Você está na página 1de 8

Complementando 

(aprofundando) os temas contemplados pelos Módulo 7 e 8.

O DESENVOLVIMENTO NA MEIA­IDADE
           
O desenvolvimento na Meia–Idade (40­65 anos) pode ser ilustrado por um dito popular que diz: “Toda a
pessoa na vida tem que plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho” , essa é a essência
da generatividade, deixar sua marca no e para mundo.
 
 
Desenvolvimento físico   
 
Normalmente as pessoas na meia­idade apresentam boa forma física, cognitiva e emocional
(Papalia,2000). Evidentemente a forma física e as condições de saúde dependerão da história pregressa
do indivíduo. Nessa fase, quanto mais o indivíduo se cuidar do ponto de vista físico, mais irá se
beneficiar.
            Na meia­idade há perdas graduais em certas habilidades, tais como: leve perda na acuidade
visual ou nitidez de visão; perda gradual de audição (55 anos); diminui sensibilidade ao gosto e ao
cheiro; força e coordenação diminuem gradualmente; perda de massa muscular, a qual é substituída por
gordura; diminuição de habilidades motoras complexas envolvendo muitos estímulos, respostas e
decisões, mas que não resultam necessariamente em pior desempenho porque o conhecimento baseado
na experiência pode mais do que compensar as mudanças físicas (Papalia,2000; Bee 1998).
            A Menopausa aparece como um evento marcante no desenvolvimento físico na meia­idade.
Ocorre tipicamente entre 45 e 55 anos. As pesquisas (Dan & Bernhard,1989 in Papalia,2000) revelam
que a maioria das mulheres sente pouco ou nenhum desconforto na menopausa. Há maior probabilidade
dos problemas psicológicos associados à menopausa serem causados principalmente pela visão negativa
do envelhecimento por parte da sociedade.
            Já o Climatério masculino, tende há iniciar 10 anos mais tarde que nas mulheres. Cerca de 5 %
dos homens sentem depressão, fadiga, menor impulso sexual, disfunção eréteis ocasionais e queixas
físicas. As causas desses sintomas podem estar associadas a mudanças hormonais; causas psicológicas
(adaptações às novas demandas como, por exemplo, a morte dos pais) e atitudes culturais em relação
ao envelhecimento (Weg,1989 in Papalia,2000).
            A atividade sexual pode diminuir um pouco entre 40 e 50 anos, provavelmente devido a causas
não fisiológicas, como monotonia num relacionamento, preocupação com negócios, fadiga entre outros
(King, 1996 in Papalia,2000). Por outro lado, há alguns relacionamentos sexuais que  melhoram nesse
período porque são desvinculados da capacidade reprodutiva e portanto, livres do  risco de gravidez
(Rubin,1982 in Papalia,2000).
            Quanto à aparência física, os indivíduos tentam parecer mais jovens embora a grande maioria
aprende a aceitar de maneira realista as mudanças que estão ocorrendo em si mesmos, como será
discutido posteriormente junto aos aspectos psicossociais.
A saúde na meia­idade tende a ser boa, as causas mortes mais freqüentes são: câncer, doenças
cardíacas e derrame (Papalia,2000).
 
 
Desenvolvimento cognitivo        
 
Os adultos na meia­idade são capazes de integrar a lógica com a intuição e a emoção, integram fatos e
idéias, e integram novas informações com o que já sabem. Eles filtram pela sua experiência de vida e
aprendizagem prévia. Assim, tendem a ser bons “solucionadores de problemas”.
            Isto é, o indivíduo faz uso e tem o incremento da sua inteligência cristalizada que é a
capacidade de se lembrar e usar informações adquiridas durante uma vida inteira.
A inteligência cristalizada é relacionada à educação e experiência cultural. O conhecimento
especializado é um exemplo deste tipo de inteligência.
 
