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Erika Seguchi
Engenheira agrônoma pela USP. Bacharel e Mestre
em Direito pela UNIMEP. Professora do curso
de Direito do Instituto Superior de Ciência Aplicadas.
eriseg@uol.com.br
Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 11(21): 65-92, jul.-dez. 2011 • ISSN Impresso: 1676-529-X • ISSN Eletrônico: 2238-1228 65
Erika Seguchi
Abstract This article aims to mention the importance of the Declaration of Potsdam,
(from July 26, 1945) concerning the surrender of the Japanese State and the situation
of the archipelago in 1945 and at the beginning of the post World War II, exposing
the main reasons that made them the winners of the Second World War - Allies - to
create a tribunal to judge war criminals senior Japanese military, called the Interna-
tional Military Tribunal for the Far East - TMIEO - (or better known as the Tokyo
Tribunal) similar to what occurred at Nuremberg with some captured members of
the Nazi high command. We tried to make this article a historical review of some
moments of World War II (relevant to work) transcribing excerpts from Truman’s
words, emanating from the White House, authorizing the release of atomic bombs
on Japan as the words of surrender of the State Japanese spoken by the then Emperor
Hirohito. Furthermore, the article sought to show the historical importance of this
ad hoc tribunal which, together with the one of Nuremberg, marking the end of an
era and inaugurating a period of change in the scenario of international relations and
development of international humanitarian law and international law Human Rights.
Key-words International Military Tribunal for Far East. Tokyo Trial. Ad hoc
Tribunal. Ad hoc Court. Postdam Declaration, 1945.
Introdução
1
CANÊDO, Carlos. O genocídio como crime internacional. Belo Horizonte: Delrey, 1999. p. 52.
66 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 11(21): 65-92, jul.-dez. 2011 • ISSN Impresso: 1676-529-X • ISSN Eletrônico: 2238-1228
Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
Hagenbach pela permissão concedida a sua tropa para estuprar, matar os civis e sa-
quear as suas propriedades.2
Da mesma forma, manifesta-se Christopher Hall:
Em 1919, com a intenção de alcançar uma paz justa e duradoura, Wilson Tho-
mas Woodrow anunciou no congresso norte-americano os seus princípios e objetivos
em 14 itens referentes à política internacional, bem como expôs também o seu ponto
de vista à Conferência de Versalhes no sentido de criar uma entidade internacional
capaz de assegurar a paz.7
2
BASSIOUNI, Cherif. The time has come for an international criminal court. Indiana international
and comparative law review, n. 1 (1991), p. 1-2. Apud. PIOVESAN, Flávia. Temas de direitos
humanos. 2.ed., São Paulo: Max limonad, 2003. p. 148.
3
HALL, Christopher Keith. La primera propuesta de creación de un tribunal penal internacional
pemanente. Disponível em: <http://www.cicr.org/Web/spa/sitespaO.nsf/iwpList74/8583D6A5C38
0AF62C1256DE10056A040. Acesso em 26/10/2000.
4
Gustave Moynier foi um dos fundadores da Cruz Vermelha Internacional juntamente com Henry
Dunant; Théodore Maunoir; Louis Appia e Guillarme H. Dufour.
5
MOYNIER, Gustave. Note sur la création dúne institution judiciaire internationale propre à pre-
venir et `a réprimer les infractions à la Convention de Genève, Bulletin international des Sociétés
de secours aux militaires blessés, Comité International, no. 11, abril de 1872, p. 22. Apud, HALL,
Christopher Keith. Op. cit.
6
MOYNIER, Gustave. Apud, HALL, Christopher Keith. Op. cit.
7
Para maiores pormenores sobre o discurso de Wilson ver SEGUCHI, Erika; OLIVEIRA, José Iná-
cio. Os 14 pontos de Wilson. In: Revista jurídica das Faculdades Integradas Claretianas. Rio
Claro: Ave Maria, 2003.
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8
SOUZA, Artur de Brito Gueiros. O tribunal penal internacional e a proteção dos direitos humanos:
uma análise do estatuto de Roma à luz dos princípios do direito internacional da pessoa humana.
In: Boletim científico da escola superior do Ministério Público da União. Brasília: ESMPU,
n°12, jul.set.2004. p. 11.
