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República de Angola

Ministério da Educação e da Saúde


Colégio Politécnico Sol Nascente
= Huambo=

PROJECTO TECNOLÓGICO

13ª CLASSE

TEMA:

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIÉNTES COM INSUFUCIÊNCIA


CARDIACA CONGESTIVA INTERNADOS NO HOSPITAL GERAL DO HUAMBO
DE JUNHO A DEZEMBRO DE 2021

AUTORES

ADELINO JAMBA SAMBUIA


EUGÉNIO CAPAMBA BONGUE NGUNGA
LUCIANO CAIO SOLA PAYATA
JOSÉ EUGENIO PIRES SUVA
MARILÚ DE ADMIRO LUCAMBA
ODETH DE FATMA JONAS CABINDA

Huambo 2021/2022
República de Angola
Ministério da Educação e da Saúde
Colégio Politécnico Sol Nascente
= Huambo=

PROJECTO TECNOLÓGICO

13ª CLASSE

TEMA:

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIÉNTES COM INSUFUCIÊNCIA


CARDIACA CONGESTIVA INTERNADOS NO HOSPITAL GERAL DO HUAMBO
DE JUNHO A DEZEMBRO DE 2021

AUTORES

ADELINO JAMBA SAMBUIA


EUGÉNIO CAPAMBA BONGUE NGUNGA
LUCIANO CAIO SOLA PAYATA
JOSÉ EUGENIO PIRES SUVA
MARILÚ DE ADMIRO LUCAMBA
A ORIENTADORA
ODETH DE FATMA JONAS CABINDA

Prof. Albina Maria Muachissengue

Huambo 2021/2022
FICHA CATALOGRÁFICA

AUTORES:

ADELINO JAMBA SAMBUIA


EUGÉNIO CAPAMBA BONGUE NGUNGA
LUCIANO CAIO SOLA PAYATA
JOSÉ EUGENIO PIRES SUVA
MARILÚ DE ADMIRO LUCAMBA
ODETH DE FATMA JONAS CABINDA

PROJECTO TECNOLÓGICO

13ª CLASSE

TEMA:

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIÉNTES COM


INSUFUCIÊNCIA CARDIACA CONGESTIVA INTERNADOS NO
HOSPITAL GERAL DO HUAMBO DE JUNHO A DEZEMBRO DE 2021

ORIENTADOR: Profª. Albina Maria Muachissengue

NO DE PAGINAS:
TERMO DE APROVAÇÃO

AUTORES:

ADELINO JAMBA SAMBUIA


EUGÉNIO CAPAMBA BONGUE NGUNGA
LUCIANO CAIO SOLA PAYATA
JOSÉ EUGENIO PIRES SUVA
MARILÚ DE ADMIRO LUCAMBA
ODETH DE FATMA JONAS CABINDA

PROJECTO TECNOLÓGICO

13ª CLASSE

TEMA:

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PACIÉNTES COM


INSUFUCIÊNCIA CARDIACA CONGESTIVA INTERNADOS NO
HOSPITAL GERAL DO HUAMBO DE JUNHO A DEZEMBRO DE
2021

DATA DE APROVAÇÃO_______/________/_________
PRESIDENTE DO CORPO DE JURÍ: ___________________________________
1º VOGAL:________________________________________________________
2ºVOGAL: ________________________________________________________
SECRETÁRIO:_____________________________________________________
Dedicatória

Dedicamos o presente trabalho aos nossos queridos pais que estiveram connosco durante
esta longa e dura caminhada e não mediram esforços para nos apoiar financeira e
emocionalmente, proporcionando o necessário para que nada faltasse no decurso dos nossos
estudos.
Agradecimento

Agradecemos em primeiro lugar a Deus Pai todo-poderoso, criador dos Ceus e da


Terra, fonte da vida, da justiça e do amor, pela saúde, paz e proteção que nos concedeu
durante esta trajetória académica;
Aos nossos pais, tios, irmãos, primos, companheiros e companheiras, pela ajuda e
paciência que tivestes para connosco durante este ciclo formativo. O nosso muito obrigado.
A nossa Orientadora e pai acima de tudo, Professora Albina Maria Muachissegue,
pela paciência que teve em dirimir as arestas deste trabalho de fim de curso e preparar-nos
para realização deste magnífico sonho. O Nosso muito Obrigado;
A Direcção do Colégio Politécnico Sol Nascente e, aos Professores que
incansavelmente doaram seus saberes transformando-nos assim de meros estudantes para
técnicos de enfermagem que hoje somos. O nosso muito obrigado, continuai nesta senda
com as gerações vindouras;
Aos Médicos, Enfermeiros, Técnicos de Diagnóstico do Hospital Regional do
Huambo em geral, pelo apoio que nos prestaram na aquisição dos dados. O nosso muito
obrigado;
Finalmente, a todos que directa ou indirectamente estiveram ao nosso lado dando
força para que este sonho se tornasse realidade. O nosso muito obrigado
Pensamento

“O que sabemos é uma gota.

O que ignoramos é um oceano.”

Isaac Newton

(1643-1727)
Lista de Siglas e Abreviaturas

AVC – Acidente Cerebral Vascular

OBS- Observação

NB - Nota B

Pof- Professor

Dr. Doctor

Lic.- Licenciado

HBO- Huambo

O.M.S – Organização Mundial da Saúde

Md. – Médico

p- pagina

SUS- Sistema Único de Saúde

HAB- Hospital Américo Boavida

AVCi- Acidente Vascular Cerebral isquémico

AVCh- Acidente Vascular Cerebral hemorrágico


Índice Geral
Dedicatória v

Agradecimentos vi

Pensamento vii

Resumo viii

Introdução 12

Justificativa 13

Problema Científico 13

Hipótese de Resolução 13

Objectivo Geral 14

Objectivos Específicos 14

Caracterização Geográfica 15

Desenho Metodológico 16

CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEORICA 17

1.1. Conceitos Gerais 17

1.2. Epidemiologia 17

1.3. Tipos de AVC19

1.3.1. AVC Isquémico 19

1.3.2. AVC Hemorrágico 19

1.4. Fisiopatologia do AVC 19

1.5. Circulação Cerebral 21

1.5.1 Circulação Anterior 21

1.5.2. Circulação Posterior 21

1.6. Manifestação clínica 22

1.7. Diagnóstico 23

1.8. Factores de Risco 24

1.9. Tratamento 24

1.10. Cuidados de Enfermagem 25


1.10.1. Prescrição de Enfermagem 26

1.11. Prognóstico 27

1.12. Consequências do AVC 28

1.12.1. Consequências do AVC do lado esquerdo do cérebro 28

1.12.2. Consequências do AVC do lado direito 28

1.13. Prevenção 29

APRESENTAÇÃO E ANALISE DOS RESULTADOS 27

CONCLUSÃO 35

Bibliografia

Índice de Tabelas
TABELA 1: INCIDÊNCIA POR PROCEDÊNCIA 30

TABELA 2: INCIDÊNCIA POR MÉSES 31

TABELA 3: INCIDÊNCIA POR FAIXA ETÁRIA 31

TABELA 4: NA FAMILIA ALGUEM PADECE DA MESMA DOENÇA. 32

TABELA 5: TEM SIDO MEDICADO EM HORAS PROPRIAS 32

TABELA 6: OS ENFERMEIROS TÊM AVALIADO A ALIMENTAÇÃO


PROVENIENTE DE CASA

33

TABELA 7: FONTE DE AGUA PARA O CONSUMO 30

TABELA 8: TEM SIDO ESTIMULADO A PRATICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS


33

TABELA 9: EM ALGUM MOMENTO FOI CONSULTADO POR UM PSICOLOGO


34

TABELA 10: COMO AVALIAS AS CONDIÇÕES DE TRABALHO NESTA


SECÇÃO 34

TABELA 11: TEM ESTIMULADO EXERCÍCIO AOS PACIENTES 35


TABELA 12: EM ALGUM MOMENTO OS EFERMEIROS FORAM SUBMETIDOS
EM ACOMPANHAMENTO PSICOLOGIGICO 3

RESUMO

A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma das doenças mais relevantes atualmente, tanto
pela sua prevalência, quanto pela sua alta incidência - graças ao envelhecimento da
população. É uma síndrome cujo diagnóstico baseia-se sobretudo nos seus achados clínicos.
Além disso, os biomarcadores têm ocupado um importante papel diagnóstico, bem como os
exames de imagem, como o Ecocardiograma, que constituem ferramenta fundamental no
direcionamento do manejo ambulatorial. O tratamento tem como objetivos principais
melhorar a condição clínica, a capacidade funcional e a qualidade de vida do paciente. Nesse
sentido, a mudança do estilo de vida e a adoção de drogas modificadoras de sobrevida
(inibidores da enzima conversora da angiotensina, bloqueadores do receptor da angiotensina
II e betabloqueadores) são fundamentais. Outras opções terapêuticas podem alterar o
prognóstico da doença (antagonistas do receptor mineralocorticoide), melhorar os sintomas
(diuréticos e digoxina) ou trazer nova perspectiva de tratamento (inibidor do receptor da
neprilisina e da angiotensina). Dito isso, conhecer a doença, bem como a ampla diversidade
de ferramentas diagnósticas e terapêuticas, é essencial para o manejo eficaz do paciente.
12
Introdução

O coração é um músculo com várias cavidades localizado no centro do tórax


(mediastino), sua função é de bombear sangue para o corpo, suprindo as células com
nutrientes e oxigênio. Uma parede muscular chamada septo divide o coração, no sentido do
seu comprimento, em dois lados, direito e esquerdo. Válvulas dividem cada lado em duas
câmaras: um átrio e um ventrículo. Quando o músculo cardíaco se contrai, ele força a
passagem do sangue dos átrios para os ventrículos e, destes para fora. O sangue oxigenado,
vindo dos pulmões flui das veias pulmonares para o átrio esquerdo, depois para o ventículo
esquerdo e, finalmente, através da aorta, para todas as partes do corpo. (Atlas visual – O
corpo humano).

