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Complementando 

(aprofundando) os temas contemplados pelos Módulo 5 e 6

O DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA
           
Desenvolvimento físico
 
            Primeiramente é importante que se faça à distinção entre puberdade e adolescência.
Puberdade está ligada às modificações biológicas dessa faixa etária. Assinala dois tipos gerais de
mudanças físicas: o primeiro relativo ao aumento no peso, altura, gordura e músculos corporais e o
segundo, ligado à maturação sexual e ao desenvolvimento das características sexuais secundárias (como
pêlos faciais e corporais e o crescimento de seios nas meninas entre outros).
 Um indício de amadurecimento sexual na puberdade, para os meninos é a produção de espermatozóides
vivos, e para as meninas é a menarca, isto ocorre em termos médios por volta dos 12 aos 15 anos (
Osório, 1992).
            Nessa fase há o estirão do crescimento, os púberes podem crescer de 7 a 15 centímetros por
ano e também ganhar muito peso rapidamente. Alguns indivíduos, inclusive, sentem muitas dores devido
ao crescimento acelerado, a chamada, dor do crescimento.
O corpo do púbere e do adolescente não cresce de forma homogênea: as mãos e os pés crescem antes,
até atingir o tamanho final, a seguir, vêm os braços e as pernas. Portanto, o corpo do indivíduo passará por
várias transformações até o final da adolescência (Gerrig & Zimbardo, 2005).
A adolescência diz respeito às transformações psicossociais que acompanham o processo biológico. No
entanto, o início da adolescência pode coincidir ou não com a puberdade. Há casos em que a puberdade
antecede a adolescência, quando, por exemplo, um indivíduo tem o corpo completamente desenvolvido,
mas ainda pensa e age como criança; ou o contrário, há casos em que a adolescência antecede a
puberdade, quando, por exemplo, uma garota sofre intensamente porque já pensa como uma adolescente,
age como adolescente, mas seu corpo é de menina, muitas vezes, acha que os seus seios nunca se
desenvolverão ou nunca menstruará, etc. (Osório, 1992). 
As alterações físicas da puberdade são inter­relacionadas com os outros aspectos psicossociais do
desenvolvimento e tendem a fazer com que os adolescentes destinem uma grande atenção à sua aparência
física. As transformações físicas e a importância da aceitação por parte dos outros fazem com que o
adolescente se preocupe demasiadamente com a sua imagem corporal.
 
O Final da Puberdade e o Final da Adolescência
 
O final da puberdade é demarcado em função do amadurecimento gonodal e o fim do crescimento
esquelético, isto ocorre em torno, dos 18 anos.
 Já o final da adolescência, não é tão claramente demarcado, porque é inter­relacionado com fatores sócio­
culturais.  De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), adolescente é o indivíduo que tem
idade entre 12 e 18 anos.
Segundo Osório (1992), para o indivíduo finalizar a adolescência deve preencher as seguintes condições:
estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de estabelecer relações afetivas estáveis;
capacidade de assumir compromissos profissionais e manter­se (independência econômica); aquisição de
um sistema de valores pessoais; relação de reciprocidade com a geração precedente (sobretudo com os
pais). Em termos etários, isto ocorreria por volta dos 25 anos na classe média dos grandes centros
brasileiros, com variações para mais ou para menos de acordo com as condições sócio­econômicas da
família do adolescente.
 
