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Disciplina: Avaliação da Aprendizagem

Docente: Prof. Dr. Adjair Alves


Período: 6°
Curso: Licenciatura em História
Discente: Maria Sthefanie Lima Ferreira

Síntese do Texto A Avaliação de Aprendizagem na Escola e a Questão da Representações


Sociais de Cipriano Carlos Luckesi

No artigo “A Avaliação de Aprendizagem na Escola e a Questão da Representações


Sociais” Luckesi busca, através dos argumentos construídos ao longo do texto, demonstrar
como nossas atitudes enquanto educadores, em destaque para aquelas ligadas ao ato de avaliar,
estão mais vinculadas a um padrão de comportamento inconsciente do que à uma ação
consciente.
Para isso, inicialmente, o autor traça uma explicação a respeito das diferentes teorias a
respeito das representações sociais com definições trabalhadas em diferentes áreas do
conhecimento, como a psicanálise de Freud ao tratar as representações sociais que partem do
nosso inconsciente recalcado e também das representações sociais do superego, normalmente
atuando como uma espécie de regulador moral das representações do inconsciente. Wilhelm
Reich, discípulo de Freud, indo além e associando todo o trabalho mental (seja do ID ou do
superego) a uma repercussão física por meio de uma “linguagem corporal” por meio das
chamadas Couraças Musculares que são segmentos musculares em forma de anéis que se
formaram no desenvolvimento neuro-motor simultaneamente com o desenvolvimento
emocional nas relações de afeto, cuidado e proteção, esses padrões corporais manifestam,
segundo Reich, crenças íntimas sem que haja uma consciência disso. Luckesi cita outro
estudioso da área da psicologia Stanley Keleman, que segundo o autor expressa em sua obra
Seu corpo fala de sua mente que “nosso corpo expressa nossas crenças, foi forjado por elas. Em
síntese, quero dizer que nosso corpo revela nossas representações sociais; basta saber lê-las”
(LUCKESI,2002).
Outro importante nome da área da psicologia é trazido como uma contribuição para a
análise de Luckesi é o psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung, fundador da
psicologia analítica. De acordo com Jung, muitos padrões de comportamento e crenças que
possuímos seriam provenientes do inconsciente coletivo, formado por heranças socioculturais
e históricas, esses padrões são reproduzidos sem que nos demos conta. A contribuição de Karl
Marx, Émile Durkeim e Margaret Mead no que tange às representações sociais também são
apresentados por Luckesi, segundo ele, a partir da visão desses estudiosos:

“[...] padrões predominantes de conduta são assumidos, seja em função de


forças materiais ou de forças culturais atuantes; padrões estes que, apesar de
serem criados e recriados pelo ser humano, são praticados como se fossem
´naturais`, como se pertencessem à própria natureza do ser humano.”
(LUCKESI,2002)

Ao retornar a análise sobre os padrões no inconsciente coletivo o autor utiliza a teoria


dos Campos Morfogenéticos do biólogo inglês Rupertet Sheldrake. A teoria dos campos
mórficos ou morfogenéticos declara que esses campos são organizadores de padrões de conduta
e modos de ser e que são transmitidos por meio de uma ressonância capaz de modificar a
probabilidade de eventos aleatórios determinando de que forma eles devem se comportar e
imprimindo padrões de conduta em todos os indivíduos da espécie. Segundo o autor os campos
mórficos:
“Representam um tipo de memória coletiva de um grupo, que molda cada
indivíduo-membro, para a qual cada um contribui exercendo influências sobre
membros futuros do mesmo grupo A assimilação da herança viria por
ressonância mórfica, ou seja, as formas do passado ressoam em nós, de tal
forma que as assimilamos inconscientemente Os membros anteriores de uma
sociedade, enquanto agem, formam um campo que atua sobre todos.”
(LUCKESI,2002)

Finalizando a primeira parte do artigo a respeito da questão das representações sociais


Luckesi trás seu entendimento sobre o conceito, segundo o qual:

“Em síntese, tendo por base essas considerações teóricas, quero dizer que
compreendo ´representações sociais` como padrões inconscientes de conduta,
que formam nosso modo ser, agir e pensar sobre determinados fenômenos ou
experiências da vida prática. Esse modo de ser refere-se tanto a um padrão
com uma configuração predominante do passado como àquele que se
configura numa articulação dialética entre os elementos do passado e os do
presente.” (LUCKESI,2002)
Após traçar a trajetória científica através do conceito das representações sociais Luckesi
direciona sua análise para a ideia de que os profissionais de Educação tem uma percepção
deturpada da avaliação da aprendizagem, relacionando-a ao ato de atribuir nota e aos exames
escolares “[..]cotidianamente, confundimos instrumentos de coleta de dados com instrumentos
de avaliação, o que dificulta ainda mais as tentativas de superação do equívoco de praticar
exames e chamá-los de avaliação”(LUCKESI, 2002), essa deturpação seria proveniente de
modelos inconscientes coletivos ao invés de uma ação consciente do educador. O autor define
o ato de avaliar como “Avaliar é o ato de diagnosticar uma experiência, tendo em vista
reorientá-la para produzir o melhor resultado possível; por isso, não é classificatória nem
seletiva, ao contrário, é diagnóstica e inclusiva”. Os exames escolares, as provas entre outras
ferramentas utilizadas para classificar o estudante através das notas, por outro lado, teriam um
caráter classificatório e, muitas vezes, excludentes. Contudo, esses dois atos são comumente
confundidos pelos educadores, confusão essa a qual Luckesi busca suas raízes históricas no
modelo de exames escolares sistematizado no decorrer do século XVI “A sistematização das
pedagogias produzidas pelos católicos (Companhia de Jesus) e pelos protestantes (John Amós
Comênio) deram forma aos atuais exames escolares.” (LUCKESI, 2002).
Outro ponto analisado pelo autor é o fato de toda avaliação ter um caráter qualitativo ao
invés de quantitativo, trata-se, portanto, de uma crítica a deturpação da ideia trazida pela Lei
5692/71, quando trata do tema da aferição do aproveitamento escolar, Luckesi traz um exemplo
para ilustrar melhor a relação entre avaliação, qualidade e quantidade:

“Para proceder a uma avaliação sobre atos humanos e, em especial, à


aprendizagem, devemos considerar a contagem de frequência e, a partir dela,
emitimos nosso juízo de qualidade. Vejamos alguns exemplos: o fato de um
aluno acertar 15 questões, num teste de 20, significa tão somente que ele
acertou 15, em vinte; a qualificação dessa quantidade só virá no momento em
que atribuímos a essa situação uma qualidade positiva ou negativa.”
(LUCKESI, 2002)

Ao final do artigo Cipriano Carlos Luckesi propõe que seria necessário romper com o
campo mórfico estabelecido, responsável por distorcer a compreensão crítica das experiências,
para se dar origem a um novo padrão de conduta consciente ligada à avaliação propriamente
dita.
Disciplina: Avaliação da Aprendizagem
Docente: Prof. Dr. Adjair Alves
Período: 6°
Curso: Licenciatura em História
Discente: Maria Sthefanie Lima Ferreira

Comentário do Texto A Avaliação de Aprendizagem na Escola e a Questão da


Representações Sociais de Cipriano Carlos Luckesi

É interessante e fundamental em nossa formação nos depararmos com teorias que


corrigem a maneira tradicionalmente utilizada para avaliar e fomentam a ideia de avaliação
como parte do ato pedagógico e como uma ferramenta para o profissional de educação buscar
atender as singularidades e limitações de cada estudante, adaptando sua didática e metodologia
de ensino para um melhor aproveitamento escolar.
No entanto, ao considerarmos as condições de trabalho do profissional, sobretudo a
grande quantidade de estudantes em sala, os instrumentos avaliativos se tornam imprecisos,
além disso o próprio sistema não está adaptado a uma ideia emancipacionista de educação, a
deturpação do conceito de avaliação permanece e as práticas de um ensino tradicional cobram
um pensamento classificatório por parte dos educadores, utilizando como ferramenta os exames
escolares e atribuindo-os ao ato de avaliar. Para que haja um resultado pedagógico positivo e
se possa atender tantos as demandas de um sistema de notas ainda vigente como também utilizar
a avaliação da aprendizagem da forma correta, seria necessário promover uma realidade
pedagógica mais atenta a sobrecarga dos educadores. Essa atenção especial poderia se dar, por
exemplo, através do investimento em novas escolas, contratação de mais profissionais,
condições pedagógicas para manter os alunos na escola.
Teorias pedagógicas como a de Luckesi devem ser amplamente divulgadas nas
formações de professores para gerar, como colocado pelo autor, um novo padrão consciente
ligado ao ato de avaliar, mas devem estar apoiados por um sistema educacional mais alinhado
com o pensamento proposto.

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