68 Cadernos de Direito, Piracicaba, v. 11(21): 65-92, jul.-dez. 2011 • ISSN Impresso: 1676-529-X • ISSN Eletrônico: 2238-1228
Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
That bomb had more Power than 20.000 tons of T.N.T. It had more than
two thousand times the blast power of the British “Grand Slam” which
is the largest bomb ever yet used in the history of warfare… It is an
atomic bomb. It is a harnessing of the basic power of the universe…12
Como Japão não havia se rendido mesmo com o ultimato dos aliados contido na De-
claração de Postdam, Truman acabou por autorizar o lançamento da bomba sobre o Japão:
It was to spare the Japanese people from utter destruction that the ul-
timatum of July 26 was issued at Potsdam. Their leaders promptly re-
jected that ultimatum. If they do not now accept our terms they may
expect a rain of ruin from the air, the like of which has never been seen
on this earth.13
9
FERREL, Robert H. (ed.) Para saber mais sobre o conteúdo da Declaração de Postdam consultar:
Truman and the Bomb, a Documentary History -Chapter 7: The Potsdam Declaration, July 26. In:
Harry S. Truman Library & Museum. Disponível em:<http://www.trumanlibrary.org/whistles-
top/study_collections/bomb/ferrell_book/ferrell_book_chap7.htm>. Acesso em: 20 nov. 2007.
10
Franklin Delano Roosevelt havia falecido em abril de 1945. Ele foi sucedido por Truman posteriormente.
11
Deutsche wele. Calendário histórico: 1945 Conferência de Postdam. In: DW world.de. Disponível
em: <http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,593737,00.html >. Acesso em: 20 nov. 2007.
12
TRUMAN, Harry P. The White House: decision to drop the atomic bomb document. In: Harry
S. Truman Library & Museum. Disponível em:<http://www.trumanlibrary.org/whistlestop/stu-
dy_collections/bomb/large/documents/index.php?documentdate=1945-08-06&documentid=59&st
udycollectionid=abomb&pagenumber=1>. Acesso em: 21 nov.2007.
13
TRUMAN, Harry P. Discurso proferido em 6 de agosto de 1945. In: Zenpundt. Disponível em:<
http://zenpundit.blogspot.com/2007/08/august-6-1945-it-was-to-spare-japanese.html>. Acesso em:
22 nov.2007.
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Erika Seguchi
...During his recitation of the relevant facts, I had been concious of a fe-
eling of depression and so I voiced to him my grave misgiving, first on
the basis of my belief that Japan was already defeated and that dropping
the bomb was completely unnecessary, and second because I thought
that our country should avoid shocking world opinion by the use of a
weapon whose employment was, I thought, no longer mandatory as a
measure to save american lives...15
...The development of atomic power will provide the nations with new
means of destruction the atomic bomb at our disposal represent only
the first step in direction, and there is almost no limit to the destructive
power which will become available in the course of their future deve-
lopment. Thus a nation which sets the precedent of using these newly
liberated forces of nature for purpose of destruction may have to bear
the responsability of opening the door to an era of devastation on a
unimaginable scale. If after this war a situation is allowed to develop in
the world which permits rival powers to be in uncontrolled possession
of these new means of destruction, the cities of the United States as well
as the cities of other nations will be in continuous danger of sudden
14
TRUMAN LIBRARY. Presidencial decision making: the atomic bomb. Disponível em:<http://www.
trumanlibrary.org/educ/presidentialyears/13-Atomic%20bomb.doc>. Acesso em: 24 maio 2012.
15
NUCLEARFILES.Dwight Eisenhower view on using the atomic bomb. Disponível em: <http://
www.nuclearfiles.org/menu/key-issues/nuclear-weapons/history/pre-cold-war/hiroshima-nagasaki/
opinion-eisenhower-bomb.htm>. Acesso em 24 maio 2012.
