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Leituras Obrigatórias:
Leituras para aprofundamento:
BOCK, A. M. B. A adolescência como construção social: estudo sobre livros destinados a pais e educadores. Psicol.
esc. educ., jun. 2007, vol.11, no.1, p.6376. ISSN 14138557.
OSÓRIO, L. C. Adolescente Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992 (Cap. 2,3,4 e 5)
1. Desenvolvimento Físico
“(...o espelho...) Aquele era seu pior inimigo. O mais cruel, o mais cínico, o mais sem piedade. Um inimigo que falava
a verdade”.
A adolescência tem sido um tema de grande interesse na sociedade contemporânea. As características desta fase,
tanto biológicas, quanto psicológicas têm sido descritas por inúmeras obras e autores. Neste sentido é preciso fazer
uma distinção entre a puberdade e adolescência, como ponto de partida para o início dessa discussão, pois tais
processos, embora intimamente ligados, não devem ser identificados, porque não são exatamente simultâneos e em
alguns aspectos chegam a ser completamente independentes.
Puberdade está ligada às modificações biológicas que se passam nesta fase, assinaladas por dois tipos gerais de
mudanças físicas: o primeiro relativo ao aumento no peso, altura, gordura e músculos corporais e o segundo, ligado à
maturação sexual e ao desenvolvimento das características sexuais secundárias (como pêlos faciais e corporais e o
crescimento de seios nas meninas entre outros).
Um indício de amadurecimento sexual na puberdade, para os meninos é a produção de espermatozóides vivos, e
para as meninas é a menarca, isto ocorre em termos médios por volta dos 12 aos 15 anos
Nessa fase há o estirão do crescimento, os púberes podem crescer de 7 a 15 centímetros por ano e também ganhar
muito peso rapidamente. Alguns indivíduos, inclusive, sentem muitas dores devido ao crescimento acelerado, a
chamada, dor do crescimento.
O corpo do púbere e do adolescente não cresce de forma homogênea: as mãos e os pés crescem antes, até atingir o
tamanho final, a seguir, vêm os braços e as pernas. Portanto, o corpo do indivíduo passará por várias transformações
até o final da adolescência.
A adolescência diz respeito às transformações psicossociais que acompanham o processo biológico. No entanto, o
início da adolescência pode coincidir ou não com a puberdade. Há casos em que a puberdade antecede a
adolescência, quando, por exemplo, um indivíduo tem o corpo completamente desenvolvido, mas ainda pensa e age
como criança; ou o contrário, há casos em que a adolescência antecede a puberdade, quando, por exemplo, uma
garota sofre intensamente porque já pensa como uma adolescente e se comporta como adolescente, mas seu corpo
é de menina.
As alterações físicas da puberdade são interrelacionadas com os outros aspectos psicossociais do desenvolvimento
e tendem a fazer com que os adolescentes destinem uma grande atenção à sua aparência física. As transformações
físicas e a importância da aceitação por parte dos outros fazem com que o adolescente se preocupe
demasiadamente com a sua imagem corporal.
O final da puberdade se caracteriza pelo amadurecimento gonodal e o fim do crescimento esquelético, o que ocorre
em torno, dos 18 anos.
Já o final da adolescência, não é tão claramente demarcado, porque é interrelacionado com fatores sócioculturais.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), adolescente é o indivíduo que tem idade entre 12 e 18
anos.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os principais aspectos referentes a esse período.
2) Levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre a universalização do início da puberdade para
todos os povos. Cabe destacar que, segundo Osório (1992), em condições de normalidade física, a puberdade tem
seu início cronológico coincidente em todos os povos e latitudes, com raríssimas exceções, como por exemplo, os
pigmeus, que são púberes aos 8 anos de idade, e cuja expectativa de vida também é bem menor do que no restante
da espécie humana.
3) Reflita no exemplo de exercício a seguir:
Maria completou 11 anos de idade há 3 meses e acaba de menstruar pela primeira vez. Sua mãe está preocupada,
visto que além do início da menstruação, Maria vem apresentando outras mudanças corporais, quais sejam: aumento
dos seios e aparecimento de pêlos pubianos. A mãe acredita que a menina está atravessando a puberdade
precocemente, pois em si mesma, só observou mudanças corporais semelhantes às da filha, no final de seus 13 anos
de idade.
