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DIREITO

ADMINISTRATIVO
Profº MSc. Luiz Felipe Machado
DESCENTRALIZAÇÃO PARA PESSOA
PÚBLICA - AUTARQUIA

 Autarquias são entes administrativos autônomos, criados por


lei específica, com personalidade jurídica de Direito Público
interno, patrimônio e atribuições estatais específicas.

 A autarquia é forma de descentralização administrativa,


através da personificação de um serviço retirado da
Administração centralizada. Por esta razão, a autarquia só
deve ser outorgado serviço público típico, e não atividades
industriais ou econômicas, ainda que de interesse coletivo.
DESCENTRALIZAÇÃO PARA PESSOA
PÚBLICA - AUTARQUIA
 A personalidade da autarquia, por ser de Direito Público, nasce
com a lei que a instituiu, independentemente de registro; a
personalidade das fundações, empresas governamentais e dos
entes de cooperação (serviços sociais autônomos e organizações
sociais), por ser de Direito Privado, nasce com o registro de seu
estatuto, elaborado segundo a lei que autoriza a sua criação.

 A doutrina é concorde no assinalar as características das


entidades autárquicas, ou seja, a sua criação por lei específica
com personalidade de Direito Público, patrimônio próprio,
capacidade de auto-administração sob controle estatal e
desempenho de atribuições públicas típicas. Sem a conjunção
desses elementos não há autarquia.
DESCENTRALIZAÇÃO PARA PESSOA
PÚBLICA - AUTARQUIA
 A autarquia não age por delegação; age por direito próprio e com
autoridade pública, pois como pessoa jurídica de Direito Público
interno, a autarquia traz ínsita, para a consecução de seus fins, uma
parcela do poder estatal que lhe deu vida. Sendo um ente
autônomo, não há subordinação hierárquica da autarquia para com a
entidade estatal a que pertence, porque, se isto ocorresse, anularia
seu caráter autárquico. Há mera vinculação à entidade-matriz, que,
por isso, passa a exercer um controle legal, expresso no poder de
correção finalística do serviço autárquico.

 A autarquia por ser um instrumento de descentralização de serviço


público, pode ser criada por qualquer entidade estatal, seja União,
Estado-membro, Município, desde que atenda aos requisitos formais
e materiais de sua instituição, organização e funcionamento.
AUTARQUIA
Características
 A autarquia, sendo um prolongamento do poder público, deve
executar serviços próprios do Estado, em condições idênticas às do
Estado, com os mesmos privilégios da Administração-matriz e
passíveis dos mesmos controles dos atos administrativos. O que
diversifica a autarquia do Estado são os métodos operacionais de
seus serviços, mais especializados e mais flexíveis que os da
Administração Centralizada.

 Embora identificada com o Estado, a autarquia não é entidade


estatal, é simples desmembramento administrativo do Poder Público.
Para tanto, assume as mais variadas formas e rege-se por estatutos
peculiares à sua destinação. Essa necessidade de adaptação dos
meios aos fins é que justifica a criação de autarquias, com estrutura à
prestação de determinados serviços públicos especializados.
AUTARQUIA
Características
 Instituição: a criação das autarquias, faz-se por lei específica
(artigo 37, inciso XIX, da CRFB/88), mas a organização se opera por
decreto, que aprova o regulamento ou estatuto da entidade, e daí
por diante sua implantação se complete por atos da diretoria, na
forma regulamentar ou estatutária, independentemente de
quaisquer registros públicos.

 Patrimônio inicial: é formado com a transferência de bens móveis


e imóveis da entidade-matriz, os quais se incorporam ao ativo da
nova pessoa jurídica. A transferência de imóveis ou é feita
diretamente pela lei instituidora, caso em que se dispensa o
registro, ou a lei apenas autoriza a incorporação, a qual se efetivará
por termo administrativo ou por escritura pública, para a
necessária transcrição no registro imobiliário competente.
AUTARQUIA
Características
 Bens e rendas: os bens e rendas das autarquias são considerados
patrimônio público, mas com destinação especial e administração
própria da entidade a que foram incorporados, para realização de
seus objetivos legais e estatutários. Podem ser utilizados, onerados
e alienados, para os fins da instituição, na forma regulamentar ou
estatutária, independentemente de autorização legislativa especial,
salvo para os bens imóveis, porque essa autorização está implícita
na lei que a criou ou outorgou-lhes os serviços com os consequentes
poderes para bem executá-los. Por esta razão os atos lesivos ao
patrimônio autárquico são passíveis de anulação por ação popular.

 Orçamento: é formalmente idêntico aos das entidades estatais,


com as peculiaridades indicadas nos artigos 107 a 110 da Lei nº
4.320/64 e adequação pelo disposto no artigo 165, § 5º da CRFB/88.
AUTARQUIA
Características
 Dirigentes: os dirigentes são investidos nos respectivos cargos na
forma que a lei ou seu estatuto estabelecer.

 Atos dos dirigentes: estes equiparam-se aos atos administrativos,


por isso, devem observar os mesmos requisitos para sua expedição,
com atendimento específicos das normas regulamentares e
estatutárias da instituição, sujeitando-se aos controles internos e ao
exame de legalidade do judiciário, pelas vias comuns (ações
ordinárias) ou especiais (mandado de segurança e ação popular).

