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ATIVIDADE PRÁTICA – Profissão X Não profissão

Laisa Santos Amaral Rolim - 20220154656

1. Introdução

“Se a gestão é uma profissão, a escola de negócios é uma escola profissional”.


Não obstante o impacto de tal afirmação, a Administração como profissão passou a ser
questionada especialmente durante a crise econômica de 2009, posto não ter o curso
formado dirigente empresariais socialmente responsáveis. As teses que corroboram para
tanto são o fato de não haver um código de ética de adesão universal fiscalizável; ausência
de assimetria entre o administrador e quem contrata o serviço; curso não suficientemente
qualificador e demasiadamente generalista; ausência de mensuração precisa do trabalho;
dentre outros. Contudo, aqui, há de se discordar dessa linha de pensamento e considerar,
sim, a Administração como profissão.

2. Desenvolvimento

Dentre os vários motivos existentes para considerar a Administração uma


profissão, elencaremos 3, cuja origem da explicação está justamente na construção lógica
equivocada que desqualifica a gestão como profissão a partir de comparações limítrofes
com 2 profissões historicamente elitizadas.

Primeiramente, diz-se não ser a Administração uma profissão por não haver uma
forma suficientemente técnica, que certifique a qualidade do gestor, de forma a garantir
assimetria entre quem contrata seu serviço; o exemplo que se usa são os advogados: seus
clientes não conseguem emitir, em tese, um juízo de valor sobre a qualidade do serviço
prestado.

Ocorre que, além de que a tese de ser uma profissão aquelas cuja formação teve
um rigor exacerbadamente técnico vai totalmente de encontro ao fenômeno democrático
de permitir produção de riquezas por pessoas sem privilégios, é possível sim qualificar o
trabalho de advogados e médicos como bom ou ruim. A explicação é, a priori, simples:
concorrência, livre mercado e execução de atividades acessórias. Constantemente,
pacientes mudam de médicos porque, usando um outro médico como parâmetro, não
considerou o atual suficientemente bom – o procedimento aplicado por ele foi mais
doloroso, por exemplo.
Por outro lado, há de se considerar que não é necessário um código extremamente
rigoroso para que haja a assimetria. A sociedade capitalista e o livre mercado por si só
destacam os grandes gestores através da competência e produtividade, criando
necessariamente assimetria. Faz parte da origem de ser da função de gestão.

Em segundo lugar, há a desqualificação da profissão em questão pelo fato de que


ela seria demasiadamente generalista, “o administrador é alguém que faz tudo e não se
especializa em nada – a antítese profissional”. Bem, em primeiro lugar, há falha no
raciocínio apresentado na medida em que o processo de administração e gestão é
composto por várias funções e níveis hierárquicos, de modo que permite a construção de
processos administrativos por um administrador de marketing focado exclusivamente
nessa área como também, dentro da mesma empresa, o mesmo pode ocorrer com a área
de gestão de pessoas.

Além do mais, se levar em consideração a profissão paradigma – a advocacia –,


esta também é bastante generalista: no curso de Direito, via de regra, Direito Civil é uma
disciplina que se subdivide em 7 outras disciplinas; Direito Processual em 3. No caso da
medicina, o estudante finaliza o curso e torna-se clínico geral, sem especialização alguma.

Por último, um dos argumentos levantados é, também comparando com a


profissão da advocacia, a possibilidade de haver precisão no valor transacional, os ganhos
do profissional são objetivos, enquanto que, no caso do administrador, a cotação das ações
da empresa é subjetiva. Há, contudo, várias formas de contrapor este última argumento,
mas iremos nos limitar apenas ao fato de que, mais uma vez, o único tipo de ganhos
através da profissão de administração foi o de acionistas ou de níveis hierárquicos
maiores. Tanto a função de gestão pode ser exercida dentro de uma clínica médica e o
profissional ser funcionário com ganhos fixos através do regime celetista como também
é bem verdade que, em muitas causas judiciais, o lucro do advocado está condicionado
ao êxito da causa e fixado em percentual sobre o valor a ser obtido pela parte vitoriosa.
Ou seja, os ganhos do advogado também podem ser subjetivos.

3. Conclusão

Desconsiderar a Administração como uma profissão pela ausência de um código


e conselhos rigorosos que permitam uma garantia técnica dos serviços ou ausência de
especialidade, além de falacioso, limita demais a atuação do gestor e a possibilidade de
surgimento de bons gestores. Mark Zuckerberg, por exemplo, não concluiu seu curso de
graduação, e a “dona Maria” que vende um bolo caseiro delicioso pode, por competência
produtiva e empreendedorismo de sobrevivência ter uma empresa e se torna uma boa
gestora de pequena empresa. Desconsiderar a Administração como profissão é
desconsiderar a função social do capitalismo e reforçar títulos e castas na sociedade
contemporânea com base em diplomas.

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