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PERSPECTIVA ECONÔMICA
O s membros do Global Advisory Board da PIMCO, uma equipe formada por renomados
macroeconomistas e ex-autoridades econômicas, participaram recentemente das
discussões do Fórum Secular anual da PIMCO, quando abordaram os fatores críticos
que poderão moldar a economia mundial ao longo dos próximos cinco anos. Suas percepções
contribuem valiosamente para o processo de investimento da PIMCO e as opiniões
apresentadas por ajudaram a nortear o último Secular Outlook, "Em busca de resiliência". As
análises a seguir foram extraídas de suas discussões abrangentes.
A OTAN, por sua vez, deve se tornar maior, mais forte e mais focada em dissuadir a Rússia. É
provável que, na Europa, os gastos com defesa aumentem substancialmente. Em última análise,
Putin não pretende enfrentar a OTAN: ele sabe o quanto isso custaria para seu país.
Na política externa dos EUA, continua a existir tensão entre os valores e interesses nacionais.
Isso é particularmente evidente no Oriente Médio e na China, onde os interesses econômicos dos
Estados Unidos muitas vezes conflitam com valores baseados em preocupações com os direitos
humanos e com governos autoritários. Isso pode fazer dificultar a formulação de uma política
uniforme e convincente.
R: Três mudanças geopolíticas simultâneas e que podem gerar abalos profundos estão criando
dificuldades e incertezas para a economia global. A primeira é o rompimento da ordem unipolar:
a quantidade de países que não tomou nenhuma medida nem impôs sanções à Rússia após a
invasão da Ucrânia sugere um mundo multipolar fragmentado.
A segunda mudança sísmica é, se não a desglobalização, uma globalização light, que se reflita
não apenas na reversão do offshoring e na relocação para países aliados, mas com ênfase na
resiliência – garantindo o abastecimento – que passa a prevalecer sobre a eficiência e a garantia
do preço mais baixo.
À luz dessas mudanças, as instituições internacionais nas quais confiamos para garantir a
coordenação global estão diminuindo, e está se tornando difícil imaginar a cooperação
generalizada que fomentou a criação dessas instituições há algumas décadas.
P: Num prazo mais longo, quais são as perspectivas para as relações entre a China e
os EUA?
R: As relações entre os EUA e a China continuam a se deteriorar e, dado o tom adotado pela
liderança de ambos os países, é difícil imaginar que a situação venha a melhorar. A liderança do
presidente Xi Jinping é sólida e a população chinesa tende a se unir em face de dificuldades.
Por anos, a China adotou políticas voltadas a fortalecer sua economia e reduzir sua
vulnerabilidade às forças externas, como uma liderança cada vez mais hostil nos EUA. No curto
prazo, os líderes chineses podem ter que voltar a adotar alguns desses esforços políticos – como
o modelo econômico de dupla circulação e o programa social de prosperidade comum –
conforme a China solucione as dificuldades significativas para o crescimento (inclusive o
impacto dos bloqueios relacionados à COVID e os problemas enfrentados pelo mercado
imobiliário). Contudo, é provável que essas políticas continuem a ser prioritárias num prazo mais
longo.
P: Quais são os fatores que estão contribuindo para a inflação nos EUA e qual será a
provável resposta do Federal Reserve?
Passando brevemente para os outros dois componentes da inflação, que não podem ser
controlados pelas autoridades econômicas: o choque de oferta causado pela guerra Rússia-
Ucrânia exacerbou a pressão já existente sobre os preços de uma série de commodities, o que,
por sua vez, afetou os custos dos alimentos e da energia. Além disso, os efeitos da pandemia
ainda persistem, inclusive a transferência da demanda de serviços para bens duráveis, a imensa
tensão sobre as cadeias de suprimentos e a queda geral na oferta de mão de obra.
Para o futuro, existem dois cenários para a inflação. No primeiro, os dois fatores fora do controle
do Fed se moderam ao longo do tempo, o que permite à instituição reduzir a inflação com um
aperto sustentado, mas talvez não muito severo, no lado da demanda. No outro cenário, aqueles
dois fatores se agravam – talvez ocorra outro choque nos preços do petróleo ou a situação das
cadeias de suprimentos se deteriore ainda mais devido à pandemia ou a questões geopolíticas.
Nesse cenário, o Fed se defrontaria com uma decisão extremamente difícil. Se o aperto na
política monetária não for suficiente, as expectativas inflacionárias aumentariam, levando a uma
espiral de preços e salários. Alternativamente, o Fed poderia promover um aperto muito maior,
jogando rapidamente a economia norte-americana em uma recessão, de forma que a redução da
demanda compensaria os fatores fora de seu controle.
Acrescente-se a isso a imensa escala global da transição para a emissão líquida de carbono zero,
que deve proporcionar benefícios e oportunidades significativas no futuro, mas que também
envolve uma série de custos ao longo do horizonte secular. Enfrentar a mudança climática será
fundamental para uma economia resiliente e para a resiliência de seguradoras, empresas,
comunidades e autoridades fiscais. É provável que os avanços na transição também se
transformem em um determinante fundamental da competitividade econômica e de uma
perspectiva geopolítica – na China – por exemplo, a competitividade é tanto um fator de ação
quanto a gestão dos riscos da mudança do clima.
Nesse cenário, as empresas individuais, instituições financeiras e governos estão se
concentrando cada vez mais na transição para as emissões zero. O setor financeiro é essencial
para a solução líquida zero, mas não pode enfrentar esse problema sozinho. A política climática
do governo será um determinante fundamental para o ritmo dos investimentos e a escala das
pressões sobre os preços. Quanto mais confiável e previsível for a política climática, mais suave
será o ajuste econômico. A política climática está se transformando no terceiro pilar da política
macroeconômica.
A: Já há algum tempo, a maioria das grandes empresas dos EUA esperava o surgimento da
inflação e está enfrentando o desafio com preocupação, mas não com pânico. A carência de
mão de obra continua a existir, mas está começando a se estabilizar. As cadeias de suprimento
continuam a ser uma fonte de tensão, exacerbada pelas quarentenas na China e pela guerra na
Ucrânia. Após a invasão, empresas norte-americanas e europeias saíram rapidamente da Rússia.
A maioria das grandes empresas dos EUA, até mesmo aquelas com interesses substanciais
naquele país, mostraram forte disposição para abandonar rapidamente o mercado russo.
Contudo, muitas dessas empresas estão preocupadas com o que a reação mundial à Rússia
sinaliza para seus negócios na China nos próximos anos. Um desacoplamento acelerado das
economias norte-americana e chinesa pode ser o melhor cenário, com o pior cenário sendo uma
guerra de capitais que poderia ser profundamente prejudicial para muitas grandes empresas dos
EUA. Esses riscos estão levando muitas empresas dos Estados Unidos a investir em cadeias de
suprimento mais diversificadas, criando resiliência a um desacoplamento mais severo da China.
Em muitos casos, trazer de volta para o país a produção transferida para o exterior pode não ser
realista, mas sua relocação para países mais próximos ou para países aliados são os temas
prevalecentes.
Veja os insights da PIMCO sobre as tendências de prazo mais longo que moldam a economia
global e o ambiente do mercado na Secular Outlook mais recente, “Em busca de resiliência”.
Para mais informações sobre os fóruns da PIMCO e sobre como eles fundamentam o processo
de investimento da empresa, assista a este vídeo dos bastidores.
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