 
O desenvolvimento cognitivo do Adolescente
 
            Segundo Jean Piaget (1967), o indivíduo a partir dos 12 anos desenvolve as operações formais.
Para Piaget, o adolescente é um indivíduo que constrói sistemas e teorias, liga soluções de problemas por
meio de teorias gerais, das quais se destaca o princípio. Têm facilidade de elaborar teorias abstratas que
transformam o mundo, em um ponto ou noutro.
Neste período, o pensamento é  formal / hipotético­ dedutivo, isto é,  o indivíduo é capaz de deduzir
as conclusões de puras  hipóteses e não somente através de uma observação real. Envolve uma dificuldade
e um trabalho mental muito maior que o pensamento operacional­ concreto.
Após os 11 – 12 anos, as operações lógicas começam a ser transpostas do plano da manipulação concreta
para o das idéias, sem o apoio da percepção, da experiência, nem mesmo da crença. Assim, o adolescente
é capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça, etc.
As operações formais fornecem ao pensamento um novo poder que é o de construir a seu modo as
reflexões e teorias, ou seja, há a libertação do pensamento. Daí pode­se entender porque os adolescentes
gostam tanto de elucubrar, devanear, são capazes de passar horas pensando.
O egocentrismo intelectual do adolescente manifesta­se pela crença na onipotência da reflexão como se o
mundo devesse submeter­se aos sistemas e não estes à realidade. O equilíbrio é atingido quando a
reflexão compreende que sua função não é contradizer, mas se adiantar e interpretar a experiência.
Esta nova capacidade de pensamento traz implicações para o desenvolvimento da personalidade e as suas
relações sociais.
De acordo com Piaget (1967), a personalidade começa a se formar no fim da infância (8­12 anos) com a
organização autônoma das regras, dos valores e a afirmação da vontade. Esses aspectos subordinam­se
num sistema único e pessoal e vai­se exteriorizar na construção de um programa/projeto de vida.
Os sistemas ou planos de vida dos adolescentes são cheios de sentimentos generosos, de projetos
altruístas ou de fervor místico e de inquietante megalomania e egocentrismo. Lembre­se dos grandes
movimentos sociais, todos têm os adolescentes como atores, como, o Movimento Estudantil, Diretas Já, Os
Caras Pintadas, entre outros.
Muitas vezes, o adolescente pretende inserir­se na sociedade dos adultos por meio de projetos, de
programas de vida, de sistemas frequentemente teóricos. A verdadeira adaptação “a sociedade vai­se fazer
automaticamente, quando o adolescente de reformador transformar­se em realizador” (Piaget, 1967,
p.69).
 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SUGERIDA:

 
OSÓRIO, Luiz Carlos. Adolescente Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. Cap 2, 3,5.
 
O desenvolvimento psicossocial do Adolescente
 
 A grande questão que se apresenta na adolescência é: Quem sou eu?  É uma fase na qual se enfrenta a
crise de identidade. Por crise, entende­se, como um ponto conjuntural necessário ao desenvolvimento, é o
momento no qual o repertório que o indivíduo possuía entra em colapso, não é suficiente frente a novas
demandas e, então, é necessária uma mudança desenvolvimental qualitativa.
Identidade é a consciência que o indivíduo tem de si mesmo como “um ser no mundo”. Traz o sentimento
de pertinência (o indivíduo pertence à família X que tem determinadas características, é brasileiro que lhe
confere outras tantas características, torce para o time Z, etc.) e de diferenciação (apesar de ter
características específicas por pertencer a vários grupos, tem características que o tornam único).
Construir a identidade implica em formar uma auto­imagem e integrar as idéias que se tem sobre si
mesmo e os feed­backs que os outros emitem a seu respeito. 
Na busca da construção de sua identidade o adolescente faz uma série de experimentações tentando
identificar, quem ele é.
Quando não se tem a definição de algo, parte­se do contraste definindo­se  primeiramente o que não é.
Pense em uma fruta , por exemplo, que você não conheça, suponha que você não conheça um KIWI, e
então você poderia dizer, parece um tomate verde, mais é um pouco diferente;  o gosto lembra morango,
mais é mais doce e, assim, sucessivamente. O mesmo faz o adolescente para definir sua identidade, por
isso, é muito freqüente o adolescente querer experimentar uma série de esportes ou cursos, para depois
conseguir definir os mais compatíveis com ele. A escolha vocacional é um dos grandes dilemas do
adolescente, pois implica em analisar e inter­relacionar uma série de fatores e, entre inúmeras opções,
escolher apenas uma. Evidentemente este não é um processo fácil e gera muita ansiedade.
Erikson (1974) definiu a adolescência como um período de moratória no qual a pessoa necessita de tempo
e energia para representar papéis diferentes e viver com auto­imagens também diferentes. Assim, para o
autor, o dilema desta fase é identidade versus confusão de papéis. A resolução dessa crise contribui
para que o indivíduo desenvolva um senso de  auto­identidade, de coerência interna.   Por outro lado,
aqueles que não conseguem atingir uma identidade coesa, apresentarão uma confusão de papéis. São
pessoas que no geral, não sabem quem são, ou o que querem para as próprias vidas, não sabem que
trajetórias seguir em termos de escolha profissional, vida afetiva, etc.
            Segundo Erikson (1974), a força básica que deveria se desenvolver durante a adolescência é a
fidelidade, que surge de uma identidade de ego coesa e engloba sinceridade, genuinidade e um senso de
dever nos nossos relacionamentos com as outras pessoas.
 
