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V)
Partes do Processo
1. Noções gerais
1.1 Noção de parte
Parte é aquele que pedem em juízo uma determinada forma de tutela jurídica e aquele
contra o qual essa forma de tutela é pedida.
As partes ativas chamam-se autores em processo declarativo e exequentes em
processo executivo. As partes passivas réus e executados.
A noção tem de parte têm relevância em vários aspetos do regime, como p.e. a
determinação do tribunal territorialmente competente (71/1, 72º, 80 a 82).
B) Inexistência da parte
Há que distinguir entre inexistência do réu e do autor :
- A inexistência do autor deve ser tratada como uma insusceptibilidade de ser parte
e, portanto, como uma falta de personalidade judiciária (11/1). O princípio da
autossuficiência do processo não é compatível com uma "não-parte". Isto implica que
esse autor pode discutir em juízo essa alegada inexistência.
- A inexistência do réu implica que a falta de personalidade judiciária, quer a falta de
citação (188/1/d)), que é uma nulidade processual de conhecimento oficioso (196º,
por remissão do 187/a)).
O que sucede se, ao contrário do que dispõe o 269/1/a), não se suspender a instância,
vindo a transitar uma sentença a favor do autor ou contra o réu falecido ou extinto? A
não suspensão da instância após o falecimento ou extinção da parte consubstancia
uma nulidade processual (195/1), pelo que devem ser anulados os atos subsequentes
ao falecimento ou extinção (195/2). O trânsito em julgado não pode implicar a sanação
deste vício, pelo que a decisão proferida a favor ou contra uma parte inexistente tem
de ser considerada ineficaz.
E) Espécies de partes
Ao lado das partes principais, surgem as acessórias como aquelas que são titulares de
interesses conexos com os interesses em causa e que, por isso, podem auxiliar uma
das partes principais. As partes acessórias defendem no processo um interesse
próprio, conexo com uma das partes principais, auxiliando-a e perante quem tomar
uma posição de subordinação.
P.e. o assistente (326º a 332º).
2. Personalidade judiciária
Pelo 11/1, é a suscetibilidade de ser parte.
A personalidade judiciária é limitada pela sua eficácia, uma vez que só produz efeitos
dentro do processo. Por isso se justifica a existência de entidades dotadas de
personalidade judiciária, mas não de jurídica.
Veja-se por exemplo o 12/ a) :
Morto o réu, sem deixar herdeiros determinados, para não demorar o processo em
prejuízo do autor, pode este mover a ação contra a herança como sucessora do
mesmo réu. A herança é tida para efeitos processuais como sucessora do réu, quer
quanto aos direitos e deveres processuais deste, quer mesmo quanto aos direitos e
deveres de caráter substantivo.
Critérios de atribuição :
O 11/2 estabelece a regra de que quem tiver personalidade jurídica tem personalidade
judiciária. Trata-se de uma regra sem exceção.
Para MTS, podemos mesmo dizer que o princípio de que só quem tem personalidade
jurídica tem personalidade judiciária.