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CRIANÇAS E ADOLESCENTES:
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
E CULTURA ALIMENTAR
CONTEMPORÂNEA
UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
SI586a
ISBN 978-85-7141-338-2
ISBN Digital 978-85-7141-339-9
1. Crianças - Nutrição. - Brasil. 2. Adolescentes – Nutrição. – Bra-
sil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 612.3
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO...........................................................................05
CAPÍTULO 1
História da Alimentação................................................................ 7
CAPÍTULO 2
Alimentação na Contemporaneidade......................................... 43
CAPÍTULO 3
A Importância de Uma Boa Alimentação na
Infância e na Adolescência.......................................................... 87
APRESENTAÇÃO
Em conformidade com os princípios do saber-fazer da Uniasselvi, este livro
busca embasar o acompanhamento da disciplina Alimentação de crianças e ado-
lescentes: necessidades nutricionais e cultura alimentar contemporânea a
partir de informações, reflexões e atividades que abordam o tema estudado de uma
maneira holística e consistente em relação aos estudos clássicos, às pesquisas
mais atuais e às normas que orientam a alimentação de crianças e adolescentes.
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Capítulo 1 História da Alimentação
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo versa sobre a história da alimentação, um ramo do campo mais
amplo que envolve os estudos da alimentação, cuja abordagem inclui diferentes dis-
ciplinas, como agronomia, antropologia, arqueologia, biologia, economia, geografia,
nutrição, medicina e sociologia. Como vários outros assuntos que fugiam do campo
da história política, a alimentação começou a ser abordada pelos historiadores so-
mente no século XX, a partir da obra do botânico suíço Adam Maurizio, publicada
em 1926, que abordou sistemas alimentares da espécie humana desde a Pré-histó-
ria, superando as narrativas tradicionais sobre discursos e saberes botânicos, mé-
dicos e gastronômicos. Desde então, em diferentes países, surgiram histórias das
alimentações nacionais, com destaque para Inglaterra, Estados Unidos e França,
mas também para países latino-americanos, como México, Colômbia, Chile, Vene-
zuela e o Brasil, com destaque para a importante obra História da alimentação no
Brasil, de Luís da Câmara Cascudo (1967-1968).
2 TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS
DO ATO DE COMER
A alimentação atende à necessidade fundamental de garantia da nossa so-
brevivência enquanto espécie, mas sabemos que o consumo de alimentos vai
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Capítulo 1 História da Alimentação
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Capítulo 1 História da Alimentação
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A agricultura surgiu em vales férteis irrigados por grandes rios como o Jordão
(Jericó), o Nilo (Egito), Eufrates e Tigre (Mesopotâmia), Amarelo e Yangtzé (Chi-
na) e Indo (Ásia Meridional). Nessas regiões despontaram alguns dos pilares de
nossa alimentação, com a cultura de cereais, como o trigo (a planta cultivada mais
antiga de todas), o centeio e a cevada. Esse processo histórico esteve associado
a profundas transformações econômicas, com a produção de excedentes para o
comércio e a concentração desigual de recursos; tecnológicas, com a criação de
cerâmicas, mós de pedra, enxada, a roda, o arado, a charrua pesada, sistemas de
irrigação, fornos para pão e assados diversos; religiosas, com o advento de uma
série de crenças e rituais em torno da água, da fertilidade do solo e da colheita; e
políticas, estando diretamente associada ao advento do Estado.
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Capítulo 1 História da Alimentação
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cultura alimentar contemporânea
http://www.conquistesuavida.com.br/noticia/alimentacao-kosher-
o-que-e-e-como-funciona_a7979/1.
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Capítulo 1 História da Alimentação
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FONTE: <https://www.beefpoint.com.br/exportacao-de-gado-vivo-cresce-sob-
a-mira-de-entidades-de-defesa-animal/>. Acesso em: 19 nov. 2018.
Atividade de Estudo
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Capítulo 1 História da Alimentação
a) ( ) V – V – F – F – V – V – F.
b) ( ) V – F – F – F – F – F – F.
c) ( ) V – F – F – V – V – F – V.
d) ( ) F – V – V – V – V – V – V.
e) ( ) F – F – V – V – F – F – F.
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cultura alimentar contemporânea
3 GLOBALIZAÇÃO DA ALIMENTAÇÃO
O termo globalização tem sido utilizado desde os anos 1980 para designar
o aprofundamento da integração cultural e econômica entre diferentes partes do
planeta no mundo contemporâneo, marcado pela formação de blocos econômicos,
pelo “encurtamento” das distâncias e pela velocidade inédita da circulação de
informações. No entanto, muitos pesquisadores têm observado a existência de
diversas globalizações ao longo da história, isto é, a formação de sistemas de
interação, intercâmbio e integração entre populações e territórios espalhados
por diferentes regiões do mundo. O Mediterrâneo, conhecido pela tríade pão,
azeite e vinho, Mare Nostrum dos romanos, configurou o epicentro de diversas
globalizações pré-modernas no Ocidente, articulando desde a Antiguidade o Egeu
dos gregos ao Egito, Pérsia e outras regiões orientais. Paralelamente, uma série
de rotas comerciais terrestres e marítimas conectou a China à Ásia central e ao
próprio Mediterrâneo, configurando o que a partir do século XIX foi denominado
Rota da Seda, que nasceu há mais de 4 mil anos a partir de caminhos abertos
por pastores nômades. Tecidos, cerâmicas, porcelanas e metais preciosos tinham
destaque nas trocas comerciais, mas alimentos como azeite, chás, cerais, carnes
salgadas e defumadas, sal e vinhos circulavam bastante pelas vias mercantis.