Características do processo psicossocial da adolescência:
De acordo com Osório ( 1992), a adolescência caracteriza­se pela:
        Redefinição da imagem corporal ­ perda do corpo infantil e da conseqüente aquisição do corpo adulto.
Como discutido anteriormente, o corpo do adolescente é um corpo que passa por várias mudanças sob
as quais o adolescente não tem o menor controle, isso pode gerar muita ansiedade e dificuldade na
redefinição da nova imagem corporal.
Além disso, é importante lembrar que a partir desse novo corpo há uma série de mudanças nas
interações sociais do adolescente. Por exemplo, a filha que estava acostumada a sentar­se no colo do
pai, agora, começa a perceber que seu pai a evitar ou fica constrangido. O garoto que estava
acostumado a andar de cueca pela casa é orientado que não faça mais isso, na frente de sua irmã
menor, por exemplo.  Ou ainda, a menina que podia usar saias curtas e sentar­se no chão, a partir da
adolescência ouve que “uma mocinha não se comporta, assim...” Entre outras situações cotidianas que
ilustram o quanto às alterações corporais do adolescente reverberam na sua vida como um todo e
implicam em perdas e ganhos. Como explicitado aqui, a perda de um corpo infantil que podia fazer uma
série de coisas, que o corpo adolescente não pode. O adolescente tem que se adaptar frente essas
perdas e aquisições.
Segundo Osório (1992), as roupas têm uma importância peculiar para o adolescente porque são vistas
como a extensão do próprio corpo. Desta forma, o adolescente não tem controle sobre o
desenvolvimento, funcionamento ou aparência do seu corpo, mas tem controle sobre suas roupas que de
alguma forma o identificam.
 
        Culminação do processo de separação/individuação dos pais da infância.
De acordo com os capítulos anteriores, é possível notar que a criança parte de uma relação simbiótica/
fusionada com os pais, na qual não há discriminação da onde começa um ou o outro para uma crescente
de discriminação. Na adolescência, o indivíduo tenta separar­se, diferenciar­se para definir a sua própria
identidade, daí várias atitudes de oposição dos filhos contra os pais.
 
        Elaboração de lutos referentes à perda da condição infantil.
Da mesma forma que o adolescente deve se adaptar ao seu novo corpo, também é preciso que se adapte a condição de
adolescente, ou seja, aos novos papéis, expectativas, responsabilidades, etc. Na condição infantil, o indivíduo tem um
número reduzido e/ou qualitativamente diferente de responsabilidades e cobranças por parte dos pais e sociedade em geral. 
É preciso que aja um ajuste frente à perda da condição infantil.

È importante salientar, que todos esses ajustes implicam também em transformações na própria família é, muito comum, por
exemplo, em sessões de terapia familiar aparecerem frases como: “Dá para você falar para os meus pais se decidirem se eu
sou criança ou adolescente? Porque na hora de fazer alguma coisa eu já sou adolescente e tenho que me responsabilizar
pelas coisas. Na hora de ir para balada, ainda sou criança...”. Ou seja, os pais também vivem o luto pela perda do filho
criança.

 
        Estabelecimento de uma escala de valores ou código de ética próprio.
Durante os anos infantis os valores e a ética da criança são correspondentes aos dos pais. Os pais são figuras idealizadas,
“heróis”, sabem tudo, podem tudo. Na adolescência, o indivíduo se depara com a “humanidade” dos pais, começa a
reconhecer seus erros e incongruências e por outro lado, amplia seu universo extra­familiar, entrando em contato com outras
realidades, outros valores, etc. E assim, vai construindo o seu próprio código de ética.

