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AUTOR

FELIPE CARVALHO
Presidente – Instituto Diplomun

A minha trajetória no mundo das simulações


começou há algum tempo. Na minha primeira
participação, não fui nada de especial, acho que
muitos começam assim. Apesar disso, acho que o
que eu fiz nas horas posteriores que me
diferenciou das outras milhares de pessoas que
participam de simulações da ONU. Eu cheguei em
casa, tirei o terno, sentei em frente ao computador
e tamborilei as teclas em busca da próxima
simulação em minha cidade. Me inscrevi
imediatamente, e passei a noite acordado tentando
entender tudo sobre esse tipo de evento.

Na minha segunda simulação, eu melhorei, mas


ainda não era excelente, eu não queria ser bom, eu
queria ser o melhor. Nas simulações posteriores,
eu melhorei, e passei a ganhar diversos prêmios.
Mas eu sabia que ainda não estava onde eu queria,
precisava melhorar. Eu aprendi tudo o que estava
ao meu alcance, fui atrás dos melhores que eu
conhecia, eu me preparei para o meu maior
desafio.

Assim, eu fui participar da Harvard Model United


Nations, se eu pudesse competir com os melhores,
então seria um dos melhores. Eu dei o meu melhor,
simulei com pessoas de dezenas de países
diferentes, então, na simulação mais competitiva
do mundo, consegui ser premiado, e repeti o feito
nos dois anos seguintes, mentorando dezenas de
brasileiros que também conquistaram premiações.

Agora, eu quero fazer com que você também


possa se destacar em simulações da ONU!

@_Felipeccarvalho_ @Institutodiplomun Diplomun.com 2


SUMÁRIO
1. Introdução

2. Vencendo desde o início: o pré-conferência

3. Fazendo os Procedimentos Jogarem Para


Você

4. Como Potencializar os Critérios de Avaliação

5. Construindo o Melhor Argumento

6. Os segredos do Discurso e Oratória

7. Dominando o Debate e a Negociação

8. Sendo um Bom Líder

9. Documentos: Como Resolver o Comitê

10. Se Tornando o Melhor Delegado

11. Conclusão

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO
“O início da sabedoria é a admissão da própria
ignorância. Todo o meu saber consiste em saber que
nada sei.”
INTRODUÇÃO
Entendendo as Simulações da ONU (MUNs)

Se você está lendo esse Ebook, provavelmente já participou de


uma simulação da ONU e sabe como ela funciona. Caso não saiba,
resumidamente, uma simulação da ONU é um debate diplomático
em que diversos participantes assumem a representação de países
e debatem a fim de chegar a uma solução comum para uma
problemática previamente apresentada em um comitê específico.

Inicialmente, preciso deixar algumas coisas claras: a competição


exacerbada nunca é saudável, então é preciso que você tenha a
maturidade para interpretar isso da maneira correta e aproveitar
as simulações com o propósito certo.

Aqui, eu irei te entregar as ferramentas necessárias para simular


em altíssimo nível, ser premiado nas simulações mais
competitivas do mundo e se tornar um delegado de extrema
excelência. Todavia, a forma como você usa essas ferramentas é de
sua responsabilidade.

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Assim, é preciso que você tenha algumas coisas em mente para
conseguir ir longe:

• Competir não é, e não deve ser, o seu intuito principal ao


participar de uma simulação.

• Não desanime caso perca, e quando vencer, saiba vencer.

• A cooperação está sempre acima da individualidade.

Muitas pessoas confundem simular para ganhar com ser uma


pessoa ruim. Por isso, preciso deixar claro que ser premiado é
diferente de passar por cima dos outros delegados ou ser
individualista e arrogante. Uma simulação é uma tentativa de um
consenso. Você não verá, em uma sessão da Assembleia Geral das
Nações Unidas, o representante da China subir ao palanque e
chamar os Estados Unidos de imperialistas deliberadamente. Da
mesma forma, o diplomata da Coréia do Norte não vai subir no
palanque para ameaçar outras Nações com bombas nucleares.
Obviamente, em uma simulação, você desfruta da liberdade
poética, logo, pode tomar atitudes que não seriam tomadas em
ambientes reais. Todavia, é importante reconhecer quando se está
fazendo isso, quando os outros estão fazendo, e saber entender o
seu uso e limite.

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Mesmo sendo um evento acadêmico de debates, uma simulação da
ONU possui características de Role-Playing e Teatro. Assim, você
precisa entender primeiramente o funcionamento real das sessões
dos organismos internacionais antes de tentar as imitar.

Recomendo que, primeiro de tudo, você tire um tempo para


assistir alguns minutos de sessões da AGNU, a fim de entender
melhor o seu funcionamento:

https://www.youtube.com/watch?v=ImS4_9DThwQ&ab_channel
=NBCNews

Sala da Assembleia Geral das Nações Unidas

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Por fim, saliento que aqui não irei explicar detalhadamente o
funcionamento de uma simulação, mas sim como usar os seus
mecanismos em seu favor na busca de destaque e excelência.
Espero que você possa desfrutar de todo o conteúdo aqui escrito,
assim, potencializando as suas habilidades e se tornando um
delegado de alto nível em todos os cenários possíveis.

Outrossim, saliento que todos os conceitos abordados nesse livro


são ainda mais aprofundados em nossa mentoria “Brasil em
Harvard”, onde capacitamos os estudantes para serem
aprovados e premiados na Harvard MUN. Além disso, informo
que um capítulo específico desse livro foi adaptado do site “Best
Delegate”.