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Capítulo 1 História da Alimentação
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Capítulo 1 História da Alimentação
Nabo Mediterrâneo
Pepino Índia, Malásia
Pêssego China
Repolho Ásia Menor, Mediterrâneo
Sisal América Central
Tabaco América Central
Tomate América Central, Andes
Trigo Etiópia, Ásia Menor
Uva Ásia Central, Ásia Menor
FONTE: BUSTAMANTE (2000, p. 87-88)
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São Vicente. Nos anos seguintes, o cultivo se espalhou pelo litoral de outras capi-
tanias, prosperando especialmente no Nordeste, em Pernambuco e na Bahia, mas
também no Rio de Janeiro, na região de Campos dos Goitacazes. Além de açúcar,
produziam-se quantidades importantes de cachaça, também chamada jeribita, mui-
to consumida localmente, mas também exportada, especialmente para a África, na
região de Angola, onde era trocada por trabalhadores escravizados.
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Capítulo 1 História da Alimentação
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bal não obedece a uma ordem “natural” de relações entre oferta e demanda, mas
é resultado de uma série de manobras de forças políticas e pressões econômicas
que se articulam para garantir a lucratividade da produção e o consumo massivo
de determinados produtos ao redor do planeta. Identificam-se três regimes ali-
mentares ao longo da história do capitalismo: o regime alimentar imperial, estabe-
lecido (1870-1930), que combinou o envio de produtos tropicais das colônias para
a Europa e a importação de grãos, especialmente trigo, por parte dos territórios
coloniais; o regime alimentar intensivo, determinado pelos Estados Unidos (1950-
1970), que redirecionou com grande apoio da publicidade os fluxos de alimen-
tos excedentes estadunidenses para os territórios pós-coloniais sobre sua área
de influência após a Segunda Guerra Mundial; e o regime alimentar corporativo
(1980-2000), também centrado nos Estados Unidos, que promoveu a “revolução
do supermercado” mediante o controle do mercado pelas grandes corporações,
interessadas no consumo de determinadas marcas.
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Capítulo 1 História da Alimentação
Atividade de Estudo:
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
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FONTE: <http://andanzas-ciencia-cultura.blogspot.com/2015/02/
nixtamalizacion-del-maiz.html>. Acesso em: 20 nov. 2018.
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Capítulo 1 História da Alimentação
tais livros são acrescidos de fontes visuais, desde gravuras até fotografias nos
mais recentes, que enriquecem muito a percepção sobre costumes, usos e gostos
de uma época. Como sabemos, os gostos por sabores e odores dos alimentos
também são históricos. Portanto, respondem a uma série de estímulos culturais e
econômicos e sofrem transformações com o passar do tempo.
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
FONTE: <http://gasbasica.blogspot.com/2015/03/hierarquia-da-
cozinha-profissional.html>. Acesso em: 20 nov. 2018.
FONTE: <https://oglobo.globo.com/ela/gastronomia/cadernos-de-receitas-do-sul-
de-minas-sao-tratados-como-tesouros-21144443>. Acesso em: 20 nov. 2018.
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Capítulo 1 História da Alimentação
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cultura alimentar contemporânea
Atividade de Estudo
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Ao longo do capítulo, vimos como em diferentes épocas e em diferentes
culturas, os alimentos eram obtidos e consumidos; percebemos que os alimentos
disseminados pelo globo nos dias atuais eram em grande parte bastante restritos
a determinadas regiões até o início da Era Moderna; discutimos as implicações
das globalizações alimentares e refletimos a respeito de algumas das principais
formas de transmissão dos saberes culinários.
A pretensão aqui não foi esgotar o assunto, mas apresentar uma breve,
porém consistente, introdução a respeito do tema, indicando caminhos e
levantando problemas. As transformações históricas que marcaram o acesso aos
alimentos representam aspecto vital para o entendimento das forças que movem
o consumo na atualidade. As reflexões aqui tecidas servirão de base para os
demais capítulos, nos quais a alimentação no mundo contemporâneo e a questão
específica das necessidades nutricionais de crianças e adolescentes em idade
escolar serão enfrentados diretamente.
REFERÊNCIAS
BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e capitalismo – séculos
XV – XVIII: as estruturas do cotidiano. v. 1. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
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Capítulo 1 História da Alimentação
KIPLE, Kenneth F.; ORNELAS Kriemhild Coneè. The Cambridge World History
of Food. Cambridge: Cambridge University Press, 2008
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cultura alimentar contemporânea
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C APÍTULO 2
Alimentação na
Contemporaneidade
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo é baseado, principalmente, no levantamento de dados recentes
das Nações Unidas e do IBGE, além, claro, das contribuições dos principais
especialistas. O foco é o esclarecimento a respeito dos problemas e dilemas
que envolvem o consumo de alimentos no mundo contemporâneo. Parte-se do
problema humano básico da falta de alimentos, que é inserido no leque mais
amplo da noção de insegurança alimentar. Em seguida, explora-se a classificação
dos alimentos em in natura / minimamente processados, ingredientes culinários,
processados e ultraprocessados, destacando especialmente os malefícios
dos ultraprocessados. Por fim, exploram-se os dilemas que envolvem o uso de
agrotóxicos na produção de alimentos.
2 A QUESTÃO DA FOME E DA MÁ
NUTRIÇÃO NO BRASIL
FIGURA 1 – RETIRANTES, DE PORTINARI (1944)
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
Temos diante de nós um fenômeno social perene, que marcou de forma grave
toda a história da humanidade. É causa de sofrimento irreparável e está associada
a complexas variáveis de caris socioambiental, geopolítico e econômico.