        Busca de pautas de identificação no grupo de iguais.
Uma vez que os pais deixaram de ser as figuras de referência, os amigos passam a ter essa função, é
comum ouvir adolescentes falando que :”só os meus amigos me entendem” . Segundo Osório (1992), o
grupo de iguais funciona como “uma caixa de ressonância ou continente para as ansiedades existenciais do
adolescente.” (p.20)
 
        Estabelecimento de um padrão de luta/fuga no relacionamento com a geração precedente.
Existe esse padrão de comportamento de luta/fuga exatamente devido à necessidade do adolescente diferenciar­se dos seus
pais, construir a sua própria identidade que o diferencie dos demais. Portanto, o comportamento interpretado, muitas vezes,
como rebeldia, é na verdade, esperado e faz parte da crise normativa desse período desenvolvimental.

 
        Aceitação  dos ritos de iniciação como condição de ingresso ao status adulto.
Os rituais são manifestações sociais que ajudam na elaboração de diferentes momentos de transição do ciclo vital. Vários são
os que marcam a transição entre a infância e a vida adulta, no nosso meio pode­se destacar: a viagem da oitava série e da
conclusão do ensino médio, o baile de debutantes, entre outros.

 
        Assunção de funções ou papéis sexuais auto­outorgados, ou seja, consoante inclinações pessoais
independentemente das expectativas familiares e eventualmente (homossexuais) até mesmo das
imposições biológicas do gênero a que pertence.
Na adolescência a sexualidade e a definição da orientação sexual são temas centrais no desenvolvimento
e corroboram para a definição da identidade. É fácil observar, nas situações diárias, o quanto o
comportamento do adolescente é recorrentemente voltado para questões inerentes à sexualidade.
      
Portanto, como já haviam identificado Knobel & Aberastury (1981), na adolescência o indivíduo tem que
elaborar três lutos, a saber, luto pelo corpo infantil; luto pela identidade e papel infantil; luto pelos pais
da infância. Ou seja, o adolescente terá que se reorganizar frente às perdas integrando as aquisições
próprias desta fase.
 
 As interações sociais:
 
Na adolescência a “Turma do Bolinha e da Luluzinha” se dissolvem e formam­se os grupos mistos e,
posteriormente, no decorrer desta fase, há a formação de casais. Como já mencionado, os grupos de
amigos são muito importantes e exercem uma forte influência recíproca, podendo ser traduzida, muitas
vezes, como uma “grande pressão sobre os companheiros“.
O adolescente é impulsivo tende a se perceber com indestrutível e ilimitado e por isso, os grupos de
adolescentes  se envolvem em atividades que checam  todos limites de resistência, coragem, capacidades,
etc. como os esportes radicias, disputas de “rachas”entre outros.
Freqüentemente os adolescentes transferem a relação fusionada que mantinham com os pais para os
amigos ou namorado(a). Quer dizer, os adolescentes vivem as relações como se fossem um só, um só
desejo, necessidade, etc. Daí ser tão comum as explosões dos adolescentes por sentirem­se traídos em
suas relações de amizade ou afetivas. Por exemplo, se um elemento de um grupo conversa com alguém
que não faz parte deste grupo, já pode ser interpretado como traição e dá margem a discussões, etc..
Entretanto, embora o período da adolescência seja freqüentemente descrito como uma fase de
“tempestade e tormenta” , cheio de revoluções, a maioria dos adolescentes não têm essa vivência e além
disso,  admiram e confiam nos pais e lidam de uma forma positiva com os desafios dessa fase
(Steinberg,1990 in Kail, 2004).
 
 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SUGERIDA:

 
OSÓRIO, Luiz Carlos. Adolescente Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. Cap 2, 3,5.
 
 

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O DESENVOLVIMENTO DO ADULTO­ JOVEM
 
Aqui será considerado como adulto jovem o indivíduo que tenha aproximadamente entre 20 e 40 anos[1][1] 
anos de idade. Pode­se afirmar que os temas centrais da vida de um indivíduo desta fase são: o amor, o
trabalho e a ética. O adulto­jovem não é mais onipotente como o adolescente, mas mantém muita
energia em suas realizações, é uma idade de muitas produções. Ele adota uma ideologia e uma filosofia de
vida; assume e responde pelas próprias escolhas e pelos seus compromissos.
 
