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ACADEMIA

POLÍTICA DA
MULHER

Sistema de remuneração dos membros das


Assembleias Provinciais
Uma análise comparativa com o sistema municipal

Contextualização
A Constituição da República de 1990 abriu espaço ao sistema É dentro deste contexto que este estudo procura discutir
multipartidário e à possibilidade de os cidadãos elegerem seus as actuais modalidades de remuneração dos membros das
representantes. Foi nesse contexto que viriam a se realizar as Assembleias Provinciais em comparação com o sistema
primeiras eleições gerais em Moçambique em Outubro de remuneratório municipal procurando para o efeito, levantar
1994. Paralelamente as eleições gerais, em 1998, viriam a se algumas questões para reflexão em relação ao actual sistema
realizar as primeiras eleições municipais como culminar dos ao mesmo tempo perspectivando o que pode vir a ser o
debates relativos ao processo da descentralização iniciados sistema remuneratório das futuras Assembleias Provinciais
nos finais dos anos 80, cujo quadro jurídico foi definido pela saídas das eleições de 15 de Outubro de 2019.
Lei n° 2/97, de 18 de Fevereiro.
Para além da implantação das autarquias locais que deram Natureza dos Órgãos
origem as Assembleias Municipais, simultaneamente o
A assembleia municipal é um órgão representativo do
governo levou a cabo um processo de desconcentração
município dotado de poderes deliberativos. Ela é constituída
impulsionado com a aprovação da Lei n° 8/2003, de 19 de
por membros eleitos por surfrágio universal, directo, igual,
Maio que estabelece os princípios e normas de organização e
secreto, pessoal e periódico dos cidadãos eleitores residentes
funcionamento dos órgãos Locais do Estado (OLE) nos escalões
na respectiva circunscrição territorial autárquica. Por outro
de Província, Distrito, Posto Administrativo e Localidade.
lado, a Assembleia Provincial é um orgão de representação
Em 2007 foi aprovada a Lei n° 5/2007, de 9 de Fevereiro que democrática, deliberativa de governação descentralizada
estabelece o quadro jurídico-legal para a implantação das provincial. Na realização das suas competências a assembleia
Assembleias Provinciais e define a sua composição, organização, provincial observa a Constituição da República, as leis e
funcionamento e competências. Decorrente da aprovação as decisões dos órgãos centrais, no âmbito da tutela. A
desta lei, as eleições Gerais de 2009 foram acompanhadas assembleia Provincial exerce suas competências sem prejuizo
pela eleição de membros das Assembleias Provinciais. Estas das atribuições e competências da assembleia Distrital e da
Assembleias Provinciais entraram em efectividade no exercício assembleia autárquica.
das suas funções em Fevereiro de 2010.
Do exposto acima, fica claro que os dois são órgãos
E no quadro das recentes reformas constitucionais, atinentes representativos e deliberativos. O que os diferencia é que
a governação descentralizada, foi introduzido um novo a Assembleia Provincial tem maior abrangência que as
figurino no qual as Assembleias Provinciais passam a ser assembleias municipais. Pois, o membro da Assembleia
Órgãos deliberativos e fiscalizadores das acções dos órgãos de Provincial tem como círculo eleitoral a Província enquanto o
governação descentralizada provincial. Este novo cenário que se membro da assembleia municipal o seu círculo eleitoral é a
traduziu na reformulação do papel das Assembleias Provinciais área da respectiva autarquia.
e a eleição do governador por via de Cabeças-de-lista traz mais
responsabilidades e expectativas em relação a estes Órgãos.
Como se operacionaliza a os parâmetros estabelecidos. Aqui o pagamento começa a ter
em conta o nível da unidade administrativa neste caso, se se

questão remuneratória? trata de uma cidade de nivel B, C, D ou vila. Associado ao nível


da unidade administrativa, para a determinação do valor de
Para explorar melhor a forma como se operacionaliza a remuneração, temos a capacidade de captação de receitas de
remuneração dos membros das Assembleias Municipais e das cada autarquia.
Assembleias Provinciais o estudo vai tratar de forma separada Neste contexto, para estimar a remuneração dos membros
começando pelo nível municipal para depois seguir o nível das assembleias municipais é necessário conhecer o valor de
Provincial. remuneração do Presidente do Conselho Municipal3 visto que,
a remuneração dos membros é calculada em função desse
tecto. Por exemplo, o presidente da AM recebe até ao limite
A questão remuneratória máximo de 70% do salário base do respectivo PCM. O vice-
presidente recebe até ao limite máximo de 65% do salário
ao nível das Assembleias base do respectivo PCM. O secretário da assembleia até 45%.

