade. A mais conhecida é a inimputabilidade em razão da cabe destacar que atualmente não há mais previsão do crime de aten-
idade, ou seja, é o agente menor de 18 anos em conflito com a lei, tado violento ao pudor no Código Penal, visto que hoje a conduta é
o qual não comete crime, mas ato infracional análogo aos delitos tipificada no delito de estupro.
previstos no Código Penal. É quando, no momento da ação ou da Fique Ligado
omissão, o agente é totalmente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Medida Provisória não pode dispor sobre matéria penal, criar crimes
Ainda dentro dessa espécie, haverá três desdobramentos, que são a e cominar penas, art. 62, § 1º, inciso I, alínea b CF/1988, somente Lei
Ordinária.
imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude e a exigibilidade
de conduta diversa. In malan partem (prejudicar) NÃO aceita
Para que o crime ocorra, é necessário preencher todos os requi- Analogia no
sitos anteriores. Caso haja exclusão de alguns dos elementos do fato Direito Penal
típico ou se não for ilícito/antijurídico, tem-se a exclusão do crime. Caso
In bonam partem (beneficiar) aceitar
não possa ser culpável, o agente será isento de pena.
Pode ocorrer de o agente cometer um fato descrito como crime Normas Penais em branco são aquelas que precisam ser comple-
– matar alguém – e esse fato não ser considerado crime. mentadas para que analisemos o caso concreto. Por exemplo, a vigente
Exemplo: quem mata em legítima defesa comete um fato típico, Lei de Drogas nº 11.343/06 dispõe sobre diversas condutas ilícitas, entre-
ou seja, escrito e definido como crime. Contudo, esse fato não é tanto, o que é droga? Para constatar se determinada substância é droga
ilícito, pois a própria lei autoriza o sujeito a matar em certos casos ou não, o tipo penal deve ser complementado pela portaria da Agência
pré-definidos. Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nº 344/98, em que todas as
Pode ocorrer também de o agente cometer um fato definido como substâncias que estiverem descritas serão consideradas como droga.
crime, ou seja, fato típico – escrito e definido no Código Penal – e ilícito, o Fique Ligado
ordenamento jurídico não autorizar aquela conduta, e mesmo assim ficar
isento de PENA. Assim, pode o sujeito cometer um crime e não ter pena. O princípio da Reserva Legal admite o uso de Normas Penais em
branco.
Exemplo: quem é obrigado a cometer um crime. Uma pessoa
encosta a arma carregada na cabeça de outra e diz que, se ela não A Analogia Penal é diferente de Interpretação Analógica, nessa
cometer tal crime, irá morrer. situação, a conduta do agente é analisada dentro da própria norma
penal, ou seja, é observado a forma como a conduta foi praticada, quais
1.3 Princípio da Legalidade os meios utilizados. Sendo assim, a Interpretação Analógica sempre será
possível, ainda que mais gravosa para o agente.
(Anterioridade − Reserva Legal) Art. 121. Matar alguém:
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
sem prévia cominação legal. § 2º Se o homicídio é cometido:
Somente haverá crime quando existir perfeita correspondência III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
entre a conduta praticada e a previsão legal (Reserva Legal), que não outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo
pode ser vaga, ou seja, deve ser específica. Exige-se que a lei esteja comum;
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

DIREITO PENAL 506


INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Nessa situação, caso o agente tenha cometido o homicídio utili- Restritiva


zando-se de alguma das formas expostas no inciso III, ocorrerá a apli- É aquela em que se restringe o alcance da letra da lei para que
cação de uma pena mais gravosa, visto que a conduta qualifica o crime. corresponda à real intenção do legislador. A lei diz mais do que deveria
dizer.
1.4 Interpretação da Lei Penal
A matéria Interpretação da Lei Penal passou a ser abordada com Extensiva
mais frequência pelos editais de concursos públicos. No entanto, quando É aquela em que se amplia o alcance da letra da lei para que
cobrada, não costuma gerar muita dificuldade. Isso porque geralmente corresponda à real intenção do legislador. A lei diz menos do que deveria
a banca examinadora aborda uma espécie de interpretação e questiona dizer.
o seu significado na questão.
A interpretação da Lei Penal consiste em buscar o significado e a Analógica
extensão da letra da lei em relação à realidade e à vontade do legislador. É aquela em que a Lei Penal permite a ampliação de seu con-
Assim, a interpretação da Lei Penal divide-se em: teúdo por meio da utilização de uma expressão genérica ou aberta pelo
legislador.
Quanto ao sujeito Exemplo:
Art. 121, § 2º, III, CP. Homicídio qualificado por emprego de
Autêntica ou legislativa veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso
É aquela realizada pelo mesmo órgão da qual emana, podendo ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
vir no próprio texto legislativo ou em lei posterior.
Exemplo: conceito de funcionário público previsto no art. 327, CP. 1.5 Conflito Aparente de Normas Penais
Fala-se em conflito aparente de normas penais quando duas ou
Doutrina mais normas aparentemente parecem reger o mesmo tema. Na prática,
É aquela realizada pelos doutrinadores – estudiosos do direito uma conduta pode se enquadrar em mais de um tipo penal, mas isso
penal – normalmente encontrada em livros, artigos e documentos. é tão somente aparente, pois os princípios do direito penal resolvem
Exemplo: Código Penal comentado. esse fato. São eles:
a) Princípio da Especialidade.
Jurisprudencial ou judicial
b) Princípio da Subsidiariedade.
É aquela realizada pelo Poder Judiciário na aplicação do caso
concreto, na busca pela vontade da lei. É a análise das decisões reitera- c) Princípio da Consunção.
das sobre determinado assunto legal. d) Princípio da Alternatividade.
Exemplos: Súmulas do Tribunais Superiores e Súmula Vinculante.
Princípio da especialidade
Quanto ao modo A regra, nesse caso, é que a norma especial prevalecerá sobre a
norma geral. Dessa forma, a norma no tipo penal incriminador é mais
Literal ou gramatical completa que a prevista na norma geral.
É aquela que busca o sentido literal das palavras. Isso ocorre, por exemplo, no crime de homicídio e infanticídio. O
crime de infanticídio possui em sua elementar dados complementares
Teleológica que o tornam mais especial – completo – que a norma geral.
É aquela que busca compreender a intenção ou a vontade da lei. Repare as elementares do art. 123 do CP: 1) matar o próprio filho;
2) logo após o parto; 3) sob o estado puerperal. Esses são dados que,
Histórica se presentes, tornam a conduta de matar alguém um crime específico,
É aquela que busca compreender o sentido da lei por meio da diferente do homicídio. Logo, o art. 123 (infanticídio) é considerado espe-
análise de momento e contexto histórico em que foi editada. cial em relação ao art. 121 (homicídio), que pode ser entendido, nesse D
caso, como uma conduta genérica. P
Sistemática E
É aquela que analisa o sentido da lei em conjunto com todo o Princípio da subsidiariedade N
ordenamento jurídico (as Legislações em vigor, os Princípios Gerais de Utiliza-se esse princípio sempre que a norma principal mais grave
Direito, a Doutrina e a Jurisprudencial). não puder ser utilizada. Nesse caso, usamos a norma subsidiária menos
gravosa.
Progressiva A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. Será expressa
É aquela que busca adaptar a lei aos progressos obtidos pela sempre que o próprio artigo de lei assim determinar. Um bom exemplo
sociedade. é o art. 239, que trata da simulação de casamento. O tipo penal prevê
pena de detenção, de um a três anos, se o fato não constituir elemento
Quanto ao resultado de crime mais grave. Assim, caso não tenha ocorrido crime mais grave,
será aplicada a pena expressa em lei. Porém, se ocorrer crime mais grave,
Declarativa
deve ser aplicado somente esse, ficando atípico o fato menos grave.
É aquela em que se encontra a perfeita correspondência entre a
letra da lei e a intenção do legislador.

507
A subsidiariedade tácita ocorre quando não há expressa referên- Princípio da alternatividade
cia na lei, mas, se um fato mais grave ocorrer, a norma subsidiária ficará Esse princípio é aplicado nos chamados crimes de ação múltipla
afastada. Isso ocorre, por exemplo, no crime do art. 311 do Código de ou de conteúdo variado. Os penais descrevem várias condutas para
Trânsito Brasileiro (CTB). O artigo expressa a proibição da conduta de um único crime. Tem-se como exemplo o art. 33 da Lei nº 11.343/2006:
trafegar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabri-
de escolas, hospitais, estações de embarques e desembarques de pas- car, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
sageiros, logradouros estreitos ou onde houver grande movimentação transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entre-
ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano. gar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente,
Contudo, se o agente estiver conduzindo nessas condições e sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
acabar por atropelar e matar alguém, responderá pelo crime do art.
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de
302 do CTB, que descreve a figura do homicídio culposo na direção de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
veículo automotor. Assim, esse crime – mais grave – afastará aquele
Assim, pode-se afirmar que, se o agente tiver um depósito e
crime de perigo.
vender a droga, não responderá por dois crimes, mas somente por crime
Princípio da consunção único. Isso ocorre porque qualquer ação nuclear do tipo representa o
mesmo crime. Na prática, não há concurso material, respondendo o
Esse princípio pode ocorrer quando um crime “meio” é necessário
agente por uma pena somente.
ou durante a fase normal de preparação para outro crime. Por exemplo,
o crime de lesão corporal fica absorvido pelo crime de homicídio, ou ї Costume NÃO revoga nem altera lei.
mesmo o crime de invasão de domicílio que fica absorvido pelo crime ї Assim, pode-se dizer que há três princípios intrínsecos no art. 1º do
de furto. Código Penal: da Legalidade, da Anterioridade e da Reserva Legal.
Não estamos falando em norma especial ou geral, mas do crime É importante ressaltar que apenas a Lei Ordinária pode versar sobre
mais grave que absorveu o crime menos grave, que simplesmente foi matéria penal, tanto para criá-las quanto para extingui-las.
um meio necessário para a execução da conduta mais gravosa. Não obstante, convém ressaltar os preceitos existentes nos tipos
Ocorre também o princípio da consunção quando, por exemplo, penais. Por exemplo: art. 121, Código Penal, matar alguém. Pena de 6 a
o agente falsifica um documento com o intuito de cometer o crime de 20 anos. O preceito primário seria a conduta do agente − matar alguém
estelionato. Como o crime de falsificação é o meio necessário para o − e o preceito secundário seria a cominação da pena de 6 a 20 anos. Para
crime de estelionato, funcionando como a elementar fraude, fica por ser considerado crime, é fundamental que existam os dois preceitos.
esse absorvido.
Nesse sentido, o STJ editou a Súmula 17, que diz o seguinte:
1.6 Lei Penal no Tempo
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa
Súmula 17
de considerar crime, Cessado em virtude dela a execução e os
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade efeitos penais da sentença condenatória.
lesiva, é por este absorvido.
Parágrafo único. A Lei posterior, que de qualquer forma modo
Outro ponto importante é quando se trata do assunto de crime favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que deci-
progressivo e progressão criminosa. Pode-se afirmar o seguinte: didos por sentença transitada em julgado.
No crime progressivo, o agente tem um fim específico mais grave,
contudo, necessariamente deve passar por fases anteriores menos graves. Conflito temporal
No final das contas, o crime progressivo é um meio para um fim. Isso ocorre Regra: irretroatividade da lei.
no caso do dolo de matar, em que o agente obrigatoriamente tem que Exceção: retroatividade para beneficiar o réu.
ferir a vítima antes, causando lesões corporais.
Retroatividade da Lei
Aqui tem-se a aplicação do Princípio da Consunção. Por outro
2000 2005 2008
lado, a progressão criminosa ocorre quando o dolo inicial é menos grave
e, no decorrer da conduta, o agente muda sua intenção para uma con- Julgado
duta mais grave (repare que há dois dolos). Lei retroage
Tem-se como exemplo do agente que inicia a conduta com o dolo Lei “A” (mais gravosa) Lei “B” (mais benéfica) Pena 4 a 8 anos
de lesionar e desfere socos na vítima , contudo, no decorrer da ação Pena 6 a 10 anos
(revogada pela Lei “B”) Aplica-se a Lei “B”
muda de intenção lhe desfere golpes de faca, causando o resultado (mais favorável ao réu)
morte.
Veja que há duas intenções, contudo, o Código Penal punirá o Em regra, o Código Penal sempre adota a lei vigente (“A”) no
agente somente pelo crime mais grave. Assim, no caso exemplificado, momento da ação ou omissão do agente. Sendo assim, se um crime
também for cometido nessa época, o agente irá responder pelo fato descrito
se aplica o Princípio da Consunção. no tipo penal. Contudo, por vezes, o processo se estende no tempo,
No entanto, pode ocorrer progressão criminosa com a incidên- e o julgamento do agente demora a acontecer. Nesse lapso temporal,
cia do concurso material, ou seja, aplicação de mais de um crime. Isso caso sobrevenha uma nova Lei (“B”), que torne mais branda a sanção
ocorre, por exemplo, no crime de roubo em que o agente no meio da con- aplicada, esta irá retroagir ao tempo do fato, beneficiando o réu.
duta resolve estuprar a vítima, ou seja, tem-se a progressão criminosa
com dois dolos, em que o agente responderá por dois crimes diversos.

