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011 – Maturidade em Gerenciamento de Projetos

Por Paulo Cesar Marangoni

Mesmo sendo uma abordagem que remonta a antiguidade (*), a atual disciplina Gerenciamento de Projetos (GP) é
resultado de um desenvolvimento iniciado nos anos 50 e que aportou no Brasil em meados de 2000. Hoje já podemos
observar uma “ampla” aplicação das reconhecidas práticas de gestão do padrão PMBOK, mas também, àquelas
relacionadas ao método PRINCE2 e as competências do IPMA. Essas abordagens devem ser entendidas como
complementares entre si.

(*) Assistam “Asterix e Obelix: Missão Cleópatra”, diversão GP com um olho no jacaré.

Essa “ampla” aplicação do GP pode ser avaliada considerando os dados disponíveis sobre os processos de certificação
de pessoas instituídos para as abordagens PMBOK, PRINCE2 e IPMA em seus diversos níveis de conhecimento. As
informações do relatório do PMI nos permite concluir sobre o crescimento das suas certificações no Brasil e no
mundo, uma comparação de suas taxas de crescimento e sua distribuição pelos continentes (América Latina = 5,1%).

A aplicação do GP pode ser avaliada, também, considerando os dados sobre o mercado de trabalho. As informações
resultantes nos permite concluir sobre o aumento da demanda por esses profissionais no Brasil e a sua necessidade
futura (Brasil 2020 = 13 milhões).

De outra forma, essa “ampla” aplicação do GP deve ser avaliada considerando os dados disponíveis sobre seu impacto
no SUCESSO dos projetos, aqui entendido como sua conclusão atendendo as exigências de prazo, custo e escopo
(objetivos), alcançando o seu resultado e assegurando os benefícios desejados (qualidade e satisfação), ressaltando
que esse entendimento pode não atender a todas as partes interessadas e deve ser consolidado junto ao Patrocinador do
projeto.

Para Darci Prado, “no caso de Gerenciamento de Projetos, a MATURIDADE é ligada a capacidade de uma
organização gerenciar seus projetos com sucesso”. Existem diversos modelos para avaliar a MATURIDADE das
organizações em GP e, entre estes, temos o modelo Prado-MMGP desenvolvido por Darci Prado, consolidado em um
questionário de 40 (quarenta) perguntas em 5 (cinco) níveis de maturidade, o qual é aplicado em suas pesquisas
realizadas no Brasil desde 2005.

A pesquisa é aberta a qualquer pessoa e gratuita, seu preenchimento exige cadastramento, mas dependendo do seu
critério de interesse, os dados poderão não ser considerados. Os resultados das pesquisas realizadas por Darci Prado
estão disponibilizados gratuitamente na página www.maturityresearch.com, sendo que o último relatório disponível
foi emitido em 2014 considerando 415 profissionais e envolvendo aproximadamente 7885 projetos, permitindo uma
avaliação do SUCESSO das organizações brasileiras em Gerenciamento de Projetos, assim resumido:

“O resultado final apresentado neste relatório mostrou uma maturidade média de 2,64 para o grupamento Global.
Este valor pode ser admitido como bom se considerarmos que o assunto GP ganhou repercussão no Brasil há pouco
tempo. Por outro lado, considerando que o range de valores para maturidade vai de 1 a 5, podemos concluir que o
conjunto de organizações brasileiras ainda tem muito a melhorar.”

Como referência para o “ainda temos muito a melhorar” podemos considerar os seguintes aspectos em comum das
curvas de Maturidade x Sucesso das diversas categorias pesquisadas:

- Conforme se atinge o Nível 5, o índice de sucesso de aproxima de 100%;


- Para valores próximos ao Nível 4, o índice de sucesso é próximo de 80%.

Segundo Kerzner, “é preciso 7 (sete) anos para se atingir o Nível 5, partindo-se do nível inicial”, ou seja, começar
agora a investir em uma abordagem estruturada para elevar o nível de maturidade em GP e alcançar a excelência
significará uma grande vantagem competitiva no futuro. Apenas 12,7% das empresas pesquisadas estão nesses
patamares.

Relativizando o Nível 4 com 80% de SUCESSO (Sucesso Total + Sucesso Parcial) temos as seguintes informações:

- 84,2% de percepção da alta direção que GP agregar muito valor;


- 17% de projetos com atraso (média);
- 10% de projetos com estouro de custos (média);
- 88% de projetos executados dentro do escopo previsto (média).

Uma análise detalhada dos indicadores pelo leitor, considerando seu próprio contexto profissional, é possível já que a
pesquisa apresenta diversas segmentações para os indicadores gerais (por Categoria, Estado, Tipo de Organização,
etc.).

Outro aspecto relevante da pesquisa se refere à estrutura de governança implementada pelas organizações,
considerando os elementos: Gerente de Projetos, PMO (Project Office Management) e Comitês, mas as informações
não estão plenamente segmentadas nos Níveis de MATURIDADE, sendo assim resumidas:

“Podemos observar nos slides seguintes que os aspectos organizacionais da governança têm boa aceitação entre as
organizações presentes, mas chama a atenção os percentuais significativos de não-utilização das funções de
governança, conforme discutido mais à frente. Avanços certamente serão bem vindos naquelas organizações que as
deveriam possuir (por exemplo, aquelas de baixo índice de maturidade), mas que ainda não as utilizam. Destaque para
as ausências de PMO e comitê.”

- 85,5% possuem a Função Gerente de Projeto, sendo 34,7% acima de cinco anos;
- 73,6% possuem a Função PMO, sendo 18,3% acima de cinco anos;
- 60,7% possuem a Função Comitê, sendo 18,6% acima de cinco anos;

- 57,9% de percepção da alta direção que PMO agregar muito valor (Nível4);
- 20,0% possuem PMO com mais de 6 pessoas e maturidade próxima ao Nível 3;
- 51% possuem PMO com menos de 5 pessoas e maturidade
- 29,4% não possuem PMO e estão no Nível de maturidade 2,26;
- 82% das organizações que não possuem PMO estão nos Níveis 1 e 2 (São Paulo).

Nesse aspecto, a pesquisa “Pulse of Profession 2017” do PMI é mais afirmativa ao concluir que 38% das organizações
que possuem um PMO estratégico (EPMO) obtêm SUCESSO superior a 56% de seus projetos quanto ao atendimento
às metas e resultados, podendo alcançar 77% para aquelas que possuem um alto grau de alinhamento estratégico.

Alcançar a MATURIDADE em GP requer uma abordagem estruturada com realização de diagnóstico, elaboração de
plano de crescimento e estruturação do sistema de gestão, um objetivo estratégico para que a organização se destaque
no seu contexto pela excelência em GP, se transformando em “benchmark”, afinal... é um grande projeto para o
futuro.

Inspiração: Darci Prado – Maturidade em Gerenciamento de Projetos – Série Gerenciamento de Projetos – Vol. 7

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