 
Desenvolvimento físico
 
O adulto­jovem está no auge de sua capacidade física; quanto à força, energia e resistência. E no geral,
gozam de uma boa saúde.  Basta observar que a grande maioria dos esportistas concentra­se nessa fase.
 
Desenvolvimento cognitivo do Adulto­jovem
           
            Neste período, as pessoas exibem o máximo de desempenho em várias tarefas mentais que exijam
velocidade e memória.
            Sinnott (1984 in Papalia e Olds, 2000) propõe que nesta fase o indivíduo desenvolve o
pensamento pós­formal, apresenta­o como mais complexo que o pensamento formal descrito por Piaget.
Argumenta que as principais características deste pensamento são: a capacidade de lidar com incertezas,
inconsistências, contradição, imperfeição e o compromisso. Trata­se de um pensamento mais flexível e
adaptativo.
 
Desenvolvimento psicossocial do Adulto­jovem
 
Como mencionado na introdução deste capítulo, o adulto jovem tem como eixo central de sua vida o
amor, o trabalho e a ética. 
De acordo com Erikson (1974), no sexto estágio psicossocial as pessoas vivem o dilema intimidade
versus isolamento. O autor sinaliza que durante esse período, o indivíduo estabelece a sua
independência e começa a atuar como adulto, assumindo um trabalho produtivo e estabelecendo
relacionamentos íntimos – amizades íntimas e uniões sexuais.  Na opinião de Erikson, a intimidade não
se limita a relacionamentos sexuais, mas engloba também carinho e compromisso.
A intimidade pressupõe que o indivíduo possa expressar suas emoções abertamente, sem medo de “se
perder no outro”, isto é, sem medo de perder o senso de auto­identidade. Lembre­se que a árdua tarefa da
adolescência foi definir a identidade, ou seja, o adulto–jovem teme perder esse bem precioso. Um
exemplo, de uma frase, típica da vivência desse dilema é:  “....Eu amo meu namorado, quero ficar com
ele, mas casar agora?! Não sei. Temo perder a minha liberdade, ter que abrir mão de coisas que são
importantes para mim...” Essa frase ilustra que o indivíduo teme fundir a sua identidade com a de outra
pessoa e assim, ter que abrir mão da sua própria. Na intimidade supõe­se uma troca interpessoal sem que
haja a dissolução das respectivas identidades.
Nas relações de intimidade as pessoas desenvolvem a capacidade de estabelecer de forma integral,
compromissos emocionais, morais e sexuais com outras pessoas. Esse tipo de compromisso exige que o
indivíduo renuncie a algumas preferências pessoais, aceite algumas responsabilidades e abra mão de
algum grau de privacidade e independência.
Os indivíduos que não conseguem estabelecer relações de intimidade desenvolvem uma sensação de
isolamento, isto é, a incapacidade de se vincular a outros de forma psicologicamente significativa. São
pessoas que mantém relações superficiais, evitam contatos sociais, rejeitam as outras pessoas e podem
até se tornar agressivos em relação a elas; preferem ficar sós porque temem a intimidade, que vêem como
até se tornar agressivos em relação a elas; preferem ficar sós porque temem a intimidade, que vêem como
uma ameaça à identidade do seu ego. Mas isolamento, não é sinônimo de estar só ou ser solteiro, diz
respeito à capacidade de entrega em uma relação. Há pessoas que estão solteiras ou sós e têm relações de
intimidade, ao passo em que há uniões conjugais em que existe isolamento.
Portanto, como foi exposto acima, a capacidade de amar é um tema central na vida do adulto jovem e é
corroborada por uma expectativa social, no sentido dele assumir alguns papéis sociais, como escolher um
parceiro e casar­se.
O outro eixo central na vida do adulto jovem é o trabalho. É uma preocupação típica desta fase o
