Você está na página 1de 3

15/11/2019 Filosofia da Educação: Santo Agostinho

COBRAPAGES
Hoje: site: www.cobra.pages.nom.br
SOCIAL
Nossos objetivos Quem somos Livros
Pesquisa no Site
INICIE PELO PORTAL DE SEÇÕES CONTACTO
JMJ
Reg.
DO SITE

Educação e comportamento
Filoso ia da Educação
Rubem Queiroz Cobra

Santo Agostinho

Santo Agostinho, antes de sua conversão ao cristianismo, era um professor


de retórica e gramática, africano de origem bérbere, que vivia em Milão com
sua mulher e seu filho. Sua vida até então fora de acordo com os costumes
romanos, pois nasceu no ano de 354 na cidade de Tagaste, hoje Souk-
Ahras, na província romana da Numídia, no norte da Africa (atual Argélia), .
Enquanto criança e adolescente viveu o conflito religioso existente no seio
de sua família porque o pai, Patrício, mantinha-se na religião oficial romana,
e era um dos curiales da cidade – representantes do povo com assento na
Cúria ou Conselho de governo da província –, e sua mãe, Mônica,
considerada depois um exemplo de mãe cristã, rezava e exortava pai e filho
à conversão. A mãe obteve a satisfação desses dois desejos ainda em vida,
e veio a ser depois venerada como Santa Mônica pelos católicos.
Exposto a esse dilema, a primeira solução tentada por Agostinho foi a
crença maniqueísta, que supõe duas entidades, a do bem e a do mal,
dividindo os homens igualmente entre predestinados ao bem e
predestinados ao mal.
Depois dessa breve fase em que aderiu à filosofia dualista do maniqueísmo,
ele mergulhou na filosofia neoplatônica de Plotino, o filósofo egípcio
radicado em Roma que tentou, c. 265, criar uma república nos moldes da
República de Platão na região de Campânia, a nordeste de Nápoles, mas
teve seu projeto proibido pelo imperador romano Gallienus.
Mais tarde, inserido na elite intelectual em Milão, além das palavras e
exemplos da mãe, Agostinho teve a força da argumentação do grande bispo
Santo Ambrósio – além de suas próprias profundas reflexões – a
impulsioná-lo para a conversão ao Cristianismo.
De volta à África, depois de convertido, Santo Agostinho foi bispo de Hipo,
que é a atual Bona, ou Bone, na Argélia, norte da África, a poucas léguas
de sua cidade natal, conhecida, em seu tempo, por Hippo-Regius, porque foi
residência dos reis da Numídial (*).
PENSAMENTO
Agostinho foi um inquiridor incansável, porém é tido por um filósofo pouco
sistemático. Toda a sua vida pode se dizer que dedicou a uma luta
intelectual e moral com o problema do mal, tema que orientou sua filosofia,
talvez enraizado na dicotomia de pólos antagônicos de seu lar

https://www.cobra.pages.nom.br/ecp-santagostinho.html 1/3
15/11/2019 Filosofia da Educação: Santo Agostinho

Agostinho acreditava que todos os seres eram bons, porque eles tendiam a
voltar para seu Criador. Deus era o Ser Supremo ao qual todos os outros
seres, estavam subordinados. Os seres humanos, no entanto, possuíam o
livre arbítrio, e só poderão tender para Deus por escolha, por um ato da
própria vontade. A recusa do homem em voltar-se para Deus é, segundo
seu pensamento, o mal. Assim, apesar de toda a criação ser boa, o mal vem
ao mundo através da rejeição do homem ao bem, ao verdadeiro e ao belo,
isto é, a Deus.
Os escritos de Santo Agostinho estabeleceram as bases teológicas do
cristianismo no Ocidente. . Em sua filosofia procura sintetizar as idéias de
Platão com o cristianismo. Em sua pedagogia ele é fiel aos ensinamentos da
Bíblia, mas introduz a tolerância e a liberalidade que o clima intelectual e
político de sua época exigia para que fosse ouvido.

Filosofia da Educação de Santo Agostinho:


Em capítulos de alguns de seus livros Santo Agostinho aborda temas
filosóficos da educação e também recomenda um método pedagógico que
acredita o mais eficaz para o ensino dos jovens.
No Sobre o mestre (De Magistro) e no seu Sobre a Doutrina Cristã (De
doctrina christiana) encontramos o objetivo último que Santo Agostinho dá
para a educação: voltar-se o Homem para Deus. Mas como os seres
humanos são um mistério para si mesmos, Deus é entendido como
inteiramente misterioso. Assim, a busca incessante de Deus é sempre uma
busca de um objetivo inatingível pelo buscador. Ele considerava o ensino
como mera preparação para a compreensão, e esta seria uma iluminação
do "professor íntimo", que é Cristo. Ensinar, diz ele, é o maior de todos os
atos de caridade (**).

