Você está na página 1de 4

A procura humana por satisfação: uma análise de necessidades e desejos

Através das forças dinamizadoras os atos humanos são impulsionados destacando se as necessidades e
os desejos. Ambos são impulsos geradores de tensão relativamente a um fim, sentindo como fonte de
prazer ou satisfação.
 Mas o que é que são desejos e necessidades?

Necessidades
As necessidades dizem respeito a aspetos básicos da conduta que exigem ser atendidos, sob pena do
individuo não sobreviver ou viver em condições muito próximas da indigência.
Sendo assim todos os seres humanos têm a necessidade de se alimentar, de se vestir, de viver debaixo de
um teto com um mínimo de requisitos no que respeita a higiene, saúde e segurança. Estas necessidades
remetem a condições exigidas para que os riscos físicos sejam evitados e para que se possa continuar a
viver.
Neste contexto, podemos assim considerar que as necessidades determinadas carências de natureza
essencialmente orgânicas manifestam-se de modo automático, independentemente de qualquer controlo
voluntário por parte das pessoas.
As necessidades são caracterizadas inatas, ou seja, de raiz biológica e se não forem atendidas podem
conduzir a morte do individuo.
 Quantos tipos de necessidades existem?

Segundo a pirâmide de Maslow existem cinco tipos de necessidades. Na base da


pirâmide estão as necessidades básicas, também chamadas de necessidades
fisiológicas, segue-se com as necessidades de segurança, as necessidades
sociais, as necessidades de autoestima e no topo da pirâmide a autorrealização.

Assim uma pessoa deve procurar satisfazer uma necessidade quando a anterior já ter sido satisfeita.

Desejos
Os desejos dizem respeito a aspirações ou anseios dos sujeitos, cuja sobrevivência é alheia ao facto de
serem ou não atendidos. Os desejos não têm de ser realizados, e, em alguns casos, nem sequer o podem
ser, em virtude de entrarem no domínio da utopia e do sonho. Muitas pessoas desejam ter bons carros e
boas casas, viver em solidão ou rodeado de intelectuais e artistas e diverte se nos ambientes mais
requintados são quereres cuja realização, ou não nada tem a ver com a sobrevivência daqueles que os
detêm.
Ao contrário das nossas necessidades nós temos o poder de os controlar, racionalizando-os, extingui-los,
substituí-los e até dominá-los. Enquanto a necessidade é inata o desejo é essencialmente psicossocial e o
seu não entendimento mesmo que o deixe em situação de desequilíbrio, não acarreta perigos à sua
sobrevivência e continuidade.
Desejamos porque somos livres, e tê-los depende do querer da nossa vontade.

 Qual é a relação destes impulsos?


Na prática as pessoas investam psicológica e emocionalmente na realização dos seus desejos devido á
frequência de os confundir com as necessidades como se daí dependesse a sua continuidade. Ora,
quando as expectativas em relação aos desejos saem goradas, as pessoas ficam frustradas sendo
invadidas pelo sofrimento e desânimo.
Neste sentido, a distinção entre desejo e necessidade e a moderação no que se deseja podem ser úteis ás
pessoas, preservando as relativamente a frustrações.
Para evitá-las tem de se:
 Formular desejos que se inscrevem num âmbito de possibilidades de realização.
 Prosseguir esses desejos na convicção de que a sua não realização não é necessariamente um
drama.

A oscilação entre a necessidade e o desejo.


Mas a separação entre estes impulsos não é dicotómica, dado que, nem sempre é fácil de os distinguir. A
fronteira entre necessidade e desejos é flutuante, variando com as culturas e com o passar dos tempos, e,
dentro da mesma cultura, com a classe e com o estatuto social das pessoas.
Não se morre simplesmente pelo facto de não se ter luz elétrica, telemóvel, internet, carro, estradas ou
restaurantes. De acordo com as noções há pouco apresentadas, estes bens deveriam inscrever-se no
universo dos desejos. Contudo, na nossa sociedade, tais elementos tornaram-se imprescindíveis a
exercício de muitas atividades profissionais, base da sobrevivência dos indivíduos, e, nesse sentido,
acabam por satisfazer necessidades e não realizar desejos.
Não há dúvida de que temos necessidades que em universos primitivos ou em sociedades rurais de
séculos anteriores seriam consideradas desejos, muitos dos quais de realização perfeitamente utópica. É
normal tomarmos por básico um determinado conjunto de situações, de coisas, de atividades e de
condições de vida que são completamente ignoradas em outras sociedades ou que se encontram inscritas
no mundo dos seus desejos.