estabelecer­se profissionalmente, a busca por uma estabilidade profissional, que também é reforçada pela
expectativa social. O indivíduo nesta fase tende a trabalhar muito, muitas vezes renuncia ao lazer e aos
relacionamentos sociais a fim de dedicar­se ao trabalho e/ou a carreira.
É a fase em que há uma alteração nas relações de amizade, as grandes turmas da adolescência são
substituídas por grupos de casais que preferem trocar as grandes e onerosas festas, por pequenas e
acessíveis reuniões nas casas dos amigos.  O importante não é mais “pertencer a várias tribos ou ter
muitos amigos”, mas sim “ter poucos, mas bons amigos”, são relações de intimidade.
E o terceiro eixo central é a ética que acompanha os outros dois. O adulto­jovem assume um compromisso
com a própria vida e a repercussão de suas ações sobre a vida dos demais, tanto no âmbito do trabalho,
quanto no afetivo.  Para Erikson (1974),  a intimidade é a capacidade de: “ ...entregar­se a afiliações e
associações concretas e de desenvolver a força ética necessária para cumprir esses compromissos, mesmo
quando eles podem exigir sacrifícios significativos (p.237).”
Os indivíduos dos vinte aos quarenta anos de idade atravessam períodos difíceis e estressantes porque
precisam aprender uma série de papéis sociais e passam por muitas mudanças individuais como,
casamentos, divórcios, nascimentos, busca de emprego, etc. que demandam constantes adaptações.
 E justamente, este é um período no qual as pessoas são definidas por critérios externos (o que faz, o que
conquistou, o que tem), bem como, as próprias pessoas se identificam de acordo com os papéis que
desempenham, as exigências e limites dos mesmos e se ocorreram ou não dentro do período de vida
esperado, como, por exemplo, casar­se e ter filhos nesta fase de vida.
O percurso da vida adulta é atrelado a uma série de marcadores sócio­culturais e familiares que co­
constroem as expectativas em relação ao desenvolvimento. Quando a vida adulta não acompanha esta
expectativa geralmente há sofrimento por parte do indivíduo. Por exemplo, uma mulher de 30 anos pode
sofrer porque a maioria de suas amigas já se casou ou têm filhos e ela não. Sente­se à parte do
desenvolvimento normativo.
Já no final deste período (final dos 30  início dos 40 anos) há o fenômeno que Levinson (1996 in
Papalia,2000) denominou como “destribalização” que descreve o processo no qual os adultos depois de
terem  aprendido os papéis principais começam a se libertar dos elementos limitadores, tem­se noção de
como atender a vários compromissos e ainda manifestar a própria individualidade.
Ao longo dos anos, o indivíduo se depara com desilusões que podem levar ao questionamento de regras,
uma vez que segui­las e fazer o que se deve, não traz necessariamente quaisquer recompensas. Nem
sempre, apesar de ter trabalhado muito se consegue promoção, nem sempre se consegue um parceiro,
mesmo tendo feito corretamente todas as coisas.
 
 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SUGERIDA:

        BEE, H.­ Recapitulando o Desenvolvimento no início da Vida Adulta in  O Ciclo Vital. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1998 ( Interlúdio 5­ p. 447­452)
 
        GRIFFA, M. Cristina­ Maturidade, Vida Adulta, Velhice in Chaves para a psicologia do desenvolvimento,
Tomo 2. São Paulo: Paulinas, 2001( p. 73­ 83)
 

[1][1] É Importante salientar que as idades sempre são parâmetros aproximados e condizentes com o
momento sócio­histórico de determinada sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade o período da
adolescência está cada vez mais ampliado.