“ O sucesso é uma consequência



e não um objetivo.
Gustave Flaubert

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CAPÍTULO 2

VENCENDO DESDE
O INÍCIO: O PRÉ-
CONFERÊNCIA
VENCENDO DESDE O INÍCIO:
O PRÉ-CONFERÊNCIA
Você está indo para a Guerra, você pode ter 1000 espadas, 5000
arcos e 10000 homens, mas nada disso valerá de alguma coisa
caso você não conheça:

A) O terreno

B) O outro lado

C) A si mesmo

Ou seja, não importa toda a sua oratória aprimorada, capacidade


de negociação fantástica e habilidade de debate, esses atributos
serão inúteis se você não souber o que está fazendo. Eu sei, eu
também não estou sempre afim de fazer o dever de casa, mas ir
para uma simulação sem o mínimo de preparo e estratégia é
clamar por um erro.

Apesar disso, muitas pessoas confundem entender o tema com


gastar horas e mais horas se debruçando em todas as
possibilidades desse tema, o que muitas vezes torna-se inefetivo.

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Evidentemente, é importante saber o que vai acontecer em uma
simulação. Todavia, precisa-se entender que ela é como um gato:
você não pode controlá-la, ela é viva, ela é fluida, ela seguirá o
próprio rumo. Portanto, não adianta apenas passar horas e horas
estudando sobre os países, sobre o tema ou o comitê, todos esses
são altamente mutáveis, e uma pequena alteração nas condições
iniciais pode fazer com que horas de pesquisa sejam descartadas.

Por exemplo, se você prepara um certo argumento para uma


determinada sub-problemática que pode surgir durante o debate e
essa problemática nunca surge, você gastou o seu valioso tempo
em algo pouco útil. Eu diria que acima de estudar muito, é
necessário estudar com estratégia. Saber o fundamental, e no
tempo restante, descobrir como dominar o fundamental, como
tomar controle do comitê, como impactar a todos. O mais
importante não é ser um mestre no tema, é saber fluir com ele, se
adaptar.

Além de estudar, é necessário buscar contatos iniciais para


negociação, manter seus aliados por perto, e seus inimigos mais
perto ainda.

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Assim, eu dividiria o fundamental nas seguintes partes:

A) O terreno

Conhecer o terreno é conhecer o caminho que você irá percorrer


durante a simulação. Você precisa saber o contexto em que você
estará inserido, o ano, o contexto histórico, o funcionamento do
comitê e o tema que está sendo debatido, a problemática central.

Para entender esses aspectos, temos um aliado improvável e


subestimado, a Wikipedia. Mas... Calma, você não vai ler
diretamente da Wikipedia. Apesar disso, abrir a página do tópico
que você está pesquisando, descer até as referências e consumir o
conhecimento direto da fonte é uma alternativa muito válida e
importante. Ademais, pesquisar em inglês ou no idioma de sua
Nação potencializa as suas chances de obter bons resultados.

B) O outro lado

Como eu disse anteriormente, você não pode tentar prever o que


os outros países irão fazer. Então, nessa parte, você não vai tentar
jogar com o jogo, e sim com o homem. Acima de conhecer o país,
você precisa conhecer o representante desse país, precisa
identificar o seu perfil.
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Entendendo a pessoa, você consegue descobrir a melhor forma de
lidar com ela e prever os seus movimentos. Todavia, existem
muitos tipos de delegados, o que nos leva aos próximos tópicos:

1) O delegado de primeira viagem

Participou de poucas ou nenhuma simulação. Está suscetível a


seguir os seus amigos no comitê ou algum delegado que ele possa
ter como exemplo. É bom para se ter por perto durante votações.

2) O delegado passivo-agressivo (Power Delegate)

Usa o seu carisma para garantir que as suas opiniões pessoais


sejam impostas. Ele se sustenta no seu alto número de aliados. A
maioria das pessoas gosta e segue esse tipo de delegado, afinal,
elas mesmas se beneficiam do seu estilo. A única forma de superá-
lo é oferecendo mais para os seus aliados e passando a liderá-los.

3) O delegado agressivo

Normalmente, é desmascarado logo no início. É uma versão do


passivo-agressivo que não disfarça as suas intenções. Começa
forte, e, a depender, perde força durante o meio.

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4) O bonzinho / aposentado

Normalmente, delegados que já foram muito premiados. Não se


importam mais tanto assim com premiações e simulam apenas
pela diversão e nostalgia. Logo, tendem a ajudar os iniciantes e
colaboram com o comitê. Para eles, a premiação é apenas uma
consequência, apesar disso, costumam continuar vencendo.

5) O robô

É uma máquina de fatos e fontes. Todavia, pode ser pouco


expressivo ou emblemático. Sabe todas as particularidades do
tema, mas é pouco flexível.

6) O criativo

Faz discursos instigantes e engraçados, faz documentos


diferenciados. Costuma chamar a atenção e ser memorável, por
isso, é frequentemente premiado.

7) O óbvio

Fica afirmando o problema continuamente e fazendo discursos


genéricos.

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8) O delecrise

Esse tipo de delegado surge apenas em horas essenciais. Se


destaca bastante em crises e debates não-moderados. Apesar
disso, durante a problemática central, pode ser inativo.

9) O falacioso

Acusa muitos de falácias, mas, na verdade, boa parte dos seus


discursos é que são falaciosos. Se proclama como uma espécie de
“Metaforando”, mas, ao contrário do perito, pode errar ao julgar
os delegados de maneira errada.

10) A máquina de escrever

Produz muitas cláusulas/documentos rapidamente e resolve boa


parte da problemática. Apesar disso, alguns podem se perder na
própria produção e esquecer de discursar.

11) O não-expositivo

Ele sabe tudo, sabe resolver a problemática e sabe muito sobre o


tema, apesar disso, não consegue expor muito as suas ideias
devido ao nervosismo ou outras características.

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Além dos citados, existem muitos tipos de delegados. Com
algumas exceções, eles não são necessariamente certos ou errados,
o importante é saber quando ser cada um deles. Conhecendo cada
tipo de delegado, você consegue prever parte de seus movimentos
e começar a dominar o debate antes mesmo dele começar.