Reflita nas afirmativas a seguir.
I) A mãe está certa, Maria não tem idade para apresentar tais mudanças físicas. A puberdade, nas meninas, iniciase
por volta dos 13 anos de idade.
II) A mãe de Maria apresentou atraso em seu desenvolvimento ao menstruar a partir dos 13 anos de idade. A
menarca deve ocorrer entre os 8 e 11 anos de idade.
III) Maria e sua mãe desenvolveramse de modo saudável, pois a puberdade, de maneira geral, pode ocorrer entre os
6 e 16 anos (ou 16,5) de idade. E a menarca, em média, aparece entre os 10 e 16 (ou 16,5) anos de idade.
IV) Maria deveria apresentar idade semelhante a da mãe para o início da menstruação e das demais alterações
corporais, visto que todas as etapas do desenvolvimento humano, inclusive a puberdade, têm caráter exclusivamente
hereditário.
É correto o que se afirma em:
a) I, II e III estão corretas
b) II e III estão corretas
c) I e II estão corretas
d) Apenas II está correta
e) Apenas III está correta
Alternativa (E). É importante destacar que a puberdade se trata de um fenômeno universal, portanto é possível
delimitar com exatidão o seu início, como nos casos de Maria e sua mãe. No entanto, não seria possível fazer o
mesmo no que diz respeito ao fenômeno da adolescência.
2. Desenvolvimento Cognitivo
Em uma de suas provas para verificar em que período do desenvolvimento cognitivo se encontra uma criança, Piaget
propõe uma questão.
“Há três meninas: Edith, Suzana e Lili. Elas diferem pela cor de seus cabelos.
Os de Edith são mais claros que os de Suzana e ao mesmo tempo mais escuros que os de Lili.
Qual das três tem os cabelos mais escuros?”
É necessário um pequeno raciocínio que não é imediato, mesmo no adulto, para achar a resposta que é ... (veja
abaixo, item 2, atividades recomendadas)
Para se chegar a solução dessa questão é preciso, entre outros, que o adolescente possa fazer uma discussão
interiorizada, e ela marca o início de um outro tipo de reflexão, que até então não era possível.
O desenvolvimento cognitivo do final da infância à fase adolescente se caracteriza pelas seguintes mudanças: de
esquemas conceituais e operações mentais referentes a objetos e situações concretas para formação de esquemas
conceituais abstratos (amor, fantasia, justiça, etc.), realizando com eles operações mentais formais (abstrato, sem
necessidade do concreto).
Neste período, o pensamento é formal / hipotético dedutivo, isto é, o indivíduo é capaz de deduzir as conclusões de
puras hipóteses e não somente através de uma observação real. Envolve uma dificuldade e um trabalho mental muito
maior que o pensamento operacional concreto.
De acordo com Piaget, a personalidade começa a se formar no fim da infância (812 anos) com a organização
autônoma das regras, dos valores e a afirmação da vontade. Esses aspectos subordinamse num sistema único e
pessoal e vaise exteriorizar na construção de um programa/projeto de vida.
Após os 11 – 12 anos, as operações lógicas começam a ser transpostas do plano da manipulação concreta para o
das idéias, sem o apoio da percepção, da experiência, nem mesmo da crença. Assim, o adolescente é capaz de lidar
com conceitos como liberdade, justiça, etc.
Logo, o marco das operações formais é a libertação do pensamento.
As operações formais fornecem ao pensamento um novo poder que é o de construir a seu modo as reflexões e
teorias, ou seja, há a libertação do pensamento. Daí podese entender porque os adolescentes gostam tanto de
elucubrar, devanear, são capazes de passar horas pensando.
O egocentrismo intelectual do adolescente manifestase pela crença na onipotência da reflexão como se o mundo
devesse submeterse aos sistemas e não estes à realidade. O equilíbrio é atingido quando a reflexão compreende
que sua função não é contradizer, mas se adiantar e interpretar a experiência.
Esta nova capacidade de pensamento traz implicações para o desenvolvimento da personalidade e as suas relações
sociais.
Para Piaget, o adolescente é um indivíduo que constrói sistemas e teorias, liga soluções de problemas por meio de
teorias gerais, das quais se destaca o princípio. Têm facilidade de elaborar teorias abstratas que transformam o
mundo, em um ponto ou noutro.