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), teve início a chamada Revolução Verde,
um conjunto de
Revolução Verde, um conjunto de inovações destinado a aumentar a inovações destinado
produtividade mediante a disseminação de novas técnicas, sementes a aumentar a
geneticamente modificadas, agrotóxicos, fertilizantes químicos, produtividade
mediante a
maquinários e insumos agrícolas (ANDRADES; GANIMI, 2007). Seu disseminação de
precursor foi o engenheiro agrícola Norman Borlaug, que desenvolveu novas técnicas,
sementes
um programa de produção cooperativa de trigo no México, em parceria geneticamente
com a Fundação Rockefeller. Em pouco tempo, o país passou de modificadas,
importador a autossuficiente na produção de trigo (transgênico). agrotóxicos,
fertilizantes
químicos,
Nas duas décadas seguintes, outros países, incluindo o Brasil, maquinários e
insumos agrícolas.
adotaram o sistema criado por Borlaug, que recebeu o Nobel da Paz em
1970 por suas contribuições para a redução da fome mundial. O problema é que não
há mecanismos que assegurem uma segurança alimentar em termos globais, nem
em termos de acesso, nem em termos de qualidade do que se consome. Os preços
agrícolas, ora entregues aos humores dos mecanismos de mercado ora ajustados
por políticas protecionistas dos países desenvolvidos, apresentam variações
caóticas, prejudicando países e pessoas mais pobres. Aliado a isso, o uso massivo
de agrotóxicos, antibióticos e outras substâncias causadores de prejuízos ao meio
ambiente, aos animais e à saúde das pessoas (ANDRADES; GANIMI, 2007).
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
Segundo dados das Nações Unidas (ONU, 2017), a fome afetou 815 milhões
de pessoas, 11% da população global. Embora as projeções para o crescimento
demográfico nos próximos anos e o ritmo de esgotamento dos ecossistemas
coloquem um sinal de alerta para o futuro, há um consenso de que, na
contemporaneidade, a fome tem sido provocada muito mais pela impossibilidade
de acesso do que pela ausência de oferta.
FONTE: <https://nacoesunidas.org/onu-apos-uma-decada-de-queda-
fome-volta-a-crescer-no-mundo/>. Acesso em: 4 nov. 2018.
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cultura alimentar contemporânea
QUADRO 2 – ENTREVISTA
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
FONTE: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/07/23/Como-o-Brasil-
saiu-do-Mapa-da-Fome.-E-por-que-ele-pode-voltar>. Acesso em: 4 nov. 2018.
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
14 anos: 42% delas se enquadra nessas condições no Brasil (IBGE, 2017). O ex-
ministro do Trabalho, Almir Pazzianotto Pinto, na coluna opinião do site Agência
Sindical:
FONTE: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2010/10/28/o-pensamento-
de-josu%C3%A9-de-castro/>. Acesso em: 4 nov. 2018.
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
Atividade de estudo
Pesquise sobre a fome endêmica e epidêmica. Analise sob quais
condições cada uma delas se manifesta. Relacione o conteúdo
pesquisado com a realidade da sua escola, comunidade ou
região e reflita sobre possíveis formas de intervenção.
FONTE: <http://obha.fiocruz.br/wp-content/uploads/2016/12/geografia-
da-fome-josue-decastro.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2018.
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
FONTE: <https://oglobo.globo.com/economia/fome-volta-assombrar-
familias-brasileiras-21569940>. Acesso em: 4 nov. 2018.
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
FIGURA 8 – DESIGUALDADE
FONTE: <https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,7-2-milhoes-de-pessoas-
convivem-a-fome-no-brasil-mostra-ibge,1608831>. Acesso em: 4 nov. 2018.
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
corresponde a pessoas com peso abaixo do normal; entre 18,5 e 24,9 é tido como
peso normal; entre 25 e 29,9 representa pessoas com peso acima do normal ou
sobrepeso; entre 30 e 30,9 é o que define a pessoa obesa; quando o IMC é maior
do que 40 considera-se a pessoa portadora de obesidade mórbida (BRASIL, 2000).
FONTE: <https://www.devmedia.com.br/calculando-o-indice-de-
massa-corporal-imc-delphi/23852>. Acesso em: 4 nov. 2018.
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
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cultura alimentar contemporânea
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
Atividades de estudo:
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cultura alimentar contemporânea
3 ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS:
UM RISCO À BOA SAÚDE
A oferta de alimentos prontos para o consumo ou de preparo rápido tem
aumentado exponencialmente. Nas propagandas, a promessa de uma refeição
saborosa, nutritiva e fácil de fazer, ideal para aquela hora em que a “fome aperta”.
Dentro do pacote colorido, com conteúdo extremamente palatável e preço tentador
se esconde um inimigo à boa saúde: o ultraprocessado, cuja composição contém
quantidades significativas de açúcar, sal, gordura, estabilizantes e conservantes.
Para evitar cair em armadilhas é importante conhecer os tipos de alimento e, na hora
da compra, prestar bastante atenção nos ingredientes descritos nas embalagens.
Grupo 1.
Alimentos in natura Processo e propósito Exemplo
do Processamento
Alimentos in natura são partes Frutas, verduras, legumes,
comestíveis de plantas (sementes, cereais sem açúcar.
frutos, folhas, caules, raízes) ou
de animais (músculos, vísceras,
ovos, leite) e também cogume-
los e algas e a água logo após
sua separação da natureza.