Sendo assim, resta apenas conhecer mais um aspecto:

C) A si mesmo

Para conseguir participar efetivamente, você precisa entender a


sua representação e as suas particularidades. Os seus pontos fortes
precisam ser potencializados e seus pontos fracos precisam ser
revestidos. Você precisa entender a Política Externa do seu país –
essa que é moldável, salientando sempre que a colaboração de
países opostos não é contra a Política Externa e é de suma
importância. Logo, todos os tipos de cooperação devem ser
buscados em primeira instância – e os aspectos relacionados a
esta. Por fim, você precisa saber aproveitar os pontos fortes do seu
país, e transformar uma fraqueza despercebida (ponto fraco não
citado) em uma força camuflada.

A preparação para uma simulação é de suma importância, todavia,


ela não se limita ao estudo, e sim a toda a estratégia precedente.

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CAPÍTULO 3

FAZENDO OS
PROCEDIMENTOS
JOGAREM PARA VOCÊ
FAZENDO OS PROCEDIMENTOS
JOGAREM PARA VOCÊ

Como dito anteriormente, uma simulação é fluida, e se você não a


controlar, outros irão. Dessa forma, é necessário saber manusear
os procedimentos da forma correta para garantir que toda a forma
de debate se molde a sua vontade e interesse.

Existem algumas formas de fazer isso, aproveitando certos


procedimentos. Por exemplo:

A) Trazendo a palavra até você

Às vezes, você vai possuir algo de suma importância para falar,


todavia, o seu nome vai estar mal posicionado na lista de oradores.
Para garantir que você possa expor sua ideia antes que alguém o
faça existem duas formas:

1. Solicitação de um debate moderado

Ao solicitar um debate moderado, você pode escolher ser o


primeiro ou último a proferir o discurso, dessa forma, trazendo a
palavra até você.
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2. Solicitação de um debate não moderado

Ao solicitar essa modalidade informal de debate, você pode se


pronunciar e proferir a sua informação.

B) Ressuscitando os poetas mortos

Caso você precise que um país de suma importância representado


por um delegado calado se posicione no comitê, solicitar uma
moção de Tour the Table é sempre válido. Assim, fazendo com que
todos se posicionem. Pode ser utilizado para mostrar que uma
potência concorda com o seu país, mesmo que o delegado ainda
não tenha falado isso.

C) Cutucando a onça com vara longa

Caso a Mesa Diretora ou algum delegado tenha feito algo de


errado, nem sempre o Ponto de Ordem é a melhor opção. Ao invés
disso, você pode apenas solicitar um Ponto de Dúvida e perguntar
se aquilo está mesmo correto. Apesar de tudo, fazer isso
continuamente pode perder a sua efetividade, já que todos ao
redor irão perceber a sua real intenção com as pseudo-dúvidas.

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D) Multiplicando votos

Caso você sinta que um documento seu não vai passar, não se
desespere, ainda existem duas opções:

1) Tirando o elefante da sala

Caso um documento possa não passar por algum tópico específico,


uma moção para divisão da questão pode funcionar.

2) Que haja voto

Caso alguns países não estejam votando em determinado


documento por medo de se comprometer, pode ser solicitada uma
Moção para Dividir a Casa, dessa forma, obrigando-os a votar.
Pode ser útil caso um documento já tenha falhado e não se tenha
mais nada a perder.


Eu me permito apreciar isso, a
manipular a coisa a meu favor
porque eu tenho a febre da faca
amolada, dos céus azuis e

profundos.
Charles Bukowski
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CAPÍTULO 4

COMO POTENCIALIZAR
OS CRITÉRIOS DE
AVALIAÇÃO
COMO POTENCIALIZAR OS
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Em uma simulação, a Mesa Diretora irá conceder a sua nota
baseado em alguns critérios. Primeiramente, eu preciso dizer que,
apesar de ser importante, a sua nota NÃO define quaisquer tipos
de premiações. Pessoalmente, eu já vi pessoas com notas muito
menores ganharem menção contra pessoas com notas muito altas.
Isso não quer dizer que a Mesa errou ou algo do tipo, apenas quer
dizer que um foi o mais memorável que o outro.

Na verdade, a premiação não se baseia em nenhum critério


objetivo ou racional, ela é decidida quando a Mesa Diretora
deita a cabeça no travesseiro à noite. Ou seja, a
premiação é concedida para aquela pessoa mais
memorável, ou faria mais diferença caso não estivesse no
comitê. Afinal, muitos delegados participam do comitê, mas só
alguns são verdadeiramente lembrados no final.

Portanto, ser memorável classifica-se como mais importante.


Apesar disso, ao longo desse capítulo, também ensinarei como
dominar cada um dos critérios de avaliação.

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A) Documento de Posicionamento Oficial

O famoso DPO, é o documento que vai introduzir o seu país na


modalidade do comitê. Nele, é de suma importância que você
consiga trazer ganchos para marcar presença logo no início. Frases
de efeito são recomendáveis, mas evite excessos! Além disso, é
importante trazer soluções aplicáveis, sólidas e eficazes.

B) Diplomacia

A diplomacia consiste na cooperação, ela consiste no bom uso das


palavras. Não necessariamente consiste em se manter neutro, mas
em se expor com classe. Para potencializar a sua diplomacia, é
preciso sentir o momento do comitê, e saber moldá-lo para a
união comum.

C) Política Externa

Uma boa Política Externa está relacionada às ações que o seu país
tomaria. Deve-se seguir o posicionamento real do país,
entendendo o que um representante faria. Todavia, a Política
Externa NÃO sobrepõe a cooperação no comitê.

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D) Participação

Esse critério é pautado na sua participação no comitê. Ou seja, na


quantidade de vezes que você discursou, nos documentos que
confeccionou e moções que levantou. Não existe muito segredo
para isso, apenas tentar manter o nome sempre na lista de
oradores. Em simulações presenciais, se movimentar de forma
estratégica pela sala pode potencializar esse fator. Além disso,
dentro desse tópico entram alguns critérios fundamentais, como
negociação e liderança, que serão explicados em capítulos futuros.