Muitas vezes, o adolescente pretende inserirse na sociedade dos adultos por meio de projetos, de programas de
vida, de sistemas frequentemente teóricos. A verdadeira adaptação “a sociedade vaise fazer automaticamente,
quando o adolescente de reformador transformarse em realizador”.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os principais aspectos referentes a esse período.
2) Faça uma pesquisa na obra de Piaget para confirmar se sua resposta à questão proposta no início da discussão
está correta. Em seguida, levante informações por meios tradicionais ou eletrônicos sobre o desenvolvimento
cognitivo na adolescência, à luz dos autores mais renomados na área.
3) Reflita no exemplo de exercício a seguir:
“Tenho certeza que com minhas idéias, serei eleito. Devo ser o mais votado para Presidente de meu país. E,
acredito, que com o passar do tempo, após executar todos os meus planos, com certeza, haverá no futuro, uma
estátua minha, numa das principais praças da capital de meu país” (Guilherme, 14 anos)
PORQUE
Nessa fase, Guilherme, como muitos outros adolescentes, apresentam a capacidade para criticar o sistema social,
propor novos códigos de conduta, discutir valores morais e construir os seus próprios, em função da autonomia no
pensamento, recentemente conquistada.
É correto o que se afirma em:
a) a primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira.
b) a primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa.
c) as duas afirmações são falsas.
d) as duas afirmações são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira.
e) as duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira.
A alternativa ( D ) está correta. O estágio operatório formal se caracteriza, entre outros, pela consecução de um
sistema “pessoal”, um programa de vida, caracterizado por: sentimentos generosos, projetos altruístas, fervor místico,
inquietante megalomania, egocentrismo inconsciente.
Nele, estão presentes também, a construção de hipóteses, gosto pela discussão, apresentação de conceitos
espaciais além do tangível finito. O adolescente, consciente de seu próprio pensar (reflete sobre ele), oferece
justificações lógicas; busca identidade e autonomia. Além disso, atinge sua forma final de equilíbrio, podendo
compreender doutrinas filosóficas ou teorias científicas.
3. Desenvolvimento psicossocial
“A adolescência e os adolescentes sempre foram malditos e sempre significaram inquietação. O próprio sentido do
devir, da novidade, sempre o fez acompanhar de medo e de alguma resistência a esses movimentos de mudança. O
mudar exige a capacidade de reelaborar sentimentos internos e reorganizar uma nova relação com os outros. É o
desafio que a aventura da adolescência impõe ao adolescente e também às famílias!”
(Daniel Sampaio, Vozes e Ruídos, 1993).
É uma fase na qual se enfrenta a crise de identidade. Por crise, entendese, como um ponto conjuntural necessário
ao desenvolvimento, é o momento no qual o repertório que o indivíduo possuía entra em colapso, não é suficiente
frente a novas demandas e, então, é necessária uma mudança desenvolvimental qualitativa.
Identidade é a consciência que o indivíduo tem de si mesmo como “um ser no mundo”. Traz o sentimento de
pertinência e de diferenciação (apesar de ter características específicas por pertencer a vários grupos, tem
características que o tornam único).
Construir a identidade implica em formar uma autoimagem e integrar as idéias que se tem sobre si mesmo e os feed
backs que os outros emitem a seu respeito.
Na busca da construção de sua identidade o adolescente faz uma série de experimentações tentando identificar,
quem ele é.
Quando não se tem a definição de algo, partese do contraste definindose primeiramente o que não é.
Muito frequentemente, o adolescente quer experimentar uma série de esportes ou cursos, para depois conseguir
definir os mais compatíveis com ele. A escolha vocacional é um dos grandes dilemas do adolescente, pois implica em
analisar e interrelacionar uma série de fatores e, entre inúmeras opções, escolher apenas uma. Evidentemente este
não é um processo fácil e gera muita ansiedade.