É um órgão muscular oco que bombeia o sangue. É constituída de duas bombas que
se encontram lado a lado. Estas bombas relaxam quando tomam sangue e contraem quando
elas enviam sangue. O lado esquerdo do coração é uma bomba mais forte do que o lado
direito. A bomba mais forte recebe o sangue dos pulmões e envia-o para as células do corpo.
A bomba mais fraca recebe o sangue a partir das células de todo o corpo e envia o sangue
aos pulmões. (Sistemas do corpo Humano.app).

O coração é um órgão composto por quatro cavidades: o sangue venoso, proveniente


de todo o corpo, chega ao átrio direito pelas veias cavas, passando ao ventrículo direito pela
válvula tricúspide, sendo finalmente lançado ao pulmão através das artérias pulmonares. No
pulmão, o sangue é oxigenado e volta ao coração pelas veias pulmonares chegando
inicialmente ao átrio esquerdo, de onde é enviado para todo o corpo. (CRUZI Guia de
Saúde).

Existem duas fases em que o coração trabalha: Sístole, em que os ventrículos se


contraem e os átrios relaxam; Diástole, em que ocorre o inverso. Quando os ventrículos não
se contraem ou não se relaxam adequadamente, o sangue que chega aos átrios, rumo aos
ventrículos, fica represado. Isso provoca um congestionamento nas veias cavas e nas veias
pulmonares, aumentando a repressão dentro desses vasos. Com esse aumento de pressão,
ocorre saída de líquido dos vasos para as pernas, coxas e pulmão, por exemplo levando aos
sintomas clássicos da Insuficiência Cardíaca (IC). A hipertensão arterial sistémica (Pressão
Alta) é a principal causa da Insufíciência Cardíaca (IC). Porém, sua incidência varia de

12
acordo com o país ou a região e as condições socioeconômicas locais. (CRUZI Guia de
Saúde).

A insuficiencia cardiaca congestiva (ICC) é a principal forma de apresentação


clínica de cardiopatias congênitas em neonatos e lactentes, podendo também ser o modo de
apresentação de outras cardiopatias, como miocardiopatias e doença reumática.

A Insuficiência Cardíaca (IC) vem sendo considerada um grave problema de saúde


pública, com elevada morbimortalidade em pessoas idosas, indicando o início de uma
epidemia. Estimativas da American Heart Association (AHA) apontam para um aumento da
incidência de novos casos em aproximadamente 46% até o ano de 2030, acometendo ±8
milhões de pessoas com idade ≥18 anos. Tal perspectiva é atribuída à alta expectativa de
vida mundial e ao perfil de morbimortalidade e patogênese da doença.

A Insuficiência Cardíaca é uma doença prevalente no mundo todo, cuja incidência


vem aumentando à medida que a população envelhece e que as doenças cardiovasculares de
maneira geral se tornam mais incidentes. Quando não tratada, pode causar grande morbidade
ao paciente, podendo assumir características de malignidade nas formas avançadas, com
mortalidade maior que muitos tipos de câncer. Porém, o tratamento correto pode mudar essa
história

O conhecimento sobre a insuficiência cardíaca tem crescido amplamente nos últimos


anos, o que tem gerado mudança na história natural da doença. O objetivo deste trabalho é
revisar os conceitos relacionados ao diagnóstico e tratamento da doença de modo a
estabelecer um protocolo eficaz para o manejo ambulatorial dos pacientes com insuficiência
cardíaca.

Dados do Brasilian Registry of Acute Heart Failure (BREATHE) evidenciaram baixa


adesão terapêutica ao tratamento de insuficiência cardíaca como a principal causa de
reospitalizações, altas taxas de mortalidade intra-hospitalar, sendo o Brasil um dos países
com uma das mais elevadas taxas do Ocidente.

Entre as doenças crônicas, a Insuficiência Cardíaca apresenta maior taxa de


reinternação e mortalidade, limitando a expectativa de vida. Na sua fase avançada, os
pacientes frequentemente sofrem de diversos sintomas físicos e psicológicos se beneficiando
da abordagem integrada dos cuidados paliativos. Os conteúdos obtidos foram de pesquisa de
revisão bibliográfica, analisados qualitativamente através de artigos, livros e autores

13
relevantes. Este trabalho propõe contribuir para a busca de conscientização do tema, a
elevada prevalência da doença, a importância da adesão ao tratamento e das intervenções da
Psicologia da Saúde realizadas pelas equipes multidisciplinares. É descrito ao longo do
trabalho a indicação de cuidados paliativos em pacientes com diagnóstico de insuficiência
cardíaca em estágio avançado, onde se destaca a prática e a importância da atuação do
psicólogo diante da equipe multidisciplinar para uma visão mais integrada do processo
saúde–doença visando o bem-estar físico e psicológico dos pacientes

14
Justificativa: Tal como referenciamos anteriormente que o trabalho foi realizado no
Hospital Geral do Huambo a população em estudo corresponde à todos os doentes adultos
(Homens e Mulheres) internados com ICC.

As doenças cardiovasculares são uma das causas de maior morbimortalidade em todo


mundo de forma que essas doenças acometem cada vez mais pessoas sem diferenciação de
classes sociais, raça e até mesmo idade, devido a novos estilos de vida adptados pelas
pessoas que incluem principalmente a não prática de exercícios físicos, tabagismo,
alcoolismo e hábitos alimentares inadequados.

PROBLEMA CIENTÍFICO

Será que a falta de materiais hospitalares e a demora dos pacientes a chegar na


unidade hospitalar têm contribuído para o aumento de mortes por insuficiência cardíaca no
Hospital Geral do Huambo?

HIPÓTESES

 O reconhecimento tardio dos sinais e sintomas da doença, têm contribuído


significativamente no aumento da insuficiência cardíaca.
 A procura tardia de uma unidade hospitalar, leva a um tratamento tardio e em
algumas vezes sem sucesso, levando o paciente a morte.

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OBJECTIVOS:

Geral

1. Demostrar conhecimentos e habilidades para prestar cuidados de enfermagem


à pacientes com Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC).

Específico

1. Demostrar a patologia e a fisiopatologia da doença de forma a abordar os


tipos de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e suas principais incidências;

2. Descrever as características do paciente com Insuficiência Cardíaca


Congestiva (ICC).

3. Mostrar com o estudo os principais factores de risco que acometem as


pessoas que são submetidas a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e evidenciar, quais
os factores modificáveis e não modificáveis;

4. Evidenciar as acções de saúde voltadas para a prevenção da Insuficiência


Cardíaca Congestiva (ICC).

CARACTERIZAÇÃO GEOGRAFICA

Hospital Geral do Huambo, que ganhou a categoria de Hospital Regional do Huambo


em 2010, situado no município Sede do Huambo, na Zona Alta da cidade, limitado a norte
pela rua Bula Matadi, a leste pela Avenida Doutor Marcelo Caetano, a Oeste pela rua Serpa
Pinto e Sul que corresponde a zona frontal do Hospital, pela rua Governador Silva de
Carvalho (Avenida Rei Ngolo) é um Hospital terciário de referência regional, e Nacional.
Conta com 971 funcionários entre Médicos especialistas, Internos de especialidade,
enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem, técnicos de diagnóstico e
terapêutico, administrativo, operário e auxiliar

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É um Hospital escola, que está vocacionado na formação teórico prática de médicos
pela Faculdade de medicina da Universidade José Eduardo dos Santos, Formação de
especialistas, através do internato complementar médico em diversas especialidades,
formação teórico prático de estudantes de licenciaturas, dos níveis médios e ainda cursos de
capacitação nos mais diversos cursos de saúde como enfermagem, análises clínicas,
Radiografia, electromedicina, cardiopneumologia, dos institutos superiores politécnicos da
UJES, Sol Nascente, ISUP, JGM, IMS, colégio Twapandula, dois Talentos, Santa Rita de
Cacias Colegio Sol Nascente…
Metodologia

Foi adotado como metodologia no presente trabalho a revisão integrativa de


literatura. Esse método tem o objetivo de reunir e sintetizar estudos científicos já produzidos
anteriormente sobre o tema, buscando contribuir para o desenvolvimento e aprofundamento
da temática em questão.

Tratou-se de uma pesquisa qualiquantitativa que buscou constatar o estado dos


pacientes com Insuficiência Cardíaca Congestiva, no Hospital Geral do Huambo durante o
período de Junho a Dezembro de 2021.

O trabalho foi desenvolvido nas secções de medicina homem e medicina mulher,


estudo, planeamento e estatística do Hospital Regional do Huambo.

Técnica de Recolha de dados: Os dados obtidos pelos elementos do grupo, foram através
de uma ficha de recolha de dados contendo vários itens, entre eles:

 Idade;
 Proveniência;
 Data de admissão;
 Factor de Risco.

Material Usado: para o cumprimento deste trabalho usou-se – Computador, modem, pen
drive, impressora, encadernadora, papel, lápis, régua, entre outros.
Tempo de Estudo: Não fugindo das regras de um trabalho científico, a recolha de dados
teve início no dia 3 de Janeiro de 2022 e terminou no dia 14 do mesmo mês e ano. Já o
estudo observativo directo teve início no dia 15 de Janeiro de 2022 e terminou no dia 31 do

17
mesmo mês e ano. Análise dos dados e respectivas discussões se estenderam de 1 a 5 de
Fevereiro de 2022.

CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


1.1. DEFINIÇÃO E CONCEITO

A insuficiência cardíaca, também chamada de insuficiência cardíaca congestiva, é


uma doença na qual o coração não consegue mais bombear sangue suficiente para o resto do
corpo, não conseguindo suprir as suas necessidades. (Dicionário da Saúde FREE).

A Insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, na qual o coração é


incapaz de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas tissulares, ou
pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento (DATASUS, 2008).

A Insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica caracterizada por sintomas típicos


(p.ex. dispneia, edema maleolar e fadiga) que pode ser acompanhada por sinais (p. ex.
ingurgitamento jugular, fervores pulmonares e edemas periféricos) causados por uma
anomalia cardíaca estrutural e/ou funcional, resultando na redução do débito cardíaco e/ou
elevação das pressões intracardíacas em repouso ou durante o esforço.

A Insuficiência Cardíaca (IC) define-se pela incapacidade do coração de bombear o


sangue de forma suficiente para atender às necessidades metabólicas, das quais
comprometem o aporte de oxigênio e nutrição ao organismo (DATASUS, 2008).

A III Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica descreve a insuficiência


cardíaca como uma síndrome clínica complexa de caráter sistêmico, definida como
disfunção cardíaca que ocasiona inadequado suprimento sanguíneo para atender as
necessidades metabólicas tissulares, na presença de retorno venoso normal, ou fazê-lo
somente com elevadas pressões de enchimento.

O déficit mecânico sistólico, seja qual for a etiologia, é a base do conceito clássico de
insuficiência cardíaca. A incapacidade de esvaziamento total da câmara cardíaca leva ao
aumento do volume e da pressão diastólica final, além da queda do volume sistólico,
levando a redução do débito cardíaco e da fração de ejeção (Bursi F, 2006).
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No entanto outro mecanismo, que pode inclusive existir de forma isolada, é a
disfunção diastólica, onde ocorre uma deficiência no relaxamento ventricular e/ou aumento
de sua rigidez que resulta em anormalidades do enchimento e aumento na pressão de
enchimento, levando ao aumento da pressão diastólica, sem necessariamente haver
comprometimento da função sistólica. Este mecanismo pode gerar todos os sinais de
insuficiência cardíaca clássica, mesmo na ausência de déficit sistólico, seguindo os critérios
do Escore de Boston para o diagnóstico de insuficiência cardíaca (sistólicas/diastólicas),
quando for maior/igual a 05 pontos existe maior prevalência de ICFEN e quando for
maior/igual a 08 pior prognóstico na ICFEN (Hunt SA, 2001).

Estudo publicado nos Arquivos Brasileiro de Cardiologia, Março de 2010 pelo autor
Goldraich e cols, mostrou a possibilidade de definir um escore clínico para identificação de
ICFEN já na internação hospitalar onde o desepenho diagnóstico foi favorável com uma área
de 0,76 sob a curva ROC, neste e noutros estudos foram fatores prevalentes para ICFEN:

 Idade mais avançada;


 Etiologia não isquêmica;
 Pressão de pulso elevada;
 Sexo feminino;
 Fibrilação atrial crônica;
 Anemia;
 Complexos QRS estreito

A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome grave, com elevada mortalidade e


morbidade. Seu tratamento só avançou quando foram entendidos os mecanismos
responsáveis pela perpetuação e agravamento da doença – a hiperatividade neuro-hormonal.
O paciente típico com insuficiência cardíaca tem idade elevada o que contribui para um
grande número de doenças associadas e para a polifarmácia, com uso de pelo menos cinco
medicamentos, na maioria dos casos. A elevada mortalidade e as taxas de hospitalização
exigem conhecimento e identificação dos pacientes de maior risco (America, 2006).

A Insuficiência Cardíaca (IC) é a incapacidade do coração de bombear sangue


suficiente às necessidades de oxigênio e nutrientes dos tecidos. No passado Insuficiência
Cardíaca Congestiva (ICC),termo utilizado para descrever um conjunto de sinais e sintomas
decorrentes da falência de bomba, ocasionava muitos casos de congestão pulmonar ou
periférica, já na atualidade ocorre doença do miocárdio por disfunção sistólica ou disfunção

19
diastólica, podendo ou não causar a congestão pulmonar ou periférica. Pode afetar apenas
um lado, direito – insuficiência cardíaca direita e esquerdo – insuficiência cardíaca esquerda,
que nos termos atuais explica essas alterações como insuficiência cardíaca sistólica que é a
incapacidade do coração ejetar sangue de maneira suficiente, em virtude de uma alteração na
contração do coração, e insuficiência cardíaca diastólica quando à uma rigidez do musculo,
impedindo o enchimento do coração (Krishnaswamy P, 2001, p. 45.).

A maioria dos casos a IC é progressiva e permanente, então deve ser tratada com
mudanças no estilo de vida e medicamentos para evitar a insuficiência cardíaca
descompensada aguda que é a exacerbação dos sintomas, diminuição do DC e pela baixa
perfusão sistêmica. A Insuficiência Cardíaca se constitui em um dos principais problemas de
saúde pública no mundo inteiro, apresentando uma prevalência de 1 a 2% da população,
apesar do avanço clínico e tecnológico nesta área, nas últimas décadas. Em consequência,
verifica-se um alto índice de internações, que ocasionam alto custo, bem como o aumento de
re-internações, que têm sido atribuídas a não adesão ao tratamento farmacológico e às
medidas não-farmacológicas (Krishnaswamy P, 2001).

A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome crônica e progressiva, associada a


readmissões hospitalares, baixa qualidade de vida, risco de mortalidade precoce e geradora
de altos custos para o sistema de saúde. É uma doença de caráter sistêmico, definida como
disfunção cardíaca que ocasiona inadequado suprimento sanguíneo para atender
necessidades metabólicas tissulares, na presença de retorno venoso normal, ou fazê-lo
somente com elevadas pressões de enchimento. Evidenciada por um conjunto de sinais e
sintomas de congestão pulmonar e sistêmica, é caracterizada como o último estágio de todas
as doenças cardiovasculares (America, 2006).

Essa síndrome afeta de 1,5 a 2% da população mundial e sua incidência vem


aumentando nas últimas três décadas, especialmente em indivíduos com mais de 65 anos.
Apesar dos benefícios alcançados com a evolução no tratamento da IC, essa síndrome ainda
é responsável por altas taxas de mortalidade e pela diminuição da capacidade funcional de
seus portadores.

O aumento na incidência de IC está relacionado aos avanços terapêuticos no


tratamento do infarto agudo do miocárdio, da hipertensão arterial e da mesma, o que
ocasiona maior sobrevida e, consequentemente, aumento da prevalência e de internações

20
hospitalares por essa síndrome, gerando altos custos para países cuja população idosa é
crescente.

Considerada um dos maiores problemas de saúde pública, a IC traz significativos


custos para o sistema de saúde, por contribuir para o aumento das taxas de readmissões,
além de altas taxas de morbidade, mortalidade e letalidade. Observam-se percentuais
bastante elevados dessas taxas após a primeira internação por descompensação da IC
principalmente no período de 30 a 90 dias após a alta (America, 2006).

Neste contexto, o papel do enfermeiro na IC tem sido fortemente focado em intervenções


terapêuticas, educativas e de autocuidado. A efetividade do diagnóstico de enfermagem em
pacientes em domicílio, em ambulatório e de hospitalização com insuficiência cardíaca deve
ser explorada, dada sua relevância para a prática clínica (Davie AP, 1996).

O Processo de Enfermagem (PE), em todas as suas etapas, constitui-se como


ferramenta essencial na prática clínica do enfermeiro e determina o estabelecimento do
diagnóstico de enfermagem (DE), que é considerado o norteador para a escolha das
intervenções mais adequadas visando alcançar os resultados esperados a cada indivíduo no
contexto do cuidado. A Sistematização da Assistência de Enfermagem é atividade privativa
e de responsabilidade do enfermeiro, mediante a utilização de taxonomias validadas
internacionalmente para todas as etapas do processo (Owan TE, 2006, p. 3).

O treinamento e o desenvolvimento de habilidades na avaliação clínica na prática


aproximam o PE da prática baseada em evidências. As taxonomias para os DE favorecem o
raciocínio crítico na realização do PE, particularmente acerca das características definidoras,
tendo por referência sinais e sintomas apresentados, e a eleição dos diagnósticos prioritários

Entende-se que uma boa avaliação clínica pode identificar pacientes com quadros
congestivos ou hipovolêmicos com confiabilidade razoável, bem como pacientes com baixo
débito cardíaco ou normal. Estudos confirmam que os enfermeiros possuem capacidade de
realizar uma avaliação clínica confiável nesses pacientes com insuficiência cardíaca,
melhorando os seus resultados clínicos (Owan TE, 2006).

Esta pesquisa enfatiza a importância do estabelecimento dos diagnósticos de


enfermagem (DE) na condução da IC descompensada estabelecendo um paralelo entre as
manifestações clínicas apresentadas e o processo de enfermagem. Nessa perspectiva, este
estudo tem como objetivo identificar, através do perfil sintomático do paciente, os

21
diagnósticos de enfermagem (DE) prioritários para pacientes com insuficiência cardíaca
descompensada.

De acordo com a FEVE Implícito na definição de Insuficência Cardíaca está o conceito de que ela
pode ser causada por anormalidade na função sistólica ou diastólica. Entretanto, é importante
ressaltar que, em muitos pacientes, coexistem ambos os tipos de disfunção (Rocha, 2019).

Assim, convencionou-se classificar os pacientes com Insuficência Cardíaca de acordo com a


FEVE em: Preservada (ICFEP), Reduzida (ICFER) e Intermediária (ICFEI), conforme
disposto no Quadro.

A classificação dos pacientes de acordo com a FEVE tem particular importância,


uma vez que eles diferem em relação às suas principais etiologias, às morbidades associadas
e, especialmente, à resposta terapêutica. Sabe-se que somente os pacientes com ICFER têm
demonstrado redução consistente da morbimortalidade com o tratamento farmacológico
instituído (Fang JC, 2015).