 
Desenvolvimento psicossocial   
 
A meia­idade é para muitos um período do auge da competência, produtividade e controle. É um
momento no qual o indivíduo desenvolveu um grande senso de autoconfiança e auto­estima ­ no
percurso da vida já checou várias vezes suas capacidades e resiliência ­ de tal forma, que sente que é
capaz de lidar com o que quer que apareça.
Alguns autores (Rosa, 1990), fazendo analogia com uma peça teatral, dizem que as pessoas na meia­
idade seriam os protagonistas, porque é a geração que está no comando. Ou ainda, entendem que essa
é uma “geração sanduíche” porque por um lado, têm os filhos, na sua maioria adolescentes, que ainda
demandam cuidados e por outro, os pais envelhecendo que também precisam de uma atenção especial.
Segundo Erikson (1974), esta é a fase de maturidade na qual os adultos precisam estar ativamente
envolvidos no ensino e na orientação da próxima geração.  No entanto, essa necessidade não é restrita
aos filhos, pelo contrário, não basta ter filhos ou não é preciso tê­los, para alcançar a capacidade
generativa. Trata­se de uma preocupação ampla pelos outros, um compromisso para além de si
mesmo, com a família, o trabalho, a sociedade e as gerações futuras. Manifesta­se na necessidade de
ensinar ou guiar os mais jovens não só para ajudá­los, mas também para formar a própria identidade.
A pessoa que orienta sente­se necessária, tem o feed­back daquilo que produziu e de que deve cuidar e,
assim, pode­se dizer que o conceito de generatividade inclui o de produtividade e de criatividade.
 Entretanto, quando as pessoas de meia­idade fracassam na capacidade generativa, elas são tomadas
pela estagnação, tédio e empobrecimento interpessoal. Essas pessoas podem sentir que “ficaram
paradas na vida” e então, passam a buscar compulsivamente uma pseudo­intimidade, mas ainda assim,
permanecem com o sentimento de “vazio”.
Portanto, a sétima crise psicossocial, proposta por Erikson, vivenciada pelos indivíduos nessa faixa etária
é generatividade versus estagnação.
A crise da meia­idade é caracterizada por um “balanço de vida” que é balizado em função da finitude
da vida. Esse é o primeiro momento do ciclo vital em que o indivíduo se depara com a morte enquanto
uma possibilidade real. Alguns amigos da mesma geração morrem; os sinais de envelhecimento são
encarados de uma forma realística; algumas metas traçadas no projeto de vida não foram alcançadas e o
indivíduo percebe que está na metade da sua vida. É  possível mudar, retomar metas, mas existe um
tempo e um limite.
Nesse processo é comum o indivíduo adotar uma postura mais introspectiva a fim de se auto­avaliar. É
freqüente o questionamento do sistema de valores que regeu sua existência, os objetivos de trabalho,
sociais e econômicos, o uso que fez do seu tempo livre, dedicação à família e amizades, entre outros.
A partir desta análise, muitos indivíduos reconduzem suas vidas. Por exemplo, é o momento que
algumas pessoas optam por uma segunda carreira, ou voltam a estudar; mudam hábitos de saúde e
auto­cuidado, como praticar esportes ou  optar por um estilo de vida mais saudável; há muitos casais
que se separam; outros desenvolvem uma busca espiritual, entre outros.

Alguns tentam recuperar a juventude envolvendo­se afetivamente com pessoas mais jovens ou adotando
comportamentos próprios de outros períodos de vida. Como por exemplo, a mulher na meia­idade
começa a usar as mesmas roupas que sua filha adolescente ou o homem quer acompanhar o seu filho
em uma trilha com esportes radicais, ou ainda, relaciona­se com uma garota de 20 anos.  Nas famílias
com pais na meia­idade e filhos na adolescência é comum estabelecer­se uma relação de inveja: os
filhos detêm a juventude; os pais detêm o poder da vida adulta, muitas vezes, simbolizado pelo poder
econômico.

No final deste período, pode ocorrer uma transformação na dinâmica familiar que é conhecida como
“ninho vazio” que é o momento no qual os filhos saem da casa de seus pais e esses têm que se
reorganizar frente à nova realidade. Alguns casais vivem esta fase como uma segunda lua de mel, agora
livres dos encargos parentais; outros entram em crise pessoal e/ou conjugal, na maioria das vezes,
porque o casal não se reconhece na conjugalidade, mantinham­se juntos apenas enquanto um casal
parental, quando esta função é esvaziada, não há outro ponto de intersecção.

            As amizades nesta fase são especialmente importantes atuando como uma rede de apoio frente
a grande sobrecarga de funções que recaem sobre os adultos na meia­idade, no entanto, no geral, resta
pouca energia para dedicar aos amigos.