Erikson afirma que a adolescência é um período de moratória no qual a pessoa necessita de tempo e energia para
representar papéis diferentes e viver com autoimagens também diferentes. Assim, para o autor, o dilema desta fase
é identidade versus confusão de papéis. A resolução dessa crise contribui para que o indivíduo desenvolva um
senso de autoidentidade, de coerência interna. Por outro lado, aqueles que não conseguem atingir uma identidade
coesa, apresentarão uma confusão de papéis. São pessoas que no geral, não sabem quem são, ou o que querem
para as próprias vidas, não sabem que trajetórias seguir em termos de escolha profissional, vida afetiva, etc.
Ainda segundo Erikson, a força básica que deveria se desenvolver durante a adolescência é a fidelidade, que surge
de uma identidade de ego coesa e engloba sinceridade, genuinidade e um senso de dever nos nossos
relacionamentos com as outras pessoas.
Quando se pensa nas interações sociais que ocorrem nessa fase, é preciso salientar que, na maioria dos casos, há
uma tendência para a dissolução dos grupos de meninas (Turma da Luluzinha) e dos meninos (“Turma do Bolinha”).
Portanto, formamse os grupos mistos e, posteriormente, no decorrer desta fase, há a formação de casais. Como já
mencionado, os grupos de amigos são muito importantes e exercem uma forte influência recíproca, podendo ser
traduzida, muitas vezes, como uma “grande pressão sobre os companheiros“.
O adolescente é impulsivo tende a se perceber com indestrutível e ilimitado e por isso, os grupos de adolescentes se
envolvem em atividades que permitem o confronto com todos os limites de resistência, coragem e capacidades, tais
como os esportes radicais, disputas de “rachas”, entre outros.
Freqüentemente os adolescentes transferem a relação fusionada que mantinham com os pais para os amigos ou
namorado(a). Quer dizer, os adolescentes vivem as relações como se fossem um só: um só desejo, uma só
necessidade. Por isso, parece ser comum as explosões dos adolescentes por sentiremse traídos em suas relações
afetivas, ou com os amigos, como por exemplo quando um elemento de um grupo conversa com alguém que não faz
parte deste grupo, isso pode ser interpretado como traição, provocando discussões ou brigas entre os membros do
grupo.
Na adolescência a sexualidade e a definição da orientação sexual são temas centrais no desenvolvimento e
corroboram para a definição da identidade. É fácil observar, nas situações diárias, o quanto o comportamento do
adolescente é recorrentemente voltado para questões inerentes à sexualidade.
Portanto, como já haviam identificado Knobel & Aberastury (1981), na adolescência o indivíduo tem que elaborar três
lutos, a saber, luto pelo corpo infantil; luto pela identidade e papel infantil; luto pelos pais da infância. Ou seja, o
adolescente terá que se reorganizar frente às perdas integrando as aquisições próprias desta fase.
Embora o período da adolescência seja freqüentemente descrito por muitos autores, como uma fase de tempestade e
tormenta, cheio de revoluções, muitos adolescentes não têm essa vivência e podem experimentar sentimentos de
admiração e confiança nos pais, lidando de forma positiva com os desafios dessa fase.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os principais aspectos referentes a esse período.
2) Faça uma pesquisa através dos meios tradicionais ou eletrônicos sobre alguns poemas, poesias ou pensamentos
de grandes escritores ou filósofos que discutem a adolescência. Em seguida, procure identificar e relacionar ao
material pesquisado, os conceitos fundamentais que caracterizam tal fase.
Abaixo, um exemplo dessa atividade.
“Mas o homem, em geral, não foi feito para permanecer na infância. Sai dela no tempo prescrito pela
natureza; e esse momento de crise, embora muito curto, tem influências duradouras...
Aos indícios morais de um humor que se altera, juntamse mudanças sensíveis na aparência. Sua fisionomia
se desenvolve e marcase com um aspecto; a penugem rala e delicada que cresce sob suas faces escurece e toma
consistência. Sua voz muda, ou melhor, perdese: não é nem criança nem homem e não consegue tomar os modos
de nenhum dos dois.
Tudo isso pode acontecer lentamente e ainda lhe deixar tempo: mas se sua vivacidade se torna demasiado
impaciente, se seu arrebatamento se transforma em furor, se ele se irrita e se enternece de um momento para outro,
se derrama lágrimas sem motivo, se, próximo a objetos que começam a tornarse perigosos para ele, sua pulsação
aumenta e seu olhar se inflama, se a mão de uma mulher pousando sobre a sua o faz estremecer, se perturba ou se
intimida perto dela..., os ventos já se desencadearam”.
