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A Revolução Francesa e seus princípios.

Desde então, tais princípios inspiraram lutas pela elaboração de leis ou por profundas
mudanças sociais e políticas em diversas partes do mundo até nossos dias.
Em certo sentido, a palavra liberdade significava estar isento de qualquer opressão política,
estar livre de imposições por parte daqueles que detêm o poder dos governos. Significava
que o governo não deveria controlar a vida diária das pessoas comuns obrigando-as a
seguir normas e leis injustas, intimidando e prendendo sem qualquer direito de defesa
aqueles que se opusessem a ele, impedindo as pessoas de participarem das decisões que
afetariam a vida comum da população. Significava também que nenhum governante
poderia forçar valores a toda população, como impor uma determinada religião.
A igualdade era entendida no sentido de que todas as pessoas nascem iguais e deveriam
permanecer assim diante da lei. Mas a palavra inspirou movimentos mais radicais que
combateram qualquer diferença social.
A fraternidade era pensada no sentido de irmandade da humanidade. Todas as pessoas –
sejam crianças, idosos, mulheres, homens, ricos e pobres - fazem parte de uma única
família humana, compartilham uma centelha (o espírito humano) comum de humanidade,
que nos liga a todos.

Há várias imagens que representam a França no período da Revolução. A primeira é o


retrato do rei da França, Luís XVI. A França era uma monarquia absoluta e centralizada,
ou seja, um país onde o rei era considerado soberano absoluto do estado pela graça de
Deus, suserano de todos os senhores do reino, “pai” de todos os franceses, possuindo
teoricamente um poder ilimitado, pois não havia uma constituição escrita. Assim, ele podia
decidir sobre a paz ou a guerra, e dispor a seu bel-prazer de todos os recursos do estado.
Como fonte da lei e da justiça, podia aprisionar qualquer pessoa sem julgamento.
Obviamente, devia respeitar as leis costumeiras e seguir princípios morais, mas tinha que
prestar contas somente a Deus. Ele vivia nos arredores de Paris, em Versalhes, num vasto
palácio, cercado por uma corte luxuosa.

O clero, a realeza e a nobreza (Primeiro e Segundo Estado): O alto clero, formado por
bispos, párocos e cônegos de origem nobre, amava o luxo e vivia na corte. Já o baixo
clero, em sua maioria formado por curas e vigários de aldeias, recrutados entre os grupos
mais humildes, partilhavam
em grande medida das aspirações populares, pois conheciam de perto os sofrimentos e as
mazelas dos pobres. Clero,
realeza e nobreza monopolizavam os privilégios e estavam isentos de impostos. A nobreza
gozava dos mais altos cargos do Estado e cobrava uma série de direitos feudais. Era
composta por
grupos diferentes; a grande nobreza da corte se contrapunha à pequena nobreza do campo
decadente. Acrescentamos
ainda os nobres da Espada (ou de Sangue) descendentes das antigas famílias feudais e os
nobres de Toga (ou de
serviços), burgueses que compraram títulos e antigas propriedades feudais.

O Terceiro Estado (burguesia, sans-cullottes e camponeses: Constituía 98% da


população, ou seja, 24 milhões de franceses eram responsáveis pelas despesas do clero,
da nobreza e da realeza, mas não tinham direitos políticos. Era formado pela alta burguesia
(grandes comerciantes, empresários, banqueiros, armadores), pela média burguesia
(burocratas, médicos, advogados, tabeliães), pela pequena burguesia (artesãos, pequenos
lojistas) e pelos camponeses. Ressaltamos que era o único grupo que pagava
impostos e os antigos tributos feudais Os Sans-culottes – nome pejorativo dado pela
nobreza francesa aos protagonistas revolucionários que vestiam calças presas no
joelho (culottes). Eram pequenos lojistas, artesãos, proprietários de pequenas oficinas,
carregadores, camareiros, porteiros, barbeiros, pedreiros, ou seja, os verdadeiros
trabalhadores de Paris. Além das calças “pega frango” e listradas, difundiram outros
itens, como suspensórios, jaquetas chamadas carmanhola e laço de fita.

A Revolução Francesa não deve ser considerada apenas como uma revolução burguesa.
Embora esta tenha sido a ideologia e a sua forma dominante, ela foi o produto da
confluência de quatro movimentos distintos:
uma revolução aristocrática (1787-1789),

uma revolução burguesa (1789-1799),

uma revolução camponesa


(1789-1793)

e uma revolução do proletariado urbano (1792-1794).

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