Autárquicas Por último os simples membros das assembleias municipais


recebem até ao limite máximo de 40% do salário base do
Em 1998 depois da realização das primeiras eleições municipais respectivo PCM. A tabela abaixo indica os valores máximos que
e consequente instalação das assembleias municipais a seriam auferidos pelos membros das assembleias municipais
remuneração dos membros das assembleias municipais tomando em consideração o nível da unidade administrativa.
respeitou o definido no pacote legislativo autárquico Tabela: Categorização remuneratória dos membros por
aprovado em 1997. Essa legislação não previa pagamentos função para as assembleias municipais
fixos (salários) aos membros das assembleias municipais mas
sim, o pagamento de senhas de presença.
Nível da Secretário Simples
PAM Vice-PAM
A legislação já acautelava que os membros dos orgãos Autarquia da AM Membro
municipais e de povoações não podiam ser prejudicados no
seu emprego permanente, carreira profissional e benefícios B 38.993.5 36.208.25 25.067.25 22.282,00
sociais por causa do exercício do seu mandato (n° 3 do C 27.796,3 25.810,85 17.869,05 15.883,6
artigo 96 da Lei n° 2/97, de 18 de Fevereiro). Isto é, enquanto D 27.796,3 25.810,85 17.869,05 15.883,6
membros das assembleias municipais mantinham-se também Vila 11.922,4 11.070,8 7.664,4 6.812,8
no exercício das funções inerentes a sua carreira profissional1.
Nesse contexto, estava claro que o membro da AM era Os valores apresentados nesta tabela representam os tectos
pago, apenas, em função da sua participação nas sessões da máximos de remuneração podendo, na prática, sofrer alguma
assembleia, ou outro tipo de actividades do órgão (senha de diminuição resultante da capacidade local de captação de
presença), nos meses em que isso não acontecesse não teria receita. Pois, a Lei n° 1/2008 de 16 de Janeiro, estabelece
nenhuma remuneração. que as remunerações dos titulares e membros dos órgãos
No entanto, com o decorrer do tempo este cenário viria a municipais são estabelecidos pela respectiva Assembleia
mudar, em 2008, com a aprovação do Decreto n° 31/2008 de 24 Autárquica dentro dos parametros fixados por lei e só podem
de Julho, que estabeleceu os limites máximos de remuneração ser suportadas pelas receitas próprias da autarquia e, em
dos titulares e membros das autarquias locais2. Desta feita, nenhum caso, podem ultrapassar o limite máximo de 40% das
a remuneração do Presidente do Conselho Municipal, dos mesmas.
Vereadores, do Presidente e Vice-presidente da Assembleia Desta forma, fica claro que o valor auferido pelos títulares e
Municipal, do respectivo Secretário de Mesa e dos Membros membros dos órgãos municipais varia em função do nível da
da Assembleia Municipal passou a ser por equiparação das autarquia e da capacidade de captação de receita ao nível
funções de direcção e chefia. local.
De acordo com o Decreto n°31/2008 de 24 de Julho, as No entanto, depois da eliminação das senhas vários são os
remunerações dos orgãos das autarquias locais são definidas desafios que se colocam em relação a remuneração dos
pela assembleia autárquica, de acordo com as capacidades titulares e membros dos órgãos municipais. Por exemplo,
financeiras da respectiva autarquia local devendo obedecer a actualização sucessiva da legislação causa problemas


1
Essa situação ainda é acautelada pela actual legislação como pode se ver na redação do n° 3 do artigo 97
3
Presidente do Conselho Municipal de Maputo (cidade de nível A) recebe até 3 vezes o valor do Grupo 1.
da Lei n° 6/2018 de 3 de Agosto alterada e republicada pela Lei n° 13/2018 de 17 de Dezembro. O Presidente do Conselho Municipal de uma cidade de nível B recebe até ao limite máximo do valor do