O relacionamento com as respectivas famílias de origem, exceto em épocas de necessidade, tendem a
diminuir de importância durante a idade adulta. Nessa fase, algumas pessoas tornam­se as cuidadoras
dos pais, o que pode ser um fator de estresse no relacionamento com a família de origem e/ou com a
família constituída, quando não há divisão nas tarefas.
Ainda nesta fase, algumas pessoas tornam­se avós, este é um evento importante na vida de uma
pessoa, mas seu momento de ocorrência e significado variam. Um avô pode servir de professor, cuidador,
modelo de papel e às vezes mediador entre as crianças e os pais. Essas diferentes atribuições podem 
representar um prazer ou um peso físico, emocional e financeiro.
 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SUGERIDA:

        BEE, H.­ Recapitulando A vida Adulta Intermediária in  O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artes Médicas,
1998 ( Interlúdio 6­ p. 510­514)
 
        GRIFFA, M. Cristina­ Maturidade, Vida Adulta, Velhice in Chaves para a psicologia do
desenvolvimento, Tomo 2. São Paulo: Paulinas, 2001( p.  83­ 95)
 
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­
                        O DESENVOLVIMENTO NA VELHICE
           
As mudanças demográficas no Brasil apresentam, hoje, o aumento do número proporcional e absoluto de
velhos na população (aumento na expectativa de vida, decréscimo nas taxas de mortalidade e de
fecundidade). O país terá de enfrentar problemas ligados ao envelhecimento da população em uma
situação paradoxal, pois o ritmo inesperado do fenômeno não dará tempo para superar problemas típicos
do subdesenvolvimento (Barreto,1992). 
Quanto à atitude social em relação à velhice, segundo Barreto (1992), é a de negar a velhice enquanto
tal, valorizando­se a pessoa que consegue disfarçá­la fisicamente (“velhos bem conservados”) e /ou
psicologicamente (“velhos de espírito jovem”). Não há valorização da velhice, “conserva­se uma norma
que estabelece que os velhos devem ser respeitados, mas esse “objeto de respeito” encontra­se
desaparecido, “disfarçado de jovem”, física, moral e psicologicamente (p.23).”
Cabe ressaltar, como a autora sinaliza, que essas atitudes sociais e preconceitos contra os idosos envolve
toda a sociedade, é incorporado sem crítica e é aceito pelas próprias pessoas nessa faixa etária.
Esses dois pontos devem nortear os estudos sobre a velhice, o primeiro relacionado ao aumento na
expectativa de vida e conseqüentemente o alargamento desta fase no ciclo vital e o segundo,
relacionado aos preconceitos e representações que os próprios idosos nutrem sobre a velhice.
Velhice está sendo demarcada aqui, como o indivíduo com idade superior a 65 anos.  Embora seja
importante lembrar que as idades são referências aproximadas. Há indivíduos com 70 anos que mantém
as questões de meia­idade e outros aos 60, apresentam as características de velhice.
 
 
Desenvolvimento físico
 
A maioria das pessoas na velhice é razoavelmente saudável, principalmente se tem um estilo de vida que
incorpore exercícios e boa nutrição. Entretanto, é comum apresentarem problemas crônicos, tais como:
artrite; hipertensão; problemas cardíacos.
            A grande maioria também tem boa saúde mental. A depressão e muitos problemas inclusive
alguns tipos de demência, podem ser revertidos com tratamento adequado; outras aquelas ocasionadas
pelo mal de Alzheimer, mal de Parkinson ou derrames múltiplos são irreversíveis. (Papalia,2000)
            Problemas visuais, combinados com coordenação e tempo de reação mais lentos, podem afetar
certas habilidades. O treinamento pode melhorar a força muscular e o tempo de reação.
            Muitas pessoas idosas são sexualmente ativas, embora o grau de tensão sexual e a freqüência e
intensidade de experiência sexual geralmente sejam mais baixos do que para adultos mais jovens (Griffa
& Moreno, 2001).
            Outras mudanças físicas podem ocorrer como a perda de pigmentação, textura e elasticidade da
pele; os pelos tornam­se mais finos e brancos, diminuição da estatura; rarefação dos ossos e tendência a
dormir menos (Griffa & Moreno, 2001).
As modificações corporais são mais notórias entre os 75 e 80 anos de idade.    Essas mudanças podem
provocar no indivíduo sentimentos de inferioridade frente a uma sociedade que nega a velhice e cultiva o
corpo jovem.
 
