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FUNÇÕES, REGRAS E DICAS

PARA BABÁS E BERÇARISTAS

Todas as mães ficam inseguras em relação à contratação de uma babá. Pode


haver boas referências, a indicação de um parente ou um amigo, mas a mãe quer saber
também se além da responsabilidade, você tem a capacidade de executar o trabalho.

Por isso é muito importante um curso de formação e orientação. Passará mais


credibilidade ao seu currículo, principalmente se não tiver muitos anos de experiência.

Neste módulo do curso você irá receber orientações sobre postura profissional,
como acompanhar a rotina da criança, como ministrar remédios, limpeza do quarto e
das coisas relativas à criança, saúde e higiene infantil e o trato diferenciado com os
bebês.

Os pais empregadores se sentirão mais seguros, e você, muito mais preparado


para assumir essa missão.

Roupas de Trabalho
Use uniforme se for solicitado pelos empregadores, e serão eles quem irão
fornecer o tipo e o modelo. Não é uma coisa ruim. O uniforme é prático e não desgasta
suas próprias roupas. Ele deve ser trocado diariamente, principalmente porque no
contato com as crianças nos sujamos de tinta, chocolate, comida, bebida etc.. Caso não
exijam uniforme, use uma roupa sóbria, discreta, em cores neutras, e que lhe possibilite
movimentar-se à vontade. Opte pelo tênis que é confortável e lhe possibilita boas
caminhadas. O cabelo deve ser usado preso.

Se for necessário dormir na casa da criança, opte por pijamas e não camisolas.
Que sejam discretos e de cores neutras. A camiseta do pijama não deve ter botão, pois
você pode precisar embalar a criança à noite, encostando cabeça ao seu peito.

Bons Hábitos
Se você quer inspirar confiança como um profissional que cuida de crianças, e
isto serve para babás, berçaristas, professores, treinadores etc., cultive bons hábitos em
sua vida pessoal. Sua vida pessoal, no caso destas profissões, não pode ser dissociada
da vida profissional.

Por exemplo, se você é uma pessoa que bebe, faz uso ocasional de drogas,
frequenta bares, ou é visto em lugares suspeitos e mal frequentados, certamente não será
uma pessoa bem vista para ter crianças sob sua responsabilidade.
O mesmo acontece com profissionais como o padre, o pastor ou o juiz. Suas
ações devem ser transparentes, honestas, sem vícios, de bom proceder. Uma pessoa boa
e honesta, porém que anda em más companhia, terá sua imagem arranhada e colocada
em dúvida.

Babá também é empregada?


Ao aceitar o emprego, defina muito bem qual será seu papel. Se você apenas
cuidará da criança e das coisas pertencentes à criança, ou se você também terá a casa em
sua responsabilidade. Algumas babás executam as duas funções, outras não. Isso
depende de seu perfil, do volume de trabalho para dar conta das duas coisas, tudo tem
que ser avaliado.

Se você foi contratada para ser apenas a cuidadora da criança, e depois tem que
fazer o almoço da casa, lavar a roupa de todos, cuidar do cachorro etc., é um desvio e
acúmulo de função. Converse com seu empregador.

Algumas babás executam o serviço da casa durante o horário de dormir da


criança. Nos dias em que a criança não dorme, ela não é obrigada a fazer o trabalho
geral. A mãe tem que definir qual é a sua prioridade. Se ela pedir à babá que lave a
cozinha, por exemplo, um trabalho que tem sua complexidade, a criança ficará em
segundo plano.

Regras da Casa
Cada casa funciona de um jeito, isso todo mundo sabe. Se você está começando
agora num trabalho, se inteire a respeito da rotina da casa. A que horas a criança
costuma tomar banho, se costuma dormir à tarde, se faz um passeio, se frequenta o
parquinho do prédio, se come doces ou chocolates etc..

Caso a mãe esteja contratando uma babá para o fim da licença maternidade ou
das férias, comece o trabalho uma semana antes, para aprender a fazer tudo do que jeito
que ela e a criança gostam. Assim quando ela retomar o trabalho, você não se sentirá
perdida, começando sozinha do zero. A criança também já estará acostumada com você.

Agenda da Criança
Faça anotações referentes à criança ao longo do dia: em quais horários se
alimentou, o que comeu, em que horário dormiu e por quanto tempo, se houve troca de
alguma marca a que a criança está acostumada etc.. Registre pequenos incidentes, se a
criança caiu e se machucou, se bateu a cabeça, se foi picada por algum inseto, se chorou
além do normal, se pareceu ter dor, se teve febres.