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Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
annihilation. All the resources of the United States, moral and material,
may have to be mobilized to prevent the advent of such a world situa-
tion. Its prevention is at present the solemn responsibility of the United
States -- singled out by virtue of her lead in the field of atomic power...16
I also hope that you will issue orders forbidding the officers in com-
mand o four air forces from warning Jap cities that they will be atta-
cked. These generals do not fly over Japan and this showmanship can
only result in the unnecessary loss of many fine boys in our air force…17
16
SZILARD, Leo. A petition to the president of the United States. Disponível em:<www.dannen.com/
decision/45-07-17.html>. Acesso em: 24 maio 2012. Esta petição foi escrita por Szilard e mais 70
cientistas ligados a pesquisa atômica (em 17 de julho de 1945) e encaminhada ao Presidente Tru-
mann. Szilard foi favorável ao desenvolvimento da bomba atômica a fim de conter a força alemã,
responsável pelo Holocausto, entretanto, com a Alemanha derrotada em 8 de maio de 1945 defendeu
a não necessidade mais do uso da bomba atômica contra os japoneses. Nesse sentido ver: UNITED
STATES DEPARTMENT OF ENERGY. The Manhattan project: making the atomic bomb. S.l: De-
partment of energy of U.S., jan. 1999. p. 10.
17
TRUMAN, Harry P. Telegram, Richard Russell to Harry S. Truman, August 7, 1945. In: Harry
S. Truman Library & Museum. Disponível em:<http://www.trumanlibrary.org/whistlestop/stu-
dy_collections/bomb/large/documents/index.php?documentdate=1945-08-07&documentid=8&stu
dycollectionid=abomb&pagenumber=1>. Acesso em 20 nov. 2007.
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Verificou-se que a estratégia adotada pelos EUA surtiu efeito e, passados seis
dias do último lançamento da bomba atômica, o Japão se rendeu aos aliados...
Vale lembrar que o assombroso impacto causado pelos lançamentos das bom-
bas atômicas não só chocou o Japão, mas também estarreceu toda a sociedade in-
ternacional que testemunhou a inauguração fática da era atômica, um período de
criação de armas potencialmente destrutivas com o uso da tecnologia nuclear sem
precedentes na história da humanidade.
Cerca de 75 milhões de japoneses foram surpreendidos às 11 horas da manhã do dia
15 de agosto de 1945 por uma voz lenta e rouca que vinha do rádio a comunicar a ren-
dição incondicional do Japão aos países aliados na II Grande Guerra – essa voz, jamais
ouvida até então, pertencia ao imperador Hirohito19 que tomara a decisão da rendição
após ouvir o Conselho do Estado em um ato de aceitação da Declaração de Postdam. Tal
rendição foi assinada a bordo do encouraçado americano Missouri na baía de Tóquio. 20
Segundo Carlos Leonardo Bahiense da Silva, os japoneses tiveram dificuldade
em compreender o teor do discurso proferido pelo imperador, em razão dele se utili-
zar de uma língua antiga, com uso de algumas expressões em chinês, desconhecidas
pela grande parte da população, mas que após a explicação objetiva do comentarista
oficial do governo a população caiu em si, e, apesar de tristes com a rendição aos
aliados, os japoneses respiraram aliviados pela notícia do final da guerra, especial-
mente após terem sofrido com o bombardeio de Hiroshima e Nagasaki.21
18
Idem. Telegram, Richard Russell to Harry S. Truman, August 7, 1945. In: Harry S. Truman Li-
brary & Museum. Disponível em:<http://www.trumanlibrary.org/whistlestop/study_collections/
bomb/large/documents/index.php?documentdate=1945-08-07&documentid=8&studycollectionid=
abomb&pagenumber=1>. Acesso em 20 nov. 2007.
19
Behr, Op. cit., p. 382-383. Apud DA SILVA, Carlos Leonardo Bahiense. Em nome do imperador:
reflexões sobre a Shindo Renmei e sua campanha pela preservação da etnicidade japonesa no Bra-
sil(1937-1950). Rio de Janeiro, UFRRJ, 2004 (Dissertação, Mestrado em Desenvolvimento, Agri-
cultura e Sociedade). f. 47.
20
YAMASHIRO, José. Japão: passado e presente. São Paulo: Aliança cultural Brasil-Japão. 1997, p.
284-285.
21
DA SILVA, Carlos Leonardo Bahiense. Em nome do imperador: reflexões sobre aShindo Renmei
e sua campanha pela preservação da etnicidade japonesa no Brasil (1937-1950). Rio de Janeiro,
UFRRJ, 2004 (Dissertação, Mestrado em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade). f. 47.