(JeanJacques Rousseau Emílio, livro quinto)
* Baseandose no fragmento do texto acima e considerando a obra de Griffa (2001) sobre a adolescência, podese
destacar os seguintes conceitos:
A fragilidade e a instabilidade emocionais, que caracterizam os estados afetivos típicos da adolescência, aparecem
retratadas no texto acima.
Pode ser observada uma descrição do processo puberal, deflagrado pelas transformações biológicas que marcam a
passagem da infância para a idade adulta.
A flutuação do humor e dos estados de ânimo fazem parte do que Knobel denominou de “síndrome da adolescência
normal”, uma vez que, segundo ele, os adolescentes atravessam desequilíbrios e instabilidades extremos.
3) Reflita no exemplo de exercício a seguir:
A definição da identidade, de uma autodefinição, é apresentada por Griffa e Moreno (2001) como tarefa fundamental
do adolescente:
“A tarefa do adolescente [...] consiste em conquistar e atribuirse um novo lugar, a partir do qual poderá desenvolver
se como pessoa. Esse novo lugar não deve ser simplesmente reconhecido pelos outros, concedido ou dado; deve ser
um lugar descoberto e apropriado pelo próprio indivíduo. Implica estar consciente de si mesmo como sujeito de sua
atividade e fonte da qual flui o que lhe é próprio.”
Em relação ao processo de desenvolvimento da identidade pessoal do adolescente é correto afirmar que:
A) tratase de um processo abrupto que decorre das alterações neurofisiológicas próprias da puberdade.
B) tratase de um processo marcado pela ausência de contradições, ambigüidades e conflitos psicossociais.
C) relacionase direta e necessariamente com a identificação positiva ou negativa em relação a outros indivíduos e/ou
grupos.
D) decorre da afirmação das tendências e aptidões próprias ao indivíduo desde seu nascimento.
E) não ocorrerá quando da ausência do pai e da mãe.
Alternativa (C). Justificativa: Tal processo é construído cotidianamente nas relações que se estabelecem e que,
segundo Erikson, têm início no enfrentamento da primeira crise psicossocial: confiança X desconfiança. Este
processo é marcado por contradições, ambigüidades e conflitos. Ainda, de acordo com o referido autor, a auto
definição é eminentemente psicossocial, e sendo assim, não está atrelada diretamente em “quem” são os principais
cuidadores, mas em “como” se deram as relações.
4. A adolescência como construção social e as características do processo psicossocial na adolescência.
Quando tinha 21 anos, Sander Mecca foi preso em um bar, acusado pela polícia de ser traficante e colocado na
prisão por quase dois anos, onde dormia ao lado de criminosos barrapesada.
Bock (2007) faz uma análise da adolescência à luz perspectiva sóciohistórica em Psicologia. Afirma que tanto no
campo da Psicologia do Desenvolvimento, quanto nas áreas da Psicologia da Educação e Psicologia Social, a
adolescência tem sido apresentada dentro de uma concepção liberal, uma visão naturalizante. Nessa, o sujeito é
tomado como independente, livre, racional e natural. Assim, o adolescente estaria sujeito às leis naturais e ao mesmo
tempo, autônomo, capaz de usar a razão soberana.
Tal posicionamento que grassa na maioria das obras da Psicologia contemporânea, postula características da
adolescência, como expressões da natureza humana, independente da realidade material. Portanto, as práticas
decorrentes desta visão são curativas e remediativas, e se propõe apenas a observar o trajeto do adolescente,
cuidando para que ele siga o que está previsto pela natureza. Caso haja alguma alteração nesta caminhada, é
preciso que o profissional de psicologia ajudeo a se adaptar e voltar ao caminho. Portanto as práticas são
intervenções que contribuem a adaptação do que está de antemão estabelecido pela sociedade vigente.
Este posicionamento de adaptação aponta para políticas públicas voltadas à juventude que não contribuem para
desvelar as relações sociais e formas de vida relacionadas à gênese das características da adolescência, e se voltam
exclusivamente à tolerância.
A referida autora alerta para a necessidade de compreensão da adolescência, como uma fase de desenvolvimento
constituída nas relações sociais e nas formas de produção da sobrevivência, o que leva necessariamente a uma
ressignificação e a busca de novas maneiras de relacionamento que tenham no adolescente um parceiro social.