Alimentos minimamen-
te processados
São alimentos in natura submeti- (O processo implica na Carnes resfriadas ou con-
dos a processos como remoção remoção de partes não geladas, leite pasteurizado
de partes não comestíveis ou comestíveis, fracionamento ou leite em pó, iogurte.
não desejadas dos alimentos, e trituração ou moagem
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
Grupo 2.
Ingredientes culiná- Processo e Propósito Exemplo
rios processados do Processamento
Substâncias extraídas diretamente Os processos envolvidos Sal, açúcar, mel, vi-
de alimentos do Grupo 1 ou da com a extração dessas nagre, manteiga.
natureza e consumidas como substâncias incluem pren-
itens de preparações culinárias, sagem, moagem, pulveri-
zação, secagem e refino.
O propósito do processa-
mento neste caso é a criação
de produtos que são usados
nas cozinhas das casas ou
de restaurantes para tem-
perar e cozinhar alimentos
do grupo 1 e para com eles
preparar pratos salgados
e doces, sopas, saladas,
conservas, pães caseiros,
sobremesas, bebidas e pre-
parações culinárias em geral.
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
Grupo 3.
Alimentos processados Processo e Propósito Exemplo
do Processamento
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
no produto final. Alimentos do leite e água, quanto pratos, liofilizados para emagrecer
grupo 1 representam proporção bebidas, sobremesas e e substitutos de refeições; e
reduzida ou sequer estão pre- preparações culinárias em vários produtos congelados
sentes na lista de ingredientes geral. Hiperpalatabilidade, prontos para aquecer incluin-
de produtos ultraprocessados. embalagens sofisticadas e do tortas, pratos de massa
atrativas, publicidade agres- e pizzas pré-preparadas;
siva dirigida particularmente extratos de carne de frango
a crianças e adolescentes, ou de peixe empanados
alegações de saúde, alta do tipo nuggets, salsicha,
lucratividade e controle por hambúrguer e outros
corporações transnacionais produtos de carne reconsti-
são atributos comuns de tuída, e sopas, macarrão e
alimentos ultraprocessados. sobremesas ‘instantâneos.
FONTE: Adaptado de Monteiro et al. (2016, p. 34)
FONTE: <https://mgtnutri.com.br/termoglossario/alimentos-ultraprocessados-
ou-produtos-alimenticios>. Acesso em: 4 nov. 2015.
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
Atividade de Estudo:
Desse modo, alimentos light ou diet, que nada mais são do que
ultraprocessados reformulados apresentam o risco de aparecerem aos olhos dos
consumidores como alimentos saudáveis ou de consumo liberado, sobretudo
quando os anúncios publicitários destacam apenas as supostas vantagens, como
a quantidade menor de calorias e a presença de vitaminas e minerais.
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Atividade de Estudo:
4 AGROTÓXICOS: QUANDO O
INIMIGO ESTÁ NA MESA
FIGURA 14 – AGROTÓXICOS
FONTE: <https://deolhonosruralistas.com.br/2017/11/27/europa-compra-do-brasil-
comida-produzida-com-agrotoxicos-que-ela-proibe/>. Acesso em: 5 nov. 2018.
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
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cultura alimentar contemporânea
Entre 2012 e 2017 foi utilizada uma média de 8,33 kg de agrotóxicos por
hectare. Mas em certas regiões o uso foi ainda mais acentuado, variando entre 12
e 16 kg por hectare no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo. 70%
dos alimentos in natura consumidos no país contém algum tipo de agrotóxico,
sendo que mais da metade das substâncias usadas é proibida na União Europeia
e nos Estados Unidos (CASTILHO, 2016). Note-se a Tabela 1 que compara os
limites de resíduos em água potável no Brasil e na U.E., que mantêm (ao menos
formalmente) níveis de 0,1 miligramas por litro.
72
Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
Além dos agrotóxicos liberados aqui e vedados em outros países por conta
de sua toxidade, como é caso de inseticidas chamados neonicotinoides, temos
ainda uma larga utilização de substâncias proibidas pelas regras brasileiras
(COSTA, 2018).
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R. Estão dizendo que existe uma tal burocracia, que leva-se até oito anos
para obter o registro de um agrotóxico no Brasil, mas isso é fake news porque
compara a estrutura de países como Brasil e Estados Unidos. Na Anvisa
há 20 ou 30 técnicos para analisar os pedidos de [registro] de agrotóxicos,
na FDA [Food and Drugs Administration], a similar norte-americana, são
700. Aqui uma empresa paga poucos mil reais para fazer o processo de
registro, nos Estados Unidos pode chegar a um milhão. A fila aqui é grande
porque não se investe na capacidade de órgãos reguladores e porque é
barato registrar, sendo que o registro é eterno – para você tirar um produto
de circulação, tem que fazer uma reavaliação a partir de denúncia etc. O
registro temporário é para forçar a barra e, em vez de investir na capacidade
de análise dos órgãos – fazendo concurso, pagando equipe –, colocar uma
faca no pescoço do órgão e dizer “se você não liberar o pedido em dois
anos, o produto entra no mercado”. Eles falam dos problemas, mas o PL
não é solução para nenhum deles. Ele está longe de resolver o problema
da população, só resolve o problema das empresas. Vai virar o paraíso dos
agrotóxicos, porque já é barato e eterno, vai poder tudo.
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
FONTE: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/04/politica/1530712715_093416.
html?rel=str_articulo#1539142038987>. Acesso em: 7 nov. 2018.
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Atividade de Estudo:
FONTE: http://blogs.correiobraziliense.com.br/aricunha/
agrotoxicos-e-doencas/. Acesso em: 7 nov. 2018.
FONTE: <https://www.ecycle.com.br/3671-
agrotoxicos>. Acesso em: 7 nov. 2018.