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das inúmeras atrocidades cometidas pelos nazistas. Assim, depois de muita discus-
são e reflexão sobre o destino dos criminosos de guerra, em 1° de novembro de 1943,
os aliados divulgaram a Declaração de Moscou, cujo conteúdo versava sobre o enca-
minhamento a ser dispensado aos diversos criminosos de guerra25, mas não continha
explicações se eles seriam julgados ou sumariamente executados.26
Goldensohn explica ainda que Roosevelt, Stalin e Churchill divergiam sobre
o tema que envolvia as execuções sumárias - pauta essa da Conferência de Teerã,
-ocorrida em 28 de novembro a 1° de dezembro de 1943 - envolvendo tais líderes.
Stalin havia comentado que o poderio militar alemão estaria liquidado para sempre
se os 50 mil líderes das forças armadas fossem capturados e executados. Roosevelt e
Churchill, num primeiro momento, defendiam a posição da execução sumária militar
sem julgamento, mas depois de muito ponderar sobre essas questões, com base nas
sugestões dos secretários de guerra, do tesouro e demais especialistas, chegaram a
conclusão de que deveriam evitar a impressão de que buscavam vingança. Assim, a
idéia inicial de uma execução sumária foi substituída pela idéia da criação de tribu-
nais. Ademais, Stalin, percebendo que Churchill jamais concordaria com a elimina-
ção de milhares de membros da elite alemã, concordou com a proposta de promover
um julgamento, fato esse que serviria de propaganda para melhorar a sua imagem
negativa no Ocidente.27
Dessa forma, em 8 de agosto de 1945 acabaram por redigir um estatuto para
os julgamentos com a fixação dos pormenores sobre a constituição do tribunal, os
direitos dos réus, bem como os tipos penais.28
No que tange ao Japão, segundo Hebert P. Bix o Imperador Hirohito sabia,
desde 1942, que os aliados almejavam criar um tribunal militar internacional para
julgar os criminosos de guerra, o que se confirmou em novembro de 1943 por meio
da Declaração de Moscou e, mais tarde, também, pela Declaração de Postdam e pelo
Acordo de Londres, ambos de 1945.29
Em 11 de setembro de 1945, as forças aliadas ocuparam o território japonês
sob o comando do general Douglas MacArthur com o fito de estabelecer a ordem,
eliminando as influências maléficas do militarismo e pregando os fundamentos da li-
berdade na reconstrução do arquipélago.30 Nessa ocupação, o general estadunidense
25
Os criminosos que praticaram crimes de guerra em regiões localizadas e os que praticaram crimes
de guerra de grande alcance geográfica teriam tratamentos diferenciados.
26
GOLDENSOHN, Leon. As entrevistas de Nuremberg. Tradução de Ivo Korytowski. São Paulo:
cia das letras, 2005. p. 8-9.
27
Ibidem, p. 11.
28
Ibidem,. p.10-14. passim.
29
BIX, Hebert P. Hirohito and the making of modern Japan. New York: Harper Collins, 2000. p. 581.
30
YAMASHIRO, José. Op. cit., p. 285.
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Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
ordenou a captura de todos os suspeitos pela prática dos crimes de guerra, inclusive
o premier japonês Ideki Tojo, o braço direito do imperador, como se pode verificar:
Mucho se insistió em que también debía julgarse al tennô, pero fue per-
donado por decisión de Mac Arthur, quien sabía bien cuál había sido su
función em lo que respecta a La decisión de lanzarse a la guerra. Ade-
más, considero que le sería indispensable para administrar a La nación
com êxito. Manifestó que em muchas ocasiones se habían entrevistado
y que consideraba que era quien mejor comprendía La democracia entre
todos los japoneses.32
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Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
Da composição do TMIEO
O tribunal foi composto por 11 membros, a saber: William Flood Webb (Aus-
trália) na condição de presidente e os demais integrantes E. Stuart McDougall (Cana-
dá), Ju Ao Mei (China), Henry Reimburger (França), Lorde Patrick (Grã-Bretanha),
R.B.Pal39 (Índia), Bernard Victor A. Roeling (Holanda), Harvey Northocroft (Nova
Zelândia), Delfin Jaramilla (Filipinas), I. M. Zaryawov (União Soviética) e Myron
C. Cramer (Estados Unidos).40
Segundo a Carta do Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente (em
anexo), tal tribunal possuía poderes para julgar e punir os criminosos de guerra do
Extremo Oriente pela prática dos crimes contra a Paz que, nas palavras de Ramella,
corresponde ao:
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42
CHINA trough a lens. The 14 class-A war criminals enshrined at Yasukuni. Disponível em:<http://
china.org.cn/english/features/135371.htm> Acesso em: 21 nov. 2007.