Desenvolvimento cognitivo     
 
Os estereótipos sociais sugerem que na velhice o indivíduo tem uma queda na função intelectual, na
memória e na aprendizagem. Entretanto, segundo Gerrig e Zimbardo (2005), há poucas evidências para
sustentar a idéia de que as capacidades cognitivas gerais declinem entre os idosos saudáveis. As
pesquisas indicam ( Hultsch et al.,1999 in Gerrig e Zimbardo, 2005) que os adultos mais velhos que
buscam altos níveis de estimulação ambiental tendem a manter altos níveis de capacidades cognitivas.
Tudo indica que o desuso, e não o declínio, pode ser responsável pelas deficiências no desempenho
intelectual.
Outra questão que se levanta diz respeito às diferenças qualitativas e não quantitativas, inclusive em
relação ao ato de pensar, entre o idoso e o jovem em seus desenvolvimentos e conquistas.
  Na velhice a aprendizagem requer mais tempo, o material precisa estar mais organizado e menos
complexo do que no período anterior de desenvolvimento. Para aprender o idoso precisa apresentar uma
disposição interna para captar e reter.
Na velhice a memória mais afetada pela perda é a memória secundária, aquela que recupera um dado
vários minutos ou horas depois de ser apresentado às pessoas e não a memória primária a qual permite
recordar um dado pouco depois de ter sido informado.
Já a memória terciária é completamente preservada, que é a que conserva a informação  do acontecido
muitos anos antes. Por isso, o idoso é capaz de contar histórias do seu passado ricas em detalhes e não
é capaz de responder se tomou o seu remédio pela manhã.
 
Desenvolvimento psicossocial
 
Erikson (1974), propõe que no último estágio psicossocial o indivíduo se depara com uma opção entre a
integridade do ego e o desespero ou desesperança e a partir dessa avaliará a própria vida.
Nessa época, as pessoas examinam, refletem e fazem uma avaliação final sobre a própria vida. Se diante
dessa análise, o indivíduo sentir­se satisfeito com a vida que viveu, estiver em paz consigo mesmo, ou
seja, apresentar um sentimento de realização e satisfação, achando que lidou de maneira adequada com
os acertos e erros da vida, pode­se dizer que ele tem a integridade de ego. Ele aceita o seu lugar e o
seu passado.
Por outro lado, se o indivíduo se depara com um sentimento de frustração, aborrecido porque perdeu
oportunidades e arrependido de erros que não pode corrigir, então há a desesperança. Os indivíduos
ficam desgostosos consigo mesmo, ranzinzas, ficam amargos em relação ao que poderiam ter sido,
criticam e são intolerantes com as novas gerações.
Segundo Erikson, as pessoas idosas precisam fazer mais do que refletir sobre o passado. Elas precisam
continuar ativas, participantes vitais, buscando desafios e estímulos no seu ambiente. É importante
também que se envolvam em atividades como ser avós; voltem a estudar e a desenvolverem novas
habilidades e interesses.
A força básica associada a essa fase final do desenvolvimento é a sabedoria que, derivada da integridade
do ego, é expressa na preocupação desprendida com o todo da vida. Ela é transmitida às próximas
gerações numa integração de experiências que é mais bem descrita pela palavra “herança”.
Nesta etapa é possível permitir que a máscara social ­ quer dizer, os disfarces sucessivos que são
adotados para garantir uma aceitação social ­ caia aos poucos. Muitos idosos param de se preocupar com
uma série de convenções sociais, como escolher roupas que combinam; se preocupar com as
repercussões da sua fala em um determinado contexto, etc. Há uma frase típica entre os idosos que
explicita essa questão: “ Minha idade me permite...”
Ocorre uma libertação da busca de conquistas, como a dos bens materiais e do status, desacelera­se a
corrida por ascensão e o ego preenche­se com o que está próximo, no presente, sem urgências.
“ Se eu pudesse viver novamente a minha vida...
Correria mais riscos, viajaria mais,
Contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas,
Nadaria mais rios...
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais

Amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse
Outra vez uma vida pela frente.
Mas , já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.”
                                               (Borges, Jorge­ Instantes)
 
O poema acima ilustra a postura mais contemplativa sobre o presente e também introduz o tema da
morte. A mortalidade/imortalidade é o grande tema existencial da velhice. A angústia existencial frente à
morte é muito forte, pois existe uma consciência mais vívida de que a morte é um acontecimento
concreto e próximo. Entretanto, se o indivíduo estiver em paz consigo mesmo (integridade de ego) o
medo diante da morte é atenuado. Do contrário, o indivíduo entra em desespero, pois constata que
agora, o tempo é curto para alcançar a integridade.
Segundo Brochsztain (1998)[1][1] o ser humano pode tentar elaborar a angústia frente à morte por meio
de vários mecanismos entre os quais estariam a criação artística (cinema, literatura, etc.) e religiosa.
Nesse momento a vida espiritual/religiosa torna­se importante e no Brasil, o sincretismo religioso é
exarcebado. É comum um idoso exercer diferentes práticas religiosas em um mesmo dia, como por
exemplo, de manhã ouve a missa católica pelo rádio; a tarde vai a um culto evangélico e a noite em um
centro espírita.
Os relacionamentos sociais são muito importantes para os idosos, embora a freqüência do contato social
decline na velhice. Em muitos casos, a rede social do idoso fica esgarçada, já que ocorrem muitas perdas
e rupturas.    Há a perda de pessoas significativas como os cônjuges, parentes e amigos; alguns papéis
sociais deixam de ser exercidos, como o profissional e com isso, o indivíduo perde as interações sociais
decorrentes deste.
Por outro lado, estão sendo cada vez mais claras as evidências de que está havendo uma transformação
da representação preconceituosa da velhice, através da reinserção do idoso na sociedade, como pode ser
observado no crescimento dos programas/setores voltados para esta idade.
Na velhice contempla­se a co­construção de uma  vida.
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SUGERIDA:

        BEE, H.­ Recapitulando A fase tardia da Vida Adulta in  O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artes Médicas,
1998 ( Interlúdio 7­ p. 577­582)
        GRIFFA, M. Cristina­ Maturidade, Vida Adulta, Velhice in Chaves para a psicologia do
desenvolvimento, Tomo 2. São Paulo: Paulinas, 2001( p.  95­113)
 
 

 
MORTE E DESENVOLVIMENTO HUMANO
 
Quando é iniciado este tópico de estudo, as reações variam entre a repulsa e o humor, as “piadinhas”
aparecem, entre elas: “Morte, credo, vamos pular essa parte.”  ou “ Então a próxima aula, será no
cemitério?” Tanto em uma reação como na outra, evidencia­se ansiedade diante da morte. É muito
interessante notar a gama de sentimentos que esse tema provoca.
Aliás, essas reações não são inéditas, embora a morte seja a única garantia da existência, na história da
humanidade (nos mitos, nas fábulas, lendas épicas) sempre aparece o desejo e a busca do homem pela
imortalidade.
Paradoxalmente a vida é permeada por muitas mortes; as provenientes da morte de um ente e outras
mortes em vida como, separações, doenças, situações limite, transição das diferentes fases do ciclo vital
e eventos específicos como viagens, casamento, nascimento de filho, mudança de emprego, entre
outros.
Assim, apesar da morte ser associada a sentimentos como dor, tristeza, medo, perda, ruptura e
interrupção. Permite que a pessoa entre em contato como a sua potência, capacidade de amar, de se
vincular e estar vivo.  Além disso, pode ser também a possibilidade de transformação e da morte,
emergir uma nova vida como, por exemplo, ocorre na transição entre a infância e a adolescência. Como
foi estudado, o adolescente tem que elaborar uma série de lutos, é um processo doloroso, mas dele
emerge uma nova possibilidade de ser no mundo.
 