80
Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Os consumidores estão em uma clara encruzilhada, já que a maior parte
dos alimentos in natura ou com baixo grau de processamento, indicados por
médicos e nutricionistas como ideais para uma alimentação saudável, contém
substâncias com algum nível de toxidade. Mas precisamos ter cuidado. Não se
trata de demonizar a indústria e o agronegócio. Ter alimentos menos perecíveis,
em abundância e acessíveis a uma quantidade ascendente de pessoas é algo
que só pode ser conseguido atualmente mediante o consumo de alimentos
convencionais. Caso passássemos completa e imediatamente a consumir apenas
alimentos desprovidos do uso de fertilizantes, pesticidas e aditivos químicos,
os orgânicos, voltaríamos a nos afundar em um novo impasse malthusiano de
defasagem entre produção de alimentos e população. No caso do Brasil, os
orgânicos ainda são mais caros e não representam mais do que 1% do mercado.
A grande conclusão a que chegamos é que nos encontramos em um momento no
qual é necessário buscar meios de avançar no sentido de promover a revolução
duplamente verde mencionada por Abramovay (2000), investindo-se em formas de
cultivo e de criação de animais econômica, social e ambientalmente sustentáveis.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Ricardo. O que é fome. Brasília: Brasiliense, 1985.
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Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
IBGE, BRASIL. POF 2008-2009: desnutrição cai e peso das crianças brasileiras
ultrapassa padrão internacional. 27 de agosto de 2010. Disponível em: https://
agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-
noticias/releases/13884-asi-pof-2008-2009-desnutricao-cai-e-peso-das-criancas-
brasileiras-ultrapassa-padrao-internacional. Acesso em: 29 out. 2018.
83
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
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MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz
alta. Rio de Janeiro: José Olympio, 1974. p. 73-79.
MONTEIRO, C. A. Nutrition and health. The issue is not food, nor nutrients, so
much as processing. Public Health Nutrition, v. 12, n. 5, p. 729–731, 2009.
ONU-BR. FAO: 30% de toda a comida produzida no mundo vai parar no lixo. 14
de novembro de 2017. Disponível em: https://nacoesunidas.org/fao-30-de-toda-a-
comida-produzida-no-mundo-vai-parar-no-lixo/. Acesso em: 27 out. 2018.
ONU-BR. ONU: após uma década de queda, fome volta a crescer no mundo. 15
de setembro de 2017. Disponível em: https://nacoesunidas.org/onu-apos-uma-
decada-de-queda-fome-volta-a-crescer-no-mundo/. Acesso em: 27 out. 2018.
84
Capítulo 2 Alimentação na Contemporaneidade
PINTO, Almir Pazzianotto. Geografia da fome: o dinheiro que vai para o ralo do
desperdício e as malas da corrupção falta para enfrentar a miséria. 16 de Janeiro
de 2018. Disponível em: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,geografia-
da-fome,70002152162. Acesso em: 29 out. 2018.
85
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
86
C APÍTULO 3
A Importância de Uma Boa
Alimentação na Infância e na
Adolescência
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes
objetivos de aprendizagem:
88
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste terceiro capítulo, trazemos informações e discussões a respeito da ali-
mentação de crianças e adolescentes, do nascimento à adolescência. São trata-
dos aspectos como as recomendações básicas para cada faixa etária, a necessi-
dade e a pertinência da adoção de políticas públicas, as doenças mais frequentes
decorrentes da má nutrição e algumas ações possíveis para a promoção de uma
vida saudável. Na primeira seção, “Alimentação e necessidades nutricionais bási-
cas de crianças e adolescentes”, é possível encontrar um panorama de cada fase,
desde informações sobre o aleitamento materno, passando pelas formas de inclu-
são da alimentação, até as demandas de cada faixa etária. Em seguida, na seção
“Doenças associadas à má alimentação”, é feito um apanhado dos males à saúde
resultantes da má alimentação. Por fim, em “Hábitos alimentares mais saudáveis
e ações para promovê-los”, é feita uma caracterização mais clara a respeito dos
elementos constitutivos de uma alimentação saudável em diferentes cenários, in-
cluindo a vida escolar.
2 ALIMENTAÇÃO E NECESSIDADES
NUTRICIONAIS BÁSICAS DE
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
O crescimento e o desenvolvimento saudável ao longo da infância e da ado-
lescência dependem de uma alimentação que supra as necessidades nutricio-
nais de cada faixa etária. Por definição, necessidades nutricionais representam a
quantidade de energia e nutrientes necessários para garantir o bom funcionamen-
to do organismo (BRASIL, 2009a). Considerando a variação existente ao longo da
vida, existem recomendações médias afixadas pela comunidade científica e mé-
dica internacional e propagadas por organismos internacionais e pelos governos.
89
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
1. Dar somente leite materno até os seis meses de idade, sem oferecer
água, chás ou quaisquer outros alimentos.
2. A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros
alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais,
se possível.
3. Após seis meses, oferecer alimentação complementar (cereais, carnes,
frutas, tubérculos, verduras e legumes), três vezes ao dia, caso a criança
receba leite materno, e cinco vezes ao dia, caso já estiver desmamada.
4. A alimentação deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-
se a vontade da criança.
5. A alimentação complementar deve ser espessa e oferecida com
colher. Deve-se iniciar com consistência pastosa (papas e purês) e,
gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação
regular das famílias.
6. Oferecer à criança deferentes alimentos ao dia. Uma alimentação
variada é, também, uma alimentação colorida.
7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.
8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos
e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. O uso de sal deve ser
moderado.
9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos.