43
Yasukuni Jinja foi erigido em 1869 durante o governo Meiji a fim de restaurar o espírito das belas
tradições da nação. O mausoléu homenageia a todos os mártires de guerra japoneses. O referido
lugar surgiu como um marco simbólico da nacionalidade, no momento em que o Japão moderno,
imperial e militarista nascia. Por trás do símbolo, encontrava-se o Estado Xinto, uma fusão ori-
ginal entre o absolutismo moderno e a antiga religião xintoísta, que servia como alicerce para a
Restauração Meiji. A opinião pública criticou o simbolismo de Yasukuni em 1978, ocasião em que
secretamente as autoridades responsáveis pelo local transferiram para lá os restos mortais do general
Hideki Tojo e dos demais chefes militares condenados por crimes contra a humanidade cometidos
na Segunda Guerra Mundial. Tem-se a informação de que, mesmo sob uma tormenta de protestos, o
gabinete japonês recusou-se a ordenar a remoção dos restos mortais dos criminosos. Nesse sentido
ver MAGNOLI, Demétrio. Koizumi em Yasukuni. In: Revista Pangea quinzenário de política,
economia e cultura. Disponível em:<http://www.clubemundo.com.br/revistapangea/show_news.
asp?n=62&ed=1>. Acesso em: 21 nov. 2007.
44
CHINA trough a lens. The 14 class-A war criminals enshrined at Yasukuni. Disponível em:<http://
china.org.cn/english/features/135371.htm> Acesso em: 21 nov. 2007.
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Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
ele foi preso como um criminoso de guerra e, em 1948, foi condenado e enforcado.
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Do recurso
Conforme o dispositivo de recurso contra a sentença da Corte previsto na Carta
do Tribunal de Tóquio, os sete advogados de defesa dos acusados apelaram para a
Corte Suprema dos EUA.47
47 BIX, Hebert P. Op. cit., p. 609.
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Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
Souza; DOLINGER, Jacob. Direito internacional penal: tratados e convenções. São Paulo: Reno-
var, 2006. p.1221-1226; SOUZA, Artur de Brito Gueiros. O tribunal penal internacional e a proteção
dos direitos humanos: uma análise do estatuto de Roma à luz dos princípios do direito internacional
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Considerações finais
Os termos contidos na Declaração de Postdam não foram, de pronto, suficientes
para sensibilizarem as forças armadas japonesa a se renderem aos aliados na ocasião
da II Guerra, o que obrigou os Estados Unidos a cumprirem as ameaças estabe-
lecidas na mencionada Declaração, fazendo uso das bombas atômicas que foram
lançadas no arquipélago japonês. Consequentemente, a formalização da rendição
japonesa só veio a ocorrer em 2 de setembro de 1945, após o último bombardeio
atômico sobre o arquipélago, num ato de aceitação da Declaração de Postdam pelo
então imperador Hiroito.49
Tal declaração não só mencionou os novos limites do arquipélago japonês -
configuração esta mantida até os dias de hoje (Ilha de Honshu, Hokkaido, Kyushu
e Shikoku, acrescida de algumas pequenas ilhas determinadas pelos aliados) como
balizou os procedimentos a serem aplicados aos suspeitos de terem praticado os
crimes de guerra.
No mais, tal como o Tribunal de Nuremberg, o Tribunal de Tóquio foi criado
para julgar os fatos pretéritos (ex post facto) num ato (muito mais político do que
jurídico) de imposição da vontade das nações vencedoras sobre a vencida.
O embasamento legal para o julgamento de Tóquio foi estabelecido pela Carta
do Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente proclamada em janeiro de
1946 pelo então general estadunidense Douglas MacArthur.
O julgamento de Tóquio (bem como o de Nuremberg) foi considerado um pre-
cedente de importância fundamental na aplicação da justiça internacional e no de-
senvolvimento das jurisprudências internacionais, mas cabe lembrar que, em pese
os esforços empreendidos nessas últimas décadas, a sociedade internacional ainda
testemunha vários casos de impunidade pelo mundo, tais como a dos militares que
violaram os direitos humanos no Chile, o abuso de civis na Chechênia, homicídios
na Guatemala, os casos de abuso policial na Indonésia...
da pessoa humana. In: Boletim científico da escola superior do Ministério Público da União.