DIREITO PENAL 508


INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E APLICAÇÃO DA LEI PENAL

Ultratividade da lei Súmula 711


A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
2000 2005 2008 permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continui-
dade ou da permanência.

Lei “A” (mais Lei “B” (mais Aplica-se a Lei Data do sequestro Prisão
benéfica) gravosa) Pena 6 a “A” (mesmo Janeiro Dezembro
Pena 4 a 8 anos 10 anos revogada) Protrai no tempo
Lei revogada
Não obstante a regra da irretroatividade, pode ocorrer a chamada
ultratividade de lei mais benéfica. Seria o caso que, no momento da Lei “A” Lei “B” Lei “C” Qual Lei utilizar?
ação, vigorava a Lei “A”, entretanto, no decorrer do processo, entrou 4 a 6 anos 6 a 8 anos 10 a 12 Lei “C”
anos
em vigência nova Lei “B”, revogando a Lei “A”, tornando mais gravosa
a conduta anteriormente praticada pelo agente.
Exemplo: O sequestro é um crime que se protrai no tempo, ou
Sendo assim, no momento do julgamento, ocorrerá a ultratividade
seja, a todo instante ele está se consumando; qualquer que seja
da lei, ou seja, a Lei “A”, mesmo não estando mais em vigor, irá ultra-agir
o momento da prisão , o agente estará em flagrante. Assim, nos
ao momento do julgamento para beneficiar o réu, por ser menos gravosa
casos de crimes permanentes ou continuados, aplica-se a pena
a punição que o agente irá receber.
no momento em que cessar a conduta do agente, ainda que mais
Abolitio criminis (abolição do crime) grave ou mais branda. Independe nessa circunstância a quantifica-
ção da pena, isto é, a lei vigente será considerada no momento que
Retroage cessou a conduta do agente ou a privação de liberdade da vítima,
2005 2007 com a prisão dos acusados.
Lei “B” deixa de
Lei “A”
Pena: 6 a 20 anos
considerar como crime 1.8 Lei Excepcional ou Temporária
o fato descrito na Lei
“A” Art. 3º A Lei excepcional ou temporária, embora decorrido o
Consequências: período de sua duração ou cessada as circunstâncias que a
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
ঠ Tranca e extingue o inquérito policial e a ação penal. Lei Excepcional: utilizada em períodos de anormalidade social.
ঠ Cassa imediatamente a execução de todos os efeitos Exemplo: guerra, calamidades públicas, enchentes, grandes
penais. eventos etc.
ঠ Não alcança os efeitos civis da condenação. Lei Temporária: período previamente fixado pelo legislador.
Em relação à Abolitio Criminis, ocorre o seguinte fato: quando Exemplo: lei que configura o crime de pescar em certa época do
uma conduta que antes era tipificada como crime pelo Código Penal ano (piracema). Após lapso de tempo previamente determinado,
deixa de existir, ou seja, passa a não ser mais considerada crime, dizemos a lei deixa de considerar tal conduta como crime.
que ocorreu a abolição do crime. Diante disso, cessam imediatamente
todos os efeitos penais que incidiam sobre o agente: tranca e extingue o
Exemplo:
inquérito policial. Caso o acusado esteja preso, deve ser posto em liber- ї de 2005 a 2006, o fato “A” era considerado crime. Aqueles que
dade. Entretanto, não extingue os efeitos civis, ou seja, caso o agente infringiram a lei responderam posteriormente, mesmo o fato não
tenha sido impelido em ressarcir a vítima da sua conduta mediante o sendo considerado mais crime.
pagamento de multa, essa ainda assim deverá ser paga. ї Só ocorre retroatividade se a lei posterior expressamente
Importante ressaltar que a lei que beneficia o réu não se trata determinar.
de uma faculdade do juiz, mas de um dever que deve ser adotado em É importante ressaltar que são leis excepcionais e temporárias, ou
D
benefício do acusado. seja, a lei irá vigorar por determinado tempo. Após o prazo determinado, P
tal conduta não mais será considerada crime. Entretanto, durante a sua E
1.7 Crimes Permanentes ou Continuados vigência, todos aqueles que cometerem o fato tipificado em tais normas, N
Nos crimes permanentes, ou seja, naqueles em que a consumação mesmo encerrada sua vigência, serão punidos.
se prolonga no tempo, aplica-se ao fato a lei que estiver em vigência Retroage
quando cessada a atividade, mesmo que mais grave (severa) que a
lei em vigência quando da prática do primeiro ato executório. O crime 2005 2006
se perpetua no tempo, enquanto não cessada a permanência. É o que
ocorre, por exemplo, com o crime de sequestro e cárcere privado. Assim, Período de surto Ultra-atividade da lei
endêmico
será aplicada a lei que estiver em vigência quando da libertação da
vítima. Observa-se, então, o momento em que cessa a permanência, Fato “A” é Crime Fato “A” não é mais
para daí se determinar qual é a norma a ser aplicada. É o que estabelece (notificação de epidemia) crime
a Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal (STF).
Fique Ligado
Não existe abolitio criminis de Lei Temporária ou Excepcional.

509
1.9 Tempo do Crime Não se aplica a teoria do “resultado”.
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou São considerados para os crimes a distância países diferentes.
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Não confundir os artigos.
Teoria da Atividade: o crime reputa-se praticado no momento da
conduta (momento da execução). L ugar
Art. 6º
Fique Ligado U biquidade

A imputabilidade do agente deve ser aferida no momento em que o T empo


Art. 4º
crime é praticado. A tividade
3 meses depois
“A” com 17 anos e 11 meses “B” morre 1.11 Da Lei Penal no Espaço
Atira em “B” “A” com + de
18 anos Da territorialidade
Antes de iniciar o estudo deste tópico, tenha em mente que ire-
Este princípio traz o momento da ação do crime, ou seja, inde- mos estudar a Lei Penal e não a Lei Processual Penal, que segue outra
pendentemente do resultado, para aplicação da lei penal, é conside- regra específica.
rado o momento exato da prática delituosa, seja ela comissiva (ação) Aqui trataremos de como se comporta a Lei Penal Brasileira
ou omissiva (omissão). quando ocorrerem crimes no exterior, ou seja, a extraterritorialidade
Exemplo: O menor “A” comete disparos de arma de fogo contra “B”, da lei penal. Portanto, a extraterritorialidade abrange apenas a Lei Penal,
vindo a feri-lo. Entretanto, devido às lesões causadas pelos disparos, excluindo-se a Lei Processual Penal.
três meses depois do fato, “B” vem a falecer. Nessa época, mesmo
“A” tendo completado sua maioridade penal (18 anos), ainda assim
não poderá ser punido, pois, no momento em que praticou a conduta Territorialidade (Art. 5º)
(disparos contra “B”), era inimputável.
Lei Penal
Devemos, contudo, ficar atentos aos crimes permanentes e conti-
nuados. É o caso do sequestro, por exemplo, em que o crime se consuma Extraterriotorialidade
a todo instante em que houver a privação de liberdade da vítima. (Art. 7º)
Lei Penal
no Espaço
“A” com 17 anos e 11 meses 3 meses depois
Sequestra “B” Preso com 18
anos Lei Processual
Regras Específicas
Penal
Crime de
sequestro

A territorialidade refere-se à aplicação da Lei Penal dentro do


No exemplo em questão, “A” não será mais inimputável, pois, no
próprio Estado que a editou. Dessa forma, quando se aplica a lei bra-
momento de sua prisão, já completou 18 anos, não sendo considerado o
sileira em território nacional, utiliza-se o conceito de Territorialidade.
momento em que se iniciou a ação, mas, sim, quando cessou.
A territorialidade é tratada no art. 5º, CP: aplica-se a lei brasileira,
1.10 Lugar do Crime sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional,
ao crime cometido no território nacional.
Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu
a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se Território Nacional Próprio
produziu ou deveria produzir-se o resultado.
Art. 5º
Teoria da Ubiquidade: utilizada no caso de um crime ser praticado
em território nacional e o resultado ser produzido no estrangeiro. O foro ঠ Lei Brasileira:
competente será tanto o lugar da ação ou omissão quanto o local em ঠ sem prejuízo.
que produziu ou deveria produzir-se o resultado. ঠ Convenções, tratados e regras internacionais:
Ambos os lugares são competentes para jugar o processo ঠ imunidades.
§1º Território por extensão ou assimilação.
Embarcação ou aeronave brasileira pública (em qualquer lugar).
“A”, manda uma A carta explote
carta bomba efetivamente Embarcação ou aeronave brasileira privada a serviço do Estado
pelo correio para em LONDRES. brasileiro (em qualquer lugar).
LONDRES.
Local que produziu Embarcação ou aeronave brasileira mercante ou privada, desde
Local da ação ou deveria produzir
ou omissão que não esteja em território alheio.
o resultado
A extraterritorialidade é tratada no Art. 7º.
Art. 7º Ficam sujeitos a Lei Brasileira, embora cometidos no
Exemplo: “A”, residente no Brasil, enviou uma carta-bomba pelo estrangeiro:
correio para Londres, na Inglaterra. Sendo assim, a carta efetiva- I. Os crimes:
mente explode naquele país. Desse modo, tanto o Brasil quanto a a) contra a vida ou a liberdade do Presidente de República;
Inglaterra serão competentes para julgar “A”.