 Contratos: os contratos das autarquias estão sujeitos a licitação por


expressa determinação do artigo 1º, parágrafo único, da Lei nº
8.666/93 e do artigo 37, inciso XXI, da CRFB/88, sendo nulos quando
não a realizarem ou fraudarem o procedimento licitatório.
AUTARQUIA
Características

 Pessoal: o pessoal das autarquias ou de cada autarquia está


sujeito ao regime jurídico previsto pela lei da entidade-matriz.
Assim, após a EC/19, que suprimiu a obrigatoriedade de um
regime jurídico único, a lei federal, estadual, distrital ou
municipal poderá estabelecer o mesmo regime dos servidores
da Administração direta ou regime próprio, para todas ou para
determinada autarquia. ATENÇÃO, JULGAMENTO DA ADIN
Nº 2.135-4 PELO STF.
AUTARQUIA
Privilégios

• As autarquias brasileiras nascem com os privilégios


administrativos (não políticos) da entidade estatal que as
institui, auferindo também as vantagens tributárias e as
prerrogativas processuais da Fazenda Pública, além que lhes
forem outorgados por lei especial, como necessários ao bom
desempenho das atribuições da instituição.
AUTARQUIA
Privilégios
 Os privilégios das autarquias em geral são os seguintes: imunidade de
impostos sobre seu patrimônio, renda e serviços vinculados às suas
finalidades essenciais ou delas decorrentes, previstos na Constituição
Federal em seu art. 150, § 2º; prescrição qüinqüenal de suas dívidas
passivas, conforme Decreto-lei 4.597/42; execução fiscal de seus
créditos inscritos, Lei nº 6830/1983; ação regressiva contra seus
servidores culpados por danos a terceiros (CF, art. 37, § 6º);
impenhorabilidade de seus bens e rendas (CF, art. 100 e parágrafos);
impossibilidade de usucapião (Decreto lei º 9.760/46, artigo 200);
recurso de ofício nas sentenças que julgarem improcedentes a
execução de seus créditos fiscais (STF - Súmula 620); prazo em
quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (CPC, artigo 188, e
Decreto Lei nº 7.659/45); pagamento de custas só a final, quando
vencidas (CPC, artigo 27); juízo privativo da entidade estatal a que
pertencem (CF, artigo 109, inciso I), dentre outros.
AUTARQUIA
Privilégios

 Além desses privilégios, existem outros de caráter


administrativo que sejam concebidos às entidades estatais,
tendo em vista facilitar o desempenho da função pública.

 Ademais, a realidade jurídica impede que qualquer autarquia


dispute preferência com as entidades estatais ou a elas se
sobreponha em direitos e vantagens, ainda que o ente
autárquico pertença a uma esfera estatal de grau superior.
AUTARQUIA
Controle

 Controle autárquico é a vigilância, orientação e correção que a


entidade estatal exerce sobre os atos e a conduta dos
dirigentes de suas autarquias. Mas este controle não é pleno,
nem ilimitado. É restrito aos atos da administração superior e
limitado aos termos da lei que o estabelece, para não suprimir
a autonomia administrativas dessas entidades. Observa-se,
que os desmandos administrativos e o excesso de despesas
das autarquias levaram o Governo federal a estabelecer rígidos
controles financeiros.
AUTARQUIA
Controle
 Sendo as autarquias serviços públicos descentralizados,
personalizados e autônomos, não se acham integradas na estrutura
orgânica do Executivo, nem hierarquizadas a qualquer chefia, mas
tão-somente vinculados a administração direta, compondo,
separadamente, a Administração indireta do Estado com outras
entidades autônomas (fundações, empresas públicas e sociedades
de economia mista). Por esse motivo não se sujeitam ao controle
hierárquico mas a um controle diverso, finalístico, atenuado,
normalmente de legalidade e excepcionalmente de mérito, visando
unicamente a mantê-las dentro de suas finalidades institucionais,
enquadradas no plano global da Administração a que se vinculam e
fiéis às suas normas regulamentadoras. É um controle de orientação
e correção superiores, só apreciando os atos internos e a conduta
funcional de seus dirigentes em condições especialíssimas,
autorizadas em lei.
AUTARQUIA
Controle
 O controle das autarquias realiza-se na tríplice linha política,
administrativa e financeira, mas todos esses controles estão vinculados
aos termos da lei que os estabelece.

 Política: normalmente se faz pela nomeação de seus dirigentes pelo


Executivo.

 Administrativo: se exerce através da supervisão ministerial ou de órgão


equivalente no âmbito estadual ou municipal, bem como por meio de
recursos administrativos internos e externos, na forma regulamentar.

 Financeiro: opera nos moldes da Administração direta, inclusive


prestação de contas ao Tribunal competentes, por expressa
determinação constitucional (artigo 71, inciso II).
AUTARQUIA
Em regime especial
 Algumas leis referem-se a autarquias de regime especial, sem contudo
apresentar um conceito, assim Hely Lopes Meirelles conceitua como “toda
aquela a que a lei instituidora conferir privilégios específicos e aumentar a
sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns, sem infringir
os preceitos constitucionais pertinentes a essas entidades de personalidade
pública”.