1.2. EPIDEMIOLOGIA
As tendências das taxas de hospitalização e mortalidade por insuficiencia cardiaca
congestiva no Mundo , entre 2018 ate 2020 os métodos foram analizados com o
diagnostico primário de ICC o numero de altas hospitalares aumentou
consideravelmente anivel do Mundo de 71% (de 42.961 em 2019 para 73.442 )e as
taxas cresceram 47% (Saúde, 2015).
A insuficiência cardíaca em África tem uma etiologia bastante diferente da
classicamente descrita na Europa, está relacionada com o grau de desenvolvimento do
continente e atinge predominantemente uma população jovem. Num trabalho de revisão
publicado recentemente se afirma que a informação existente sobre a insuficiência
cardíaca em África é pouca e refere-se ao período pré-ecocardiografia.
Damasceno, em seu estudo sobre a insuficiência cardíaca em África, pode encontrar
que numa meta-análise de estudos publicados até 2007, conseguiu reunir uma amostra
de mais de 4.500 doentes oriundos de 8 Países africanos e mostrou que a hipertensão
arterial é a principal causa de insuficiência cardíaca em África (23%) seguida das
cardiomiopatias, particularmente a dilatada e da cardiopatia reumática. A cardiopatia
isquêmica só contribuia para 2% das causas de insuficiência cardíaca (F. Ceia, 2002).

22
Para Morales, em Áfrca a Insuficiência Cardíaca muitas vezes se deve a causas
completamente desconhecidas, como a fibroelastose endomiocárdica, que consiste em
espessamento com perda de elasticidade das capas interna e média do coração
Para Damasceno, falar de Insuficiencia Cardíaca especificamente na África Sub-
Sahariana parece a partida não se justificar, pois a etiologia e a clínica da insficiência
cardiaca deveriam ter um padrão universal. Para este autor, tal não é verdade e
principalmente por 3 razões que ele aponta. Em primeiro lugar, África é um continente
devastado pela pobreza, com a maioria da população a viver com menos que 2 USD por
dia (M.R. Cowie, 2017).
As doenças infecciosas são ainda um importante peso para a Saúde Pública dos Países
Africanos. Verifica-se no entanto uma emergência de fatores de risco das doenças não
transmissiveis, particularmente a hipertensão arterial, o consumo de tabaco, a obesidade
e a diabetes, os quais irão muito em breve transformar completamente o padrão
epidemiologico da morbimortalidade em África. A segunda razão prende-se com a
estrutura etária e com a esperança de vida da população africana. Em meados de 2008,
estimava-se que haveria cerca de 967 milhões de africanos e que 400 milhões, ou seja
42% desta população teria menos de 15 anos de idade. Por outro lado, considera aquele
autor, que são vários os países em África em que a esperança de vida pouco ultrapassa
os 40 anos enquanto a maioria dos países europeus têm uma esperança de vida de cerca
de 80 anos. Em consequência, África encontra-se na generalidade numa fase mais
precoce da transição epidemiologica quando comparada à Europa e aos Estados
Unidos.
Estima-se que a síndrome de insuficiência cardíaca acometa cerca de 23 milhões de
pessoas em todo o mundo, com taxas de incidência e de prevalência alcançando
proporções epidêmicas, evidenciadas pelo considerável aumento do número de
internações e de óbitos atribuídos à insuficiência cardíaca, além do crescente gasto com
o cuidado desses pacientes1,4. A prevalência é de aproximadamente 1-2% da
população adulta em países desenvolvidos, sendo superior a 10% nos indivíduos com
mais de 70 anos de idade2. Apesar de a incidência relativa ser menor em mulheres, elas
constituem pelo menos metade dos casos de IC, devido a maior expectativa de vida
observada no sexo feminino. Dessa forma, a prevalência geral é maior nas mulheres com 80
anos ou mais de idade1. A IC apresenta mortalidade próxima de 12%, sendo maior entre
homens negros1. No Brasil, em 2007, as doenças cardiovasculares (DCV) foram a
principal causa de morte e a terceira causa de internação, sendo a IC a principal

23
condição cardíaca que leva à internação, responsável por 2,6% das internações e 6%
dos óbitos (M.R. Mehra, 2016).

De acordo com um artigo da cardiologista Marisa Pina Neto, à margem do V Congresso


de Cardiologia e Hipertensão publicado no Jornal de Angola dia 16/04/2022, afirma que em
Angola Cerca de 30 por cento da população, estimada em aproximadamente 30 milhões, sofre de
hipertensão arterial, sendo esta a principal causa das doenças cardiovasculares. Especialistas indicam
que a maioria desconhece ser portadora da doença e que os dados dão conta que a taxa de
prevalência é mais elevada em cidadãos maiores de 18 anos.

1.3. CLASSIFICAÇÃO

Existem diversas formas de classificar a insuficiência cardíaca, porém abordaremos


aquelas que têm maior utilidade prática, principalmente no que se refere ao manejo
ambulatorial da doença, objetivo deste trabalho

O American College of Cardiology (ACC) e a American Heart Association (AHA)


enfatizam a importância de reconhecer a insuficiência cardíaca como um continuum de
quatro estágios interelacionados entre si:

1. O estágio A, inclui os pacientes com alto risco de desenvolver insuficiência


cardíaca , mas sem doença cardíaca estrutural ou sintomas de insuficiência
cardíaca, como, por exemplo, os pacientes hipertensos ou diabéticos.
2. O estágio B, inclui os pacientes que já apresentam alteração cardíaca
estrutural, mas permanecem assintomáticos, como aqueles com infarto do
miocárdio (IM) prévio ou disfunção do ventrículo esquerdo (VE)
assintomáticos.
3. O estágio C, inclui aqueles com alteração cardíaca estrutural que
desenvolveram sintomas de insuficiência cardíaca, como os pacientes com
infarto do miocárdio (IM) prévio e que apresentam dispneia ou fadiga.
4. O estágio D, inclui os pacientes refratários ao tratamento e que requerem
intervenção especial, como aqueles que estão aguardando transplante
cardíaco.

Outra forma de classificar a insuficiência cardíaca, se baseia na tolerância ao


exercício, naqueles pacientes com insuficiência cardíaca estabelecida. Sob esse aspecto a

24
New York Heart Association (NYHA) separa os pacientes em classes funcionais (CF), a
saber:

 CF I: ausência de sintomas (fadiga, palpitação ou dispneia) durante atividades


cotidianas. A limitação para os esforços é semelhante àquela esperada para os
indivíduos normais;
 CF II: sintomas desencadeados por atividades cotidianas.
 CF III: sintomas desencadeados por atividades menos intensas do que as
cotidianas ou aoa pequenos esforços.
 CF IV: sintomas desencadeados aos mínimos esforços ou no repouso.

Apesar de ser uma medida subjetiva, esta última classificação pode ser utilizada para
indicar intervenções terapêuticas e para avaliar a resposta ao tratamento (D.A. Baran, 2007).

1.4. ETIOLOGIA

Visto que o prognóstico difere entre diversas causas, e o tratamento específico pode
mudar a história natural. A Figura 1.1 apresenta as principais causas de IC.

Figura 1.1 – Principais etiologias da insuficiência cardíaca.

De acordo com a literatura, o perfil clínico da Insuficência Cardíaca crônica envolve


indivíduos idosos portadores de várias etiologias, sendo a isquêmica a mais comum, com
alta frequência de morbidades associadas. No Brasil, o controle inadequado de hipertensão
arterial e diabetes mellitus favorece esse cenário. Ainda considerando a realidade brasileira,
25
a persistência de condições negligenciadas como a doença reumática e a doença de Chagas,
embora menos relevantes do que no passado, continuam presentes como causas frequentes
da Insuficência Cardíaca (Gomes B, 2013).

A insuficiência cardíaca é uma doença crônica de longo prazo, embora possa, às


vezes, se desenvolver repentinamente. Ela pode afetar apenas um dos lados do coração,
sendo chamada, dependendo do caso, de insuficiência cardíaca direita ou insuficiência
cardíaca esquerda. Mesmo que ela se desenvolva em somente um lado do coração, ambos os
lados acabam sendo afetados conforme o tempo vai passando.

Como a função de bombeamento do coração está comprometida, o sangue pode


retornar a outras áreas do corpo, acumulando-se, por exemplo, nos pulmões, fígado, trato
gastrointestinal, braços e pernas. Daí o outro nome dado à doença: insuficiência cardíaca
congestiva. Com isso, faltam oxigênio e nutrientes para os órgãos onde houve acúmulo de
sangue, prejudicando e reduzindo a capacidade destes de trabalhar adequadamente

A Insuficência Cardíaca pode ser determinada de acordo com a Fração de Ejeção do


Ventrículo Esquerdo (FEVE); pela gravidade dos sintomas através da classificação funcional
da New York Heart Association (NYHA); e pelo tempo e progressão da doença, conforme
os diferentes estágios (Gomes B, 2013).

1.4.1. FISIOPATOLOGIA

A Insuficência Cardíaca síndrome de desenvolve-se após a ocorrência de uma agressão


inicial ao coração (evento índice), resultante de inúmeras causas. Esse evento inicial,
dependendo da causa, pode ser de instalação aguda (infarto do miocárdio, miocardite viral)
ou gradual (hipertensão arterial [HA], diabetes mellitus [DM], cardiomiopatias genéticas), e
provoca o desenvolvimento de mecanismos compensatórios para fazer frente à disfunção
cardíaca. Esses mecanismos incluem a ativação de uma série de sistemas hormonais, sendo os mais
importantes o sistema nervoso simpático (SNS) e o sistema renina-angiotensina-aldosterona
(SRAA). Essa hiperativação ajuda o coração agudamente, mas em longo prazo é deletéria.
Como resultado da ativação neuro-hormonal ocorre taquicardia e aumento da resistência
arterial periférica, causando aumento do consumo de oxigênio e aumento da pós-carga. A
angiotensina II e também a consequente liberação de aldosterona juntamente com a
hiperatividade simpática levam ao remodelamento cardíaco (dilatação) e à fibrose
miocárdica (Kramer JM, 2008).
26
Na insuficiência cardíaca, o coração pode não suprir os tecidos com a quantidade adequada
de sangue para as necessidades metabólicas; a elevação relacionada ao coração da pressão
venosa pulmonar ou sistêmica pode resultar na congestão de órgãos. Essa condição pode
decorrer das alterações da função sistólica, diastólica ou, geralmente, de ambas. Embora
uma anormalidade primária possa ser uma mudança na função do cardiomiócito, há também
mudanças na rotação de colágeno da matriz extracelular. Os defeitos cardíacos estruturais (p.
ex., congênitos, desordens valvares), anormalidades rítmicas (incluindo alta frequência
cardíaca persistente) e altas demandas metabólicas (p. ex., decorrente de tireotoxicoses)
também podem causar insuficiência cardíaca (Mozaffarian D, 2007).