10. Estimular a criança convalescente a se alimentar, oferecendo a sua
refeição habitual e seus alimentos favoritos, respeitando sua aceitação.
<http://bit.ly/2WxviDN>
90
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
91
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
O Guia Alimentar para crianças menores de dois anos (BRASIL, 2005) reco-
menda que o leite seja oferecido por livre demanda, intercalando-se com a oferta
dos alimentos complementares após a sua introdução.
92
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
93
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
94
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
95
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
O quadro a seguir apresenta sugestões para a dieta das com menos de dois
anos não amamentadas:
Menores de Maiores de
4-8 meses
4 meses 8 meses
Leite + cereal Leite + cereal
Manhã Alimentação láctea
ou tubérculo ou tubérculo
Intervalo Alimentação láctea Papa de fruta Fruta
Papa salgada ou
Almoço Alimentação láctea Papa Salgada
refeição da família
Fruta ou pão ou bo-
Lanche Alimentação láctea Papa de fruta
lacha sem recheio
Papa salgada ou refeição
Jantar Alimentação láctea Papa salgada
básica da família
Leite + cereal Leite + cereal
Noite Alimentação láctea
ou tubérculo ou tubérculo
FONTE: Brasil (2009b, p. 91)
96
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
Período Orientações
Até os seis meses Orientar para o aleitamento materno exclusivo.
Introduzir alimentos complementares;
Introduzir água;
Estimular aleitamento materno até dois anos;
Orientar o consumo de alimentos que são fontes de ferro e vitamina A;
Orientar para que não sejam oferecidos para criança açú-
Aos seis meses car, doces, chocolates, refrigerantes e frituras;
Fornecer o suplemento de ferro do Programa Na-
cional de Suplementação de Ferro;
Em regiões cobertas pelo Programa, fornecer a megadose de vita-
mina A do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A;
Orientar práticas de higiene no preparo da alimentação complementar.
97
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
98
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
Cabe esclarecer que “ferro heme” e “ferro não heme”, indicados no Quadro
5, dizem respeito às formas como o ferro se apresenta nos alimentos. O ferro
heme (de origem animal) é menos suscetível a fatores inibidores, sendo absorvido
em maior proporção pelo organismo (em torno de 20-30%). Já o ferro não heme
(de origem vegetal) é menor absorvido (entre 2% e 10%). Por isso, é preciso ter
bastante cautela com a adoção de uma dieta vegetariana, especialmente na fase
de desenvolvimento (BRASIL, 2009b, p. 87).
99
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
100
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
101
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
2.4 A ALIMENTAÇÃO DE
ADOLESCENTES
Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), a ado-
lescência cobre o período entre 12 e 18 anos. Já a OMS e o Ministério da Saúde
consideram o período mais dilatado entre os 10 e os 20 anos incompletos. Esse
período é marcado por transformações físicas de grande relevo, com o cresci-
mento da estatura, a maturação sexual e os diversos elementos corporais, hormo-
nais e psíquicos que caracterizam a puberdade (FERNANDES et al., 2013, p. 9).
102
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
manhã, almoço e jantar, com lanches nos intervalos); consumir pescados ao me-
nos duas vezes por semana; evitar açúcares simples, dando-se preferência aos
complexos, que são mais ricos em fibras; evitar trocar refeições por lanches; in-
vestir na prática de atividades físicas regulares (FERNANDES et al., 2013, p. 14).
Pães, cereais,
3 5 5 5a9
tubérculos e raízes
Frutas 3 4 3 5
Verduras, legu-
3 3 3 4
mes e hortaliças
Leguminosas 1 1 1 1
Carne bovina,
2 2 2 2
frango, peixe e ovo
Leite, queijo e iogurte 3 3 3 3
Óleos e gorduras 2 2 1 1
Açúcares 1 1 1 2
103
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
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Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
Atividade de Estudo:
3 DOENÇAS ASSOCIADAS À MÁ
ALIMENTAÇÃO
A nutricionista Tatiana Zanin, no website especializado chamado Tua saúde,
aponta oito doenças causadas pela má alimentação na infância e na adolescência.
106
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
<https://www.tuasaude.com/>.
1. Obesidade
A obesidade é o principal problema que leva a outras doenças,
como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares. Além dis-
so, o excesso de peso, juntamente com o cigarro, é uma das princi-
pais causas de aumento do risco de câncer.
Para prevenir a obesidade na infância e na adolescência, de-
ve-se dar preferência a uma alimentação mais natural e com menos
produtos prontos industrializados, como biscoitos, salgados, salgadi-
nhos, sorvete, salsicha e linguiça, por exemplo. Incentivar a crianças
a levar o lanche feito em casa para a escola é uma ótima forma de
criar hábitos saudáveis e evitar o excesso de massas, açúcar e fritu-
ras que são vendidos na escola.
2. Anemia
A anemia infantil é comum e normalmente ocorre devido à falta
de ferro na alimentação, que está presente principalmente em ali-
mentos como carnes, fígado, alimentos integrais, feijão e vegetais
verde escuros, como salsa, espinafre e rúcula.
Para melhorar o aporte de ferro na dieta, deve-se incentivar o
consumo de bifes de fígado de boi uma vez por semana, e comer
uma fruta cítrica todo dia após o almoço, como laranja, abacaxi ou
tangerina, pois são ricas em vitamina C e aumentam a absorção de
ferro no intestino. Veja os principais sintomas e como é feito o trata-
mento para anemia.
107
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
3. Diabetes
A diabetes é uma doença que vem aparecendo cada vez mais
em crianças e adolescentes devido ao excesso de peso e à falta de
atividade física. Além do aumento no consumo de açúcar, ela tam-
bém está ligada ao grande consumo de alimentos ricos em farinha,
como pães, bolos, massas, pizzas, salgados e tortas.