Brasília: ESMPU, n°12, jul.set.2004. p. 10-14, passim.; Joanisval Brito. Tribunal de Nuremberg:
1945-1946. 2. ed., São Paulo: Renovar, 2004. p.87. BIX, HERBERT P. Hirohito and the making
of modern Japan. New York: Harper Collins, 2000.
49
In verbis: “ We, acting by command of and in behalf of the Emperor of Japan, the Japanese Go-
vernment and the Japanese Imperial General Headquarters, hereby accept the provisions set forth
in the declaration issued by the heads of the Governments of the United States, China and Great
Britain on 26 July 1945 at Potsdam, and subsequently adhered to by the Union of Soviet Socialist
Republics, which four powers are hereafter referred to as the Allied Powers”. Para ver o inteiro teor
da rendição, ver: USC US - Chine Institute. Instrument of surrender by japan, 1945. http://china.
usc.edu/(A(gMvxEwWGygEkAAAAYjEzZmNkYmYtMTVhMC00MDI4LTgxYzEtYmE4YjBm
MGJmZmEw2Dz_-WgVC1zMjh_Gh-34bazWI4g1)S(xndlbxyiqo1fterxta2a1w45))/ShowArticle.
aspx?articleID=426. Acesso em: 29 mar 2010.
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Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
ANEXO
Artigo 1°
Estabelecimento do Tribunal
O Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente fica estabelecido pelo presente
artigo, para a justiça e pronta punição dos grandes criminosos de guerra do Extremo Oriente.
A sede permanente do Tribunal fica em Tóquio.
Artigo 2°
Membros
O Tribunal compreenderá seis membros no mínimo e onze membros no máximo esco-
lhidos pelo comandante-chefe para as potências Aliadas, a partir de uma lista de nomes forne-
cida pelos Países Signatários do Instrumento de Capitulação, a Índia e a União das Filipinas.
Artigo 3°
Funcionários e Secretariado
a) Presidente.
O comandante-chefe supremo para as Potências Aliadas nomeará um membro como
Presidente do Tribunal.
b) Secretariado.
1. O Secretariado do Tribunal será composto por um secretário-geral, que será nomeado
pelo comandante-chefe supremo para as Potências Aliadas, e tantos secretários, empregados de
escritório, intérpretes e outros membros quanto forem necessários.
2. O Secretário-Geral organizará e dirigirá o trabalho do Secretariado.
3. O Secretariado receberá todos os documentos dirigidos ao Tribunal, conservará as
minutas do Tribunal, fornecerá os serviços de escritório necessários ao Tribunal e aos seus
membros, e cumprirá todas as outras tarefas que venham a ser destinadas a ele pelo Tribunal.
Artigo 4°
Reunião e quórum, voto e ausência
a) A reunião e quórum.
Quando pelo menos seis membros do Tribunal estiverem presentes, eles poderão reunir
o Tribunal em sessão oficial. A obtenção de uma maioria do conjunto dos membros será ne-
cessária para constituir um quórum.
b) Voto
SOARES, Denise de Souza; DOLINGER, Jacob. Direito internacional penal: tratados e conven-
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Artigo 5°
Jurisdição sobre as pessoas e sobre os crimes
O Tribunal terá o poder para julgar e punir os criminosos de guerra do Extremo Oriente
que, individualmente ou como membro de organizações, são acusados de crimes compreen-
dendo crimes contra a paz.
Os atos a seguir, ou qualquer um deles, são os crimes submetidos à jurisdição do Tribu-
nal para os quais haverá responsabilidade individual:
Crimes contra a Paz.
Crimes contra as Convenções de Guerra. Isto é, as violações das leis e costumes de
guerra.
Crimes contra a Humanidade.
Isto é, assassinato, extermínio, escravização, deportação e qualquer outro ato desumano
cometido contra qualquer população civil, antes ou durante a guerra, ou perseguições por
motivos políticos ou raciais, na execução ou na relação com qualquer crime que recaia na ju-
risdição do Tribunal, esteja ou não violando a legislação interna de país onde foi perpetrado o
crime. Os chefes, organizadores, provocadores e cúmplices que tomaram parte na elaboração
ou na execução de um plano comum ou em um complô para cometer qualquer um dos crimes
enunciados são responsáveis por todos os atos realizados por qualquer pessoa na execução
desse plano.