O processo do luto
 
Luto é entendido como um processo que congrega uma série de reações diante de uma perda. Bowlby
(1985) propõe quatro fases para elaboração do luto, a saber:
1­                 Fase de torpor ou aturdimento (choque)­ O enlutado vive uma sensação de entorpecimento
diante da notícia da perda.
2­                  Fase de saudade e busca da figura perdida­ O enlutado fica a procura da figura perdida. Há
muito anseio por reencontrar a pessoa morta. A pessoa tem a “sensação” que o morto pode voltar, ou
“tudo não passou de um sonho”. As características dessa fase são alarme, tensão e estado de vigília;
movimentação inquieta; preocupação com pensamentos sobre a pessoa perdida; perda na aparência
pessoal e em outros assuntos que normalmente ocupariam sua atenção.
3­                  Fase de desorganização e desespero­ O enlutado se depara com a desorganização e
desespero de sobreviver sem a pessoa perdida.
4­                  Fase de alguma organização ­ Nesta fase há uma diminuição da depressão e da
desesperança, e vai se tornando possível o investimento afetivo na vida. Às vezes, as pessoas precisam
aprender ou desenvolver novas habilidades que antes eram exercidas pela pessoa que morreu, entre
outras adaptações.
 
Segundo Kovács (1992), durante o período de elaboração do luto podem ocorrer distúrbios alimentares
ou de sono. Um número grande de enlutados apresenta quadros somáticos e doenças graves depois do
luto. O tempo de luto é variável e em alguns casos, podem durar anos, em outros nunca termina.
De acordo com Bowlby (1979), um luto torna­se patológico quando há dificuldade de expressar
abertamente todos os sentimentos envolvidos na situação de perda e quando a pessoa manifesta as
características do enlutamento de forma prolongada e severa.
Para o autor os mecanismos de defesa envolvidos nos processos patológicos de luto são: fixação,
repressão e cisão de ego. Na fixação e repressão, o enlutado permanece fixado ao objeto perdido,
enquanto as emoções permanecem reprimidas. Na cisão do ego, uma parte da personalidade nega que o
objeto esteja perdido e acredita que ainda há comunicação com ele ou que ele será em breve
recuperado, enquanto a outra parte da personalidade sabe que o objeto está perdido.
Estes mecanismos de defesa também estão presentes no luto normal e o que é patológico não são os
mecanismos defensivos em si, mas sua intensidade e tendência a persistir.
Bowlby (1979), destaca alguns aspectos que interferem no processo de elaboração de luto, são eles:
1­     Identidade e papel da pessoa morta (Por exemplo, a elaboração de um luto pela perda de uma
avó que mora e era distante é diferente, da elaboração da perda de uma mãe solícita e presente no dia­
a­dia).
2­     Idade e sexo do enlutado (Por exemplo, uma mãe de 70 anos que perde um filho de 40 anos pode
ter mais dificuldade em elaborar o luto, do que se a situação fosse ao contrário).
3­     As causas e circunstâncias da perda (As mortes repentinas são mais difíceis de serem elaboradas
do que as mortes decorrentes de doenças graves, por exemplo).
4­     As circunstâncias sociais e psicológicas que afetam o enlutado, na época e após a perda
(Imagine, por exemplo, uma pessoa que tem que elaborar uma série de lutos sobrepostos como: um
divórcio e todas as perdas associadas e ainda, um luto pela morte de um ente querido).
5­     A personalidade do enlutado, com especial referência a sua capacidade de amar e responder a
situações estressantes (há indivíduos que são mais resilientes do que outros).
 
Denomina­se luto antecipatório, quando o processo de luto ocorre com a pessoa ainda viva, mas que,
por uma doença grave ou incapacitação parou de exercer papéis ou funções. Essas perdas já têm que ser
elaboradas, com ela ainda viva de ambos os lados. Nesses casos, é comum a morte ser vista como um
alívio, mas também, pode incitar sentimentos de culpa (Kovács, 1992).  
Os rituais e a religião podem favorecer a elaboração do luto.
 