Para prevenir, é necessário manter um peso adequado e evitar
o consumo excessivo de açúcar e farinha branca, estando atento aos
alimentos que têm grandes quantidades desses ingredientes, como
biscoitos, massas prontas para bolos, sucos industrializados, refrige-
rantes e salgadinhos.
4. Colesterol alto
O colesterol alto aumenta o risco de ter problemas cardiovas-
culares, como infarto, AVC e aterosclerose. Esse problema ocorre
principalmente devido ao consumo de alimentos ricos em gorduras
hidrogenadas, como biscoitos, salgados e produtos industrializados,
e alimentos com muito açúcar ou farinha.
Para prevenir e melhorar os níveis do colesterol bom e reduzir o
ruim, deve-se colocar uma colher de sopa de azeite extra virgem so-
bre o almoço e o jantar, e incluir nos lanches alimentos como casta-
nhas, amêndoas, amendoim, nozes e sementes como chia e linhaça.
5. Hipertensão
A hipertensão infantil pode ter como causa outros problemas,
como doenças nos rins, no coração ou no pulmão, mas também está
bastante ligada ao excesso de peso e ao consumo excesso de sal,
especialmente quando existe histórico de pressão alta na família.
Para prevenir, é necessário manter o peso controlado, evitar o
uso de temperos prontos em cubos e adicionar pouco sal nas prepa-
rações em casa, dando preferência à temperos naturais como alho,
cebola, pimenta, pimentão e salsa. Além disso, é preciso evitar ali-
mentos prontos ricos em sal, como lasanhas congeladas, feijoadas
prontas, bacon, linguiça, salsicha e presunto.
108
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
8. Transtornos alimentares
A má alimentação, o controle excessivo dos pais e a grande exi-
gência dos atuais padrões de beleza exercem muita pressão sobre
crianças e adolescentes, podendo servir como gatilho para o apareci-
mento de transtornos como anorexia, bulimia e compulsão alimentar.
Tatiana Zanin
Nutricionista
FONTE: <https://www.tuasaude.com/doencas-causadas-pela-
ma-alimentacao-infantil/>. Acesso em: 25 out. 2018.
Em sua forma mais grave, ela acomete em geral crianças acima de dois anos
e lactantes jovens. Os sintomas são emagrecimento acentuado, baixa atividade,
membros delgados, atrofia muscular, costelas proeminentes, cabelos finos e
escassos, comportamento apático. Pode acometer todos os órgãos, tornando-se
crônica e levando a óbito, caso não seja tratada de maneira rápida e adequada. O
tratamento envolve fornecer aporte calórico e proteico adequados, hidratar, corrigir
deficiência de micronutrientes, principalmente hipovitaminose (MELO, 2012).
Outra doença muito frequente atualmente que vale a pena mencionar pela
notável recorrência na atualidade é a intolerância à lactose. Ela não decorre
109
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
Intolerância à lactose
Tipos
1) Deficiência congênita – por um problema genético, a criança nasce
sem condições de produzir lactase (forma rara, mas crônica);
2) Deficiência primária – diminuição natural e progressiva na
produção de lactase a partir da adolescência e até o fim da vida
(forma mais comum);
3) Deficiência secundária – a produção de lactase é afetada por
doenças intestinais, como diarreias, síndrome do intestino irritável,
doença de Crohn, doença celíaca, ou alergia à proteína do leite,
por exemplo. Nesses casos, a intolerância pode ser temporária e
desaparecer com o controle da doença de base.
110
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
Sintomas
Os sintomas da intolerância à lactose se concentram no sistema
digestório e melhoram com a interrupção do consumo de produtos
lácteos. Eles costumam surgir minutos ou horas depois da ingestão
de leite in natura, de seus derivados (queijos, manteiga, creme de
leite, leite condensado, requeijão, etc.) ou de alimentos que contêm
leite em sua composição (sorvetes, cremes, mingaus, pudins, bolos
etc.). Os mais característicos são distensão abdominal, cólicas,
diarreia, flatulência (excesso de gases), náuseas, ardor anal e
assaduras, estes dois últimos provocados pela presença de fezes
mais ácidas. Crianças pequenas e bebês portadores do distúrbio, em
geral, perdem peso e crescem mais lentamente.
Diagnóstico
Além da avaliação clínica, o diagnóstico da intolerância à lactose
pode contar com três exames específicos: teste de intolerância à
lactose, teste de hidrogênio na respiração e teste de acidez nas fezes.
O primeiro é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
gratuitamente. O paciente recebe uma dose de lactose em jejum e,
depois de algumas horas, colhe amostras de sangue para medir os
níveis de glicose, que permanecem inalterados nos portadores do
distúrbio.
O segundo considera o nível de hidrogênio eliminado na
expiração depois de o paciente ter ingerido doses altas de lactose e o
terceiro leva em conta a análise do nível de acidez no exame de fezes.
Tratamento
A intolerância à lactose não é uma doença. É uma carência
do organismo que pode ser controlada com dieta e medicamentos.
No início, a proposta é suspender a ingestão de leite e derivados
da dieta a fim de promover o alívio dos sintomas. Depois, esses
alimentos devem ser reintroduzidos aos poucos até identificar
a quantidade máxima que o organismo suporta sem manifestar
sintomas adversos. Essa conduta terapêutica tem como objetivo
manter a oferta de cálcio na alimentação, nutriente que, junto com
a vitamina D, é indispensável para a formação de massa óssea
saudável. Suplementos com lactase e leites modificados com baixo
teor de lactose são úteis para manter o aporte de cálcio, quando a
quantidade de leite ingerido for insuficiente.