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A mãe poderá ler como foi a rotina da criança, se ela se alimentou bem, se está
sem sono à noite porque dormiu muito de dia etc.. Além de deixar a mãe bem
informada, evitará telefonemas desnecessários fora de seu horário de trabalho. É
excelente a aquisição deste hábito.

Remédios
Nunca medique a criança por conta própria. No caso de dor eventual, dê
gotinhas de analgésico na quantidade que a mãe já tenha deixado determinado. Se não
há essa ordem, telefone para os pais e comunique sua suspeita de dor. Algumas crianças
já estão na idade em que elas podem falar e explicar exatamente onde dói.

Se a criança estiver fazendo algum tratamento, peça à mãe que deixe escrito na
caixa a quantidade de remédio que deve ser ministrada (dose), os horários, e até que
data você deve dar o medicamento.

Limpeza
Se a limpeza da casa não está aos seus cuidados, muito provavelmente a limpeza
do quarto da criança estará. De qualquer modo, cuide por manter o ambiente sempre
limpo e organizado. Não impeça a criança de tirar seus brinquedos e fazer uma boa
bagunça, mas organize tudo depois.

Pergunte à mãe se a criança tem algum tipo de alergia e como deve ser feita a
limpeza. Algumas crianças têm rinite alérgica e a limpeza tem que ser diária, sem
levantar poeira, usando aspirador de pó e pano molhado. Bichos de pelúcia devem ser
constantemente lavados, assim como tapetes e cortinas.

Se a criança é alérgica procure não usar perfumes, cremes para pentear, e


observe o que mais pode lhe provocar a reação alérgica.

Se a criança já estuda, organize seu ambiente de aprendizado e de tarefas. Torne


o lugar aconchegante e atrativo.

Roupas da Criança
Se informe sobre como deve lavar as roupas das crianças. Algumas mães lavam
separadamente das roupas dos adulto. Às vezes usam produtos especiais, como sabão de
coco. Não lave as roupas sem antes se certificar dessas coisas.

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Organize o armário da criança de acordo com o costume da mãe. Conversem a
respeito de deixar algumas peças ao alcance da própria criança, pois elas mesmas
podem apanhar seus bonés, tênis ou agasalhos.

Sair com a família


Alguns pais levam a babá em todos os lugares e para todas as atividades que
pretendem fazer. Isso depende de cada família. Outros preferem ficar a sós com os
filhos, tanto para curti-los como para ter privacidade.

Em alguns encontros com amigos a babá pode ajudar, dando liberdade para que
conversem enquanto ela cuida da criança. Assim como nas compras. Os pais não
dividem a atenção entre a escolha dos produtos e a preocupação com os filhos.

Esteja sempre disposta a acompanhá-los em seu horário de trabalho. Fora de seu


horário, como num sábado à noite, negocie as condições. Se depois vai tirar uma folga,
ou receber uma hora extra. Não tenha medo de conversar abertamente sobre isso.

Brincadeiras e Jogos
Desenvolva brincadeiras com as crianças. Elas ficam bem humoradas,
respondem melhor às responsabilidades, aguardam pela hora das brincadeiras e jogos
com ansiedade. Monte quebra-cabeças com eles, jogue jogos de tabuleiro ou
brincadeiras de pura imaginação: uma visita de mentirinha ao veterinário, ao cabelereiro
ou ao médico.

Se estiver cuidando de irmãos, envolva ambos na brincadeira.

Nunca chame amiguinhos da vizinhança para dentro de casa sem a autorização


dos pais. Muitos não gostam de receber outras crianças, por inúmeros motivos: não
querem que o filho também seja convidado a ficar na casa deles, ou temem a
responsabilidade de ter que cuidar de outra criança, etc.. Respeite a vontade dos pais.

Distrações
Ao sair de casa com a criança, jamais se distraia no celular, ou com amigos, ou
com vitrines e compras. Ou seja: jamais se distraia. Se a criança soltar sua mão, deixe
que caminhe à sua frente, a uma distância segura, e jamais atrás, sem que você possa vê-
la. Se sentar em um banco de praça ou parque enquanto ela brinca, mantenha-a sempre
em seu campo visual. Não leia ou digite no celular enquanto ela se afasta ou se mistura
em meio a outras crianças.

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Limites de atuação
Lembre-se que a autoridade sobre a vida da criança é dos pais. Obedeça suas
regras e instruções. Mesmo que seu conhecimento seja maior, procure convencê-los a
respeito de alguma coisa, e não imponha sua vontade. Uma boa orientação para pais que
não possuem muito experiência é sempre bem-vinda.

