A Constituição de 1988 modifica profundamente a posição dos Municípios
na Federação, porque os consideram componentes da estrutura federativa. Acolhe- se assim a reivindicação de municipalistas clássicos, como Hely Lopes Meirelles e Lordelo de Melo, que pleitearam com insistência e veemência a inclusão dos Municípios no conceito de nossa Federação. O Município Brasileiro é entidade estatal integrante da Federação, como entidade politico-administrativa, dotada de autonomia politica, administrativa e financeira. Essa é uma peculiaridade do Município brasileiro. Sua inclusão como entidade federativa teria que vir acompanhada de consequências, tais como o reconhecimento constitucional de sua capacidade de auto-organização mediante cartas próprias e a ampliação de sua competência, com a liberação de controles que o sistema até então vigente lhe impunha especialmente por via de leis orgânicas estabelecidas pelos Estados. A característica básica de qualquer Federação está em que o poder governamental se distribui por unidades regionais. Essa distribuição é dual, formando-se duas órbitas de governo: a central e as regionais (União e Estados federados) sobre o mesmo território e o mesmo povo. Autonomia significa capacidade ou poder de gerir os próprios negócios, dentro de um círculo prefixado por entidade superior. As constituições até agora outorgavam aos Municípios o governo próprio e a competência exclusiva que correspondem ao mínimo para que uma entidade territorial tenha autonomia constitucional. Da capacidade de Auto-organização o art. 29 da Constituição estatui que o Município se reja por lei orgânica, votada em dois turnos, com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição e na Constituição do respectivo Estado. A lei orgânica própria é uma espécie de constituição municipal. Cuidará de discriminar a matéria de interesse local de competência exclusiva do Município, observadas as peculiaridades locais, bem como a matéria de competência comum que a constituição lhe reserva juntamente com a União e os Estados a suplementar da legislação federal e estadual.
Governo Municipal é constituído pelo Prefeito e pela Câmara Municipal. O
Município não tem e continuará a não ter órgão jurisdicional próprio. Ao Município, pois, só foram atribuídas duas funções governamentais básicas: a função legislativa e a função executiva, no que tange à matéria de sua competência. Legislação e Administração constituem as funções fundamentais que integram a competência municipal. Caberá à lei orgânica de cada município discriminar as funções de competência do Prefeito, que grosso modo, se distinguem em funções governo e em funções administrativas. A Câmara Municipal, que é o órgão do Poder Legislativo local, deverá ter também suas atribuições discriminadas pela lei orgânica do respectivo município, as quais se desdobram em quatro grupos: A função legislativa que é exercida com a participação do Prefeito. No exercício dessa função é que ela legisla sobre as matérias de competência do Município. A função meramente deliberativa por meio da qual a Câmara exerce atribuições de sua competência privativa que envolve a prática de atos concretos, de resoluções, referendários, de aprovação, de autorização, de fixação de situações, e de julgamento técnico. A função fiscalizadora, de grande relevância, tanto que é prevista na constituição, que declara que a fiscalização financeira e orçamentária do Município será exercida pela Câmara Municipal, mediante controle externo. A função julgadora pela qual a Câmara exerce um juízo politico, quando lhe cabe julgar o Prefeito e os Vereadores por infrações político-administrativas. A repartição de rendas tributárias, examinada mais adiante, reforça consideravelmente essa nova posição dos municípios, que poderão, assim, prestar imensos serviços às comunidades locais, com o que estarão contribuindo decisivamente para a consolidação da democracia brasileira. Administração Pública é o conjunto de meios institucionais, materiais, financeiros e humanos coordenados à execução das decisões políticas. O art. 37 da Constituição emprega a expressão Administração Pública nos dois sentidos. Como conjunto orgânico, ao falar em administração pública direta, indireta e fundacional dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A administração municipal pode descentralizar-se, de onde a formação, de um lado, de administração centralizada, como conjunto de órgãos administrativos subordinados diretamente ao Poder Executivo, os quais integram a estrutura da Prefeitura e é chamada, por isso, Administração Direta; e, de outro lado, de administração descentralizada, formada pelos órgãos integrados em entidades personalizadas de prestação de serviços ou exploração de atividades econômicas, vinculadas a órgãos do Poder Executivo, de onde denominar-se Administração Indireta, existindo ainda a administração fundacional. Entidade fundacional e administração fundacional são expressões sinônimas de fundação instituída pelo Poder Público. Os municípios gozam de autonomia de autoadministração, pelo que podem criar órgãos superiores de sua administração. Os de tamanho pequeno e médio não necessitam, porém, manter estruturas de secretarias como órgãos de sua administração superior. As Prefeituras que são as estruturas administrativas do Poder Executivo Municipal podemter nos municípios pequenos organizações mais simples, tais como Departamentos, Coordenadorias, Serviços, Divisões, que são órgãos mais complexos, com certa conotação política, que se justificam nos grandes municípios, especialmente no das capitais. A divisão distrital, até o momento, sempre fora de natureza puramente administrativa com alguns serviços estaduais, como registro civil, registro imobiliário, delegacias de polícia, ou municipais