E) Conhecimento do Tópico

Para se destacar nesse critério, não basta apenas conhecer o


tópico, você precisa mostrar que sabe. Para isso, trazer novas
perspectivas de uma forma impactante pode impressionar a mesa.
De fato, a mensagem em si é importante, mas para garantir o
conhecimento do tópico, é importante tomar cuidado com a forma
em que a mensagem é transmitida.

Dominar os critérios supracitados é de suma importância, apesar


disso, como dito anteriormente, a premiação pauta-se muito mais
em critérios subjetivos, que serão explicados a partir de agora.
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CAPÍTULO 5

CONSTRUINDO O
MELHOR ARGUMENTO
CONSTRUINDO O MELHOR
ARGUMENTO
Argumento, substantivo masculino, classificado como raciocínio
que conduz à indução ou dedução de algo. Adotando a lógica
aristotélica, nós podemos perceber dois princípios fundamentais
na argumentação:

• O Princípio da não contradição: Declara que dois


enunciados contraditórios não podem ser verdadeiros ao
mesmo tempo, isto é, eu não posso dirigir e não dirigir ao
mesmo tempo. (A é A e não -A).

• O Princípio do Terceiro Excluído: Declara que toda


afirmação ou é verdadeira ou é falsa, e não há um terceiro caso
possível. Ou seja, se um vestido é (inteiro) branco ele não pode
ser azul. (A é x ou não-x, não há terceira possibilidade).

Apesar disso, em um contexto complexo como o internacional, em


que diversas variáveis modificam um fato em si, não podemos
tomar as coisas como tão simples. Ou seja, um cenário pode ser
bom para uns e ruins para outros, ou pode não ser bom nem ruim.

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Tendo isso dito, saiba que é extremamente difícil pautar o
funcionamento de temas complexos, como a Guerra na Síria, em
argumentações inalienáveis. Em casos assim, muitas coisas são
circunstanciais, e a lei internacional é moldável de acordo com o
cenário.

Além disso, em uma simulação, o próprio conceito da


argumentação é um paradoxo: “classificado como raciocínio que
conduz à indução ou dedução de algo”. Apesar dessa classificação,
sabemos que é difícil que um país mude de posicionamento por
causa de sua oratória estruturada ou seu argumento irrefutável.
Nesses cenários, muitas vezes se inicia uma argumentação longa e
ineficiente, em que ambos os lados estão apenas combatendo
moinhos de vento, e ambos sabem que o seu adversário não
mudará de opinião. Por isso mesmo, antes de saber fazer um bom
argumento, é necessário saber quando ceder ao argumento
adversário para o bem do comitê. Ceder não significa perder ou
desistir, significa buscar o maior nível de satisfação para todas as
partes envolvidas em um debate. Assim, eu te ensinarei a construir
um argumento sólido, mas você mesmo precisa aprender quando
desistir desse argumento.

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Bem, como eu já disse anteriormente, transformar uma
argumentação complexa e subjetiva em algo metódico é difícil.
Apesar disso, ao participar da simulação de Harvard, eu percebi
que pessoas de países como Peru, Índia, Estados Unidos, Georgia,
Uganda e França tinham uma forma muito clara de estruturar os
seus discursos.

A argumentação era baseada em uma ordem lógica, que, se bem


feita, torna-se praticamente um fato, muito difícil de ser refutado.
O modelo era:

Afirmação + explicação + exemplo/autoridade +


conclusão = argumento.

Afirmação

A afirmação classificava-se como o fato que estava sendo


argumentado, é o ponto principal, algo que pode ser verdade ou
mentira. Por exemplo: A guerra na Síria é responsabilidade do
governo. Dessa forma, introduzindo o ponto que está tentando ser
provado (recomendando que seja precedido por um gancho).

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Explicação

Na explicação, somava-se uma breve justificativa para a afirmação


inicial. Por exemplo: A Guerra na Síria é responsabilidade do
governo + porque a Responsabilidade de Proteger afirma o dever
do Estado de proteger a sua população contra cenários violentos.

Exemplo/autoridade

Nessa etapa, tende-se a trazer uma afirmativa irrefutável para o


argumento, ou algo dito por alguma autoridade. Por exemplo: A
Guerra na Síria é responsabilidade do governo + porque a
Responsabilidade de Proteger afirma o dever do Estado de
proteger a sua população contra cenários violentos + como
declarou a Corte de Haia após o uso de armas químicas pela
Nação.

Conclusão

A conclusão pode ser a retomada da afirmação ou a adoção de


diretrizes para a resolução. É o momento do argumento para
fechar o ciclo e torná-lo sólido, ou para trazer uma ideia de
solução após a visão adotada sobre a problemática.

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Por exemplo: A Guerra na Síria é responsabilidade do governo +
porque a Responsabilidade de Proteger afirma o dever do Estado
de proteger a sua população contra cenários violentos + como
declarou a Corte de Haia após o uso de armas químicas pela
Nação. + Portanto, o atual governo da Síria deve ser
responsabilizado e deve atuar na reestruturação e proteção do seu
povo e patrimônio destruído.

Ao ser estruturado dessa forma, o argumento torna-se algo sólido


e forte. Todavia, como dito anteriormente, ele não é irrefutável,
dada a complexidade do cenário internacional.

Em muitas argumentações, buscam-se soluções, e portanto eu


gostaria de já introduzir um conceito que será muito citado nesse
livro: a navalha de Occam. A navalha de Occam (ou Ockham)
afirma que a explicação mais simples é preferível do que a mais
complexa. Isso porque teorias simples são mais fáceis de verificar
e soluções descomplicadas são mais fáceis de executar. Ao aplicar
para argumentações e soluções, infere-se que, às vezes, coisas
simples – mas inovadoras – e sólidas são preferíveis na
argumentação do que soluções / argumentações utópicas.