Portanto, as ações, comportamentos e pensamentos dos adolescentes são fruto das relações sociais, das condições
de existência e dos valores sociais que permeiam a cultura em que ele está inserido e isto é responsabilidade de
todos os que fazem parte de um conjunto social.
Osório (1992) contribui para a ampliação da compreensão da adolescência, evidenciando algumas de suas
características. Segundo o autor, são elas:
Redefinição da imagem corporal perda do corpo infantil e da conseqüente aquisição do corpo adulto.
Culminação do processo de separação/individuação dos pais da infância.
Elaboração de lutos referentes à perda da condição infantil.
Estabelecimento de uma escala de valores ou código de ética próprio.
Busca de pautas de identificação no grupo de iguais.
Estabelecimento de um padrão de luta/fuga no relacionamento com a geração precedente.
Aceitação dos ritos de iniciação como condição de ingresso ao status adulto.
Assunção de funções ou papéis sexuais autooutorgados, ou seja, consoante inclinações pessoais
independentemente das expectativas familiares e eventualmente (homossexuais) até mesmo das imposições
biológicas do gênero a que pertence.
Ainda de acordo com Osório, para o indivíduo finalizar a adolescência deve preencher as seguintes condições:
estabelecimento de uma identidade sexual e possibilidade de estabelecer relações afetivas estáveis; capacidade de
assumir compromissos profissionais e manterse (independência econômica); aquisição de um sistema de valores
pessoais; relação de reciprocidade com a geração precedente (sobretudo com os pais). Em termos etários, isto
ocorreria por volta dos 25 anos na classe média dos grandes centros brasileiros, com variações para mais ou para
menos de acordo com as condições sócioeconômicas da família do adolescente.
Atividades recomendadas:
1) Faça uma leitura criteriosa dos textos indicados, observando os principais aspectos referentes a esse período.
2) Faça uma busca no site (http://www.skyscraperlife.com/boteco/21073ecstasyconquistaumanovaclassede
usuariosadolescentesnobrasil.html) para obter mais informações sobre o artigo “Ecstasy conquista uma nova
classe de usuários adolescentes no Brasil” e conheça melhor o caso de Sander Mecca e outros adolescentes. A
partir dos referencias teóricos propostos no início do módulo 5, compreenda porque eles têm sido atraídos para o uso
e venda de drogas.
3) Reflita no exemplo de exercício a seguir:
Considere o trecho da música:
Geração Cocacola
Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove as seis.
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração CocaCola (...)
Renato Russo e Fê Lemos, através desta música colocam a “Geração CocaCola” em uma posição de rebeldia,
segundo Griffa (2001), do tipo:
(A) Rebeldia transgressiva, indo contra as normas sociais, questionandoas através de um disfarce crítico.
(B) Rebeldia agressiva, através da qual o adolescente pretende retornar a uma vida com menos responsabilidades.
(C) Rebeldia regressiva, gerada pelo medo de agir e assumir novas responsabilidades.
(D) Rebeldia progressiva, uma forma de expressão negativa da rebeldia, de expressão violenta.
(E) Rebeldia transgressiva, uma rebeldia muda e passiva de um adolescente assustado e temeroso.
A alternativa correta é (A) Tratase de uma rebeldia extrafamiliar, criticamente disfarçada porque acaba por levar o
adolescente a prepotência de elaborar, inventar e impor uma ordem à sua própria imagem e conveniência. A
conseqüência é uma atitude de negação e destruição de tudo que já existe. Portanto, consiste em ignorar as próprias
raízes, a memória da sociedade, suas tradições e crenças. Assim, pela produção do vazio, sem passado e raízes, o
adolescente fica à mercê da moda imposta pela mídia, que como também não apresenta ‘o novo’, transforma o
adolescente em conformista social que é facilmente manipulável. Segundo Griffa, “a pretensa rebeldia, então, se
transforma no pior tipo de submissão, em uma verdadeira escravidão”.
GRIFFA, M. C. Maturidade, Vida Adulta, Velhice in Chaves para a psicologia do desenvolvimento, Tomo 2. São
Paulo: Paulinas, 2001. (cap. IV)
Exercício 1:
O adolescente realiza três lutos fundamentais, são eles:
A Luto pelos ganhos infantis; luto pelo papel e a identidade infantis; luto pelos pais infantis.