Algumas babás preferem agir como acham certo, mesmo depois de terem
recebido uma orientação contrária. Isso é desrespeitoso para com os empregadores.
Exemplo: a mãe pede que a babá não faça o passeio costumeiro com a criança naquele
dia, em que suspeita de uma gripe e o tempo está oscilante, com rajadas de vento. A
babá não deve descumprir a orientação dada porque acha que a criança necessita de ar
puro.

Outro exemplo: a mãe suspende a barrinha de chocolate como forma de castigo.


A babá não acha certo negociar com comida, e não faz caso da objeção, servindo o
chocolate do mesmo modo. Isso abala a segurança da mãe, que se porá a imaginar o que
você é capaz de fazer quando ela não está presente.

Quando a atitude dos pais contraria seus princípios, religiosos, por exemplo, é
hora de você decidir se deve ou não continuar no emprego.

Em casos inusitados e extremos, quando a atitude dos pais é abusiva ou


criminosa em relação à criança, é caso de usar sua consciência e responsabilidade e
fazer uma denúncia. A segurança e os direitos da criança devem vir em primeiro lugar.

A HORA DO BANHO

Um relato, recolhido por uma professora em uma instituição menos qualificada


também gerou comentários incisivos num grupo de estudos: “Durante uma visita em
uma das Instituições que fiquei de pesquisar, ouço um choro forte e desesperador de
criança pequena, talvez necessitando de ajuda.

Sigo na direção de um corredor, guiada pelo som do choro, cada vez mais forte.
Ao chegar à sala, sinto um misto de perplexidade e indignação. Tratava-se de um banho.
O choro resultava da ardência dos olhos cheios de espuma do sabonete. A profissional
(ou não profissional) esfregava, sem piedade, as mãos espumadas entre a cabeça e o
rosto daquela criança.”

Seria essa uma ação de cuidado ou descuido total, de descaso com o ser humano
que estava “aos seus cuidados” naquele momento? Os questionamentos foram vários:
“O que se está dizendo a uma criança, quando agimos com tamanha falta de cuidado e
respeito? Que mensagens estão implícitas nessas ações – qual seu valor, sua
importância, tanto na Instituição, como na sociedade? Como fica sua autoestima? Que

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relações de parceria, proximidade, afetividade e vínculos são estabelecidos com essas
atitudes? Que concepções de educação e cuidados estão explícitos em práticas violentas
como essa?”

Se o banho deve ou não ser dado nas crianças na Instituição é uma decisão que
precisa ser definida no coletivo dos profissionais. Uma decisão que deve ser pautada e
respaldada nas concepções e nas propostas pedagógicas defendidas pela equipe, com
base nos conhecimentos teóricos.

Mesmo em Instituições que se colocam contrárias à prática do banho, podem


ocorrer situações imprevistas, como um mal-estar que resulta em vômito ou diarreia.
Mas o banho nunca é somente um ato de livrar-se das sujeiras. Sempre que for dado, é
preciso considerar o ser humano que está envolvido. É um momento altamente
educativo. O jeito de passar o sabonete – protegendo os olhos ou deixando-os arder –, o
olhar, o toque, o ato de secar, aconchegante ou não, guardam embutidos conteúdos e
visões sobre as ações indissociáveis de cuidado e de educação. O banho é, portanto,
pedagógico também.

O que pode ser educativo na troca de fraldas?


As turmas de bebês geralmente comportam muitas crianças, cerca de 15 crianças
para dois ou três profissionais. Essa é uma realidade em muitas creches, até porque o
atendimento nesta faixa etária (de 0 a 3 anos) ainda é limitado, diante da procura das
famílias. Isso implica salas cheias, com muitas crianças.

Por isso, as trocas de fraldas (que não são poucas no decorrer de um dia de
trabalho) acontecem em meio a tumultos e correrias. Torna-se difícil garantir que cada
criança, ao ser trocada, tenha assegurado seu direito a uma atenção especial permeada
pelos cuidados físicos e também educativos.

Uma troca de fraldas pode demonstrar o cuidar e o educar, quando demonstra


respeito, carinho; quando existem trocas de olhares, sorrisos, estímulos e brincadeiras.
Mas pode também ser violenta, quando ignora o sujeito que está ali, quando coisifica a
criança.

É por isso que o trabalho com bebês necessita de profissionais que tenham, além
da formação específica, o desejo de trabalhar com essa faixa etária. Não basta ser
profissional para trabalhar com bebês. É preciso ter um olhar aguçado capaz de perceber
as possibilidades de educar, articuladas aos cuidados físicos que tomam quase todo o
tempo em que as crianças estão acordadas.

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