O luto infantil
 
De acordo com a discussão apresentada por Kovács (1992), pode­se afirmar que o luto infantil sofre
influências do processo de luto dos adultos e também do nível de informação que a criança recebe.
Informações sonegadas e confusas, como dizer que a pessoa foi morar no céu ou que a fada veio buscar,
atrapalham o processo de luto. Respostas que escamoteiam o caráter de permanência da morte, como
dizer que a pessoa foi viajar, não permitem que a elaboração da perda ocorra, porque a criança sempre
espera a volta do morto. E os pais que escondem os seus sentimentos para não entristecer a criança
acabam por causar mais problemas, pois ela sente que não deveria manifestar seus sentimentos.
A criança passa pelas mesmas fases do luto que o adulto, desde que esteja de posse dos
esclarecimentos de que necessita e que devem ser fornecidos levando­se em conta o seu nível cognitivo
e capacidade de compreensão. A continência e apoio são extremamente importantes.
De acordo com o período desenvolvimental, as crianças vão construindo diferentes representações de
morte. Kovács (1992) descreve as principais percepções no curso do ciclo vital.  Afirma que para o bebê,
a ausência do seu principal cuidador, é vivida como morte, percebe­se só e desamparado
À medida que a criança se desenvolve entra em contato com outras situações de morte (como a morte
de um animal doméstico, inseto ou mesmo uma pessoa) e avidamente tenta compreender o que se
passa, criando hipóteses e bombardeando os adultos com perguntas.  
Para a autora, a criança até aproximadamente 6 anos, percebe a morte como não movimento, cessação
de algumas funções vitais como alimentação, respiração, mas na sua concepção, a morte é reversível.
Devido ao seu pensamento mágico e onipotente pode achar que é responsável pela morte do outro e
pode culpar­se por isso, quando, por exemplo, brigou com alguém ou desejou­lhe mal e a pessoa veio a
falecer.
Já as crianças escolares buscam aspectos perceptivos como a imobilidade para definir a morte, neste
momento, ela já é percebida como irreversível.
 Os adolescentes reconhecem a morte como um processo interno, implicando em parada de atividades
do corpo. Percebem­na como universal. Frente à postura dos adolescentes de onipotência, força, impulso
e desafio, a morte é vista como fracasso, derrota, incompetência e imperícia. Não há espaço para a
morte.
 
A morte na concepção dos adultos
 
De acordo com Kovács (1992), os adultos têm diferentes concepções sobre a morte no decorrer do seu
desenvolvimento, conforme será discutido a seguir.
O adulto jovem despende muita energia na construção dos seus principais papéis sociais e da
consolidação da intimidade afetiva. Não há como pensar em morte em uma fase de realizações, como se
casar , ter filhos, etc. Assim, o espaço da morte na consciência ainda é muito distante nesta fase.
Na meia­idade, a morte não se configura mais como algo que acontece somente aos outros, é a primeira
vez no ciclo vital, que o indivíduo se depara com a finitude da sua vida. A possibilidade da própria morte
traz um novo significado para a vida: o limite está lá, para ser conhecido e admitido.
Na velhice é importante verificar onde é colocada a ênfase da existência: na vida ou na morte. Para a
autora, o indivíduo pode se preparar para a morte vivendo intensamente, sem contudo negá­la, mas
conviver com ela em busca de seu significado. A morte como limite pode ajudar a crescer, mas a morte
vivenciada como limite também é dor, perda, solidão e tristeza.
 
A morte em vida ­Separações
A separação é uma experiência universal que todos conhecem e vivem desde a infância, mas nem por
isso, é uma vivência fácil.
Na separação dos casais uma das maiores dificuldades é elaborar o divórcio emocional, ou seja, é preciso
matar o outro dentro de si e aceitar que morreu dentro do outro. Envolve vários sentimentos
ambivalentes como, amor e ódio.  Além disso, há uma série de mortes presentes e lutos a serem
elaborados como alteração no padrão social e econômico, eventualmente mudança de residência,
alteração na rede social, alteração de identidade, entre outros.
Frente à separação alguns mecanismos de defesas podem ser acionados como: agressividade (ódio,
raiva, desvalorização), indiferença (pouco importa); fuga para adiante (mantendo várias atividades
profissionais, de lazer, ou sociais); estoicismo ( “eu agüento”, conformação/ resignação) (Kovács et.
al.,1996).
O luto tem que ser elaborado no processo de separação, do contrário, os casais não conseguem se
separar de fato e, muitas vezes, passam a viver a morte em vida, já que ficam estagnados e não se
reorganizam frente à nova situação.  Muitas disputas judiciais, na área de família, são alicerçadas em
lutos não resolvidos.
 