DIREITO PENAL 510


INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E APLICAÇÃO DA LEI PENAL
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Como mencionado, a Lei Penal aplica-se em todo o território
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa nacional próprio ou por assimilação. Por esse princípio aplica-se aos
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação nacionais ou estrangeiros (mesmo que irregular) a Lei Penal brasileira.
instituída pelo Poder Público;
Contudo, em alguns casos, mesmo o fato sendo praticado no
c) contra a administração pública, por quem está a seu
serviço; Brasil, não se aplica a Lei Penal . Isso se dá em razão de convenções,
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domici- tratados e regras de direito internacional em que o Brasil abre mão de
liado no Brasil; punir a conduta, ou seja, nesses casos não se aplicará a Lei Brasileira.
II. Os crimes: Dessa forma, o Princípio da Territorialidade da Lei Penal é miti-
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a gado, isto é, não é adotado de forma absoluta e, sim, temperada. Por
reprimir; esse motivo denomina-se Princípio da Territorialidade Temperada.
b) praticados por brasileiros; Pode-se citar como exemplo as imunidades diplomáticas e con-
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, sulares concedidas aos diplomatas e aos cônsules que exercem suas
mercantes ou de propriedade privada, quando em território atividades no Brasil, por meio de adesão do Brasil às convenções de
estrangeiro e aí não venham a ser julgados. Viena (1961 e 1963).
§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasi- Quando se fala em território nacional, obrigatoriamente devem
leira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
ser analisadas algumas regras: todas as embarcações ou aeronaves
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende
do concurso das seguintes condições:
brasileiras de natureza pública, onde quer que se encontrem, são con-
a) entra o agente no território nacional; sideradas extensão do território nacional.
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; Embarcações e aeronaves de natureza privada serão consideradas
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei bra- extensão do território nacional quando estiverem, respectivamente, em
sileira autoriza a extradição; alto mar, no mar territorial brasileiro ou no espaço aéreo correspondente.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou aí não Preste bem atenção: as embarcações e aeronaves de natureza privada
ter cumprido pena; que não estiverem a serviço do Brasil somente responderão pela lei
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou, por brasileira se estiverem em território nacional.
outro motivo não estar extinta a punibilidade, segundo a Exemplo: Um navio brasileiro privado que se encontre no mar ter-
lei mais favorável.
ritorial da Argentina se submeterá Leis Penais Argentinas, ou seja,
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por caso um brasileiro mate alguém naquele local, a lei a ser aplicada
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se reunidas as condi-
ções previstas no parágrafo anterior: é a Lei Penal Argentina, pois o navio não está a serviço do Brasil.
a) não pedida ou negada sua extradição; Por outro lado, se o navio estiver em alto mar (terra de ninguém;
b) houve requisição do Ministro da Justiça. aplica-se o princípio do pavilhão ou da bandeira) e ostentar a
bandeira brasileira e lá um marujo matar o outro, a competência
Território nacional é da lei brasileira.
Podemos conceituar território nacional como sendo o espaço A mesma regra se aplica para as aeronaves. Outra questão inte-
onde certo Estado possui sua soberania. ressante é o caso de uma aeronave a serviço do Brasil (Força Aérea
Elementos que constituem um Estado soberano: Brasileira) pousar em um país distinto e o piloto cometer um crime.
ঠ Território. Nesse caso, aplica-se a lei brasileira. Caso a aeronave seja particular,
aplica-se a lei do país onde a aeronave tiver pousado.
ঠ Povo.
Outra questão interessante é se o piloto sair do aeroporto e fora
ঠ Soberania – governo autônomo e independente. cometer um crime do lado de fora. Nesse caso, deve ser questionado
Considera-se como território nacional as limitações geográficas se o piloto estava em serviço oficial ou não, pois, caso esteja, aplica-se
do país, incluindo o mar territorial, que representa a extensão de 12 a lei penal brasileira; em caso contrário, aplica-se a lei do país onde o
milhas do mar a contar da costa, sempre na maré baixa. O Código Penal crime foi cometido.
considera também como território nacional o espaço aéreo respectivo e D
Resumo dos Conceitos P
o espaço aéreo correspondente ao território nacional. Esse sempre deve E
ser considerado como território próprio. ঠ Território nacional: é o espaço onde determinado Estado N
É preciso considerar também como território nacional o chamado exerce com exclusividade sua soberania.
território por extensão, assimilação ou impróprio, que é descrito no § 1º ঠ Território próprio: toda a extensão territorial geográfica (o
do art. 5º do Código Penal. mapa), acrescida do mar territorial, que possui a extensão
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do ter- de 12 milhas mar adentro, a contar da baixa maré (litoral).
ritório nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natu-
reza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se ঠ Território por extensão: embarcações e aeronaves brasi-
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, leiras – públicas ou a serviço do Estado (qualquer lugar
mercantes ou de natureza privada, que se achem, respectivamente do mundo) e privadas em águas ou terras de ninguém.
no espaço aéreo correspondente ou em alto mar.
ঠ Territorialidade: aplicação da lei penal no território
§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras, de propriedade nacional.
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou ঠ Territorialidade absoluta: impossibilidade para aplicação
em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou de convenções, tratados e regras de direito internacional
mar territorial do Brasil.
ao crime cometido no território nacional.

511
ঠ Territorialidade temperada: adota como regra a aplica- Extraterritorialidade
ção da lei penal brasileira no território nacional. Entre- Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no
tanto, com determinadas hipóteses, permite a aplicação estrangeiro:
de lei penal estrangeira a fatos cometidos no Brasil (art. I. Os crimes:
5º do CP). a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
ঠ Imunidade: exclusão da aplicação da lei penal. Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
ঠ Imunidade diplomática e consular: são imunidades previstas pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
em convenções internacionais chanceladas pelo Brasil. instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu
ঠ Imunidade parlamentar: previstas na Constituição Federal serviço;
aos membros do Poder Legislativo. d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domici-
liado no Brasil;
Princípios da aplicação da lei penal no espaço
II. Os crimes:
ঠ Próprio. a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a
ঠ Por assimilação ou extensão. reprimir;
b) praticados por brasileiro;
Embarcação e aeronaves brasileiras: públicas ou a serviço do
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
Estado (em qualquer parte do planeta); privadas ou marcantes em águas
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
ou terras de ninguém. estrangeiro e aí não sejam julgados.
Passa-se à análise dos princípios que regulam a aplicação da Lei § 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasi-
Penal no Espaço. leira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende
Princípio da territorialidade do concurso das seguintes condições:
A lei penal de um país será aplicada aos crimes cometidos dentro a) entrar o agente no território nacional;
de seu território. O Estado soberano tem o dever de exercer jurisdição b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
sobre as pessoas que estejam sem seu território. c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei bra-
sileira autoriza a extradição;
Princípio da nacionalidade d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter
É classificado também como Princípio da Personalidade. Os cida- aí cumprido a pena;
dãos de um determinado país devem obediência às suas leis, onde quer e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a
que se encontrem. Pode-se dividir esse princípio em: lei mais favorável.
ї Princípio da Nacionalidade Ativa: aplica-se a lei nacional ao cidadão § 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por
que comete crime no estrangeiro, independentemente da naciona- estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condi-
lidade do sujeito passivo ou do bem jurídico lesado. ções previstas no parágrafo anterior:
ї Princípio da Nacionalidade Passiva: o fato praticado pelo cidadão a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
nacional deve atingir um bem jurídico de seu próprio estado ou b) houve requisição do Ministro da Justiça.
de um concidadão. A regra é: a Lei Penal brasileira se aplica apenas aos crimes pra-
ticados no Brasil (conforme estudado no art. 5º do Código Penal). No
Princípio da defesa, real ou de proteção entanto, há situações que, por força do art. 7º, Estado pode aplicar sua
Considera-se a nacionalidade do bem jurídico lesado (sujeito legislação penal no estrangeiro. Nessa norma, encontram-se diversos
passivo), independentemente da nacionalidade do sujeito ativo ou do princípios. São eles:
local da prática do crime. Da defesa ou real: amplia a aplicação da lei penal em decorrência
da gravidade da lesão. É o aplicável no art. 7º, nas alíneas do inciso I.
Princípio da justiça penal universal ou da a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República.
universalidade Caso seja a prática de latrocínio, não há a extensão da lei bra-
Todo Estado tem o direito de punir todo e qualquer crime, inde- sileira, visto que o latrocínio é considerado crime contra o patrimônio.
pendentemente da nacionalidade do criminoso, do bem jurídico lesado b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito
ou do local em que o crime foi praticado, bastando que o criminoso se Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
encontre dentro do seu território. Assim, qualquer pessoa que cometa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação
crime dentro do território nacional será processado e julgado aqui. instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu
Princípio da representação serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domici-
A Lei Penal Brasileira também será aplicada aos delitos cometidos liado no Brasil.
em aeronaves e embarcações privadas brasileiras quando se encontra-
Há discussão sobre qual o princípio aplicável nesse caso, havendo
rem no estrangeiro e não venham a ser julgadas.
quem sustente ser da defesa, outros dizem ser da nacionalidade ativa
Fique Ligado e outra corrente, ainda, afirma ser relacionado ao princípio da Justiça
Penal Universal.
O Código Penal brasileiro adota o princípio da Territorialidade como
regra e os outros como exceção. Assim, os outros princípios visam Justiça Penal Universal (também chamada de Justiça Cosmopo-
disciplinar a aplicação extraterritorial da Lei Penal brasileira. lita): amplia a aplicação da legislação penal brasileira em decorrência