1.5. SINAIS E SINTOMAS

Os sintomas da insuficiência cardíaca normalmente começam devagar. No início,


podem aparecer apenas quando se está mais ativo. Com o passar do tempo, problemas
respiratórios e outros sintomas podem começar a serem percebidos mesmo ao descansar. No
entanto, os sintomas de insuficiência cardíaca podem também aparecer de repente, logo após
um ataque cardíaco ou outro problema cardíaco (Mozaffarian D, 2007).

Os sintomas mais comuns da insuficiência cardíaca são:

 Falta de ar na atividade física ou logo após estar deitado por um


tempo;
 Tosse;
 Inchaço dos pés e tornozelos;
 Inchaço do abdômen;
 Ganho de peso;
 Pulso irregular ou rápido;
 Sensação de sentir o batimento cardíaco (palpitações);
 Dificuldade para dormir;
 Fadiga, fraqueza, desmaios;
 Perda de apetite, indigestão;

27
 Diminuição da atenção ou concentração;
 Redução do volume de urina;
 Náuseas e vômitos;
 Necessidade de urinar durante a noite;
 Bebês podem apresentar suor durante a alimentação (ou outra
atividade).

Alguns pacientes com insuficiência cardíaca não apresentam sintomas. Nessas pessoas, os
sintomas podem aparecer somente sob as seguintes condições:

 Ritmo cardíaco anormal (arritmias);


 Anemia;
 Hipertireoidismo;
 Infecções com febre alta;
 Doença renal.

Segundo BRUNNER e SUDDARTH (2011), os sinais e sintomas de ICC são classificados:

 Gerais: fadiga, tolerância diminuída à atividade, edema dependente e ganho de peso;


 Cardiovasculares: terceira bulha cardíaca (B3), impulso apical aumentado e
deslocamento lateral esquerdo, palidez, cianose e distensão venosa jugular (DVJ);
 Respiratórias: dispneia aos esforços, estertores pulmonares que não limpam com a
tosse, ortopneia, dispneia paroxística noturna (DPN) e tosse aos esforços ou em
decúbito dorsal;
 Vasculares Cerebrais: confusão inexplicada ou alteração do estado mental e tonturas;
 Renais: oligúria e frequência diminuída durante o dia e nictúria;
 Gastrintestinais: anorexia e náuseas, aumento do fígado, ascite e refluxo
hepatojugular (Mozaffarian D, 2007).
1.6. DIAGNÓSTICO

Na consulta médica, o médico deverá colher uma história clínica do paciente


observando a presença de sintomas como falta de ar e cansaço, história de doenças prévias e
familiares, e fazer um exame físico detalhado procurando identificar possíveis sinais da
doença.

28
O diagnóstico na maioria das vezes poderá ser feito baseado na história clínica do paciente, na
sintomatologia e no exame físico. Os exames laboratoriais e de imagem serão complementares no
diagnóstico e ajudarão no tratamento e seguimento deste pacientes (Gomes B, 2013).

Exames

 Ecocardiograma de 12 derivações: possibilita a identificação de alterações de


sobrecarga ou dilatação do músculo cardíaco e a presença de arritmias;
 Raio-X de tórax: avalia o tamanho do coração, presença de líquido nos
pulmões e presença de infecções associadas;
 Ecocardiograma bidimensional: avalia o músculo cardíaco, a função do
coração e as válvulas cardíacas;
 Angiotomografia coronariana: identifica a presença de placas de gordura e
variações anatômicas;
 Ressonância cardíaca: calcula a função do coração, o tamanho das câmaras
cardíacas, a presença de infartos e fibrose no músculo e ajuda no diagnóstico
das causas da patologia;
 Cineangiocoronariografia: identifica a presença de placas de gordura, e
possibilita o tratamento seja de valvulopatias ou obstruções coronarianas;

Escore de Boston: (DIAGNÓSTICO NA ICC SISTÓLICA OU DIASTÓLICA) definitivo (8


a 12 pontos); possível (5 a 7 pontos); e improvável (4 pontos ou menos):

1.6.1. CLÍNICA:
 Dispneia em repouso = 04pts
 Ortopneia = 04 pts
 Dispneia paroxística noturna = 03pts
 Dispneia ao caminhar em área plana = 03pts
 Dispneia ao caminhar em aclives = 02
1.6.2. EXAME FÍSICO:
 Anormalidade na frequência cardíaca = 01-02 pts
 Pressão venosa jugular elevada = 02-03pts
 Creptantes pulmonares = 01-02pts
 Terceira bulha cardíaca 03pts

29
 Sibilos 03pts
1.6.3. RADIOGRAFIA DO TÓRAX:
 Edema pulmonar alveolar = 04pts
 Edema pulmonar intersticial= 03pts
 Derrame pleural bilateral = 03pts
 Índice cardiotorácico superior à 0,50 = 03pts
 Redistribuição de fluxo em região superior = 02pts.
1.7. FATORES DE RISCO
Os factores de risco subdividem-se em modificáveis e não modificáveis.

Um fator de risco único pode ser suficiente para causar insuficiência cardíaca, mas
uma combinação de fatores, de acordo com médicos, também pode aumentar o risco da
doença:

 Pressão arterial elevada;


 Doença arterial coronariana;
 Ataque cardíaco;
 Diabetes e alguns medicamentos para tratar a doença;
 Apneia do sono;
 Cardiopatias congênitas;
 Infecção por vírus;
 Consumo de álcool;
 Batimentos cardíacos irregulares, a exemplo de arritmia
1.7.1. FACTORES DE RISCO MODIFICÁVEIS
a) O tabagismo;
b) A alimentação (hipercalórica e lipoproteica);
c) O sedentarismo.

1.7.2. FACTORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS:


a) A idade;
b) O sexo;
c) A composição genética.
1.8. TRATAMENTO

30
O tratamento é programado visando a preservar a vida, limitar quanto possível o
dano cerebral, diminuir as incapacidades e deformidades físicas e evitar a repetição do AVC.
O manejo de urgência dos pacientes acometidos de AVC é oposto para cada um dos dois
casos do distúrbio. No AVCi, procura-se desobstruir as artérias, permitindo maior afluxo de
sangue no cérebro, enquanto no AVCh, o tratamento é voltado para controlar a hemorragia
(Ferro, 2008).

Diante de um paciente com AVC estamos em uma constante corrida contra a tempo.
Tempo é cérebro! Portanto, quanto mais rápido for identificado o déficit e mais rápido o
paciente for tratado, maior a chance de reversão do quadro neurológico. É importante termos
em mente o tempo da janela de trombólise (4,5h como veremos adiante). E para o
tratamento adequado do paciente precisamos saber, com segurança, há quanto tempo o
déficit neurológico aconteceu. Se o paciente não consegue falar, devemos sempre perguntar
ao acompanhante, por exemplo, quando foi a última vez que o paciente foi visto bem, sem
déficit. Do mesmo modo, se o paciente já acordou com a alteração neurológica, devemos
considerar como início da alteração o horário que o paciente foi dormir (Sullivan, 1993).

Os pacientes com AVCi, com início dos sintomas inferior a 4,5 horas, com TC ou
RM de crânio sem evidência de hemorragia e com idade superior a 18 anos, serão candidatos
à trombólise com ativador do plasminogénio tecidual recombinante (rtPA- alteplase)
(Philips, 2003).

O tratamento dos pacientes com insficiência cardíaca congestiva tem por objetivo
melhorar a qualidade bem como prolongar a vida, além de evitar ou atenuar sua progressaão.
É fundamental a avaliaçäo para a detecção das causas e, se possível, seu tratamento. Além
disso, impõe-se o reconhecimento e a remoção das causas precipitantes, como infeções,
arritmias, disfunção tireoidiana, etc. Devem-se recomendar dietas hipossódicas e controle de
ingestão hídrica. Quanto ao tratamenyo medicamentoso, apoia-se principalmente no uso de
diuréticos, de digitálicos e de inibidores da enzima de conversão da angiotensina. Os
digitálicos têm indicação nos casos de insuficiência cardíaca congestiva com aumento da
área cardíaca, com predomínio da disfunção sistólica e com a frequência cardíaca elevada,
principalmente em ritmo de fibrilação atrial. Os diuréticos são importantes armas no
combate à hipovolemia, com o intuito de deslocar a curva de Frank-Starling para níveis
adequados de proporcionalidade. Atualmente, em função do estudo Rales, impõe-se a
utilização de diuréticos poupador de potássio, a espiromolactona, na rotina de tratamento da

31
insuficiência cardíaca congestiva. A associação dos nitratos com hidralazina é uma
alternativa válida aos inibidores da enzima de conversão da angiotensina em certas
situações. Da Mesma forma, os antagonistas dos receptores da angiotensina são alternativas
aos inibidores da enzima de conversão da angiotensina na insuficiência cardíaca congestiva.
Os medicamentos betabloqueadores e, em especial, o carvediol têm se mostrado importantes
armas no arsenal terapêutico da insuficiência cardíaca congestiva em situações especificas.

O tipo de tratamento a ser indicado deverá ser individualizado para cada paciente e
dependerá de alguns fatores como: A causa da insuficiência cardíaca, os sintomas e
complicações clínicas apresentados pelo paciente e o estágio da doença. O tratamento.

Em geral o paciente deverá restringir o uso de sal, a ingesta de líquidos e perder


peso. Não poderá ingerir gorduras e frituras.