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Apesar disso, a navalha de Occam não descarta soluções e
explicações complexas, só afirma a necessidade de investigação do
mais simples em primeira instância. Em outras palavras, se parece
com um pato e grasna como um pato, então provavelmente é um
pato (mas no caso das simulações da ONU, provavelmente é muito
diferente de certamente). Ou seja, inovar em suas explicações e
argumentos é algo positivo e não deve ser ignorado!

Aplicar a navalha de Occam pode ser útil nos discursos e


documentos. No primeiro, para facilitar a compreensão. No
segundo, para garantir que seja conciso e eficiente, mas isso é
assunto para outros capítulos.

Em suma, não estou falando que você deve limitar a sua


criatividade de nenhuma maneira. Inclusive, a habilidade de
pensar em pontos inovadores e instigantes é algo fundamental
para a conquista de uma premiação. Na verdade, a navalha de
Occam deve ser interpretada para direcionar a investigação de
fatores mais simples, que provavelmente já foram aplicados. Ao
fazer isso, você pode identificar onde argumentações precedentes
falharam e buscar formas de contornar isso.

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Por exemplo, para acabar com o trabalho análogo ao escravo, a
aplicação de legislações mais eficientes seria uma solução mais
simples e obvia de acordo com a navalha de Occam. Logo, ao
investigar essa solução em primeira instância, você pode
identificar as suas falhas, formas de melhorá-la, o que pode ser
aproveitado para soluções futuras e diretrizes posteriores. Após a
identificação desses fatores simples, os “patos”, você pode
começar a ir em busca dos fatores mais complexos, da inovação,
da criatividade e do destaque.

Entretanto, nem só a mensagem importa, é necessário saber


transmitir a sua mensagem da forma correta. Ou seja, após
estruturar o argumento, é necessário polimento para transformá-
lo em um discurso impactante. Para isso, saliento a necessidade da
oratória, que pode potencializar um argumento forte, ou até
mesmo fazer um argumento medíocre parecer muito mais
poderoso. O próximo capítulo é um dos mais importantes, onde
explicarei um dos meus pontos mais fortes: os discursos.

Vejo você lá!

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6
CAPÍTULO 6

OS SEGREDOS DO
DISCURSO E ORATÓRIA
OS SEGREDOS DO DISCURSO
E ORATÓRIA
O texto de uma carta é de suma importância, entretanto, ele de
nada vale se não estiver dentro de um bom envelope. Em outras
palavras, a sua argumentação é importante, mas a forma como
você a transmite é essencial.

Em uma simulação da ONU, em certo ponto, os discursos tornam-


se maçantes e repetitivos. Os delegados não prestam mais atenção,
e a Mesa Diretora já perdeu-se a muito tempo. Todos eles estão
desesperados clamando por um discurso que fuja do padrão e os
tire da rotina cíclica. Então, quando uma pessoa o faz, ela
automaticamente ganha certo destaque e atenção no comitê.

Fazer um discurso com oratória forte vai muito de feeling, você


precisa entender as palavras ditas para conseguir as moldar. Por
exemplo, uma pausa reflexiva antes ou depois de um dado
chocante pode causar grande impacto. A elevação do tom de voz
em certos momentos pode chamar a atenção, mas a redução desse
tom pode fazer com que esta seja mais direcionada.

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Apesar disso, a oratória não limita-se apenas ao que sai da sua
boca, mas precisa ser complementada por uma forte linguagem
corporal. Fazer um discurso andando em círculos pela sala pode
passar uma mensagem de urgência, e fazer um com as mãos
sobrepostas enquanto posiciona-se em lentos passos ao lado da
Mesa Diretora pode mostrar frieza e calculismo. Braços cruzados
podem significar uma postura de Nação defensiva, enquanto
gestos bruscos podem exacerbar uma agressividade perigosa. Até
um sorriso pode mudar tudo na famigerada tática do “galã
bonzinho”.

O corpo deve acompanhar a fala, e não o contrário. Dessa forma,


você deve entender e sentir cada palavra que está sendo dita e
movimentar o seu corpo de forma condizente. Pouco adianta você
fazer gestos verticais com as mãos (principalmente gestos
descendentes) se estiver discursando sobre a paz mundial,
discurso que deve ser acompanhado de gestos horizontais de
expansão.

Para acompanhar um argumento e seus movimentos, um discurso


deve ser feito de uma maneira estratégica e impactante.

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Logo, eu dividiria o discurso perfeito em 3 partes (considerando
um discurso de 1 minuto):

Gancho (15 segundos – ritmo de fala cadenciado)

O gancho é o responsável por captar a atenção do ouvinte no


momento inicial, por prender a atenção para o restante do
discurso. Existem muitas formas de ganchos: citações, histórias,
metáforas, dados impactantes e perguntas retóricas são algumas
dessas formas.

Exemplo: “vários anos atrás, na zona rural do Paquistão, uma


garota estava caminhando para a escola quando um tiro soou - e
ela levou um tiro na cabeça. O Talibã proíbe meninas de
frequentarem à escola. Mas essa garota sobreviveu e hoje luta pelo
direito das meninas à educação em todo o mundo. O nome dessa
garota era Malala.”

Ponto (22,5 segundos – ritmo de fala moderado)

É o ponto central do seu discurso, a problemática que você está


tentando abordar ou o ponto de vista que está tentando explicitar.
Aqui é onde entra o método AEEC / AEAC de argumentação.

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Exemplo: a violência propagada pelo talibã já matou muitas
Malala’s por ai, o direito à educação é algo fundamental que
devemos buscar nesse comitê.

Ação / Conclusão (22,5 segundos – ritmo de fala


cadenciado ou moderado)

É o fechamento do seu discurso, pode conter diretrizes de atuação


ou o retorno do gancho para ideia de “ciclo completo”.