2
Em relação ao Município de Maputo, gozando de estatuto especial, a remuneração dos titulares e Grupo 1. Para o de nível C e D recebe até ao limite máximo do valor do Grupo 6.02 enquanto o Presidente
membros dos órgãos deste município é definido por lei específica. Nesse contexto, o Decreto n° 32/2008 do Conselho Municipal de uma Vila recebe até ao limite máximo do valor do Grupo 11. No entanto, em
de 24 de Julho, aprova os parâmetros e limites máximos da remuneração do Presidente do Conselho conformidade com as alterações introduzidas pelos Decretos nos 54/2009 de 8 de Setembro e 20/2013
Municipal, dos vereadores, Presidente e vice-Presidente da Assembleia Municipal, do respectivo de 15 de Maio: o grupo 1 passou para 4 significando que o PCM de Maputo recebe até 3 vezes o salário do
secretário da mesa e membros da Assembleia Municipal de Maputo, com base na equiparação das grupo 4 e os PCM de nível B até ao limite máximo do valor do grupo 4, respectivamente.
funções de direcção e chefia.
de interpretação dos dispositivos havendo situações de Mantendo o actual espírito de remuneração dos membros
municípios que procedem ao pagamento de salários elevados das Assembleias Provinciais, não se corre o risco de encontrar
aos titulares e membros dos órgãos autárquicos em virtude membros de algumas assembleias municipais a serem
de estar a usar os grupos de funções aprovados pelo Decreto bem remunerados comparativamente aos membros das
31/2008 de 24 de Julho já revogados. assembleias provinciais? Que implicações isso poderá trazer?
No contexto actual não há dúvidas que alguns membros
Por outro lado, a eliminação das senhas de presença para
das assembleias municipais podem estar a ter remunerações
remunerações fixas, cria constrangimentos ao executivo
mais elevadas que os membros das assembleias provinciais.
municipal sobretudo nos municípios cuja base tributária é
Uma vez que, de acordo com o Decreto n° 54̸2010 de 22
extremamente incipiente, obrigando o executivo a enveredar
de Novembro, os titulares e membros das assembleias
por ilegalidades como o uso do Fundo de Investimento
provinciais têm direito ao subsídio mensal fixado com base na
Autárquico (FIA) e Fundo de Compensação Autárquico (FCA)
tabela remunetória aplicável às funções de direcção, chefia e
para pagamento de remunerações aos titulares e membros
confiança do aparelho do Estado nos seguintes termos:
dos órgãos da autarquia. Esta situação revela o incumprimento
do limite de 40% das receitas próprias para as remunerações a) Presidente da Assembleia Provincial, grupo salarial 9;4
e despesas de funcionamento do órgão deliberativo definido
b) Vice-Presidente da Assembleia Provincial, grupo salarial 9.2;
pela Lei n° 1/2008 de 16 de Janeiro.
c) Membros das Assembleias Provinciais, grupo salarial 11;
Esta situação de apesar de os municípios estarem
categorizados em níveis existirem alguns que pagam acima do Em termos práticos, para se estimar quanto recebem têm
limite estipulado por lei causa desconforto nos municípios em que ter em conta as actualizações feitas, principalmente pelo
que os membros recebem menos. E obriga sempre os órgãos Decreto n° 20̸2013 de 15 de Maio, que cria novos Grupos de
de controlo interno e externo a intervir nesses casos. Funções e altera algumas das percentagens constantes do
Anexo III do Decreto n°54̸2009, de 8 de Setembro com as
alterações introduzidas pelo Decreto n°22̸2011, de 11 de
A questão remuneratória Junho, relativa as funções de Direcção, Chefia, e Confiança.
Desta feita o subsídio do Presidente da Assembleia Provincial
ao nível das Assembleias é de 30.582,00 meticais, o Vice-Presidente da Assembleia
Provincial 25.783,00 meticais enquanto os simples membros
Provinciais das Assembleias provinciais têm subsídio mensal de 17.032,00
Ao nível das Assembleias Provinciais, desde que elas foram meticais, conforme ilustra a tabela abaixo.
criadas, o valor de remuneração dos membros é fixo para Tabela: Categorização remuneratória dos membros por
todas as províncias. E a questão que se coloca, logo a partida, função para as Assembleias Provinciais
é como será isso no futuro com aprovação da nova legislação
dos orgãos de governação descentralizada? Categoria PAP Vice-PAP Simples Membro
No contexto actual a remuneração dos membros da
Valor 30.582,00 25.783,00 17.032,00
Assembleia Provincial é fixada centralmente pelo Conselho de
Ministros e trata-se de um valor fixo para todas assembleias
provinciais. Assumindo que a lei n° 6/2019 de 31 de Maio que Como se referiu anteriormente, no actual cenário alguns
estabelece o quadro legal sobre a organização, composição membros das assembleias municipais podem estar a ser
e o funcionamento da Assembleia Provincial deixa em melhor remunerados que os das Assembleias Provinciais, o
aberto os critérios de remuneração dos futuros membros das que não deixa de ser problemático se olhar para a dimensão
assembleias provinciais ao apontar no seu artigo 70 que a do círculo eleitoral de cada um, respectiva área autárquica
remuneração e demais subsídios dos membros da assembleia para o membro da assembleia municipal e a província para o
provincial são fixados por decreto do Conselho de Ministros. membro da assembleia provincial.
Além destes subsídios e remunerações a serem ainda fixados, Se se pensar na possibilidade de se adoptar um modelo
no seu artigo 68 a lei avança que os membros terão, dentro de remuneração como o instituido ao nível das autarquias
dos seus direitos e regalias, senhas de presença e transporte locais a questão que merece especial atenção e reflexão é a
para as sessões. seguinte: Se ao nível das autarquias locais a remuneração é
Uma questão pontual a se levantar é qual seria a diferença fixada tendo como base o nível da unidade administrativa (se
entre essas senhas referidas nesta lei com as inicialmente é cidade de nível A, B, C e D ou vila) como será isso ao nível
usadas nas assembleias municipais? Serão essas senhas para das províncias? Que outros critérios poderão ser agregados
qualquer membro da assembleia ou para alguns que ocupam visto que a ideia dos níveis não se aplica, uma vez que elas não
cargos dentro do órgão? estão categorizadas?