O tratamento medicamentoso avançou muito nos últimos anos, e têm possibilitado


diminuição dos sintomas, aumento da sobrevida e da qualidade de vida dos pacientes. Serão
utilizados antihipertensivos para controle da pressão arterial, diuréticos para diminuir o
inchaço das pernas e liquido no pulmão, medicações que diminuam a descarga de adrenalina
encontrada nestes pacientes, remédios que melhorem a contratilidade do coração e
vasodilatadores.

Em alguns casos, a doença subjacente que levou a disfunção do coração, necessitará


de tratamento percutâneo com stents ou cirúrgico. Um exemplo muito comum são as
valvulopatias, em que se pode fazer a correção da válvula do paciente, ou a sua troca, por
uma nova que poderá ser de material biológico ou metálico. Outra abordagem cirúrgica
poderá ser através de cirurgias de implante de enxertos de veia safena ou artérias mamárias,
nas situações em que o fluxo de sangue nos vasos coronarianos estão comprometidos. Nos
estágios mais avançados da doença , o transplante cardíaco poderá ser a única terapia
efetiva.

Os objetivos do tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca são melhorar a


condição clínica, a capacidade funcional e a qualidade de vida, prevenir hospitalizações,
impedir a progressão da doença, reduzir a mortalidade e prolongar a sobrevida.

Medicamentos a serem evitados, quando possível, em portadores de IC crônica:

 Anti-inflamatórios não esteroidais;


 Corticoesteróides;
32
 Tiazolidinedionas (rosiglitazona/pioglitazona);
 Inibidores da dipeptidil peptidase-4 (DPP-4);
 Bloqueadores dos canais de cálcio;
 Antraciclinas;
 Estimulantes (adrenérgicos);
 Antiarrítmicos;
 Anticorpo anti-TNF (D.A. Baran, 2007).
1.8.1. VACINAÇÃO

Alguns estudos epidemiológicos estabeleceram uma correlação entre infecções pelo


vírus Influenza e pneumocócica e aumento na incidência de eventos coronarianos e
cerebrovasculares. A evidência do benefício é mais robusta para pacientes com maior risco
de eventos coronarianos e cerebrovasculares, sendo a recomendação extrapolada para
pacientes com insuficiência cardíaca. Portanto, recomenda-se a vacinação anual anti-
influenza e a vacinação antipneumocócica polivalente, com reforço a cada 5 anos após os 65
anos de idade, em pacientes de alto risco (Davie AP F. C., 1996).

1.8.2. DIETA

Dietas com alto teor de sódio (> 6 g/dia) são reconhecidamente nocivas. Entretanto, a
quantidade ideal de sódio diária ainda é controversa4. A ingestão ideal parece ser
influenciada pela classe funcional. Parrinello e colaboradores demonstraram, ao avaliar
dietas com < 3 g de sódio ao dia, que houve melhora nos desfechos em pacientes com CF III
e IV, porém, houve piora naqueles com CF I e II10. Sendo assim, restrição de sódio (2-3
g/dia) é recomendada para todos os pacientes com IC e dietas mais restritas (< 2 g/dia)
devem ser consideradas na IC moderada a grave1. Restrição hídrica (< 2L/dia) é
recomendada para pacientes com hiponatremia (< 130 mEq/L) e para aqueles com retenção
líquida refratária ao uso de altas doses de diurético (Flather MD, 2000).

1.8.3. EXERCÍCIO

Apesar de atividade física intensa não ser recomendada em pacientes com IC, exercícios
leves de rotina têm se mostrado benéficos em pacientes selecionados com CF NYHA I a III.
O estudo HFACTION (A Controlled Trial Investigating Outcomes of Exercise Training) não
mostrou redução da mortalidade ou da taxa de hospitalização com a prática de atividade
33
física regular (definida como treinamento programado de intensidade moderada, 25-30
minutos/dia, 5 dias/semana). Entretanto, foi observada uma melhora significativa na
qualidade de vida, portanto, o exercício físico pode ser útil como terapia adjuvante para
melhorar o status clínico do paciente. O exercício físico não é recomendado em pacientes
com ICFER que tiveram um evento ou procedimento cardiovascular nas últimas 6 semanas;
pacientes com dispositivos cardíacos que limitam o aumento da FC; ou em pacientes com
arritmia significativa ou sinais de isquemia em testes provocativos (Flather MD, 2000).

1.8.4. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Várias medicações propostas para o tratamento da IC atuam de maneira favorável em


eventos substitutos, como a fração de ejeção e o remodelamento ventricular, mas não têm
impacto nos desfechos sólidos como taxa de hospitalização e mortalidade. Portanto, como
veremos a seguir, para se alcançar os objetivos do tratamento, é necessário associar
medicamentos que melhorem os sintomas e a qualidade de vida (como os diuréticos) com
intervenções neuro-hormonais, que minimizam o remodelamento cardíaco e diminuem a
mortalidade (Flather MD, 2000).

1.8.5. INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DA


ANGIOTENSINA

A evidência para o uso dos inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) já é


amplamente reconhecida e seu benefício se traduz em redução da morbimortalidade nas
formas leves, moderadas e graves de IC, em pacientes com ou sem doença coronariana. Os
inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) bloqueiam o sistema renina-
angiotensina-aldosterona por meio da inibição da enzima responsável pela conversão da
angiotensina I em angiotensina II. Os (IECA) também inibem a cininase II, o que induz
upregulation da bradicinina, intensificando os efeitos da supressão da angiotensina. Eles
estabilizam o remodelamento do ventrículo esquerdo (VE), reduzem sintomas, previnem
hospitalizações e aumentam a sobrevida. Portanto, devem ser prescritos para todos os
pacientes com insuficiência cardíaca com fracção de ejeção reduzida (ICFER), a menos que
contraindicados, como na presença de história prévia de angioedema ou durante a gravidez.
Devem ser usados com cautela nos pacientes hipotensos e naqueles com creatinina sérica >
2,5 mg/dl ou potássio sérico > 5 mEq/L (Rose EA, 2001).
34
O tratamento deve começar com doses baixas, aumentando gradualmente até atingir a
dose-alvo dos estudos ou a dose máxima tolerada pelo paciente.

1.8.6. BETABLOQUEADORES

Os betabloqueadores (BB) reduzem os efeitos deletérios da ativação sustentada do


sistema nervoso simpático, antagonizando um ou mais receptores adrenérgicos1. Eles são
capazes de reduzir a frequência cardíaca (FC), atenuar a dilatação cardíaca e aumentar a
fração de ejeção do VE de modo expressivo, revertendo o remodelamento cardíaco em quase
três quartos dos pacientes.

Os betabloqueadores (BB) reduzem morbidade e mortalidade em pacientes com ICFER


sintomática. São recomendados também para pacientes com infarto do miocárdio prévio e
disfunção sistólica do VE assintomática, para reduzir o risco de morte2. No início do
tratamento, por apresentarem efeito inotrópico negativo, os BB podem piorar a função
cardíaca e o quadro clínico. Portanto, o betabloqueador (BB) deve ser iniciado após controle
adequado da volemia e compensação da insuficiência cardíaca, sempre em dose baixa,
aumentada progressivamente, podendo ser dobrada a cada 2 a 4 semanas, até atingir as doses
preconizadas (Stevenson LW, 2009).

Os betabloqueadores (BB) cardiosseletivos, bisoprolol e succinato de metoprolol, estão


indicados nos pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, nos pacientes diabéticos
em tratamento com insulina e naqueles com doença arterial periférica. O nebivolol, também
cardiosseletivo, reduziu modestamente a mortalidade geral e a taxa de hospitalização em
pacientes idosos com ICFER. Bloqueadores dos receptores da angiotensina II

Os bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRA-II) estão indicados para os


pacientes com ICFER intolerantes aos IECA. Essa intolerância é primariamente relacionada
à tosse. Os BRA-II não devem ser utilizados em pacientes que desenvolveram angioedema
com IECA. Apesar de a redução da mortalidade e da hospitalização ter sido demonstrada em
alguns estudos com pacientes intolerantes aos IECA, pelo maior número de evidências, os
IECA permanecem como a medicação de primeira escolha na ICFER, sendo os BRA-II uma
alternativa razoável (Stevenson LW, 2009).

1.8.7. ANTAGONISTAS DO RECEPTOR


MINERALOCORTICOIDE

35
Deve ser considerada a adição de espironolactona em todos os pacientes com ICFER
que já estejam em uso de IECA e betabloqueadores, para redução adicional da
morbimortalidade.

Essas medicações não devem ser iniciadas se a creatinina sérica estiver acima de 2,5
mg/dL, devido ao risco de hipercalemia, embora este risco aumente progressivamente com
creatinina sérica superior a 1,6mg/dL. Não se deve iniciar antagonista mineralocorticoide se
o potássio sérico estiver acima de 5,0 mEq/L, devendo ser suspenso quando acima de 5,5
mEq/L. A dose inicial é de 12,5-25 mg/dia, a qual é mantida na maioria dos pacientes,
podendo ser aumentada para até 50 mg/dia. Pacientes com taxa de filtração glomerular
estimada de 30 a 49 mL/min/1,73m2 ou com risco de hipercalemia devem iniciar o
tratamento com uma dose mais baixa, de 12,5 mg/dia. Ginecomastia pode ocorrer em até
10% dos pacientes em uso de espironolactona (Rogers JG, 2017).

1.8.8. NITRATO E HIDRALAZINA

O estudo A-HeFT demonstrou redução da morbimortalidade com o uso da


combinação nitrato e hidralazina, sendo esta recomendada em pacientes negros, CF II-IV da
NYHA, com FE ≤ 35% e que, mesmo em uso de medicação apropriada para o tratamento da
IC, permaneçam sintomáticos8. Também está indicada para pacientes intolerantes aos
IECA/BRA. Não existem evidências de que este benefício se estenda a pacientes
caucasianos.