Exercício 1:

(ENADE) Estudos antropológicos indicaram que em alguns grupos culturais não ocorre o período da 
adolescência. Isto significa que

A ­ também não ocorre a puberdade, que é necessariamente um fenômeno cultural. 
B ­ os indivíduos desse grupo estão em atraso em relação aos de outros grupos culturais, já que a 
adolescência é um fenômeno universal.  
C ­ os critérios de definição da adolescência podem variar em função do grupo cultural, gerando distintas 
transições da infância para a vida adulta. 
D ­ os diferentes hábitos culturais interferem na adolescência mais do que na puberdade. 
E ­ nos grupos em que não ocorre o período da adolescência, os indivíduos não ultrapassam a infância. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 

Exercício 2:

Reflita no exemplo a seguir: 
 
Maria completou 11 anos de idade há 3 meses e acaba de menstruar pela primeira vez. Sua mãe está 
preocupada, visto que além do início da menstruação, Maria vem apresentando outras mudanças corporais: 
aumento dos seios e aparecimento de pelos pubianos. A mãe acredita que a menina está atravessando a 
puberdade precocemente, pois em si mesma, só observou mudanças corporais semelhantes às da filha ao
final de seus 13 anos de idade.
 
Reflita sobre as afirmativas a seguir. 
 
I A mãe está certa, Maria não tem idade para apresentar tais mudanças físicas. A puberdade, nas meninas, inicia­
se por volta dos 13 anos de idade.  
II A mãe de Maria apresentou atraso em seu desenvolvimento ao menstruar a partir dos 13 anos de idade. A menarca 
deve ocorrer entre os 8 e 11 anos de idade.
III Maria e sua mãe desenvolveram­se de modo saudável, pois a puberdade, de maneira geral, pode ocorrer entre dos 11
aos 13 anos de idade. 
IV Maria deveria apresentar idade semelhante à da mãe para o início da menstruação e das demais alterações corporais, 
visto que todas as etapas do desenvolvimento humano, inclusive a puberdade, têm caráter exclusivamente hereditário. 
 
Está correto o afirmado em

A ­ I, II e III. 
B ­ II e III. 
C ­ I e II. 
D ­ II. 
E ­ III. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 

Exercício 3:

Uma auto definição de identidade
 
é apresentada por Griffa e Moreno (2001) como tarefa fundamental do adolescente: “A tarefa do adolescente 
[...] consiste em conquistar e atribuir­se um novo lugar, a partir do qual poderá desenvolver­se como
pessoa. Esse novo lugar não deve ser simplesmente reconhecido pelos outros, concedido ou dado; deve ser
um lugar descoberto e apropriado pelo próprio indivíduo. Implica estar consciente de si mesmo como sujeito de 
sua atividade e fonte da qual flui o que lhe é próprio.”
 
Em relação ao processo de desenvolvimento da identidade pessoal do adolescente é correto afirmar que

A ­ trata­se de um processo abrupto que decorre das alterações neurofisiológicas próprias da puberdade. 
B ­ trata­se de um processo marcado pela ausência de contradições, ambiguidades e conflitos 
psicossociais. 
C ­ relaciona­se direta e necessariamente com a identificação positiva ou negativa em relação a outros
indivíduos e/ou grupos. 
D ­ decorre da afirmação das tendências e aptidões próprias ao indivíduo desde seu nascimento. 
E ­ não ocorrerá quando ocorrer ausência do pai e da mãe. 

Comentários:
Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 

Exercício 4:

Geralmente, como se apresentam as condições físicas na fase adulto jovem, e quais fatores costumam 
afetar sua saúde e seu bem estar?
 
I O jovem adulto típico tem boas condições de saúde. Suas capacidades físicas e sensoriais não costumam 
acompanhar tais condições.
II Os acidentes ou atos de violência costumam ser as exceções de causas de mortes no início da fase adulto 
jovem.
III Fatores relacionados ao estilo de vida como dieta alimentar, obesidade, práticas de exercícios físicos, sono,
tabagismo e uso ou dependência de substâncias podem afetar a saúde e a sobrevivência do indivíduo em qualquer 
faixa etária, inclusive no adulto jovem.
 