Exemplo: portanto, devemos adotar resoluções que proliferem a


educação em comunidades vulneráveis através das diretrizes X, Y
e Z para evitar que mais meninas inocentes tenham que passar o
que Malala passou.

Além disso, vale lembrar que os tempos citados acima são


altamente moldáveis e vão variar de acordo com a intenção do seu
discurso. A criatividade é sempre estimulada.

Por fim, vamos falar da famigerada estratégia de vendas muito


importante para discursos: o círculo dourado.

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A imagem acima representa o círculo dourado. Enquanto muitas
pessoas discursam de fora para dentro (na ordem da imagem),
pessoas que almejam o sucesso em seus discursos, o fazem de
dentro para fora. Ou seja, primeiro explicitam a razão de algo
(gerando o fator da necessidade), logo após, derrubam a barreira
da complicação ao explicar o “como”, e após já ter conquistado os
ouvintes, fala sobre o “que” em si. Essa mesma tática pode ser
visualizada no filme “O lobo de Wall Street”, na cena em que um
dos personagens gera a necessidade de uma caneta antes de tentar
vender a caneta em si. Essa mesma questão pode e deve ser
aplicada para discursos, conquistando os delegados com a sua
ideia antes mesmo de apresentá-la.
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Com a aplicação do supracitado nos seus discursos e boa
modulação do seu tom de voz e aplicação de uma linguagem
corporal concisa, você não só terá uma boa carta, mas um
envelope que despertará desejo de explorá-la. Dessa forma,
fazendo com que todos prestem atenção nos seus discursos e você
passe a ter suas ideias mais verdadeiramente ouvidas e
compreendidas durante a sessão.

Além de saber se comunicar no comitê, é preciso saber ouvir e


controlar o debate e a negociação ao seu favor. Isso será abordado
no próximo capítulo, vejo vocês lá!

“ A oratória não o tornará defensor da


verdade, mas ela fará com que você

se torne o manipulador da
persuasão.
Bruno de Souza

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7
CAPÍTULO 7

DOMINANDO O DEBATE
E A NEGOCIAÇÃO
DOMINANDO O DEBATE E A
NEGOCIAÇÃO
Como dito anteriormente, o debate é como um gato, você não
pode chamá-lo e esperar que ele venha até você. Todavia, existem
algumas coisas que podem ser feitas como tentativa de torná-lo
um pouco mais favorável.

1) Mantenha a diplomacia

Mostre uma postura respeitosa e sólida. Assim, será respeitado, e


com o respeito dos outros, você terá uma chance. Caso você perca
o respeito, está perdido.

2) A melhor defesa é um bom ataque

Não estou falando que você deve atacar os outros delegados. (Não
faça isso!) Apesar disso, muitas vezes, ao ser atacado, você fica
muito tempo respondendo intrigas pessoais enquanto o
verdadeiro debate acontece bem na sua frente. Caso isso aconteça
e alguma nação te ataque diretamente, tente inverter o jogo e
deixa-la preocupada com o controle de danos ao invés de tentar
rebater todos os ataques.
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3) O melhor debatedor é o melhor ouvinte

Para conseguir moldar o debate, você precisa verdadeiramente


entender cada parte dele. Cada palavra, cada entrelinha. Portanto,
preste atenção nos discursos.

4) Concorde e depois refute

Certamente, você não vai querer parecer o “do contra” do comitê.


Então, por mais absurdo que um discurso seja para a sua política
externa, se esforce genuinamente para encontrar pontos em
comum ou reconhecer a legitimidade das intenções do outro
delegado. Ao fazer isso, as chances de que suas críticas sejam
ouvidas crescem exponencialmente.

5) Use os discursos de outros delegados contra eles

Busque incongruências nos outros discursos, mas não faça disso


uma prioridade. Um delegado dificilmente conseguirá refutar uma
incongruência que ele mesmo disse. Apesar disso, não deixe de
preocupar-se com os seus discursos para preocupar-se
inteiramente com o dos outros.

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6) Encontre um "princípio universal" em que todos
concordem

Em momentos de dificuldade no debate, buscar a união é


fundamental. Nessas horas, é preciso lembrar ao comitê o motivo
deles estarem ali, o princípio fundamental contido na
problemática. Por exemplo, todos os países concordam que a
guerra na síria é algo ruim, o que muda é a forma que eles
analisam essa problemática. Entretanto, ao estabelecer o senso
comum de que a guerra é ruim, fica muito mais fácil trabalhar na
negociação. Após encontrar esse princípio, é importante que você
o traga à tona sempre que as coisas ficarem complicadas.

7) Transforme uma fraqueza percebida em força

Para ilustrar essa, repetirei o que já disse em uma de minhas


aulas:

Em um debate presidencial, quando um candidato muito mais


jovem atacou o Presidente americano Reagan devido à sua idade
avançada, ele respondeu dizendo: "Por razões políticas, não
explorarei a juventude e a inexperiência do meu oponente"

Ele venceu a campanha, e isso já diz tudo. Quando você tem uma
fraqueza, transforme-a em uma força.
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Em um exemplo mais pessoal, quando representei a Micronésia,
surgiram algumas piadas com a palavra “Micro”. Nos meus
discursos, eu simplesmente respondia “Nós somos micro, mas
pensamos grande.” ou qualquer outra coisa que ressaltasse o meu
país. No final da simulação, ganhei novamente o prêmio de
melhor delegado.

8) Use fatos

Contra fatos, não há argumentos. Portanto, é importante embasar


os seus discursos com fatos e verdades inalienáveis, que não
podem ser contestadas por outro delegado.

9) Aproveite seus pontos fortes

Não importa qual país você seja, saiba que ele tem um ponto forte.
De alguma forma, converta esse ponto forte para o contexto do
comitê e o explore ao limite.