DIREITO PENAL 512


INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL E APLICAÇÃO DA LEI PENAL

da de tratado ou convenção que o Brasil é signatário. Vem normatizada Se as penas são diversas, ou seja, de natureza diferente. Nesse
pelo Art. 7º, inciso II, alínea “a”: caso, deverá haver uma atenuação.
a) Que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. Exemplo: no exterior, o agente cumpriu pena restritiva de liber-
Nacionalidade Ativa: amplia a aplicação da legislação penal brasi- dade e, no Brasil, foi condenado e teve sua pena substituída pela
leiro ao exterior caso o crime seja praticado por brasileiro. Está prevista prestação de serviços comunitários. Neste caso, deverá se atenuar
no art. 7º, inciso II, alínea “b”: a pena no Brasil.
b) Praticados por brasileiro.
Representação (também chamado de Pavilhão ou da Bandeira 1.13 Eficácia de Sentença Estrangeira
ou da Substituição): amplia a aplicação da legislação penal brasileira Art. 9º A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira
em decorrência do local em que o crime é praticado. Vem normatizada produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homolo-
gada no Brasil para:
pelo art. 7º, inciso II, alínea “c”:
I. Obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a
c) Praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
outros efeitos civis;
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
estrangeiro e aí não sejam julgados. II. Sujeitá-lo a medida de segurança.
Nacionalidade Passiva: amplia a aplicação da legislação penal Parágrafo único. A homologação depende:
brasileira em decorrência da nacionalidade da vítima do crime. Vem a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
interessada;
normatizada pelo art. 7º, §3º:
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extra-
§3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por dição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro
A regra de que a Legislação Penal brasileira será aplicada no da Justiça.
exterior vale apenas para os crimes e nunca para as contravenções A regra geral é de que a sentença penal estrangeira não precisa
penais. Apesar de a lei prever no art. 7º que a lei brasileira também ser homologada para produzir efeitos no Brasil. No entanto, o art. 9º traz
será aplicada no exterior, há determinadas regras para essa aplicação, duas situações que necessitam da homologação para que a sentença
também normatizadas pelos parágrafos do artigo em questão. Vejamos: produza efeitos no Brasil. São elas:
Extraterritorialidade incondicionada: é a prevista para os casos Para a produção de efeitos civis (por exemplo, reparação de
normatizados no art. 7º, inciso I, alíneas “a” até “d”. Segundo o Código danos, restituições, entre outros). Nesse caso, depende do pedido da
Penal, o agente será processado de acordo com a lei brasileira, mesmo parte interessada.
se for absolvido ou condenado no exterior (conforme normatizado pelo
Para a aplicação de medida de segurança ao agente da Infração
§1º do art. 7º). Não exige qualquer condição.
Penal. Caso exista tratado de extradição, necessita de requisição do
Extraterritorialidade condicionada: é a prevista para os casos Procurador-Geral da República. Caso inexista tratado de extradição,
normatizados no art. 7º, § 2º, alíneas “a” até “e”. São as condições: necessita de requisição do Ministro da Justiça.
a) Entrar o agente no território nacional.
b) Ser o fato punível também no país em que foi praticado. 1.14 Contagem de Prazo
c) Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei bra-
Art. 10 O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-
sileira autoriza a extradição.
-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
d) Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou cum-
prido a pena. A regra aqui é diferente da processual, visto que o dia em que
e) Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro. se começa a contar o prazo penal é incluído no cômputo do prazo. Por
exemplo, imagine que determinado agente tenha praticado uma infração
Não estará extinta a punibilidade do agente, seja pela brasileira
penal em 10 de agosto de 2012. Supondo que essa infração penal possui
ou pela lei estrangeira.
um prazo prescricional de 8 anos, a pretensão punitiva irá prescrever
Extraterritorialidade hipercondicionada: é prevista para os casos em 9 de agosto de 2020.
normatizados no art. 7º, §3º. É chamado pela doutrina de hipercon-
dicionada porque exige, além das condições da extraterritorialidade 1.15 Frações Não Computáveis da Pena D
condicionada, outras duas. São condições: Art. 11. Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas P
ঠ Não ser pedida ou, se pleiteada, negada a extradição. restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as E
frações de cruzeiro. N
ঠ Requisição do Ministro da Justiça.
Caso após o cálculo da pena, remanesçam frações de dia. Por
1.12 Pena Cumprida no Estrangeiro exemplo, o agente é condenado à pena de 15 dias de detenção, com
uma causa de aumento de 1/2, sendo a pena final de 22,5 dias. Com a
Art. 8º A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no
Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, aplicação do art. 11, despreza-se a fração de metade e a pena final é
quando idênticas. de 22 dias.
Caso o agente seja processado, condenado e cumprido pena no Do mesmo modo, aplica-se a regra à pena de multa, não sendo
exterior, estipula-se no art. 7º que, caso venha a ser condenado pelo condenado o agente a pagar os centavo do valor aplicado.
mesmo fato no Brasil (no caso da extraterritorialidade incondicionada),
deverá se verificar: 1.16 Legislação Especial
Se as penas são idênticas, ou seja, da mesma natureza. Caso Art. 12. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incri-
positivo, deverá ser computada como cumprida no Brasil. minados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Exemplo: as duas são privativas de liberdade.

513
As infrações penais não estão descritas apenas no Código Penal,
mas também em outras leis, chamadas de leis especiais. Nesses casos,
são aplicadas as regras gerais do Código Penal, desde que a legislação
especial não disponha de modo diverso.

Questões

01. (ALFACON) A analogia em Direito Penal é amplamente aceita pela


doutrina e jurisprudência pátria, inclusive para melhorar e piorar a
situação do réu.
Certo ( ) Errado ( )

02. (ALFACON) As regras gerais deste Código Penal aplicam-se aos fatos
incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
Certo ( ) Errado ( )

03. (ALFACON) No Direito Penal brasileiro, em regra, a pessoa jurídica não


pode ser sujeito ativo. Por outro lado, sempre poderá ser sujeito passivo
de delitos.
Certo ( ) Errado ( )

04. (ALFACON) De acordo com a doutrina naturalista da ação, o dolo tem


caráter normativo, sendo necessário que o agente, além de ter cons-
ciência e vontade, saiba que a conduta praticada é ilícita.
Certo ( ) Errado ( )

05. (CESPE) Sujeito ativo do crime é o que pratica a conduta delituosa


descrita na lei e o que, de qualquer forma, com ele colabora, ao passo
que o sujeito passivo do delito é o titular do bem jurídico lesado ou
posto em risco pela conduta criminosa.
Certo ( ) Errado ( )

Gabaritos

01 ERRADO

02 CERTO

03 ERRADO

04 CERTO

05 CERTO

DIREITO PENAL 514


SUMÁRIO

DIREITO PROCESSUAL
PENAL

615 LÍNGUA PORTUGUESA


1. INTRODUÇÃO AO DIREITO Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos pro-
cessos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os
PROCESSUAL PENAL regulam não dispuserem de modo diverso.
Toda vez que ocorrer a prática de um delito, nasce para o Estado o Ao falar de território, se faz-se necessário preciso buscar seu con-
“jus puniendi”, ou seja, o direito de punir do Estado, sempre pautado com ceito na própria lei, ou seja, no Código penal Brasileiro, conforme
ono devido processo legal. Tal mandamento deriva do Estado Democrá- esculpido definição presente no em seu Art. 5º:
tico de Direito. Cumpre frisarNote que o Estado não pode simplesmente Art. 5. Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido
aplicar qualquer pena, mas sim, seguir o mandamento constitucional
no território nacional.
previsto no Art.5º, XLVII:
§1º. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do
Art. 5, XLVII - não haverá penas: território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que
do art. 84, XIX; se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasi-
b) de caráter perpétuo; leiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, res-
c) de trabalhos forçados; pectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
d) de banimento; §2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados
e) cruéis;. a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de pro-
priedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
Assim, visa-se a respeitar a dignidade da pessoa humana, harmo-
nacional ou em vôo voo no espaço aéreo correspondente, e
nizando-a com as medidas legais pertinentes à elucidação de um delito, estas em porto ou mar territorial do Brasil.”
bem como a consequente aplicação posterior da pena.
Desse modo, definimos o processo penal como um conjunto de 1.2 Lei Processual Penal no Tempo
normas jurídicas tendentes a direcionar a atuação da polícia judiciária, Art. 2. do CPP: A lei processual penal aplicar-se-á desde logo,
assim como de todo o Poder Judiciário criminal, objetivando uma inves- sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência
tigação, um processo e uma sentença justa, que se fundamentem na da lei anterior.
verdade dos fatos, a fim de respeitar todos os direitos constitucionais do Esse artigo contempla o princípio da aplicação imediata (“tempus
homem, a ampla defesa, a presunção de inocência, dentre outros. Nesse regit actum”).
sentido, verificamos nos comandos a seguir relacionados, previstos no Desse princípio derivam duas regras fundamentais:
Art.5º, CF/88: a) a lei genuinamente processual tem aplicação imediata;
III. ninguém será processado nem sentenciado senão pela auto- b) a vigência dessa nova lei não invalida os atos processuais ante-
ridade competente; riores já praticados.
LIV. ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal; 1.3 Interpretação da Lei Processual Penal
LV. aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos Conforme o Art. 3º. do CPP:
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla “A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais
LVI. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios de direito.”
ilícitos;
A aplicação da lei processual penal segue as mesmas regras de
LVII. ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul-
gado de sentença penal condenatória;. hermenêutica que disciplinam a interpretação da legislação em geral.
Interpretar significa definir o sentido e alcance de determinado conceito.
E, por fim, cabe ressaltar que a prisão ocorre no Brasil conforme
Em função da impossibilidade de se poder escrever na lei todo
mandamento também presente no inciso LXI do Art.5º, CF/88: - “nin-
o seu significado ou ainda se de prever todas as situações possíveis de
guém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
ocorrer na vida real, o Art. 3º do Código de Processo Penal prevê que a
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
lei processual penal admitirá:
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;.”
Interpretação Aplicação Suplemento dos princípios
1.1 Lei Processual Penal no Espaço extensiva. analógica. gerais de direitoDireito.
O Código de Processo Penal, no Art. 1oº, estabelece o Princípio
da Territorialidade da Lei Processual Penal (Locus Regit Actum ou Lex
Fori), de forma que se aplicam em território brasileiro as normas de
cunho processual penal a todas as infrações penais relacionadas com
o Estado brasileiro, de maneira a não haver hipóteses de extra-territo-
rialidadeextraterritorialidade de lei processual penal.
Art. 1. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro,
por este Código, ressalvados:
I. Os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II. as prerrogativas constitucionais do Presidente da Repú-
blica, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do
Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, nos crimes de responsabilidade;
III. os processos da competência da Justiça Militar;
IV. os processos da competência do tribunal especial;(
V. os processos por crimes de imprensa.
DIREITO PROCESSUAL PENAL 616
SUMÁRIO