Artigo 6°
Responsabilidade do acusado
Nem a posição oficial de um acusado, em nenhum momento, nem o fato de que um
acusado agiu de acordo com as ordens de seu Governo ou de um superior bastará, por si só,
para afastar a responsabilidade desse acusado em qualquer crime pelo qual é responsabili-
zado, mas essas circunstâncias podem ser consideradas como atenuantes no veredicto, se o
Tribunal assim considerar de acordo com a justiça.
Artigo 7°
Regras de processo
O Tribunal pode estabelecer e emendar as regras de processo, compatíveis com as dis-
posições fundamentais da presente Carta.
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Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
Artigo 8°
Conselho
Chefe do conselho.
O Chefe do Conselho, designado pelo Comandante-Chefe Supremo para as Potências
Aliadas, é responsável pela instrução e pelo processo das acusações contra os criminosos
de guerra que recaiam sob a jurisdição do Tribunal prestará a assistência legal necessária ao
Comandante-Chefe Supremo.
Membros do Conselho.
Cada uma das Nações Unidas contra a qual o Japão estava em guerra pode nomear um
membro do Conselho encarregado de auxiliar o Chefe do Conselho.
Artigo 9°
Procedimento de um julgamento imparcial
Visando a garantir que os acusados sejam julgados com eqüidade, será adotado o se-
guinte procedimento:
Ato de acusação.
O ato de acusação consistirá em uma exposição clara, concisa e adequada de cada crime
imputado. Será fornecida a cada acusado, em tempo útil para a sua defesa, uma cópia do ato
de acusação, incluindo todas as emendas, e uma cópia da presente Carta, em uma língua que
o acusado compreenda.
Língua.
O processo e as formalidades relacionadas a ele ocorrerão em inglês ou na língua do
acusado. Traduções de documentos e outros papéis serão fornecidas de acordo com a neces-
sidade e as solicitações.
Advogado do acusado.
Cada acusado terá direito de ser representado por um advogado de sua própria escolha,
ressalvando que o Tribunal pode, a qualquer momento, desaprovar esse advogado. O acusado
fornecerá ao secretário-geral do Tribunal o nome do seu advogado. Se um acusado não esti-
ver representado por um advogado e solicitar em plena sessão a nomeação de um, o Tribunal
designará um advogado para ele. Na ausência de uma solicitação desse tipo, o Tribunal pode
nomear um advogado para o acusado se, em sua opinião, essa nomeação for necessária para
um julgamento eqüitativo.
Depoimento de defesa.
Um acusado terá o direito de apresentar ele próprio a sua defesa ou por intermédio de
seu advogado (mas não das duas maneiras ao mesmo tempo) e esse direito implicará o de
examinar qualquer testemunho, ressalvando as restrições razoáveis que possam ser fixadas
pelo Tribunal.
Apresentação de testemunha de defesa.
Um acusado pode solicitar por escrito ao Tribunal para apresentar testemunhas ou do-
cumentos. O requerimento indicará em que local a testemunha ou o documento poderiam ser
encontrados. Ele fará também a exposição dos fatos que se pretende provar graças à teste-
munha ou ao documento e a relação desses fatos com a defesa. Se o Tribunal achar cabível a
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solicitação, ele concederá toda a ajuda exigida pelas circunstâncias para obter a apresentação
da prova.
Artigo 10
Solicitações e moções apresentadas ao Tribunal
Todas as moções, solicitações e outros requerimentos dirigidos ao Tribunal antes do
início do processo visarão a servir à ação do Tribunal.
Artigo 11
Poderes
O Tribunal terá poder para:
Convocar testemunhas para o processo, requerer sua presença e seu testemunho, e in-
terrogá-las;
Interrogar cada acusado e permitir que eles expliquem o motivo de se negarem a res-
ponder a uma questão qualquer;
Exigir a apresentação de documentos e de outros meios de prova;
Exigir de cada testemunha um juramento, afirmação ou uma declaração desse tipo con-
forme os hábitos do país da testemunha, e fazer com que se preste juramento;
Nomear os funcionários encarregados de cumprir qualquer tarefa que for designada por
esse Tribunal, inclusive a de buscar provas, por procuração.
