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Fichamento – controle da legalidade na execução penal –

CASTILHO, Ela Wiecko V. de. Controle da legalidade na execução penal. Porto Alegre: Sergio
Antonio Fabris Editor, 1988.

A jurisdicionalização da execução

p. 39

A questão do controle da legalidade na execução penal só se impôs à medida que se


reconheceu que esta não é uma atividade estatal subtraída ao sistema geral de legalidade.
Como atividade estatal sujeita-se ao controle legislativo, administrativo e jurisdicional.

(...) o controle jurisdicional se faz pela possibilidade de acesso ao judiciário nas hipóteses de
violação de direitos e pela própria indispensabilidade do processo para o desenvolvimento da
execução.

p. 40 – Nos EUA, até a década de 70, os tribunais adotavam, tradicionalmente, uma política de
não interferência na administração penitenciária (hands off doctrine), excluindo-a do controle
judicial.

Na década de 70 essa doutrina é abandonada, superada pelo entendimento de que a


interferência judicial era possível para garantir direitos constitucionais.

p. 41

“Na atualidade, a tese de uma intervenção judicial de caráter preponderantemente


fiscalizatório, exercida através de visitas, com relatórios encaminhados às autoridades
penitenciárias, sem poder de sanção e de caráter jurisdicional, limitado aos clássicos incidentes
de execução, está sendo substituída pela tese de uma intervenção preponderantemente
judicial e jurisdicional, vinculativa para a administração.

“contudo, subsistem grandes perplexidades acerca do que se entende por jurisdicionalização,


que matérias da execução devem ser jurisdicionalizadas e como jurisdicionalizar. Numa
primeira aproximação “jurisdicionalizar” significa adotar um procedimento conforme o modelo
jurisdicional. Fica implícita a ideia de uma atividade, à qual se confere os caracteres de
jurisdicionalidade, prescindindo da existência das presumíveis premissas substanciais da
jurisdição.

p. 43

“PIERRO lembra que, na Itália, no início da aplicação do Código Rocco, reconhecia-se natureza
jurisdicional apenas aos incidentes de execução (suspensão condicional da pena, livramento
condicional) e ao procedimento para aplicação das medidas de segurança. Mas a Corte
Constitucional, chamada a examinar a constitucionalidade dos artigos 636 e 637 do CPP,
adotou como ponto de partida não a contraposição entre jurisdição (fase de cognição) e
administração (fase de execução), mas o reconhecimento de que o condenado é destinatário
de situações subjetivas constitucionalmente protegidas. Concluiu que, em sede executiva,
deve ser garantido o “due processo of law” e proclamou a imprescindibilidade da defesa
técnica e da tempestiva notificação do dia fixado para o julgamento no procedimento previsto
no artigo 630”.

NA opinião de GIOSTRA a constituição italiana admite a interpretação em favor da reserva de


jurisdição em matéria de “status libertatis” e, por isso, entre outros exemplos que arrola,
considera discutível a constitucionalidade da norma que confere ao diretor do
estabelecimento penal a competência para concessão de trabalho externo porque tal medida
incide sobre a liberdade pessoal do indivíduo.

Isto posto, a questão resume-se, como ressalta GIOSTRA, em determinar quais as atividades da
execução penal que devem ser jurisdicionalizadas. Nessa linha, distingue: a) jurisdição
executiva em sentido estrito, abrangendo os procedimentos jurisdicionais sobre a validade e
eficácia do título executivo, com exceção das modificações relacionadas com a personalidade e
a evolução do comportamento do condenado; b) jurisdição de segurança. Abrangendo os
procedimentos tendentes a aplicar uma medida de segurança e, posteriormente, a declararem
a persistência do estado de periculosidade; c) jurisdição reeducativa, abrangendo os
procedimentos para aplicação de uma medida reeducativa e para a substituição e revogação
de uma medida já conheciam

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