LEGISLAÇÃO
ESPECIAL

638 LÍNGUA PORTUGUESA


LEGISLAÇÃO ESPECIAL 638
LEI Nº 10.741/2003 - ESTATUTO DO IDOSO - DOS CRIMES

1. LEI Nº 10.741/2003 - ESTATUTO DO I. Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal.

IDOSO - DOS CRIMES II. De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo


ou ilegítimo, seja civil ou natural.
A presente seção tratará dos crimes praticados contra os idosos, Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime
previstos no Estatuto do Idoso. Ao final da aula, você será capaz de iden- previsto neste título é cometido em prejuízo:
tificar as condutas que estão previstas como crime e diferenciá-las entre I. Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado.
si, de forma que o entendimento da lei fique amplo. II. De irmão, legítimo ou ilegítimo.
III. De tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
1.1 Estatuto do Idoso - Considerações Gerais
Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dispo- Escusas absolutórias são situações que ocorrem nos crimes contra
sições da lei 7.347, de 24 de julho de 1985. o patrimônio que o Código Penal isenta de pena os agentes do crime
Esse artigo trata da aplicação subsidiária da lei de ação civil por causa do vínculo existente com a vítima (art. 181) e transforma em
pública ao Estatuto do Idoso, a lei de ação civil pública trata da ação condicionada a representação quando o vínculo é de menor relevância
intentada pelo Ministério Público quando se tratar de direitos coletivos (art. 182). No entanto, essas situações não são cabíveis quando se trata
e difusos. de vítima idosa, pois o próprio Código Penal já trouxe essa previsão no
art. 183 (alterado pelo estatuto do idoso) e o Estatuto do Idoso, em seu
Idoso: Prevê o art. 1º que o Estatuto do Idoso é destinado a regular
artigo 95, confirmou a exceção.
os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60
anos.
1.2 Crimes em Espécie
Em relação ao benefício para o transporte, o estatuto considera
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu
o benefício apenas aos maiores de 65 anos. acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito
A prescrição pela metade do tempo, prevista pelo Código penal, de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessá-
estende-se aos menores de 21 anos à data da conduta delitiva e aos rio ao exercício da cidadania, por motivo de idade:
maiores de 70 anos na data da sentença. Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 94. Aos crimes previstos nesta lei, cuja pena máxima pri- § 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menos-
vativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o prezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.
procedimento previsto na lei 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, Causa de Aumento de Pena (1/3)
subsidiariamente, no que couber, as disposições do código penal A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar
e do código de processo penal. (grifo nosso). sob os cuidados ou responsabilidade do agente.
A Lei 9.099/95 trata dos juizados especiais criminais e trouxe uma Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo
série de medidas despenalizadoras. No entanto, a Lei dos Juizados é sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar
aplicável aos crimes de menor potencial ofensivo, sendo estes todas as ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir,
contravenções e os crimes cuja pena máxima não ultrapasse dois anos. nesses casos, o socorro de autoridade pública:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Fácil perceber a contradição entre as duas leis, no sentido de
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão
que as medidas despenalizadoras são aplicadas apenas aos crimes com
resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta
penas máximas até 02 anos e, no caso do Estatuto do Idoso, que, diga-se a morte.
de passagem, veio para proteger os idosos, essa idade é aumentada Os resultados “lesão corporal” e “morte” deverão advir de culpa.
para 04 anos para aqueles que praticam algum crime contra os idosos. Caso advenham de dolo, responderá o agente pelos delitos de homicídio
Essa interpretação seria absurda. e de lesão corporal.
Portanto, o STF no julgamento da ADI 3096/10 entendeu que nos Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, enti-
crimes contra o idoso se aplica somente o procedimento previsto pela dades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas
Lei 9.099/95, não se aplicando os institutos despenalizadores previsto necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado ( art.
pela Lei dos Juizados Especiais. 1694 e seguintes, CC):
Todavia, se o crime contra o idoso for com pena máxima não supe- Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.
rior à dois anos, estará de acordo com a regra geral e será de menor Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica,
potencial ofensivo. Portanto, aplicar-se-á a Lei dos Juizados. do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes
ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando
Art. 95. Os crimes definidos nesta lei são de ação penal pública obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou
incondicionada, não se lhes aplicando os arts. 181 e 182 do Código inadequado:
Penal.
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.
Para os crimes definidos no Estatuto do Idoso, não é necessá- § 1º Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
rio que o idoso manifeste sua vontade, no sentido de que o Estado Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
possa agir em direção a punição do agente (persecução criminal). Nes- § 2º Se resulta a morte:
ses casos, o Estado poderá agir de ofício, seja na figura no Delegado, Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. L
iniciando um inquérito policial ou na figura do Promotor de Justiça, Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses G
realizando uma denúncia. Por isso, os crimes do Estatuto do Idoso são a 1 (um) ano e multa: E
chamados de ação penal pública incondicionada. I. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por S
O Código Penal prevê em seus artigos 181 e 182 as chamadas motivo de idade.
escusas absolutórias: II. Negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho.
Código penal III. Recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes prestar assistência à saúde, sem justa causa, a pessoa idosa.
previstos neste título, em prejuízo:

639
IV. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a
execução de ordem judicial expedida na ação civil a que alude
esta Lei.
V. Recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à
propositura da ação civil objeto desta Lei, quando requisitados
pelo Ministério Público.
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo,
a execução de ordem judicial expedida nas ações em que for parte
ou interveniente o idoso:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou
qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa
da de sua finalidade:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como
abrigado, por recusa deste em outorgar procuração à entidade
de atendimento:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a
benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer
outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou
ressarcimento de dívida:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.
Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação,
informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do
idoso:
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a
outorgar procuração para fins de administração de bens ou deles
dispor livremente:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar,
testar ou outorgar procuração:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discer-
nimento de seus atos, sem a devida representação legal:
Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante do Ministé-
rio Público ou de qualquer outro agente fiscalizador:
Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

LEGISLAÇÃO ESPECIAL 640


DIREITOS HUMANOS
OS DIREITOS HUMANOS E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

1. OS DIREITOS HUMANOS E A ঠ O Artigo I: todos os seres humanos nascem livres e iguais


em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciên-
CONSTITUIÇÃO FEDERAL cia e devem agir em relação uns aos outros com espírito
A Constituição Brasileira de 1988 é esquematizada em dez títulos,
de fraternidade.
sendo estes: Princípios Fundamentais, Direitos e Garantias Fundamentais,
Organização do Estado, Organização dos Poderes, Defesa do Estado e 03. Pluralismo político: é a possibilidade de existência de várias
das Instituições, Tributação e Orçamento, Ordem Econômica e Financeira, opiniões e ideias com o respeito por cada uma delas. O plura-
Ordem Social e Disposições Gerais, tudo em uma organização estabelecida lismo político, como base do Estado democrático de direito,
de respeitabilidade exemplar. aponta o reconhecimento de que a sociedade é formada por
O título I da Constituição brasileira de 1988, composto por quatro vários grupos, portanto composta pela multiplicidade de vários
artigos, é dedicado aos princípios fundamentais do Estado brasileiro. O centros de poder e pensamento em diferentes setores.
nosso constituinte utilizou essa expressão princípios fundamentais para Na DUDH encontramos também elementos que se referem à
expressar o pensamento de que em seus artigos já se estabelecem a importância da proteção dos elementos que marcam o plura-
forma de Estado e de governo, proclama-se o regime político demo- lismo, como podemos destacar:
crático pautado na soberania popular e institui a garantia da separação ঠ Artigo 18: todo ser humano tem direito à liberdade de
de funções entre os poderes. Também neles se encontram os valores e pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a
os fins mais gerais orientadores de nosso ordenamento constitucional, liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade
funcionando como diretrizes para todos os órgãos mediante os quais
de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela
atuam os poderes constituídos.
prática, pelo culto em público ou em particular.
1.1 Título I - Dos Princípios Fundamentais ঠ Artigo 19: todo ser humano tem direito à liberdade de
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indis- opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de,
solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e
em Estado Democrático de Direito1 e tem como fundamentos: transmitir informações e ideais por quaisquer meios e
01. Estado Democrático de Direito: O Estado democrático de independentemente de fronteiras.
direito é um conceito que designa qualquer Estado que se 04. Todo poder emana do povo: temos aqui a ideia da soberania
aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou seja, o res- popular como base da nossa democracia, permitindo a par-
peito pelos direitos humanos e pelas garantias fundamentais, ticipação das pessoas na escolha de seus representantes, ou
por meio do estabelecimento de uma proteção jurídica. Em no poder de decisão social: plebiscito, referendo e iniciativa
um estado de direito, as próprias autoridades políticas estão popular (CF/88, Art. 14, I, II e III). Nada mais é do que a com-
sujeitas ao respeito das regras de direito. preensão da existência e aceitação da não existência, no plano
I - a soberania; interno de um Estado soberano, de qualquer poder superior
II - a cidadania ao da coletividade de seus cidadãos.
III - a dignidade da pessoa humana2; De acordo com a Constituição Federal, a sociedade pode apre-
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; sentar um projeto de lei à Câmara dos Deputados desde que a proposta
V - o pluralismo político3. seja assinada por um número mínimo de cidadãos distribuídos por pelo
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo4, que o exerce menos cinco Estados brasileiros: “A iniciativa popular pode ser exercida
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito
desta Constituição. por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
02. Dignidade da pessoa humana: é um valor moral e espiritual menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento
inerente à pessoa, ou seja, todo ser humano é dotado desse dos eleitores de cada um deles” (Art. 61, § 2º, CF). Atendida a exigência
preceito, o qual constitui o princípio máximo do estado democrá- constitucional, o projeto deve ser protocolizado junto à Secretaria-Geral
tico de direito. Abrange uma diversidade de valores existentes da Mesa, obedecendo ao disposto no Art. 252 do Regimento Interno da
na sociedade. Trata-se de um conceito adequável à realidade e Câmara dos Deputados.
à modernização da sociedade, devendo estar em conluio com Fonte: http://www2.camara.leg.br/participacao/sugira-um-projeto
a evolução e as tendências modernas das necessidades do ser Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos5
entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
humano. É dever do Estado fornecer condições mínimas de vida
aos indivíduos, a fim de preservar sua dignidade. 05. Poderes independentes e harmônicos: vemos aqui um
dos elementos limitadores do poder estatal, a tripartição do
Temos a importância do reconhecimento da dignidade expressa
também na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) poder, que consiste em um modelo político que visa à melhor
de 1948 em pelo menos cinco trechos, destacando-se: governança de um Estado pela fragmentação do seu poder
em órgãos distintos e independentes, cada qual especializado
ঠ A parte inicial do preâmbulo: considerando que o reco-
em um aspecto ou área de governo. Embora seja mencionada
nhecimento da dignidade inerente a todos os membros da
quase como sinônimo da tripartição de poderes proposta por
família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o
Montesquieu, a separação de poderes é um princípio muito
fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo D
mais amplo e antigo do que o modelo do filósofo francês, sendo H
(...).
identificado na Grécia Antiga e aplicado em diversas ocasiões. U
M

737
Observação: o princípio da separação de poderes é cláusula
pétrea (de acordo com o Art. 60, §4º, III).
A Teoria dos Freios e Contrapesos (“Checks and Balances”),
oriunda dos Estados Unidos da América, justifica a independência e a
harmonia entre os três órgãos do Poder de Soberania do Estado, sendo
estes o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, cada qual com atribuições
próprias e impróprias. A Constituição Federal consagra esse complexo
mecanismo de controles recíprocos entre os “três poderes”, de forma
que, ao mesmo tempo, um poder controle os demais e por eles seja
controlado.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais6 da República Fede-
rativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
gualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,
sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
06. Objetivos Fundamentais: a Constituição de 1988 destaca-se
por ser programática (diretiva ou dirigente), ou seja, caracte-
riza-se por conter normas definidoras de tarefas e programas
de ação a serem concretizados pelos poderes públicos. Os obje-
tivos Fundamentais são verdadeiros programas de governo,
estabelecidos em um rol exemplificativo a ser adotado, cujo
conteúdo é de extrema importância. Os objetivos elencados
como fundamentais consagram metas previstas na maioria dos
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos.
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações
internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos7;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integra-
ção econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina,
visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
07. Prevalência dos Direitos Humanos: a prevalência dos direitos
humanos nas relações internacionais ganha maior relevância
no momento histórico em que vivemos, no qual, em virtude
do desenvolvimento tecnológico, as distâncias entre as nações
tendem a se encurtar cada vez mais e todas as pessoas tendem
a se tornar verdadeiras cidadãs do mundo. Um estado regido
pelo princípio fundamental da dignidade da pessoa humana
não pode desprezar as violações dos direitos humanos pratica-
das por ou em outros estados. Com a adoção desse princípio,
o Brasil une-se à comunidade internacional, assumindo com
ela e perante ela a responsabilidade pela dignidade de toda
pessoa humana.