Artigo 12
Condução do processo
O Tribunal deverá:
Limitar estritamente o processo a um exame rápido das questões levantadas pela acu-
sação;
Tomar as medidas estritas para evitar qualquer ação que leve a um atraso não justifi-
cado, e afastar todas as questões e declarações estranhas as processo de qualquer natureza;
Velar pela manutenção da ordem no processo e tratar sumariamente qualquer contumá-
cia, impondo uma justa sanção, inclusive e exclusão de um acusado ou de seu advogado de
uma ou de todas as sessões posteriores, mas sem prejuízo da determinação das acusações.
Determinar para todo acusado sua capacidade mental e física e se está apto a compa-
recer ao processo.
Artigo 13
Admissibilidade
O Tribunal não está vinculado a regras técnicas de depoimento. Ele adotará na medida do
possível um procedimento rápido e não técnico, e admitirá qualquer depoimento que lhe parecer ter
um valor de prova. Todas as confissões ou declarações significativas do acusado serão admitidas.
Pertinência
O Tribunal pode exigir que seja informado da natureza e de qualquer depoimento antes
que seja apresentado, visando a decidir dobre sua pertinência.
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Breves considerações sobre a situação do Japão no ano de 1945 e no período inicial do pós II Guerra Mundial
Artigo 14
Local do processo
O primeiro processo ocorrerá em Tóquio e todos os processos posteriores ocorrerão nos
locais escolhidos pelo Tribunal.
Artigo 15
Ordem das diversas partes do processo
As diversas partes do processo ocorrerão na seguinte ordem:
O ato de acusação será lido diante da Corte, a não ser que todos os acusados renunciem-
-se a essa leitura.
O Tribunal perguntará a cada acusado se ele se declara “culpado” ou “não-culpado”.
A Acusação e a Defesa podem trazer testemunhos cuja admissibilidade será determi-
nada pelo Tribunal.
A Acusação e cada acusado (por intermédio apenas de seu advogado, se ele tiver um)
podem examinar qualquer testemunho e qualquer acusado que preste testemunho.
O acusado (por intermédio apenas de seu advogado, se ele tiver um) pode dirigir-se ao
Tribunal.
A Acusação pode dirigir-se ao Tribunal.
O Tribunal fará seu julgamento e pronunciará a sentença.
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V – Julgamento e Sentença
Artigo 16
Penalidades
O Tribunal terá o poder de condenar um acusado reconhecido culpado, à morte ou a
qualquer outra pena que considerar justa.
Artigo 17
Julgamento e revisão
O julgamento será anunciado publicamente indicando as razões que o motivaram. Os
autos dos processos serão transmitidos diretamente ao comandante-chefe supremo para as
Potências aliadas.
Uma sentença será executada, de acordo com a ordem do comandante-chefe supremo
para as Potências Aliadas, que pode a qualquer momento atenuar a sentença ou modificá-la
de qualquer forma, exceto agravá-la.
Referências
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Collins, 2000.
BRITO, Joanisval. Tribunal de Nuremberg: 1945-1946. 2. ed., São Paulo: Reno-
var, 2004.
CANÊDO, Carlos. O genocídio como crime internacional. Belo Horizonte: Del-
rey, 1999.
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vel em:<http://china.org.cn/english/features/135371.htm> Acesso em: 21 nov. 2007.
DA SILVA, Carlos Leonardo Bahiense. Em nome do imperador: reflexões sobre a
Shindo Renmei e sua campanha pela preservação da etnicidade japonesa no Bra-
sil(1937-1950). Rio de Janeiro, UFRRJ, 2004 (Dissertação, Mestrado em Desenvol-
vimento, Agricultura e Sociedade).
Deutsche wele. Calendário histórico: 1945 Conferência de Postdam. In: DW world.
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Acesso em: 20 nov. 2007.
GOLDENSOHN, Leon. As entrevistas de Nuremberg. Tradução de Ivo Koryto-
wski. São Paulo: cia das letras, 2005
GONÇALVES, Joanisval Brito. Tribunal de Nuremberg: 1945-1946. 2. ed., São
Paulo: Renovar, 2004.
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Notas
1 Para maiores pormenores sobre o funcionamento e competência de cada organi-
zação ver GONÇALVES, Joanisval Brito. Tribunal de Nuremberg: 1945-1946. 2.
ed., São Paulo: Renovar, 2004. p. 351-352.
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