como postos de arrecadação, serviços de limpeza pública. Princípios Constitucionais da Administração Pública são os da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade. O princípio da legalidade é a nota essencial do Estado de Direito. É da sua substancia subordinar-se à Constituição e à legalidade democrática. O princípio ou regra da impessoalidade da administração pública significa que os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário. O princípio da moralidade, a ideia subjacente ao princípio á a de que moralidade administrativa não é moralidade comum, mas moralidade jurídica. Essa consideração não significa necessariamente que o ato legal seja honesto, significa que a moralidade administrativa consiste no conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina da Administração. A publicidade sempre foi tida como um princípio administrativo, porque se entende que o Poder Público, por ser público, deve agir com a maior transparência possível a fim de que os administrados tenham a toda hora, o conhecimento o que os administradores estão fazendo. O fundamento específico dessa autonomia está traduzido no art. 39, segundo o qual os Municípios instituirão no âmbito de sua competência, regime jurídico e planos de carreira, para os servidores da Administração direta, das autarquias e das fundações públicas. A unidade jurídica importa em que todos os servidores da Administração direta, das autarquias e das fundações sejam submetidos a idênticos critérios de recrutamento, de provimento, de progressão da carreira, de retribuição, de aferimento de vantagens e direitos, de submissão a deveres, responsabilidades e processos administrativos, sem embargo da possibilidade da existência de carreiras diversificadas em função da complexidade das várias áreas de atuação administrativa. A função administrativa é exercida por agentes administrativos, ou seja, nos termo da constituição, por servidores públicos mediante a ocupação de um cargo, emprego função autônoma ou por contratação. A constituição estatui que os cargos, empregos e funções são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei. O princípio da acessibilidade aos cargos e empregos públicos visa essencialmente realizar o princípio do mérito que se apura medianteinvestidura por concurso público de provas ou de provas e títulos. A exigência de aprovação prévia m concurso público implica a classificação dos candidatos e nomeação na ordem prioritária dessa classificação. O sistema tributário nacional compõe-se de tributos, que são os impostos, as taxas e contribuições. O poder de tributar é a capacidade de impor tributos. Fundamenta-se no poder político ou poder de império, que é atribuído as entidades estatais. A constituição estabelece que aos municípios compete instituir as taxas de polícia e de serviços indicadas a contribuição de melhoria, e os impostos, bem como a contribuição social, cobrada de seus servidores, para custeio em benefício destes, de sistemas de previdência e assistência social. Integram o sistema tributário dos municípios os seguintes impostos: Imposto sobre a propriedade predial territorial urbana; Imposto sobre a transmissão intervivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; Os Municípios poderão instituir taxas em razão do exercício do poder de polícia local ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados por eles ao contribuinte ou postos à disposição deste. São, como se vê, de duas espécies: Os Municípios como hoje, poderão continuar a cobrar contribuição de melhoria, pela valorização de imóveis decorrente de obras públicas. O parágrafo único do art. 149 da Constituição prevê a possibilidade de os municípios criarem uma contribuição, a ser cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de sistemas de previdência e assistência social. A autonomia dos Municípios, por outro lado, fica mais bem embasada, porque o fortalecimento das suas finanças se apóia não apenas na técnica do feudalismo cooperativo, que é um elemento enfraquecido da autonomia, mas pelo acréscimo de fontes próprias na partilha competência tributária, com autorga de mais dois tributos: o de transmissão inter vivos e o de vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos, este último de boa rentabilidade e fácil arrecadação. Os fundamentos das duas amplas perspectivas da política urbana: uma que tem como objeto o desenvolvimento adequado do sistema de cidades (planejamento interurbano) em nível nacional ou macrorregional de competência federal; e a outra que considera o desenvolvimento urbano no quadro do território municipal (planejamento interurbano) de competência local. Planejamento urbanístico é um processo técnico instrumentado para transformar a realidade urbana existente no sentido de objetivos previamente estabelecidos. Só quando o processo de planejamento elabora e executam planos é que ingressa no ordenamento jurídico por seu caráter transformador e invocativo. Os planos urbanísticos constituem os instrumentos pelos quais se realiza o processo de planejamento urbano. A competência do Município para promover, no que couber adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. Isso não é competência suplementar, não. É competência própria, exclusiva, que não comporta interferência nem da União nem do Estado. Usucapião Pró-Moradia é tratada no art. 183 da Constituição institui a usucapião pró-moradia, em favor de quem possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, desdeque não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Bibliografia
SILVA, José Afonso da. O Município na Constituição de 1988. São Paulo:
Instrumentos Empregados no Estado Democrático de Direito para persuadir o cidadão a respeito de sua responsabilidade tributária: coerção, incentivo e educação