DIREITOS HUMANOS 738


LEGISLAÇÃO DE
TRÂNSITO
ANEXO I - CONCEITOS E DEFINIÇÕES CAPACIDADE MÁXIMA DE TRAÇÃO: máximo peso que a unidade
Para efeito deste Código adotam-se as seguintes definições: de tração é capaz de tracionar, indicado pelo fabricante, baseado em
ACOSTAMENTO: parte da via diferenciada da pista de rolamento condições sobre suas limitações de geração e multiplicação de momento
destinada à parada ou estacionamento de veículos, em caso de emer- de força e resistência dos elementos que compõem a transmissão.
gência, e à circulação de pedestres e bicicletas, quando não houver local CARREATA: deslocamento em fila na via de veículos automotores
apropriado para esse fim. em sinal de regozijo, de reivindicação, de protesto cívico ou de uma classe.
AGENTE DA AUTORIDADE DE TRÂNSITO: agente de trânsito e CARRO DE MÃO: veículo de propulsão humana utilizado no trans-
policial rodoviário federal que atuam na fiscalização, no controle e na porte de pequenas cargas.
operação de trânsito e no patrulhamento, competentes para a lavratura CARROÇA: veículo de tração animal destinado ao transporte de
do auto de infração e para os procedimentos dele decorrentes, incluídos carga.
o policial militar ou os agentes referidos no art. 25-A deste Código, CATADIÓPTRICO: dispositivo de reflexão e refração da luz utili-
quando designados pela autoridade de trânsito com circunscrição sobre zado na sinalização de vias e veículos (olho-de-gato).
a via, mediante convênio, na forma prevista neste Código. CHARRETE: veículo de tração animal destinado ao transporte
AGENTE DE TRÂNSITO: servidor civil efetivo de carreira do órgão de pessoas.
ou entidade executivos de trânsito ou rodoviário, com as atribuições de CICLO: veículo de pelo menos 2 rodas à propulsão humana.
educação, operação e fiscalização de trânsito e de transporte no exercí-
CICLOFAIXA: parte da pista de rolamento destinada à circulação
cio regular do poder de polícia de trânsito para promover a segurança
exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica.
viária nos termos da Constituição Federal.
CICLOMOTOR: veículo de 2 ou 3 rodas, provido de motor de com-
AR ALVEOLAR: ar expirado pela boca de um indivíduo, origi-
bustão interna, cuja cilindrada não exceda a 50 cm3, equivalente a 3,05
nário dos alvéolos pulmonares (incluído pela Lei nº 12.760, de 20 de
pol3, ou de motor de propulsão elétrica com potência máxima de 4 kW,
dezembro de 2012).
e cuja velocidade máxima de fabricação não exceda a 50 km/h (incluído
AUTOMÓVEL: veículo automotor destinado ao transporte de pela Lei nº 14.071, de 13 de outubro de 2020).
passageiros, com capacidade para até 8 pessoas, exclusive o condutor.
CICLOVIA: pista própria destinada à circulação de ciclos, separada
AUTORIDADE DE TRÂNSITO: dirigente máximo de órgão ou enti- fisicamente do tráfego comum.
dade executivo integrante do Sistema Nacional de Trânsito (SNT) ou
CIRCULAÇÃO: movimentação de pessoas, animais e veículos em
pessoa por ele expressamente credenciada.
deslocamento, conduzidos ou não, em vias públicas ou privadas abertas ao
ÁREA DE ESPERA: área delimitada por 2 linhas de retenção, des- público e de uso coletivo (incluído pela Lei nº 14.229, de outubro de 2021).
tinada exclusivamente à espera de motocicletas, motonetas e ciclomo-
CONVERSÃO: movimento em ângulo, à esquerda ou à direita, de
tores, junto à aproximação semafórica, imediatamente à frente da linha
mudança da direção original do veículo.
de retenção dos demais veículos (incluído pela Lei nº 14.071, de 13 de
outubro de 2020). CRUZAMENTO: interseção de duas vias em nível.
BALANÇO TRASEIRO: distância entre o plano vertical passando DISPOSITIVO DE SEGURANÇA: qualquer elemento que tenha a
pelos centros das rodas traseiras extremas e o ponto mais recuado do função específica de proporcionar maior segurança ao usuário da via,
veículo, considerando-se todos os elementos rigidamente fixados ao alertando-o sobre situações de perigo que possam colocar em risco sua
mesmo. integridade física e dos demais usuários da via, ou danificar seriamente
o veículo.
BICICLETA: veículo de propulsão humana, dotado de duas rodas,
não sendo, para efeito deste Código, similar à motocicleta, motoneta ESTACIONAMENTO: imobilização de veículos por tempo superior
e ciclomotor. ao necessário para embarque ou desembarque de passageiros.
BICICLETÁRIO: local, na via ou fora dela, destinado ao estacio- ESTRADA: via rural não pavimentada.
namento de bicicletas. ETILÔMETRO: aparelho destinado à medição do teor alcoólico no
BONDE: veículo de propulsão elétrica que se move sobre trilhos. ar alveolar. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)
BORDO DA PISTA: margem da pista, podendo ser demarcada por FAIXAS DE DOMÍNIO: superfície lindeira às vias rurais, delimitada
linhas longitudinais de bordo que delineiam a parte da via destinada à por lei específica e sob responsabilidade do órgão ou entidade de trân-
circulação de veículos. sito competente com circunscrição sobre a via.
CALÇADA: parte da via, normalmente segregada e em nível FAIXAS DE TRÂNSITO: qualquer uma das áreas longitudinais em
diferente, não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito que a pista pode ser subdividida, sinalizada ou não por marcas viárias
de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário urbano, longitudinais, que tenham uma largura suficiente para permitir a circu-
sinalização, vegetação e outros fins. lação de veículos automotores.
CAMINHÃO-TRATOR: veículo automotor destinado a tracionar FISCALIZAÇÃO: ato de controlar o cumprimento das normas
ou arrastar outro. estabelecidas na legislação de trânsito, por meio do poder de polícia
administrativa de trânsito, no âmbito de circunscrição dos órgãos e enti-
CAMINHONETE: veículo destinado ao transporte de carga com
dades executivos de trânsito e de acordo com as competências definidas
peso bruto total de até 3.500 kg.
neste Código.
CAMIONETA: veículo misto destinado ao transporte de passagei-
FOCO DE PEDESTRES: indicação luminosa de permissão ou impe-
ros e carga no mesmo compartimento.
dimento de locomoção na faixa apropriada.
CANTEIRO CENTRAL - obstáculo físico construído como separa-
FREIO DE ESTACIONAMENTO: dispositivo destinado a manter o
dor de duas pistas de rolamento, eventualmente substituído por marcas
veículo imóvel na ausência do condutor ou, no caso de um reboque, se
viárias (canteiro fictício).
este se encontra desengatado.
T
R
745 A
N
FREIO DE SEGURANÇA OU MOTOR: dispositivo destinado a dimi- MARCAS VIÁRIAS: conjunto de sinais constituídos de linhas,
nuir a marcha do veículo no caso de falha do freio de serviço. marcações, símbolos ou legendas, em tipos e cores diversas, apostos
FREIO DE SERVIÇO: dispositivo destinado a provocar a diminuição ao pavimento da via.
da marcha do veículo ou pará-lo. MICROÔNIBUS: veículo automotor de transporte coletivo com
GESTOS DE AGENTES: movimentos convencionais de braço, ado- capacidade para até 20 passageiros.
tados exclusivamente pelos agentes de autoridades de trânsito nas vias, MOTOCICLETA: veículo automotor de 2 rodas, com ou sem side-
para orientar, indicar o direito de passagem dos veículos ou pedestres -car, dirigido por condutor em posição montada.
ou emitir ordens, sobrepondo-se ou completando outra sinalização ou MOTONETA: veículo automotor de duas rodas, dirigido por con-
norma constante deste Código. dutor em posição sentada.
GESTOS DE CONDUTORES: movimentos convencionais de braço, MOTOR-CASA (MOTOR-HOME): veículo automotor cuja carro-
adotados exclusivamente pelos condutores, para orientar ou indicar que çaria seja fechada e destinada a alojamento, escritório, comércio ou
vão efetuar uma manobra de mudança de direção, redução brusca de finalidades análogas.
velocidade ou parada. NOITE: período do dia compreendido entre o pôr-do-sol e o
ILHA: obstáculo físico, colocado na pista de rolamento, destinado nascer do sol.
à ordenação dos fluxos de trânsito em uma interseção. ÔNIBUS: veículo automotor de transporte coletivo com capaci-
INFRAÇÃO: inobservância a qualquer preceito da legislação de dade para mais de 20 passageiros, ainda que, em virtude de adaptações
trânsito, às normas emanadas do Código de Trânsito, do Conselho Nacio- com vista à maior comodidade destes, transporte número menor.
nal de Trânsito e a regulamentação estabelecida pelo órgão ou entidade OPERAÇÃO DE CARGA E DESCARGA: imobilização do veículo,
executiva do trânsito. pelo tempo estritamente necessário ao carregamento ou descarrega-
INTERSEÇÃO: todo cruzamento em nível, entroncamento ou mento de animais ou carga, na forma disciplinada pelo órgão ou enti-
bifurcação, incluindo as áreas formadas por tais cruzamentos, entron- dade executivo de trânsito competente com circunscrição sobre a via.
camentos ou bifurcações. OPERAÇÃO DE TRÂNSITO: monitoramento técnico baseado
INTERRUPÇÃO DE MARCHA: imobilização do veículo para atender nos conceitos de Engenharia de Tráfego, das condições de fluidez, de
circunstância momentânea do trânsito. estacionamento e parada na via, de forma a reduzir as interferências
LICENCIAMENTO: procedimento anual, relativo a obrigações do como veículos quebrados, acidentados, estacionados irregularmente
proprietário de veículo, comprovado por meio de documento específico atrapalhando o trânsito, prestando socorros imediatos e informações
(Certificado de Licenciamento Anual). aos pedestres e condutores.
LOGRADOURO PÚBLICO: espaço livre destinado pela municipali- PARADA: imobilização do veículo com a finalidade e pelo tempo
dade à circulação, parada ou estacionamento de veículos, ou à circulação estritamente necessário para efetuar embarque ou desembarque de
de pedestres, tais como calçada, parques, áreas de lazer, calçadões. passageiros.
LOTAÇÃO: carga útil máxima, incluindo condutor e passageiros, PASSAGEM DE NÍVEL: todo cruzamento de nível entre uma via e
que o veículo transporta, expressa em quilogramas para os veículos de uma linha férrea ou trilho de bonde com pista própria.
carga, ou número de pessoas, para os veículos de passageiros. PASSAGEM POR OUTRO VEÍCULO: movimento de passagem à
LOTE LINDEIRO: aquele situado ao longo das vias urbanas ou frente de outro veículo que se desloca no mesmo sentido, em menor
rurais e que com elas se limita. velocidade, mas em faixas distintas da via.
LUZ ALTA: facho de luz do veículo destinado a iluminar a via até PASSAGEM SUBTERRÂNEA: obra de arte destinada à transposi-
uma grande distância do veículo. ção de vias, em desnível subterrâneo, e ao uso de pedestres ou veículos.
LUZ BAIXA: facho de luz do veículo destinada a iluminar a via PASSARELA: obra de arte destinada à transposição de vias, em
diante do veículo, sem ocasionar ofuscamento ou incômodo injustifi- desnível aéreo, e ao uso de pedestres.
cáveis aos condutores e outros usuários da via que venham em sentido PASSEIO: parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último
contrário. caso, separada por pintura ou elemento físico separador, livre de inter-
LUZ DE FREIO: luz do veículo destinada a indicar aos demais ferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e, excepcio-
usuários da via, que se encontram atrás do veículo, que o condutor nalmente, de ciclistas.
está aplicando o freio de serviço. PATRULHAMENTO: função exercida pela Polícia Rodoviária
LUZ INDICADORA DE DIREÇÃO (PISCA-PISCA): luz do veículo Federal com o objetivo de garantir obediência às normas de trânsito,
destinada a indicar aos demais usuários da via que o condutor tem o assegurando a livre circulação e evitando acidentes.
propósito de mudar de direção para a direita ou para a esquerda. PATRULHAMENTO OSTENSIVO: função exercida pela Polícia
LUZ DE MARCHA À RÉ: luz do veículo destinada a iluminar atrás Rodoviária Federal com o objetivo de prevenir e reprimir infrações penais
do veículo e advertir aos demais usuários da via que o veículo está no âmbito de sua competência e de garantir obediência às normas rela-
efetuando ou a ponto de efetuar uma manobra de marcha à ré. tivas à segurança de trânsito, de forma a assegurar a livre circulação e
LUZ DE NEBLINA: luz do veículo destinada a aumentar a ilumina- a prevenir acidentes (incluído pela Lei nº 14.229/2021).
ção da via em caso de neblina, chuva forte ou nuvens de pó. PATRULHAMENTO VIÁRIO: função exercida pelos agentes de
LUZ DE POSIÇÃO (lanterna): luz do veículo destinada a indicar a trânsito dos órgãos e entidades executivos de trânsito e rodoviário, no
presença e a largura do veículo. âmbito de suas competências, com o objetivo de garantir a segurança
MANOBRA: movimento executado pelo condutor para alterar a viária nos termos do § 10 do art. 144 da Constituição Federal (incluído
posição em que o veículo está no momento em relação à via. pela Lei nº 14.229/2021).
PERÍMETRO URBANO: limite entre área urbana e área rural.