B Luto pelo corpo infantil; luto pela personalidade infantil; luto pelos pais da infância.
C Luto pelo corpo infantil: luto pelo papel e a identidade infantis; luto pelos pais da infância.
D Luto pelos sonhos infantis; luto pela personalidade infantil; luto pelos pais infantis.
E
Luto pela dissolução da simbiose parental; luto pelos amigos da infância; luto pelas transformações
corporais.
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Exercício 2:
Amanda é uma menina de 15 anos. Tem dias que chega em casa com muita energia, canta, pula,
dança. Em outros dias, está calada, quieta e às vezes, confusa; explode fácil quando questionada. A
mãe de Amanda, preocupada, procura você como um profissional e pede ajuda.
Quais seriam as orientações adequadas para a mãe de Amanda?
I A senhora deve repreender sua filha toda vez que ela apresentar mau humor.
II A senhora deve vigiála constantemente e repreender todas as atitudes incoerentes da mesma,
pois ela já é praticamente adulta.
III A senhora deve procurar entender que estas oscilações de humor e atitudes são normais da fase
(adolescência) em que ela se encontra.
IV Evite criticar, mas procure se aproximar e dialogar o mais frequentemente possível, pois essa é uma
fase cheia de dúvidas.
V Se a adolescente se enveredar para o caminho das drogas e do álcool não precisa se preocupar,
pois isto faz parte dessa fase.
Está correto o afirmado em
A I, II, III, IV e V.
B I.
C III e IV.
D I e III.
E I, III e V.
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Exercício 3:
Um jovem de 15 anos de idade está cursando o ensino médio numa escola de seu bairro. É uma pessoa bastante popular entre os colegas e
principalmente em relação a alguns professores. Esses últimos o consideram bastante pelo seu interesse em discussões sobre ideologias
políticas. Faz parte, inclusive, do grêmio estudantil da escola. Local onde, além de fazer suas discussões, encontra ótimo espaço para
atividades sociais. Têm muitos amigos, e a família já está deixando de ser o centro da sua existência.Tem discussões com os pais em razão
de algumas posturas rebeldes que apresenta, principalmente em relação aos horários de chegar em casa à noite. Apesar disso sempre que
tem algum problema, procura compartilhar com os pais, se sente orientado.
A maioria dos colegas são do mesmo sexo, outros jovens com quem pode falar e comentar sobre as garotas. Inclusive sobre aquelas que
estarão na festinha no fim de semana.
Gosta de futebol e pratica sempre que pode. Está cheio de dúvidas sobre o que fazer na faculdade, cursar História, Arte, Sociologia ou
Psicologia. Mas não consegue se decidir.
Em relação ao caso descrito reflita.
I. O interesse por ideologias políticas pode indicar um conflito pessoal com autoridades.
II. A necessidade que sente das orientações paternas indica que fortes laços afetivos foram estabelecidos em relação à família.
III. Não deveria sentir necessidades de orientações dos pais, pois está numa idade em que o afastamento familiar é normal.
IV. O jovem se encontra na primeira fase da adolescência, pois ainda busca pares do mesmo sexo para se relacionar.
V. Apesar de já ter certa autonomia, e um maior distanciamento familiar parece ter uma significativa confiança em relação a essa.
Isso demonstra sua imaturidade, pois já deveria ser completamente independente.
A Apenas, III, IV e V
B Apenas, I e II.
C II, III e V, apenas.
D V, apenas.
E I, apenas.
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Exercício 4:
Fernando passou no vestibular para cursar oceanografia muito cedo, aos 17 anos. Ao término do
primeiro semestre, para o desespero de seus pais, resolveu trancar a faculdade e fazer algumas viagens
para conhecer outras culturas. Conseguiu um emprego, guardou algum dinheiro e começou seu passeio
pelo mundo. Depois de um ano viajando, voltou ao Brasil e resolveu cursar a faculdade de Psicologia.
Hoje, aos 39 anos, Fernando é um respeitado psicólogo da área clínica.