No Brasil, não está disponível a combinação fixa dessas duas medicações, portanto, o
tratamento deve ser iniciado com doses baixas de ambas, hidralazina 25 mg e dinitrato de
isossorbida 20 mg, três vezes ao dia. Deve-se aumentar progressivamente até a dose-alvo de
300 mg/dia de hidralazina e 120 mg/dia de dinitrato de isossorbida4. A adesão a essa
combinação é baixa, devido ao grande número de comprimidos a serem ingeridos e aos
efeitos adversos, que incluem cefaleia, tontura e queixas gastrointestinais (Rogers JG, 2017).

1.8.9. INIBIDOR DO RECEPTOR DA NEPRILISINA E DA


ANGIOTENSINA (ARNI)

A molécula LCZ696 é constituída por valsartana (BRA-II) e sacubitril (inibidor da


neprilisina). O sacubitril inibe a neprilisina, enzima responsável pela degradação de algumas
moléculas vasoativas, como a bradicinina, a angiotensina II e o peptídeo natriurético atrial.
Portanto, com o seu uso isolado, há um aumento indesejável nos níveis séricos da
36
angiotensina II. A associação com um BRA-II (valsartana) permite que sejam observados os
efeitos favoráveis do aumento dos peptídeos natriuréticos (vasodilatação, natriurese,
relaxamento miocárdio) sem os efeitos desfavoráveis do aumento da angiotensina II
(vasoconstrição, retenção de sódio e água e hipertrofia miocárdica). O estudo PARADIGM-
HF avaliou o uso da molécula LCZ696 em pacientes com CF II-IV da NYHA, FE < 35% e
BNP ≥ 150 pg/mL ou NT-pró-BNP ≥ 600mg/mL e mostrou redução de 20% na mortalidade
cardiovascular e na hospitalização por IC, além de redução de 16% na mortalidade total,
quando comparada ao enalapril9. Com base nesse estudo, a AHA e a ESC recomendam,
para redução adicional da morbimortalidade, a substituição do IECA/BRA por ARNI em
pacientes com ICFER sintomática, CF II-III da NYHA e que toleram o uso de IECA ou
BRA-II. Ivabradina

A ivabradina diminui a FC por meio da inibição dos canais If do nó sinusal e, portanto,


deve ser usada somente nos pacientes em ritmo sinusal2. Ela reduz o risco combinado de
morte e hospitalização por IC em pacientes com CF II-IV da NYHA, FE < 35% e FC ≥ 70
bpm em uso de BB em dose máxima tolerada (Rogers JG, 2017).

1.8.10. DIURÉTICOS

Diuréticos são recomendados para reduzir sinais e sintomas de congestão volémica nos
pacientes com ICFER. Os diuréticos de alça induzem diurese mais intensa e de curta
duração quando comparados aos diuréticos tiazídicos, mas o uso combinado muitas vezes é
necessário, principalmente nos casos de edema resistente. Nessa situação, os efeitos
adversos são mais frequentes e incluem hipocalemia, hipotensão arterial e piora da função
renal, portanto, essa combinação deve ser usada com cuidado. O objetivo da diureticoterapia
é atingir o estado de euvolemia, mantendo-o com a menor dose necessária. Os pacientes
devem ser treinados a fazer o próprio ajuste da dose dos diuréticos e, para tanto, é
importante o controle diário do peso matutino, após esvaziar a bexiga. Se houver piora da
dispneia e aumento do edema acompanhados de um ganho ponderal > 2 kg em um período
de três dias, a dose do diurético deve ser aumentada, retornando à dose anterior uma vez
ocorrida a regressão dos sintomas (Rogers JG, 2017).

1.8.11. DIGOXINA

O estudo DIG mostrou que, em pacientes com ICFER, a digoxina reduz hospitalização,
mas não mortalidade. A adição da digoxina ao esquema terapêutico deve ser feita após a

37
introdução de todas as medicações que comprovadamente reduzem mortalidade, nas doses
apropriadas. Nesse cenário, se o paciente permanecer sintomático, a digoxina é uma opção,
podendo reduzir sintomas e aumentar a tolerância aos exercícios.

O tratamento é comumente iniciado e mantido com uma dose diária que varia entre
0,125 e 0,25mg. Baixas doses (0,125 mg/dia ou 0,25 mg em dias alternados) podem ser usadas em
pacientes idosos (>7 anos) ou com disfunção renal para prevenir intoxicação. Os principais efeitos
colaterais são: arritmias cardíacas , sintomas gastrointestinais (anorexia, náusea, vômitos) e
queixas neurológicas (alterações visuais, desorientação, confusão mental) (Stevenson LW,
2009).

1.8.12. DISPOSITIVOS CARDÍACOS

O cardiodesfibrilador implantável (CDI) é eficaz em corrigir arritmias ventriculares


potencialmente letais. Algumas drogas antiarrítmicas podem reduzir a taxa de taquiarritmias
e morte súbita, mas não têm impacto sobre a mortalidade global desses pacientes. No
contexto de prevenção secundária de morte súbita, deve-se considerar o implante de CDI
para todos os pacientes que se beneficiarão de um aumento na sobrevida, ou seja, aqueles
que apresentam expectativa de vida superior a um ano, preferencialmente com boa qualidade
de vida2. Para prevenção primária, de acordo com a AHA e a ESC, o CDI é recomendado,
com o objetivo de reduzir o risco de morte por todas as causas, em pacientes com ICFER de
etiologia isquêmica ou não isquêmica, CF II-III da NYHA e FE ≤ 35% ou CF I da NYHA e
FE ≤ 30%, terapia medicamentosa otimizada há pelo menos 3 meses, expectativa de vida
superior a um ano e bom status funcional2. Porém, no estudo DANISH, o implante de CDI
em pacientes com ICFER de etiologia não isquêmica não reduziu mortalidade, logo, a
indicação do CDI, nesses casos, deve ser individualizada (Stevenson LW, 2009).

1.8.13. TERAPIA DE RESSINCRONIZAÇÃO CARDÍACA.

A terapia de ressincronização cardíaca (CRT)melhora o desempenho do coração em


pacientes apropriadamente selecionados, reduzindo sintomas e morbimortalidade. A base
fisiopatológica da CRT é a correção da dissincronia intra e interventricular, podendo
determinar remodelamento reverso da cavidade ventricular e, consequentemente, redução da
insuficiência mitral.

38
Nem todos os pacientes respondem favoravelmente à CRT2. Fatores associados ao
sucesso da CRT incluem: ritmo sinusal, QRS ≥ 150 ms, padrão de bloqueio de ramo
esquerdo e FE ≤ 35%8. A CRT deve ser considerada nos pacientes que permanecem
sintomáticos, a despeito de terapia medicamentosa otimizada, e que apresentam
características potencialmente associadas a uma boa resposta à CRT. Pacientes que não
apresentam essas características, mas ainda assim têm QRS alargado, podem ser
considerados para a CRT, porém, o número de respondedores será reduzido8. A CRT pode
ainda ser considerada nos pacientes com indicação de implante de marca passo (Mozaffarian
D, 2007).

1.8.14. TRANSPLANTE CARDÍACO

O transplante cardíaco (TxC) é um tratamento aceitável para o estágio final da IC. Ele
aumenta a sobrevida, a tolerância aos exercícios, a qualidade de vida e o retorno ao trabalho. No
Brasil, o transplante cardíaco (TxC) é a única opção viável para a maioria dos pacientes com
IC avançada. O TxC deve ser considerado uma opção de tratamento, com suas indicações e
contraindicações, sendo que, após indicado , não deve ser postergado, pois quanto pior é o
estado clínico do receptor, maior é a mortalidade perioperatória, principalmente quando o TxC é
realizado em caráter de urgência. Dispositivos de assistência ventricular, que podem ser utilizados
como “ponte” para o TxC, ainda são pouco disponíveis no nosso meio (Stevenson LW,
2009).

O TxC está indicado nos pacientes com IC em estágio final que apresentam sintomas
refratários e prognóstico reservado, sem outras opções terapêuticas disponíveis. Os pacientes
devem estar motivados, bem informados e emocionalmente estáveis, sendo capazez de
aderir ao tratamento intensivo requerido posteriormente (Mozaffarian D, 2007).

1.8.15. CONTRAINDICAÇÕES DO TRANSPLANTE


CARDÍACO
 Infecções ativas;
 Doença cerebrovascular ou arterial periférica grave;
 Hipertensão pulmonar farmacologicamente irreversível;
 Câncer;
 Doença renal irreversível;
 Doença sistêmica com envolvimento de múltiplos órgãos;
 Outras comorbidades com prognóstico reservado
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 IMC > 35 kg/m2
 Abuso de álcool ou droga atual;
 Qualquer deficiência de suporte social (Mozaffarian D, 2007).
1.8.16. MEDIDAS GERAIS

Identificar e corrigir a causa da IC é essencial, uma vez que algumas delas são
potencialmente tratáveis e/ou reversíveis. Paralelamente ao tratamento das causas reversíveis
e das comorbidades associadas, é igualmente importante identificar fatores de
descompensação em pacientes com IC estável. Dentre as causas mais comuns de
descompensação estão dieta inadequada e má adesão terapêutica.

Nesse sentido, deve-se reforçar a necessidade da adequada adesão terapêutica para a


estabilização clínica e justificar a indicação de cada fármaco, além de educar sobre os
possíveis efeitos adversos e implicações. Deve-se também orientar sobre os medicamentos
que podem descompensar o quadro clínico, para que o paciente evite o uso sempre que
possível.

Quanto à automonitoração, além da percepção do cansaço e do edema, o adequado


controle do peso também é importante para antever descompensação aguda, o que pode
ocorrer quando há ganho de peso significativo em curto espaço de tempo (aproximadamente
> 2 kg em 3 dias), sugerindo piora da congestão volêmica (Gomes B, 2013).