Segundo Freud, os atos que conduzem à satisfação de uma necessidade orgânica são acompanhados de
um sentimento de prazer, e a procura deste prazer leva a tendência de repetição desses mesmos atos. É o
que acontece com a criança que, ao sentir satisfação quando mama, transforma o seio materno, objeto
portador de alimento, num objeto gerador de prazer, passando a ser procurado por esse motivo.

Mamar interpreta-se, então, como um ato que não só atende a necessidade de alimento, como também
satisfaz o desejo de prazer infantil. Muitas vezes, a criança chora, fora de horas, para que mãe lhe dê de
mamar, mas é difícil clarificar se o faz para matar a fome ou para obter prazer.

Também no jovem, a carência orgânica de nutrientes desencadeia um mecanismo que o leva à ingestão
de alimento. Porém, a necessidade de comida e de bebida é acompanhada pelo desejo, o que faz com
que o objetivo não passe simplesmente por comer ou beber, mas comer ou beber o que lhe sabe bem,
como chocolates e refrigerantes, por exemplo.

Com o adulto passa-se o mesmo. Pode-lhe acontecer matar a fome numa refeição em que a companhia,
o ambiente e a excelência da comida sejam também fontes suplementares de prazer. Posteriormente, a
evocação deste prazer pode desencadear o desejo de outras refeições.
A perspetiva psicanalítica considera, pois, que os desejos se geram a partir das necessidades.

Conclusão
Concluindo, podemos dizer que a distinção entre as necessidades e os desejos é demasiado teórica.
Apesar de sabermos que as necessidades se ligam a elementos de ordem biológica e o desejo a
elementos de natureza psicológica como a conação e a cognição - vontade, perceção, aprendizagem,
memória-, a distinção torna-se difícil no quotidiano, considerando-se que a mente e a vida humana se
desenrolam num oscilar permanente entre a necessidade e o desejo.
Uma vez mais, se constata a natureza complexa da mente, constantemente a determinar-se por
elementos em que a base biológica se combina a elementos de outra natureza.
“Into The Wild”- Filme relacionado com o tema Necessidades e Desejos
Into the Wild (2007) Trailer #1 | Movieclips Classic Trailers
O filme "Into the Wild" retrata o contraste entre necessidade e desejo.
A personagem principal, Christopher McCandless, abandona sua vida confortável e decide viver na
natureza, á procura de liberdade e autossuficiência. Embora ele tenha escolhido viver de forma
minimalista, ele ainda tem necessidades básicas, como comida, abrigo e água. À medida que ele se
aventura mais profundamente na natureza, ele aprende a satisfazer essas necessidades por conta própria,
cultivando alimentos, construindo abrigos e encontrando água potável.
Ao mesmo tempo, o personagem também está a procurar os seus desejos mais profundos, como
liberdade, aventura e autodescoberta. Ele quer se livrar das convenções da sociedade e encontrar um
sentido maior na vida. No entanto, ao longo da jornada, ele percebe que a busca por seus desejos pode
ter consequências perigosas e até mesmo fatais.
O filme mostra como a procura pelo desejo e pela necessidade pode ser conflituosa, e como encontrar
um equilíbrio entre esses dois elementos pode ser difícil. Christopher McCandless aprende que é
importante encontrar um equilíbrio entre a realização de seus desejos e a satisfação de suas necessidades
básicas para sobreviver e encontrar a felicidade.

Bibliografia: Manual de Psicologia 12ºano


Webgrafia: Necessidades e desejos - Guia de Marketing

Trabalho de psicologia:
Renata Chaves nº 18
Diogo Matos nº 6

Você também pode gostar