Você está na página 1de 2

EDUCAÇÃO DO CAMPO, DECOLONIALIDADES E PERSPECTIVAS DA

PSICOLOGIA

Wellington da Rocha Almeida


Angélica de Souza Lima
Juliana da Silva Nóbrega

Introdução
Essa reflexão foi produzida a partir do recorte teórico de duas pesquisas do mestrado
acadêmico em psicologia da Universidade Federal de Rondônia, que tiveram por
objetivo compreender os sentidos da educação do campo no ensino básico e superior.

Objetivo
Apoiando-se na perspectiva do construcionismo social, aqui é proposto um olhar que se
direcione para os contextos rurais e da decolonização através da educação do campo.
Desse modo, trazer essa discussão para a psicologia consiste em perspectivas de atuação
e produção científica que conduza para a valorização de todas as culturas, raça/etnias,
modos de saber e produção, para além de uma percepção eurocêntrica que desconsidera
processos de subjetivação de determinados povos e classes.

Resultados e Discussão

Trata-se também de situar a psicologia como um campo crítico em oposição a sistemas


hegemônicos e que as perspectivas sejam para falar a partir do lugar do outro, cuja
alteridade esteja definida politicamente considerando e respeitando as diferenças.
Partindo disso, a priori é necessário conhecer o processo histórico da educação do
campo pensando a inserção da psicologia nesse contexto sócio-político. A educação do
campo surge através de movimentos sociais, como uma luta para a implementação de
políticas públicas educacionais às populações rurais, buscando o rompimento de uma
história de marginalização e exclusão que se manifesta desde o período colonial.

Caracteriza-se por uma educação voltada aos povos assentados de reforma agrária,
remanescentes de quilombos, comunidades ribeirinhas, povos da floresta, entre outros.
Tendo como objetivo principal a luta pela efetivação de um direito social básico, que é a
educação para todos, essa luta também marca a reivindicação de um processo educativo
específico para os povos que vivem e trabalham no campo, abrangendo os aspectos da
diversidade do cotidiano e territorial. Acerca disso, importantes políticas públicas foram
conquistadas, tais como os programas PRONERA e REUNI, que viabilizaram a criação
das escolas família agrícola e dos cursos de Licenciatura em Educação do Campo,
ampliando de tal modo o acesso de comunidades do campo a educação básica e de
ensino superior.

Nesse sentido, a Educação do Campo surge enquanto perspectiva decolonial se


constituindo como um movimento de luta, pautado na resistência política e do
paradigma epistemológico, firmando-se por um posicionamento identitário, sócio-
político e pedagógico que potencializa as práticas cotidianas dos povos do campo na
busca da efetivação dos seus direitos. Ressalta-se que na conjuntura da política atual
tem-se operacionalizado expressivos retrocessos dessas conquistas, incitando aí ao
avanço do agronegócio, expropriação dos povos do campo de suas terras e dificultando
o acesso à educação básica e de ensino superior. ]

Considerações
Por fim, diante desse contexto e dos desmontes políticos recorrentes, a psicologia não
pode ficar alheia aos processos de dominação, violência, silenciamento e exclusão das
populações. Enquanto ciência e profissão, é significativo construir um recorte crítico
atento às mazelas sociais que afligem diferentes culturas, povos e identidades. 

Palavras-Chaves: Educação do campo, Construcionismo, Psicologia Social.

Você também pode gostar