10) Não se apegue a pequenos pontos

Durante o debate, não se apegue a pequenos pontos. Muitas vezes,


é melhor ceder na sua Política Externa do que travar o debate por
manter-se demasiadamente firme.
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11) Apelo às emoções

Esta é uma ferramenta poderosa. A maioria dos seus temas terá


algum tipo de aspecto humano. A diferença entre um bom
delegado e um grande delegado é que: um apenas “menciona” o
aspecto humano e o outro o explora, capitaliza sobre ele, pressiona
e descreve, até que as pessoas na sala realmente o sintam. Você
pode dizer: "pessoas morreram". E você pode explicar
profundamente quantas pessoas morreram, fazendo que os
delegados sintam na pele cada uma dessas pessoas, sintam como
se fossem de suas famílias. Exemplo: “sete mil e quinhentos seres
humanos. 7500 mães, irmãs e filhos. Alguns morreram baleados
nas costas, correndo, outros no rosto, enquanto defendiam seus
irmãos. Tudo para quê? Por defender sua liberdade...” Se você
cativa o público pela emoção, ele ficará mais propenso a acreditar
em seus ideais.

12) Admita estar errado

Se o seu país errou em condições que não são mais presentes,


admitir isso pode não fazer mal. Mas, mostre porque a sua política
externa atual vai o redimir de tais condições precedentes.

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13) Saiba quando ceder

O principal objetivo da negociação não é conseguir o que se quer, é


alcançar a maior média de satisfação entre todas as partes
envolvidas. Portanto, no debate, saiba quando ceder a fim de
chegar mais próximo de um consenso ou uma solução comum.

Seguindo esses passos, você conseguirá não apenas se destacar no


comitê e o moldar, mas também o liderar. Aspecto que será
melhor aprofundado no próximo capítulo.

“ A meta de uma discussão ou debate



não deveria ser a vitória, mas o
progresso.
Joseph Joubert

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8
CAPÍTULO 8

SENDO UM BOM LÍDER


SENDO UM BOM LÍDER

Em uma simulação, ter a habilidade de liderar o seu comitê como


um todo é fundamental. Muitas pessoas lideram para o seu grupo
de aliados, mas o melhor delegado sempre será aquele que lidera
os seus aliados e os seus inimigos.

Para fazer isso de maneira efetiva, não basta dar ordens e


direcionamentos, eu resumiria tudo em se importar. Não fingir se
importar, se importar verdadeiramente, ouvir as ideias, demandas
e sugestões de todos, e não apenas daqueles que são convenientes
para você. É importante saber estimular essas ideias e fazer os
outros delegados se sentirem valorizados. Além disso, é
importante dar um exemplo de bom delegado, fazer os outros se
espelharem em você e sentirem necessidade de buscar a sua
aprovação.

Por fim, os líderes são especialistas em tomar decisões! Eles


concentram o diálogo entre os membros da equipe para chegar a
uma conclusão estratégica.

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Em um comitê, é importante que você saiba fazer isso através dos
seus discursos e documentos. Nos documentos, é importante
sempre buscar valorizar a opinião de outros países. Já nos
discursos, dar créditos por ideias ou congratular boas falas fará
com que muitos te enxerguem como um verdadeiro líder no
comitê.

Além disso, um líder não irá se autoproclamar, mas ele agirá de


modo que as pessoas ao seu redor o enxerguem como o líder
natural.

Um bom líder, não quer apenas se destacar, mas ele quer que as
pessoas ao redor dele se destaquem também. Portanto, lidere!

“ Mais temo um exército de 100


ovelhas liderado por um leão do que

um exército de 100 leões liderado por
uma ovelha.
Autor desconhecido

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9
CAPÍTULO 9

DOCUMENTOS: COMO
RESOLVER O COMITÊ
DOCUMENTOS: COMO
RESOLVER O COMITÊ
Não é nenhum segredo que a apresentação de documentos (PR,
DT, MP etc.) é fundamental para a resolução do comitê. Em um
resumo rápido, eles oficializam as decisões tomadas, mas
precisam ser feitos de maneira completa e sem “furos”. Eles devem
abordar detalhadamente as soluções apresentadas, devem ser
criativos e inovadores. O que poucos sabem, é que existem
algumas táticas específicas para potencializar os seus documentos.

1) 5w2h

Talvez a mais famosa de todas, consiste em uma série de fatores


que devem estar presentes em cada solução/cláusula do seu
documento. Eles são:

What – O quê? ~ Why – Por que? ~ Who – Quem? ~ When –


Quando? ~ Where – Onde? ~ How – Como? ~ How much –
Quanto vai custar?

Aplicando esse conceito (podendo ser mesclado com o círculo


dourado), os seus documentos ficarão bem mais completos e
instigantes.

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2) Navalha de Occam

Detalhamento é fundamental. Apesar disso, muitas pessoas o


fazem de forma repetitiva ou cometem erros em documentos ao
tentar soluções mágicas e impossíveis. Dessa forma, a aplicação da
Navalha de Occam (como explicada anteriormente) é importante
para garantir que o documento seja fantástico, mas não contenha
elementos desnecessários ou absurdamente fantasiosos. Todavia,
uma solução “apenas um pouco utópica” pode ser aceitável a
depender do contexto.

3) Formatação

Particularmente, como Mesa, documento mal formatado é algo


que me incomoda. A ordem lógica das clausulas é fundamental, tal
qual saber manusear os diversos pontos. Resumidamente:

Se existe o ponto 1.1, deve obrigatoriamente existir o ponto 1.2,


caso não tenha necessidade de incluir o ponto 1.2, as ideias do
ponto 1.1 devem ser necessariamente contidas no ponto 1.

Além disso, é importante se atentar a fonte e ao espaçamento


correto do documento, além de garantir que o texto esteja
justificado.