O que aconteceu com Fernando na adolescência é comum, pois segundo Erik Erikson a adolescência
é período de
A moratória psicossocial durante a qual o indivíduo depende de um tempo de reflexão para integrar
elementos da identidade do ego, ao qual são adiados os compromissos da vida adulta.
B
moratória egóica durante a qual ocorre a superação de defesas menos elaboradas, que permitirão a
passagem para o estágio subsequente como um ego progressivamente mais integrado, em que dúvidas
e incertezas são recorrentes.
C
moratória psicossexual que se apresenta a partir de elementos contraditórios: como o desejo de ser
alguém e a necessidade de fantasiar, o que demanda sua resolução para que a passagem para a fase
adulta seja possível.
D moratória parcial, de duração decrescente, que favorecerá ensaios de papéis sociais exigidos nos
estágios subsequentes.
E moratória individual que requer uma evolução da dependência para a autonomia, com a gradativa
substituição do apego individual pela responsabilidade social.
Comentários:
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Exercício 5:
Não Vou Me Adaptar (Composição: Arnaldo Antunes)
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar (3x)
Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
É que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Me adaptar!
A partir da leitura da composição acima e da bibliografia referente ao período, é possível afirmar que
I o adolescente vive a perda de seu corpo infantil com a transformação brusca que sofreu na puberdade,
mas sem ter ainda uma personalidade adulta.
II a transformação do corpo coloca o adolescente diante da inevitabilidade das mudanças e da perda
de sua condição de criança: “tenho de agir como um adulto, de acordo com o meu corpo”.
III deve abandonar também sua identidade e papéis infantis.
Está correto o afirmado em
A I, II e III.
B I.
C III.
D II e III.
E I e III.
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Exercício 6:
Definir o momento em que a adolescência termina é uma tarefa difícil quando se considera que
A o início da adolescência definese em termos fisiológicos. Já a duração desse estágio, bem como
seu término, são definidos em termos psicológicos.
B os adolescentes passam por um período de negativismo, especialmente com os pais, bem no início
da puberdade.
C o início da adolescência é uma época de transição, com grandes crises de identidade para todos os
jovens, o que torna fácil a identificação de seu término por parte dos pais que observam seus filhos.
D psicológica e cronologicamente, a adolescência chega ao fim quando o indivíduo atinge certo grau
de
maturidade em quase todos os aspectos, sendo difícil determinar o que se considera por maturidade
em termos sociais e culturais.
E o término da adolescência, para as meninas, está relacionado à época da menarca, que sinaliza a
entrada da criança para a vida adulta, sendo capaz de gerar filhos.
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Exercício 7:
(ENADE) Estudos antropológicos indicaram que em alguns grupos culturais não ocorre o periodo da
adolescência. Isto significa que
A também não ocorre a puberdade, que é necessariamente um fenômeno cultural.
B os indivíduos desse grupo estão em atraso em relação aos de outros grupos culturais, já que a
adolescência é um fenômeno universal.
C
os critérios de definição da adolescência podem variar em função do grupo cultural, gerando distintas
transições da infância para a vida adulta.
D os diferentes hábitos culturais interferem na adolescência mais do que na puberdade.
E nos grupos em que não ocorre o período da adolescência, os indivíduos não ultrapassam a infância.
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Exercício 8:
Uma mãe reclama que sua filha de 12 anos tem se mostrado diferente do que era: mais rebelde, arredia
a quase tudo que a mãe fala, muito mais agitada, mais egoísta e mais isolada da família. Estes
comportamentos estão lhe parecendo típicos da adolescência, mas estranhamente a filha ainda não
apresenta grandes transformações corporais e também ainda não passou pela menarca.
Segundo o que foi estudado:
I A caracterização da adolescência é definida por uma sequência de transformações puberais, sendo
as mudanças de comportamento consequência das mudanças físicas.
II A adolescência é um período do ciclo vital em que o indivíduo apresenta uma série de comportamento
diferenciados, como a busca para ser independente dos pais e a autonomia psíquica, para o surgimento
de um novo papel social.
III Ser adolescente é uma maneira nova de estar no mundo, em que o indivíduo apresenta comportamentos
próprios dessa fase, que podem trazer modificações em relação a atitudes anteriores, à família, à busca
de amigos etc.
Está correto o afirmado em
A I.
B II.
C I e II.
D II e III.
E I, II e III.
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