Doença
 
Uma doença pode propiciar o contato do indivíduo com a sua finitude, embora nem sempre corresponda
com a realidade. A morte pode aparecer enquanto diminuição das funções, dificuldade para a realização
de atividades ou interrupção de carreira (Kovács et. al.,1996).
A morte social pode ser vivida a partir do afastamento dos amigos que por não saberem conviver com
uma determinada limitação se afastam.
A hospitalização, por si só, pode ser sentida como uma morte ligada ao  afastamento de casa, da família,
invasão de privacidade e solidão.
 
A morte no percurso do desenvolvimento
 
A morte é constelada em cada fase de desenvolvimento. O ego tem que abdicar do poder da fase
anterior para iniciar uma nova. Tem que haver a morte do antigo para não haver estagnação, paralisia ou
rigidez.
 
 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA SUGERIDA:

        KOVÁCS, Maria Júlia. A Morte e o Desenvolvimento Humano. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.
Cap. 1 e 9

[1][1] BROCHSZTAIN, Clara. O susto ao espelho. In:Revista Kairós: gerontologia / Núcleo de Estudos e
Pesquisa do Envelhecimento ­ PUC­SP. Ano I, n. 1
 

Exercício 1:

(ENADE 2009. Psicologia.) A discussão sobre o envelhecimento tem sido retomada a partir do aumento 
da expectativa de vida, demandando políticas públicas que orientem e articulem os diferentes segmentos 
de atendimento a esses grupos, seja na família, na escola, no trabalho, nos serviços médicos ou assistenciais. 
 
Quanto às contribuições da psicologia do envelhecimento, são feitas as seguintes afirmativas:
 
I A teoria psicológica dispõe de conceitos e de modelos explicativos adequados para tratar do processo 
de envelhecimento na contemporaneidade.
II Uma abordagem renovadora implica compreender o envelhecimento como etapa final do ciclo de vida, 
incorporando contribuições de outras ciências.
III O estudo do envelhecimento deve incorporar as novas dimensões tecnológicas que incrementam a 
qualidade de vida e a longevidade.
IV A pesquisa em psicologia deve ampliar os estudos sobre a memória, uma das funções que sofre maior 
desgaste durante o envelhecer.
    
Está correto o afirmado em

A ­ I e II. 
B ­ I e III. 
C ­ II e III. 
D ­ II e IV. 
E ­ III e IV. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 

Exercício 2:

Sobre a meia­idade é correto afirmar que
 
I a maioria das pessoas de meia­idade tem boa condição física, cognitiva e emocional, e algumas 
consideram esse período o melhor de suas vidas.
II as pessoas, nessa fase, muitas vezes ficam pressionadas entre as necessidades dos filhos que estão
crescendo e as dos pais idosos e doentes.
III a necessidade de reconhecer a mortalidade favorece a extroversão e o questionamento de metas.
 
Está correto o afirmado em

A ­ I, II e III. 
B ­ I. 
C ­ II.  
D ­ I e II. 
E ­ II e III. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 

Exercício 3:

Estamos hoje diante de um mundo que envelhece. O tempo médio de vida muda significativamente, 
para alguns povos da antiguidade (por exemplo, gregos e romanos) o tempo médio de vida era de 
aproximadamente 30 anos. O idoso (de 30 anos) apresentava boa memória, e a acumulada experiência 
fazia com que fossem muito valorizados. O aumento da expectativa de vida provocou o prolongamento 
do estágio da velhice.
 
Com relação à velhice é incorreto afirmar que

A ­
diversos estudos sobre internação geriátrica em casas de repouso e asilos mostram que muitos idosos 
melhoram muito sua estima e saúde durante o primeiro ano. 
B ­ a desvalorização e a marginalização tornaram­se evidentes nos casos de internação  geriátrica 
indevido. 
C ­ a atitude social em relação aos idosos mudou em menos de cem anos. A sociedade contemporânea 
idealiza a adolescência e a juventude, juntamente com tudo o que considera novo; como consequência, 
rejeita o idoso e desvaloriza o que considera velho. 
D ­ o prolongamento da vida e a elevação da porcentagem de idosos na sociedade modificou o valor e a 
atitude em relação a ele; de heroicos sobreviventes, passaram a ser carga social. 
E ­ a ineficácia e os modos desajeitados dos idosos provocam muitas vezes rejeição de agressividade nos
jovens e nos adultos. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não o fez comentários 

Você também pode gostar