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4) Criatividade

Muitas pessoas se prendem a apresentar documentos apenas


como Word/Docs, apesar disso, as possibilidades são infinitas
(excetuando-se alguns modelos específicos de simulação). Eu por
exemplo, já apresentei planilhas, slides e até mesmo um site! (o
qual, por sinal, me rendeu a premiação de melhor delegado).

Portanto, você não precisa se apegar ao tradicional. Adotar formas


inovadoras pode fazer você se destacar, o único limite é a sua
criatividade (e o bom senso).

5) Trabalho em equipe

Pode parecer clichê, mas contar com diferentes visões e políticas


externas pode ser fundamental para garantir a completude de um
documento. Portanto, negociar para reunir apoiadores de
diferentes posicionamentos pode multiplicar seus votos e garantir
a maioria qualificada (2/3 + 1).

No geral, eu diria que o mais importante para garantir que os seus


documentos sejam efetivos é que eles sejam completos e altamente
detalhados. Lembre-se: foque em aprender a confeccioná-los.

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10
CAPÍTULO 10

SE TORNANDO O
MELHOR DELEGADO
SE TORNANDO O MELHOR
DELEGADO

Ao longo de todo esse Ebook, você entendeu como se destacar em


uma simulação. Todavia, para ser o melhor delegado, existem
certas coisas que você precisa fazer durante a conferência. Assim,
irei transmitir agora as coisas importantes que vivi, li ou aprendi
sobre ser o melhor:

• Acredite veementemente no que você fala, entre no


personagem, fale com amor e paixão. Para fazer isso, muitas
vezes eu escuto repetidamente o hino do país antes da
simulação.

• Faça um discurso inicial que chame a atenção. O discurso


inicial irá, possivelmente, moldar os delegados que serão os
destaques do comitê logo no início. É importante que ele seja
impactante e marcante, afinal, a primeira impressão é a que
fica.

• Seja um mestre em manipulação de palavras. Saiba como


mudar uma palavra em seu discurso pode ser extremamente
significativo para um delegado concordar ou não com você.

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• Manipule o fluxo do debate. Desvie a atenção de um problema
que você não deseja abordar. Lembre os delegados quando
eles estiverem se afastando da agenda da conferência.

• Nunca deixe a placa para baixo. Tente falar o máximo


possível. Você sempre tem algo a acrescentar. Nunca fique
quieto.

• Não apenas conheça as regras e procedimentos de cor, mas


saiba como manipulá-las e explorá-las a seu favor. Quando
você souber a maneira exata de solicitar um debate não-
moderado ou quando souber como usar corretamente um
ponto de privilégio pessoal, será infinitamente mais eficaz do
que um delegado que não o faz.

• Seja um debatedor diplomático com habilidade. Ou seja,


mantenha sempre o “decoro diplomático”, mas saiba que há
muito o que você pode fazer e dizer sendo extremamente
decente e diplomático. Saiba quando falar alto e quando ficar
calmo, como dirigir discursos de crítica / retaliação e saiba
como expressar nojo absoluto da maneira mais educada e
gentil.

• Saiba que é o delegado que faz o país, não o país que faz o
delegado. Ou seja, você pode se destacar até com micronações.

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• Reconheça o poder das brechas (a diferença entre uma
declaração "vinculativa" e uma declaração mais vaga,
aparentemente vinculativa, mas na verdade nula).

• Saiba que uma única palavra pode fazer muita diferença na


interpretação de uma cláusula e mudar o futuro do mundo.

• Reúna patrocinadores de mais de um posicionamento em


documentos. Isso triplica seu poder. Embora difícil, isso não é
impossível. Tente fazê-los aproveitar os benefícios para o
maior número possível de lados, mantendo seus interesses.

• Vincule os votantes em potencial a favor da sua resolução


fazendo uma oferta que eles não podem recusar (adicione uma
cláusula que sirva aos interesses de seus países que eles não
podem renunciar, mesmo em caso de outra oferta).

• Sempre tenha um plano B.

• Aproveita seus pontos fortes pessoais. Ou seja, se você gosta de


fazer as pessoas rirem, faça algo engraçado com seus
discursos. Se você é artístico, faça um discurso poético. Use
seus talentos!

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11
CAPÍTULO 11

CONCLUSÃO
CONCLUSÃO

Durante as minhas dezenas de simulações, sempre busquei o


desafio. Simulei em inglês, simulei sozinho em comitês de dupla,
fui para Harvard, pedi para representar a Micronésia e muitas
outras coisas. Essa é a verdadeira graça, tentar sempre desafiar os
seus limites e ir cada vez mais longe. No fim das contas, ganhar é
bom, mas nunca foi, e nunca será apenas sobre ganhar.

Finalmente, decidi compartilhar o conhecimento que adquiri, mas


esse conhecimento não é só meu, eu aprendi coisas com pessoas
do Brasil, Estados Unidos, Índia, Uganda, Austrália, Canadá,
Peru, Geórgia, França, Rússia, Ilhas Cook, Turquia, Filipinas,
Indonésia, Tailândia, Marrocos, Irã, Venezuela, Argentina, Japão
e Vietnã. Eu aprendi um pouquinho com cada pessoa, de cada
nacionalidade, cada background fantástico e distinto que já
simulei, e agradeço a cada uma delas por isso.

Lutar por uma premiação é algo digno, apesar disso, lembre-se


que caráter e integridade são fundamentais. Simular não é só
sobre ganhar, mas aprender e conhecer pessoas valiosas para uma
vida inteira.

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Portanto, afirmo que se você seguir tudo o que falei nesse Ebook,
alcançará muito sucesso nas premiações. Todavia, clamo para que
você nunca se perca, nunca esqueça o real significado disso tudo,
nunca deixe isso virar apenas uma competição.

“ Vencer não é competir com o outro. É



derrotar seus inimigos interiores.
Roberto Shinyashiki

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FIM

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