Está correto o afirmado em

A ­ I. 
B ­ III. 
C ­ I e II.  
D ­ II e III. 
E ­ I, II, III. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 

Exercício 5:

Além da estabilização da vida afetiva e do início da vida matrimonial, alguns outros fatos são comuns na fase da 
vida do adulto jovem: o ingresso na vida social plena; auto sustento social, psicológico e financeiro, e o trabalho. 
Elementos básicos para o amadurecimento das pessoas, tais fatos muitas vezes acabam sendo postergados em 
função das atuais exigências e normas culturais. As consequências de tais restrições podem levar à dependência
familiar; flutuações afetivas; falta de experiências vitais; tendência a idealizar.
Outros fatores que delimitam este período dizem respeito ao encontro ou conflito de gerações; a modelagem do 
projeto de vida. Segundo Levinson (in Griffa, 2001), é verdadeiro afirmar que
 
I por volta dos 18 aos 24 anos, ocorre o primeiro estágio, a saída do lar, que permite ao jovem uma maior independência, 
o contato com instituições (que lhe outorgam, por exemplo, status de estagiário).
II o segundo estágio é o ingresso no mundo adulto, em torno dos 24 a 28 anos; nessa fase, a pessoa permanece mais no 
mundo do que no lar.
III dos 28 aos 33 anos, é a época de reafirmar os compromissos e de alguma maneira liberar­
se dos afazeres diários para 
novas perspectivas de vida. Esse estágio é denominado de transição para a quarta década.
 
Está correto o afirmado em

A ­ I. 
B ­ II. 
C ­ III.  
D ­ I e III. 
E ­ I, II e III. 

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Exercício 6:

Fabio tem 32 anos e não consegue estabelecer nenhuma relação íntima. Ele construiu um ideal de 
parceiro(a) impossível de ser encontrado(a) e por conta disso tem estabelecido relações estereotipadas,
o que o leva a isolar­se cada vez mais. Sabemos ser desejável uma estabilidade emocional em 
qualquer fase do desenvolvimento, particularmente na vida adulta. 
 
Assinale a afirmativa incorreta:

A ­ Para que a intimidade se estabeleça o indivíduo precisa abrir­se para um conhecimento mútuo e 
profundo. 
B ­ Embora aumente  o grau de intervenção mútua nas vidas dos envolvidos em relações íntimas, as 
identidades singulares precisam ser preservadas. 
C ­ E m uma relação íntima  as
 expressões de afetividade e de sexualidade devem levar em consideração a 
necessidade do outro e não somente a própria. 
D ­ Uma vez 
desenvolvida uma relação de intimidade, deixa de ser preciso discutir normas dessa relação e 
do vínculo estabelecido. 
E ­ Um  indivíduo estabelece uma boa relação de intimidade somente se estiver seguro de si. 

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Exercício 7:

Casamento: a lógica do um e um são três
Costumo dizer que todo fascínio e toda dificuldade de ser casal reside no fato de o casal encerrar, ao 
mesmo tempo na sua dinâmica, duas individualidades e uma conjugalidade, ou seja: de o casal conter 
dois sujeitos, dois desejos, duas inserções no mundo, duas percepções do mundo, duas histórias de 
vida, dois projetos de vida, duas identidades individuais que, na relação amorosa, convivem com uma 
conjugalidade, um desejo conjunto, uma história de vida conjugal, um projeto de vida de casal, uma 
identidade conjugal. Como ser dois sendo um? Como ser um sendo dois?
Na lógica do casamento contemporâneo, um e um são três, na expressão de Philippe Caillé (1991). 
Para Caillé, cada casal cria seu modelo único de ser casal, que ele chama de "absoluto do casal", que 
define a existência conjugal e determina seus limites. A sua definição de casal contém portanto os dois
 parceiros e seu "modelo único", seu absoluto. 
Isto a que Caillé chama de "absoluto do casal" é o que denomino de "identidade conjugal", e que na 
literatura sobre casamento e terapia de casal é designado, de um modo geral, como conjugalidade. 
Féres­Carneiro, T. (1998)
 
Baseando­se no texto de Féres­Carneiro (1998), reflita:
 
I A separação leva toda a família a reestruturar os padrões de relacionamentos vigentes, havendo um
período de transição até que se atinja um novo patamar de organização.
II O divórcio pode ser interpretado como uma morte psíquica na vida dos seres humanos.
III A separação pode provocar sentimentos de fracasso, impotência e perda, gerando um processo de
luto, que deve ser elaborado.
 
Está correto o afirmado em

A ­ I. 
B ­ II. 
C ­ I e III. 
D ­ II e III. 
E ­ I, II e III. 

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