4
Actualmente está enquadrado no grupo salarial 7.1.
Para as autarquias outro critério tomado em conta é o nível Estado moçambicano, como serão estabelecidas as relações
de captação de receitas, isto é, 40% das receitas produzidas inter-governamentais?
localmente é usada para o pagamento aos titulares e membros
dos orgãos municipais. E para as províncias como seria isso?
Esta é uma outra questão que merece especial atenção neste Considerações Prévias
contexto: que valor percentual da receita produzida ao nível Este estudo procurou discutir as actuais modalidades de
da província seria usado para o pagamento dos titulares remuneração dos membros das Assembleias Provinciais
e membros dos orgãos de governação descentralizada em comparação com o sistema remuneratório municipal
provincial? procurando para o efeito, levantar algumas questões para
reflexão em relação ao actual sistema, ao mesmo tempo
Outra questão não menos importante recai sobre a autonomia
perspectivando o que pode vir a ser o sistema remuneratório
financeira dos órgãos de governação descentralizada que é
das futuras Assembleias Provinciais a saírem das eleições de 15
em relação a base tributária desses órgãos. Donde irão provir
de Outubro de 2019.
os recursos para remuneração dos membros das assembleias
provinciais? Do Orçamento Geral do Estado ou de receitas Assim, para o sistema de remuneração das Assembleias
próprias? Sendo receitas próprias, que tipo de taxas e impostos Autárquicas tanto quanto com as Provinciais encontram um
serão colectados e usados exclusivamente ao nível provincial. desafio em aprimorar os mecanismos legais que garantem a
Ou seja dentro deste novo figurino da descentralização do sua operacionalização.

Referências
Lei nº2/97, de 18 de Fevereiro: Lei do quadro jurídico- e Especial do Sistema de Carreiras e Remuneração, bem
legal para a implantação das autarquias locais. Maputo: como vencimento de referência das funções de Direcção,
Imprensa Nacional Chefia e Confiança, aprovados pelo Decreto n° 54/2009,
Lei n° 6/2018, de 3 de Agosto: Altera a Lei n.º 2/97, de 18 de 8 de Setembro.
de Fevereiro, que estabelece o quadro jurídico-legal para Decreto n° 54/2010 de 22 de Novembro: Fixa o subsídio
a implantação das autarquias locais. mensal e demais direitos e regalias dos titulares e
Lei n.º 8/2003 de 19 de Maio: Estabelece princípios membros das Assembleias Provinciais.
e normas de organização, competências e de Decreto n° 31/2008, de 24 de Julho: Aprova os parâmetros
funcionamento dos órgãos locais do Estado nos e limites máximos da renumeração do Presidente do
escalões de Província, Distrito, Posto Administrativo e de Conselho Municipal, dos vereadores, do Presidente e
Localidades Vice-Presidente da Assembleia Municipal, do respectivo
Lei nº 5/2007 de 9 de fevereiro: Estabelece o quadro Secretario de Mesa e dos membros da Assembleia
jurídico para implantação das Assembleias Provinciais e Municipal das autarquias Locais.
define sua composição, organização, funcionamento e Decreto n° 32/2008, de 24 de Julho: Aprova os parâmetros
competências. e limites máximos da renumeração do Presidente do
Lei n° 6/2019 de 31 de Maio: Estabelece o quadro legal Conselho Municipal, dos vereadores, do Presidente e
sobre a organização, composição e o funcionamento da Vice-Presidente da Assembleia Municipal, do respectivo
Assembleia Provincial. Secretario de Mesa e dos membros da Assembleia
Municipal de Maputo.
Lei nº 1/2008 de 16 de Janeiro: Define o regime financeiro,
orçamental e patrimonial das Autarquias Locais Decreto n°20/2013 de 15 de Maio, que cria novos Grupos
de Funções e altera algumas das percentagens constantes
Resolução nº40/2012, de 20 de dezembro: Aprova a do Anexo III do Decreto n°54/2009, de 8 de Setembro
Política e Estratégia da Descentralização (PED) com as alterações introduzidas pelo Decreto n°22/2011,
Decreto n° 39/2019, de 20 de Maio: Fixa o valor de índice de 11 de Junho, relativa as funções de Direcção, Chefia, e
100 das tabelas indiciárias das Carreiras de regime Geral Confiança.

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