Método pedagógico:
Agostinho tinha farta experiência de ensino. Havia sido professo em Milão e
Roma por vários anos e dedicado anos a especular sobre a origem do
conhecimento e como atingir o verdadeiro saber. O método de Agostinho
não é o socrático, que usa o diálogo como alguém que não sabe nada, e
que procura descobrir a verdade caminhando junto com o aluno nesse
sentido. Ao contrário, ele acreditava mais em transmitir o conhecimento para
os alunos como aquele que sabe a verdade para os que não sabem nada.
Assim, ele estabeleceu uma metodologia cristã, que influenciou estudiosos e
educadores ao longo da história do Ocidente.
Ser professor nesse contexto era um ato de amor. Este amor era
necessário, pois sabia das dificuldades de estudo, e a resistência ativa dos
jovens para a aprendizagem. Ele também considerou o idioma um obstáculo
para a aprendizagem, uma vez que a mente se move mais rápido do que as
palavras que o professor pronuncia, e as palavras, por sua vez, não
expressam adequadamente o que o professor pretende.
O professor, ao ensinar estudantes que têm alguma cultura, precisa
começar por questioná-los sobre o que já sabem, a fim de não repetir o que
já conhecem e sim levá-los com rapidez às matérias que ainda não tenham
dominado. Ao ensinar o aluno superficialmente educado, o professor
precisava insistir na diferença entre terem de memória as palavras e ter
efetiva compreensão. Com relação ao aluno sem educação, Agostinho
incentivou o professor a ser simples, clara, direta e paciente. Este tipo de
ensinamento muita repetição necessária, e pode induzir o tédio no
professor, mas Agostinho pensei que este tédio seria superado por uma
simpatia com o aluno. Este tipo de simpatia induz alegria no professor e
alegria no aluno.
https://www.cobra.pages.nom.br/ecp-santagostinho.html 2/3
15/11/2019 Filosofia da Educação: Santo Agostinho

De um modo geral o ensino deve ser feito no que Agostinho chamou o


"método moderado". Esse estilo de ensino exige que o professor não
sobrecarregue o aluno com muito material, mas aborde um tema de cada
vez, para revelar ao aluno o que está escondido nele, para resolver
dificuldades, e antecipar outras questões que possam surgir. Considera
importante até mesmo o modo de falar do professor, que deve ter em ritmo
equilibrado, usando frases bem elaboradas em equilíbrio com frases
simples, com o propósito de encantar os alunos e atraí-los para a beleza do
material.
Agostinho influenciou diretamente o estadista e escritor romano Flavius
Magnus Aurelius Cassiodorus (c. 490-c.583), que propôs o aprendizado
progressivo a partir da leitura e interpretação dos salmos, conjuntamente
com o ensino profano das artes liberais, buscando, como Santo Agostinho,
criar no estudante uma mentalidade aberta e inteligente, e somente após,
quando o aluno tivesse o intelecto treinado para um melhor entendimento, o
ensino das matérias mais complexas.
O intelectual e mestre anglo-saxão Alcuin (735-804), um eminente educador,
sábio e teólogo. no utilizou, no século VIII, as obras de Agostinho sobre o
ensino cristão como livros didáticos. Também o humanismo cristão de
Erasmo, erudito holandês do século XVI pode ser entendido como uma
extensão da obra de Agostinho.

(*) Eugène Portalié, em http://www.newadvent.org/cathen/02084a.htm


(**) Timothy Leonard, em http://education.stateuniversity.com/pages/1778/Augustine-St-354-
430.html
Rubem Queiroz Cobra
R.Q.Cobra
Doutor em Geologia
e bacharel em Filosofia.
07-07-2011

Direitos reservados.
Para citar este texto: Cobra, Rubem Q. - Filosofia da Educação: Santo Agostinho. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET,
Brasília, 2011

Utilize a barra de rolagem desta janela de texto para ver as NOVIDADES DO SITE

Atualizado em 05-05-2019.

A prática velhaca e criminosa


de trocar ministérios pelo apoio

https://www.cobra.pages.nom.br/ecp-santagostinho.html 3/3

Você também pode gostar