1.8.17. MEDICAMENTOS

Segundo o Dicionário da Saúde FREE, os medicamentos mais usados para o tratamento de


insuficiência cardíaca são:

 Aldactone;
 Aminofilina;
 Ancoron;
 Aradois;
 Atenolol;
 Amiodarona;
 Apresolina;
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 Atorvastatina Cálcica;
 Besilato de Anlodipino;
 Captopril;
 Carvedilol;
 Clexane;
 Concor;
 Cardcor;
 Clortalidona;
 Diamox;
 Digoxina;
 Diovan;
 Diurix;
 Dobutamina;
 Enalapril;
 Espironolactona;
 Hidroclorotiazida
 Higroton;
 Isordil;
 Isossorbida;
 Lipito;
 Lisinopril;
 Losartana Potássica;
 Monocordil (Gomes B, 2013).
1.9. CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Segundo o manual de saúde SOU ENFERMAGEM (08 Mai. 2018), os cuidados de


enfermagem para Insuficiência cardíaca são:

 Proporcionar conforto ao paciente; dar apoio emocional;


 Manter o paciente em repouso, observando o grau de atividade a que ele poderá se
submeter;
 Explicar antecipadamente os esquemas de rotina e as estratégias de tratamento;
 Incentivar e permitir espaços para o cliente exprimir medos e preocupações;
 Apoiar emocionalmente o cliente e familiares;
 Promover ambiente calmo e tranquilo;
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 Monitorizar a ingesta e a excreta a cada 2 horas;
 Manter a posição de Fowler para facilitar a respiração;
 Monitorizar a resposta ao tratamento diurético;
 Avaliar a distensão venosa jugular, edema periférico;
 Administrar dieta hipossódica;
 Promover restrição hídrica;
 Estimular e supervisionar a respiração profunda;
 Executar exercícios ativos e passivos com os MMII;
 Pesar o paciente diariamente;
 Realizar balanço hídrico;
 Oferecer dieta leve, fracionada, hipossódica, hipolipídica;
 Anotar alterações no funcionamento intestinal;
 Administrar medicamentos conforme prescrição médica, adotando cuidados
especiais;
 Observar o aparecimento de sinais e sintomas de intoxicação medicamentosa;
 Transmitir segurança na execução das atividades;
 Cuidados na administração de digitálicos;
 Verificar pulso e freqüência cardíaca antes de administrar cada dose do
medicamento. Caso o pulso esteja inferior a 60bpm, consultar o médico;
 Observar sintomas de toxidade digital: arritmia, anorexia, náuseas, vômito, diarréia,
bradicardia, cefaléia, mal-estar e alterações comportamentais;
 Cuidados com a administração de diuréticos;
 Oferecer o medicamento pela manhã;
 Realizar balanço hídrico;
 Pesar o paciente diariamente;
 Observar sinais de fraqueza, mal estar, câimbras musculares;
 Estimular a ingestão de alimentos ricos em potássio (laranja, limão, tomate), desde
que não aja contra-indicação (P & Voors AA, 2016).

1.9.1. CUIDADOS NA ADMINISTRAÇÃO DE DIGITÁLICOS


 Verificar pulso e freqüência cardíaca antes de administrar cada dose do
medicamento. Caso o pulso esteja inferior a 60bpm, consultar o médico;

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 Observar sintomas de toxidade digital: arritmia, anorexia, náuseas, vômito,
diarréia, bradicardia, cefaléia, mal-estar e alterações comportamentais.

1.9.2. CUIDADOS COM A ADMINISTRAÇÃO DE DIURÉTICOS


 Oferecer o medicamento pela manhã;
 Realizar balanço hídrico;
 Pesar o paciente diariamente;
 Observar sinais de fraqueza, mal estar, câimbras musculares;
 Estimular a ingestão de alimentos ricos em potássio (laranja, limão, tomate), desde
que não aja contra-indicação.

1.10. IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO COMO EDUCADOR


NA INSUFIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA (ICC).

É importante que o enfermeiro esteja atento a respeito das questões relacionadas aos
hábitos de seus pacientes com o objectivo de orientá-los de forma mais clara no decorrer do
tratamento, bem como esclarecê-los a respeito das mudanças fisiológicas e responder a todas
as suas expectativas e dúvidas , pois a ausência desse diálogo, aberto e claro, pode trazer
inúmeros problemas na vida do paciente.

Diante desse contexto é fundamental a actuação dos profissionais de saúde na


orientação, educação e acompanhamento dos pacientes com Insuficiência Cardíaca. Dentre
esses profissionais, realça-se o enfermeiro que possui o componente educativo fortemente
enraizado em sua prática de trabalho (P & Voors AA, 2016).

Uma pesquisa realizada com hipertensos sobre a adesão ao tratamento revela que a
enfermagem desempenha um papel fundamental em favorecer o aumento dos índeces de
adesão. O prfissional de enfermagem deve atuar diretamente na promoção e prevenção da
saúde contribuindo com o diagnóstico precoce da doença, que na insuficiência cardíaca pode se
relacionar com o diagnóstco prévio dos sinais e sintomas de descompensação. E quando já instalada
a doença, a atuação se intensificará em orientar sobre osbenefícios que traz o tratamento
medicamentoso e não medicamentoso, além do manejo da doença e suas complicações, bem
como a adesão a estilos de vida saudáveis no intuito de prevenir a doença. Destaca-se ainda
aqui o autocuidado que deve ser estimulado por parte do paciente (P & Voors AA, 2016).

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O conhecimento sobre a doença é fruto das experiências vivenciadas e de senso
comum e não produto da aprendizagem significativa. A atuação educativa deve considerar a
complexidade do paciente com inuficiência cardíaca congestiva (ICC), cabendo ao
enfermeiro implementar e garantir estratégias educacionais voltadas as necessidades
específicas desse grupo.

O papel de educador requer do enfermeiro um potencial de visualizar o doente como


um ser hmano e também capaz de redefinir seu modo de agir e superar expectativas. Ambos
poderão promover a saúde com estímulo ao autocuidado, com vistas à melhoria das
condições de saúde, redução das incertezas e desenvolvimento de ações que transmitam
segurança

O enfermeiro ao promover o conhecimento aos pacientes com insuficiência cardíaca sobre


sua doença e tratamento, está exercendo papel fundamental, a medida que favorece a adesão às
práticas de saúde e prevenção. A importância do enfermeiro está vinculada ao seu papel como
educador atuando na motivação do paciente quanto à adesão ao tratamento , seu autocuidado,
propondo técnicas que favoreçam seu envolvimento a doença e seu tratamento (P & Voors
AA, 2016).

1.11. PROGNÓSTICO E CONSEQUÊNCIAS

Com os recentes avanços na avaliação e no controlo da insuficiência cardíaca, o surgimento


dos sintomas ainda reserva um prognóstico reservado. Estudos de base comunitária indicam
que 30 a 40% de pacientes morem 1 ano após o diagnóstico, e 60 a 70% no prazo de 5 anos,
principalmente devido a piora da insuficiência cardíaca ou na forma de morte súbita
(provavelmente causada por arritmia ventricular). Torna-se difícil estabelecer um
prognóstico individual, porém, os pacientes com sintomas em repouso (classe IV da New
York Heart Association (NYHA) apresentam uma taxa de mortalidade anual de 30 a 70%
enquanto os pacientes com sintomas surgidos durante actividades moderadas (classe II da
NYHA) têm taxa de mortalidade anual de 5 a 10%. Desta forma se pode concluir que o
estado funcional é um preditor importante da evolução do paciente (P & Voors AA, 2016).

1.12. ATIVIDADES PREVENTIVAS E DE EDUCAÇÃO


         Nunca é demais lembrar a importância de controlar os fatores de risco
modificáveis para doença cardiovascular, em especial o tabagismo, a hipertensão arterial
sistêmica e as dislipidemias, por que eles aumentam, também, a probabilidade de IC.

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         Qualquer que seja o tratamento proposto, deve-se estar sempre atento à adesão
do paciente às medidas com ele combinadas. A falta de adesão a um tratamento proposto é
causa muito comum de descompensações. O problema da polimedicação pode complicar a
adesão, especialmente em idosos, pessoas com múltiplas comorbidades e deprimidos. Caixas
dispensadoras de medicação, rotuladas “manhã” e “noite” e a supervisão atenta de um
cuidador podem ajudar na adesão (DATASUS, 2008).

         A pessoa com IC deve ser estimulada a trazer, em cada consulta, as medicações
em uso para conferência.

         O médico deve lembrar que a maioria das pessoas com IC é de idosos, muitas
vezes com problemas de visão, com baixa instrução e até analfabetos. Portanto, a prescrição
médica deve ser escrita com letras grandes e legíveis, além de ter o apoio de desenhos
facilitadores da hora das tomadas (como desenhar o sol, a lua, etc.).

         Devem-se instruir as pessoas com IC a evitar a automedicação e a informar sua


condição a qualquer profissional de saúde que a atenda, para evitar a prescrição de
medicações que promovam descompensações.

         É dever do médico ensinar as pessoas com IC a reconhecerem os sinais e


sintomas de descompensação, principalmente o ganho rápido do peso. Diminuição da
tolerância aos esforços, dor torácica, ortopneia e dispneia paroxística noturna também
devem ser reconhecidas e indicadas prontamente ao médico (DATASUS, 2008).

         Apesar da grande importância do tratamento farmacológico para o manejo bem-


sucedido, as pessoas com IC, seus cuidadores e suas famílias devem estar igualmente atentos
para as medidas não farmacológicas contidas no plano terapêutico, principalmente as que
envolvem medidas dietéticas. Famílias que consomem muito sal, por exemplo, podem ser
orientadas a preparar seus alimentos sem sal, adicionando-o depois à mesa, de acordo com
as necessidades individuais e respeitando a restrição sódica da pessoa com IC.

         Programas baseados em educação em saúde, cuidados de enfermagem e equipes


multidisciplinares reduziram mortalidade, número de internações e melhoraram a qualidade de vida
de pessoas com insuficiência cardíaca em 12 meses (A). No ambulatório, deve-se rever os pacientes
descompensados a intervalos de poucos dias, propondo-lhes consultas mais espaçadas, de
mensais a trimestrais, de acordo com seu grau de estabilidade (DATASUS, 2008).

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