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO 746


PESO BRUTO TOTAL: peso máximo que o veículo transmite ao TRÂNSITO: movimentação e imobilização de veículos, pessoas e
pavimento, constituído da soma da tara mais a lotação. animais nas vias terrestres.
PESO BRUTO TOTAL COMBINADO: peso máximo transmitido ao TRANSPOSIÇÃO DE FAIXAS: passagem de um veículo de uma
pavimento pela combinação de um caminhão-trator mais seu semirre- faixa demarcada para outra.
boque ou do caminhão mais seu reboque ou reboques. TRATOR: veículo automotor construído para realizar trabalho
PISCA-ALERTA: luz intermitente do veículo, utilizada em caráter agrícola, de construção e pavimentação e tracionar outros veículos e
de advertência, destinada a indicar aos demais usuários da via que o equipamentos.
veículo está imobilizado ou em situação de emergência. ULTRAPASSAGEM: movimento de passar à frente de outro veículo
PISTA: parte da via normalmente utilizada para a circulação de que se desloca no mesmo sentido, em menor velocidade e na mesma
veículos, identificada por elementos separadores ou por diferença de faixa de tráfego, necessitando sair e retornar à faixa de origem.
nível em relação às calçadas, ilhas ou aos canteiros centrais. UTILITÁRIO: veículo misto caracterizado pela versatilidade do seu
PLACAS: elementos colocados na posição vertical, fixados ao uso, inclusive fora de estrada.
lado ou suspensos sobre a pista, transmitindo mensagens de caráter VEÍCULO ARTICULADO: combinação de veículos acoplados, sendo
permanente e, eventualmente, variáveis, mediante símbolo ou legendas um deles automotor.
pré-reconhecidas e legalmente instituídas como sinais de trânsito. VEÍCULO AUTOMOTOR: todo veículo a motor de propulsão que
POLICIAMENTO OSTENSIVO DE TRÂNSITO: função exercida pelas circule por seus próprios meios, e que serve normalmente para o trans-
Polícias Militares com o objetivo de prevenir e reprimir atos relacionados porte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos
com a segurança pública e de garantir obediência às normas relativas à utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende
segurança de trânsito, assegurando a livre circulação e evitando acidentes. os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre
PONTE: obra de construção civil destinada a ligar margens opos- trilhos (ônibus elétrico).
tas de uma superfície líquida qualquer. VEÍCULO DE CARGA: veículo destinado ao transporte de carga,
REBOQUE: veículo destinado a ser engatado atrás de um veículo podendo transportar 2 passageiros, exclusive o condutor.
automotor. VEÍCULO DE COLEÇÃO: veículo fabricado há mais de 30 anos,
REGULAMENTAÇÃO DA VIA: implantação de sinalização de regu- original ou modificado, que possui valor histórico próprio (redação dada
lamentação pelo órgão ou entidade competente com circunscrição sobre pela Lei nº 14.071/2020). (Vigência)
a via, definindo, entre outros, sentido de direção, tipo de estaciona- VEÍCULO CONJUGADO: combinação de veículos, sendo o primeiro
mento, horários e dias. um veículo automotor e os demais reboques ou equipamentos de tra-
REFÚGIO: parte da via, devidamente sinalizada e protegida, des- balho agrícola, construção, terraplenagem ou pavimentação.
tinada ao uso de pedestres durante sua travessia. VEÍCULO DE GRANDE PORTE: veículo automotor destinado ao
RENACH: Registro Nacional de Condutores Habilitados. transporte de carga com peso bruto total máximo superior a 10 mil kg
RENAVAM: Registro Nacional de Veículos Automotores. e de passageiros, superior a 20 passageiros.
RETORNO: movimento de inversão total de sentido da direção VEÍCULO DE PASSAGEIROS: veículo destinado ao transporte de
original de veículos. pessoas e suas bagagens.
RODOVIA: via rural pavimentada. VEÍCULO MISTO: veículo automotor destinado ao transporte
SEMIRREBOQUE: veículo de um ou mais eixos que se apoia na sua simultâneo de carga e passageiro.
unidade tratora ou é a ela ligado por meio de articulação. VIA: superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais,
SINAIS DE TRÂNSITO: elementos de sinalização viária que se uti- compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central.
lizam de placas, marcas viárias, equipamentos de controle luminosos, VIA DE TRÂNSITO RÁPIDO: aquela caracterizada por acessos
dispositivos auxiliares, apitos e gestos, destinados exclusivamente a especiais com trânsito livre, sem interseções em nível, sem acessibilidade
ordenar ou dirigir o trânsito dos veículos e pedestres. direta aos lotes lindeiros e sem travessia de pedestres em nível.
SINALIZAÇÃO: conjunto de sinais de trânsito e dispositivos de VIA ARTERIAL: aquela caracterizada por interseções em nível,
segurança colocados na via pública com o objetivo de garantir sua geralmente controlada por semáforo, com acessibilidade aos lotes lin-
utilização adequada, possibilitando melhor fluidez no trânsito e maior deiros e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as
segurança dos veículos e pedestres que nela circulam. regiões da cidade.
SONS POR APITO: sinais sonoros, emitidos exclusivamente pelos VIA COLETORA: aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito
agentes da autoridade de trânsito nas vias, para orientar ou indicar o que tenha necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou
direito de passagem dos veículos ou pedestres, sobrepondo-se ou comple- arteriais, possibilitando o trânsito dentro das regiões da cidade.
tando sinalização existente no local ou norma estabelecida neste Código. VIA LOCAL: aquela caracterizada por interseções em nível não
TARA: peso próprio do veículo, acrescido dos pesos da carroçaria semaforizadas, destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas.
e equipamento, do combustível, das ferramentas e acessórios, da roda VIA RURAL: estradas e rodovias.
sobressalente, do extintor de incêndio e do fluido de arrefecimento, VIA URBANA: ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares aber-
expresso em quilogramas. tos à circulação pública, situados na área urbana, caracterizados princi-
TRAILER: reboque ou semirreboque tipo casa, com duas, quatro, palmente por possuírem imóveis edificados ao longo de sua extensão.
ou seis rodas, acoplado ou adaptado à traseira de automóvel ou camio- VIAS E ÁREAS DE PEDESTRES: vias ou conjunto de vias destina-
nete, utilizado em geral em atividades turísticas como alojamento, ou das à circulação prioritária de pedestres.
para atividades comerciais. VIADUTO: obra de construção civil destinada a transpor uma
depressão de terreno ou servir de passagem superior.
T
R
747 A
N
1. LEI Nº 9.503/97 – CÓDIGO DE II. Grave. cinco pontos;

TRÂNSITO BRASILEIRO III. Média. quatro pontos;


