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Perinçek vs Suiça

1. Factos
1.1 Circunstâncias do caso
Pedido, por Perinçek, contra a Confederação Suíça, com base no artigo 34 da CEDH .

Alega que a sentença de que foi alvo, devido a declarações públicas, viola o seu direito
à liberdade de expressão e o seu direito de não ser punido sem lei.

Em 2005, Perinçek fez parte de três eventos públicos na Suíça.


1) Deu uma entrevista onde disse :
- As alegações do genocídio arménio são uma mentira internacional.

- Os imperialistas Estado Unidos e Europa sucedem a Hitler como mestres das


mentiras internacionais.
- Documentos, não apenas turcos, mas também russos refutam essa mentira. Os
imperialistas do Ocidente e da Rússia Czarista foram os responsáveis pela situação que
ocorreu entre muçulmanos e arménios. Querendo dividir o Império Otomano,
provocaram os arménios, com quem os turcos sempre tinham vivido pacificamente,
incitando-os à violência.
- Os turcos e os curdos defenderam-se desses ataques.
- O genocídio arménio é uma mentira inicialmente criada pelos imperialistas Inglaterra,
França e Rússia, durante a primeira guerra mundial, no intuito de dividir o Império
Otomano.
2) Distribuiu cópias de um escrito seu intitulado " As grandes potências e a questão
arménia", onde nega os acontecimentos de 1915 até 1918.
3) Refere escritos de Lenine, Estaline e outros, onde se nega o genocídio levado a cabo
pelas autoridades turcas.
Incita os seus ouvintes a interessarem-se pela questão.
Procedimentos criminais após as suas declarações :
A Associação Suiça-Arménia apresenta uma queixa-crime contra Perinçek, devido à
primeira declaração, ainda que a investigação se tenha depois estendido até às outras
duas.
Em causa estava o parágrafo 4 do art. 261 do Código Penal. Foi condenado.
Dogu Perinçek reconhece que os massacres ocorreram, mas justifica-os em nome das
leis da guerra e mantém que os massacres foram perpetrados tanto pelo lado
arménio, como pelo lado turco.
Refere que o Império Otomano deslocou milhares de arménios desde as fronteiras
com a Rússia até àquilo que hoje é a Síria e o Iraque, mas tal justifica-se por razões de
segurança.
Refere que os arménios, ou alguns deles, eram traidores, uma vez que aliados da
Rússia contra as tropas do Império.

O tribunal reconhece que a negação da existência do massacre, por mais ampla que
seja, não é por si só abrangida pelo art. 261º do CPS.
Perinçek refere que a teleologia desse art. é referente ao genocídio nazi.
Refere também que um evento, para estar no escopo do artigo, tem necessariamente
de ser reconhecido pelo TIJ.
Refere que o reconhecimento do genocídio arménio não é universal, não sendo
reconhecido, à cabeça, pela Turquia e por vários historiadores.

A parte civil refere que o tribunal deve apurar o reconhecimento internacional desse
genocídio e não autodidaticamente investigar o evento.
As partes concordam em apenas um ponto - não é função do tribunal escrever história.

Uma das questões é saber se o art. 261º apenas se refere aos genocídios reconhecidos
pelo TIJ. Nada o indica. Nem sequer há referência apenas ao genocídio judeu.
De acordo com Diário Oficial do Conselho Nacional, os legisladores remeteram
explicitamente para a CPPCG, de 9/12/1948, sendo citado exemplificativamente o
genocídio dos curdos e dos arménios.
Por vários motivos, o tribunal considera que, de acordo com a opinião pública suíça, o
genocídio arménio é um facto histórico estabelecido.
Vários países reconhecem o genocídio - França.
O parlamento europeu e o conselho da europa reconhecem o genocídio.
Pode ser levantada a questão se Perinçek saberia que estaria a negar factos históricos
estabelecidos - ele reconheceu que sim. Ele nunca descreveria o evento como uma
"mentira internacional" se não soubesse que a maioria da comunidade internacional
reconhecia o genocídio.
O tribunal refere que é claro que os motivos de Perinçek são racistas e nacionalistas.
Descreve os arménios como agressores do povo turco.
É condenado (ver melhor).

Dogu recorre da sentença. É negado provimento ao recurso pela Criminal Cassation


Divison of the Vaud Cantonal Court

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