Pessoa que desenvolveu intolerância à lactose pode levar uma
vida absolutamente normal desde que siga a dieta adequada e evite
o consumo de leite e derivados além da quantidade tolerada pelo
organismo.
111
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
Recomendações
Portadores de intolerância à lactose precisam saber que:
* na medida do possível, o leite não deve ser totalmente abolido
da dieta;
* é importante ler não só os rótulos dos alimentos para saber
qual é a composição do produto, mas também a bula dos remédios,
porque vários deles incluem lactose em sua fórmula;
* leite de soja, de arroz, de aveia não contém lactose;
* leite de vaca não entra como ingrediente do pão francês e do
pão de ló;
* verduras de folhas verdes, como brócolis, couves, agrião,
couve-flor, espinafre, assim como feijão, ervilhas, tofu, salmão,
sardinha, mariscos, amêndoas, nozes, gergelim, certos temperos
(manjericão, orégano, alecrim, salsa) e ovos também funcionam
como fontes de cálcio;
* comer de tudo um pouco é a melhor forma de manter o suporte
de nutrientes necessários para a saúde e bem-estar do organismo.
FONTE: <https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/
intolerancia-a-lactose/>. Acesso em: 21 out. 2018.
112
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
FONTE: <http://bibliotecaalvarado.blogspot.com/2016/08/biografia-
del-dr-pedro-escudero.html> Acesso em: 10 out. 2018.
113
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
114
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
115
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
Muitos dos seus princípios são recomendáveis, mas o termo tem mais
a ver com marketing do que com saúde. A dieta mediterrânea é hoje
um conceito difuso que serve até para promover salgadinho.
Poucas expressões soam tão convincentes no terreno dietético quanto “dieta
mediterrânea”: basta mencioná-la para que o consumidor sinta um bem estar
nutricional incomparável. A indústria alimentícia – até a mais insana – já iden-
tificou este filão e o usa como se fosse um atestado de saúde, na maior cara
de pau. Serve para tentar dignificar produtos processados, como uma pizza
industrial, para valorizar o consumo de bebidas alcoólicas ou para promover
salgadinhos e aperitivos entupidos de sal, de açúcar ou de gorduras pouco
saudáveis.
[...]
Afinal, a dieta mediterrânea é saudável?
Talvez sim, talvez não... Em 2011, a Autoridade Europeia de Segurança Ali-
mentar (EFSA) publicou um documento de posicionamento no qual defendia,
com base em dois argumentos, que não era possível fazer qualquer afirma-
ção em termos de saúde quanto ao uso ou seguimento da dieta mediterrâ-
nea. Primeiro porque são usadas diversas definições para identificar esse
estilo dietético, e elas com frequência não são coincidentes. Segundo por-
que, de acordo com a legislação vigente, não se pode fazer afirmações em
termos de saúde sobre nenhum alimento ou dieta que inclua produtos com
mais de 1,2% de álcool em sua composição – e, sendo o vinho um dos seus
elementos definidores, não se pode atribuir à dieta mediterrânea nenhuma
alegação positiva em matéria de saúde.
Por outro lado, certamente você já ouviu dizer que a supracitada dieta cons-
ta desde 2010 na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO). É verdade, mas o principal motivo para estar lá não é que seja
considerada benéfica para a saúde – essa questão figura em terceiro ou
quarto plano no documento que lhe credita esse status. Foram os conceitos
relativos aos conhecimentos, práticas, tradições, uso culinário, formas de cul-
tivo, colheita, pesca, conservação, elaboração, preparação e consumo que
lhe valeram a menção como patrimônio cultural imaterial.
Conclusão
A dieta mediterrânea, tal qual se conhece popularmente, é muito mais um
exercício de marketing – com resultados espetaculares – do que uma práti-
ca realmente benéfica para a saúde. Entretanto, muitos de seus postulados
gerais – ainda que mais ou menos ambíguos, e eventualmente manipulados
de forma grosseira – são muito recomendáveis. Por exemplo, seguir um pa-
116
Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
Atividade de Estudo:
Segundo a reportagem, a dieta mediterrânica é ou não saudável?
Teça uma reflexão a respeito das ponderações feitas na
reportagem.
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
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Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Garantir uma alimentação saudável para crianças e adolescentes não é
tarefa simples. É possível identificar avanços na ciência, nas políticas públicas e
na conscientização da população em geral a respeito dos benefícios de uma boa
alimentação. Mas os dados demonstram que ainda há muito para se avançar.
É preciso ter clareza a respeito das necessidades básicas de cada fase e lidar
119
Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
REFERÊNCIAS
BOCCOLINI, Cristiano S. et al. Tendência de indicadores do aleitamento materno
no Brasil em três décadas. Revista de Saúde Pública, v. 51, n. 108, 2017, p. 1-9.
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Capítulo 3 A Importância de Uma Boa Alimentação na Infância e na Adolescência
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Alimentação de crianças e adolescentes: necessidades nutricionais e
cultura alimentar contemporânea
MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete merenda
escolar. Dicionário Interativo da Educação Brasileira – Educabrasil. São Paulo:
Midiamix, 2001. Disponível em: http://www.educabrasil.com.br/merenda-escolar/.
Acesso em: 21 nov. 2018.
REVENGA FRAUCA, Juan. Será que a dieta mediterrânea é tão saudável assim?
El país, 10 jul. 2017. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/05/
ciencia/1499278653_525806.html. Acesso em: 30 out. 2018.
122