IV. Leve. três pontos.
A Lei nº 9.503 foi publicada em Diário Oficial, em 23 de setembro
de 1997, entrando em vigor a partir de 22 de janeiro de 1998 – portanto, A segunda parte é penal/criminal (arts. 291 a 312), ou seja, algu-
com 120 dias de vacatio legis, que é o período compreendido entre a mas ações, devido à sua gravidade, são tratadas como crimes e, para
publicação e a entrada em vigor de uma lei. tanto, são aplicadas as previsões legais do Código Penal (CP) (Decre-
to-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) e de outros diplomas legais,
Trata-se de legislação de trânsito que define as atribuições das
com o ônus da prova cabendo a quem alegar. Logo, o agente da auto-
diversas autoridades e órgãos ligados ao trânsito, fornecendo diretrizes
ridade de trânsito deve produzir provas da existência desse crime de
para a Engenharia de Tráfego e estabelecendo normas de conduta, infra-
trânsito. Vejamos, então, a tipificação do art. 291 do CTB:
ções e penalidades para os diversos usuários desse complexo sistema.
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automo-
É importante observar, desde já, o previsto na Constituição Fede- tores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do
ral de 1988 (CF/88), em seu art. 22. Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: [...] não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26
XI. trânsito e transporte; de setembro de 1995, no que couber.
Outro dispositivo constitucional relativo ao trânsito está no art.
23, sendo este de competência comum dos entes federados.
1.1 Conceito
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Dis- Ao conceituar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), deve ser
trito Federal e dos Municípios: [...] observado o previsto no art. 1º e em seus parágrafos:
XII. estabelecer e implantar política de educação para a segu- Art. 1º O trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do
rança do trânsito. território nacional, abertas à circulação, rege-se por este Código.
Cabe salientar que não há necessidade de ser bacharel em Direito § 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veí-
culos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para
para interpretar corretamente o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga
A sistematização das leis mais complexas observa, entre nós, o ou descarga.
seguinte esquema básico: Livros, Títulos, Capítulos, Seções, Sub- § 2º O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e
seções e Artigos. (Manual de Redação Oficial da Presidência da dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional
República – MRPR) de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas compe-
Faz-se necessário apenas observar que os textos de lei são orga- tências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.
nizados em: artigos (art.), sendo representados por números ordinais do § 3º Os órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de
1º ao 9º e, a partir disso, por números cardinais, como 10, 11...; parágrafos Trânsito respondem, no âmbito das respectivas competências,
(§§) constituem, na técnica legislativa, a imediata divisão de um artigo; objetivamente, por danos causados aos cidadãos em virtude de
incisos são utilizados como elementos discriminativos de artigos; alíneas ação, omissão ou erro na execução e manutenção de programas,
ou letras constituem desdobramentos dos incisos e dos parágrafos. projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito
seguro.
No caso do CTB temos, ainda: § 4º (VETADO)
ANEXO I – DOS CONCEITOS E DEFINIÇÕES, que se encontra no § 5º Os órgãos e entidades de trânsito pertencentes ao Sistema
texto desta Lei; Nacional de Trânsito darão prioridade em suas ações à defesa da
ANEXO II – AS SINALIZAÇÕES, que instituiu e aprovou as sinali- vida, nela incluída a preservação da saúde e do meio-ambiente.
zações, e que já foi atualizado diversas vezes. Para ajudar a compreender o conceito, veja o esquema a seguir:
Outro ponto essencial é entender que os 341 artigos do CTB estão
dispostos, doutrinariamente, em duas partes.
A primeira parte é administrativa/educativa (arts. 1º a 290 e 313
a 341), caracterizando uma atividade de Administração Pública, pau-
tada em princípios basilares da administração, como: a supremacia do
interesse público sobre o particular e a indisponibilidade do interesse
público. Vale ressaltar que o ônus da prova é do condutor/infrator, ou
seja, basta o agente de trânsito verificar a infração e relatá-la à autori-
dade com circunscrição sobre a via, em documento próprio, notificação,
para que seja iniciado o processo de penalização. O agente da autoridade
não precisa, portanto, produzir provas do fato imputado, sendo assegu-
rado, todavia, o Direito Constitucional da ampla defesa e do contraditório
(art. 5º, inciso LV, CF/88). A isto as doutrinas denominam de inversão
do ônus da prova.
A principal característica educativa é a penalidade de multa que,
além de um valor pecuniário que, a depender da gravidade, pode ser
multiplicado em até 10 vezes, o condutor infrator é submetido a outras
regras criadas no CTB. Por exemplo, pontuação no prontuário.
Art. 259. A cada infração cometida são computados os seguintes
números de pontos:
I. Gravíssima. sete pontos;

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO 748


LEI Nº 9.503/97 – CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Art. 3º As disposições deste Código são aplicáveis a qualquer
1 ÚNICO LIVRO PARA FINS DE: veículo, bem como aos proprietários, condutores dos veículos
nacionais ou estrangeiros e às pessoas nele expressamente
mencionadas.
- CIRCULAÇÃO; Art. 4º Os conceitos e definições estabelecidos para os efeitos
- ESTACIONAMENTO; deste Código são os constantes do Anexo I.
- PARADA;
- OPERAÇÕES DE CARGA E DESCARGA.
1.3 Sistema Nacional de Trânsito (SNT)
FÍSICA
Agora que já se conhece a territorialidade do CTB, passa-se a
conhecer os agentes que formam esse sistema. Vamos ressaltar que os
PESSOAS JURÍDICA órgãos de trânsito – sejam eles executivos, normativos ou julgadores
C – fazem parte do Poder Executivo, da União, dos estados, do Distrito
T TRÂNSITO VEÍCULOS TODOS Federal e dos municípios. Em vias urbanas ou rurais:
B
Art. 5º O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos
ISOLADOS e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios que tem por finalidade o exercício das atividades de
ANIMAIS
planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e
EM GRUPO licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de
condutores, educação, engenharia, operação do sistema viário,
BRASILEIRO policiamento, fiscalização, julgamento de infrações e de recursos
(NACIONAL) e aplicação de penalidades.1
- E NÃO SÓ CONDUZIDOS NÃO
CONDUZIDOS Qual seria a diferença entre operação e fiscalização de trânsito?
FEDERAL
(Anexo I do CTB)
Na Operação, há atividades ligadas à fluidez do trânsito. Aquele
TRÂNSITO TRÂNSITO que a faz não necessariamente deve ser um servidor, por isso, pode não
REGULAR IRREGULAR ter o poder de polícia.
SEGUE O CTB NÃO SEGUE O CTB
Já na Fiscalização, o agente deve ter o chamado poder de polícia
1.2 Aplicação administrativa. Por exemplo, PRF, PM e entidades executivas estaduais,
do DF e municipais. Tem a ver com a segurança no trânsito urbano ou
Territorialidade rodoviário.
ї Redações dadas pela Lei nº 7.209/1984 Art. 6º São objetivos básicos do Sistema Nacional de Trânsito:
CP I. Estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito, com
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e
tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no à educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento;
território nacional. II. Fixar, mediante normas e procedimentos, a padronização de
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do critérios técnicos, financeiros e administrativos para a execução
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de das atividades de trânsito;
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que III – Estabelecer a sistemática de fluxos permanentes de informa-
se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasi- ções entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim de facilitar
leiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, res- o processo decisório e a integração do Sistema.2
pectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
Art. 7º Compõem o Sistema Nacional de Trânsito os seguintes
§ 2º. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a órgãos e entidades:
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
I. O Conselho Nacional de Trânsito. Contran, coordenador do
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou
Sistema e órgão máximo normativo e consultivo;
em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou
mar territorial do Brasil. II. Os Conselhos Estaduais de Trânsito. Cetran e o Conselho de
Trânsito do Distrito Federal. Contrandife, órgãos normativos,
Com esta previsão do CP, infere-se que, nos crimes de trânsito, as
consultivos e coordenadores;3
partes envolvidas respondem pelo CTB, quer seja em via pública, quer 1 Resolução Contran nº 576, de 24/02/2016: Dispõe sobre o intercâmbio de infor-
seja em via particular, a menos que a questão deixe explícita a palavra mações, entre órgãos e entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito
“via pública”, restringindo o tipo penal (princípio da especificidade da Federal e os demais órgãos e entidades executivos de trânsito e executivos rodoviá-
lei). rios da União, dos Estados, Distrito Federal e dos Municípios que compõem o Sistema
Nacional de Trânsito e dá outras providências.
O legislador teve o cuidado de conceituar o que é VIA TERRESTRE, Resolução Contran nº 351, de 14/06/2010: Estabelece procedimentos para veicu-
no art. 2º do CTB: lação de mensagens educativas de trânsito em toda peça publicitária destinada à
Art. 2º São vias terrestres urbanas e rurais as ruas, as avenidas, os divulgação ou promoção, nos meios de comunicação social, de produtos oriundos
da indústria automobilística ou afins.
logradouros, os caminhos, as passagens, as estradas e as rodovias,
Resolução Contran nº 360, de 29/09/2010: Dispõe sobre a habilitação do candidato
que terão seu uso regulamentado pelo órgão ou entidade com ou condutor estrangeiro para direção de veículos em território nacional.
circunscrição sobre elas, de acordo com as peculiaridades locais 2 Resolução Contran nº 142, de 26/03/2003: Dispõe sobre o funcionamento do
e as circunstâncias especiais. Sistema Nacional de Trânsito (SNT), a participação dos órgãos e entidades de trânsito
Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são considera- nas reuniões do sistema e as suas modalidades.
das vias terrestres as praias abertas à circulação pública, as vias 3 Resolução nº 688 substituída pela Resolução nº 779, de 13/06/2019: Altera o item
internas pertencentes aos condomínios constituídos por unidades 8 do Anexo da Resolução Contran nº 688, de 15 de agosto de 2017, que estabelece
autônomas e as vias e áreas de estacionamento de estabeleci- diretrizes para a elaboração do Regimento Interno, gestão e operacionalização das
atividades dos Conselhos Estaduais de Trânsito (Cetran) e do Conselho de Trânsito
mentos privados de uso coletivo. do Distrito Federal (Contrandife).
T
R
749 A
N
III. Os órgãos e entidades executivos de trânsito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
IV. Os órgãos e entidades executivos rodoviários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;4
CF/88
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional,
observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 7, de 1995).
Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a
navegação interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras. [...]
V. A Polícia Rodoviária Federal;
VI. As Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal; e
VII. As Juntas Administrativas de Recursos de Infrações. Jari.
Art. 7º-A. A autoridade portuária ou a entidade concessionária de porto organizado poderá celebrar convênios com os órgãos previstos no art. 7º,
com a interveniência dos Municípios e Estados, juridicamente interessados, para o fim específico de facilitar a autuação por descumprimento da
legislação de trânsito. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009.)
§ 1º O convênio valerá para toda a área física do porto organizado, inclusive, nas áreas dos terminais alfandegados, nas estações de transbordo,
nas instalações portuárias públicas de pequeno porte e nos respectivos estacionamentos ou vias de trânsito internas.

Ministério da
Infraestrutura Dec.
Presidente nº 9.676/19. MEDIDA Objetivos (Art. 6º, CTB)
da República Subordinação / PROVISÓRIA Nº 870, DE Sistema Nacional de Segurança/ FLuidez/
(Art. 84, VI, designação 1º DE JANEIRO DE 2019 Trânsito (SNT) Art. 5º Conforto/ Meio Ambiente/
CF/88) 9º CTB Educação

Subordinação / Vinculação
Delegação
Câmaras Temáticas
CONTRAN 7º I Vinculação Art. 13 CTB;
Composição - Res.
Nº 218, de 20-12-2006
O Presidente do Contran é o
próprio ministro
Órgão consultivo e Normativo e
DENATRAN Coordenador de Trânsito 7º II
(Órgão máximo) Secretário
Executivo Executivo

Federal Estadual/DF
Federal DENATRAN - Art.19

CETRAN/CON
Orgãos CONTRAN TRANDIFE
Executivos Estadual /DF DETRAN - Art. 22 CIRETRAN’S
III

Órgão Exec. de
Município Trânsito Art. 24 Atua mediante convênio

DNIT/ Lei.º 10.233, Policiais Militares dos Policía Rodoviária Federal


Federal de 5-6-2001 - Estados e do Art. 20 CTB
(antigo DNER) Distrito Federal Art. 23 V
CTB VI

Órgãos União
Executivos Estadual /DF Órgão \Rodoviário
Rodoviários Estadual
Art. 21 CTB
IV JARIs Estado/DF
VII
Órgão \Rodoviário
Município Municipal Estado/DF

4 Lei nº 10.233, de 05/06/2001: Dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e terrestre, cria o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte, a
Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes e dá outras providências.

LEGISLAÇÃO DE TRÂNSITO 750

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