 O que posiciona a autarquia como regime especial são as regalias que a lei
criadora lhe confere para o pleno desempenho de suas finalidades
específicas, observadas as restrições constitucionais. Assim, são
consideradas autarquias de regime especial o Banco Central do Brasil, a
Comissão Nacional de Energia Nuclear, a Universidade de São Paulo,bem
como as entidades encarregadas, por lei, dos serviços de fiscalização de
profissões regulamentadas (CONFEA e congêneres), dentre outras que
ostentam características próprias na sua organização, direção,
operacionalidade e gestão de seus bens e serviços.
AUTARQUIA
Agências reguladoras
 Mais recentemente, o Estado tem criado agências reguladoras, sob a forma
de autarquias de regime especial.

 Com a política governamental de transferir para o setor privado a execução


de serviços públicos, reservando ao Estado a regulamentação, o controle e
a fiscalização desses serviços, houve a necessidade de criar, na
Administração, agencias especais destinadas a esse fim, no interesse dos
usuários e da sociedade. Tais agências tem sido denominadas de agencias
reguladoras e foram instituídas como autarquias sob regime especial, com
o propósito de assegurar sua autoridade e autonomia administrativa. Com
essa finalidade, a Lei nº 9.427/96, instituiu a Agência Nacional de Energia
Elétrica – ANEEL, para regular e fiscalizar o setor de geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica; e a Lei 9.472/97, criou a Agência Nacional
de Telecomunicações – ANATEL, com o mesmo objetivo em relação ao
setor de telecomunicações, porque ambas as áreas estão sendo
privatizadas. Dentre outras agências.
AUTARQUIA
Agências reguladoras
 Estas agências foram criadas como autarquias sob regime
especial, considerando-se o regime especial como o conjunto de
privilégios específicos que a lei outorga à entidade para a
consecução de seus fins. No caso das agencias reguladoras até
agora criadas no âmbito da Administração Federal esses
privilégios caracterizam-se basicamente pelo independência
administrativa, fundamentada na estabilidade de seus dirigentes
(mandato fixo), autonomia financeira (renda própria e liberdade
de sua aplicação) e poder normativo (regulamentação das
matérias de sua competência). Entendeu-se indispensável a
outorga de amplos poderes a essas autarquias, tendo em vista a
enorme relevância dos serviços por ela regulados e fiscalizados,
como também o envolvimento de poderosos grupos econômicos
(nacionais e estrangeiros) nessas atividades.
AUTARQUIA
Agências reguladoras
 Essas agências reguladoras possuem aspectos comuns e alguns específicos,
em face da natureza dos serviços por elas controlados, podendo ser
destacados os seguintes:
• os administradores possuem mandato, só podendo ser destituídos por condenação
judicial transitada em julgado, improbidade administrativa ou descumprimento
injustificado das políticas estabelecidas para o setor ou pelo contrato de gestão;
• nomeação dos dirigentes pelo Presidente da República, com prévia aprovação dos nomes
pelo Senado Federal, nos termos do artigo 52, inciso III, alínea “f” da CRFB/88;
• edição de normas sobre matérias de sua competência;
• vedação ao ex-dirigente, até quatro meses depois de deixar o cargo, de representar
qualquer interesse perante a agencia, ou de prestar serviços a empresas sob sua
regulamentação;
• recursos próprios oriundos de taxa de fiscalização ou de autorizações específicas às suas
atividades;
• declaração de utilidade pública, para fins de desapropriação ou servidão administrativa,
das áreas necessárias ao concessionários, permissionários e autorizados de energia
elétrica (ANEEL).
AUTARQUIA
Agências reguladoras

 A autarquia é um prolongamento do Poder público, executa


serviços próprios do Estado, em condições idênticas ao
mesmo, com os mesmos privilégios da administração-matriz e
passíveis dos mesmos controles dos atos constitucionais. O
que diversifica a autarquia do Estado são os métodos
operacionais, que permitem maior flexibilidade de atuação,
com possibilidade de decisões rápidas e ações imediatas.
FUNDAÇÕES
Públicas e privadas
 As fundações, como universidade de bens personalizados, em
atenção ao fim, que lhe dá unidade, ou como um patrimônio
transfigurado pela ideia, que o põe ao serviço de um fim
determinado, sempre estiveram nos domínios do Direito Civil, sendo
consideradas pessoas jurídicas de Direito Privado (Decreto Lei nº
200/67).

 A uma discussão travada no direito brasileiro à respeito da natureza


jurídica da fundação, se pública ou privada. Formam-se duas
correntes: de um lado, a que defende a natureza privatística de todas
as fundações instituídas pelo poder público, e, de outro, a que
entende possível a existências de fundações com personalidade
pública ou privada, a primeira delas como modalidade de autarquia.
Após a Constituição de 1988, há quem entenda que todas as
fundações governamentais são pessoas jurídicas de direito público.
FUNDAÇÕES
Públicas e privadas
 Nos últimos tempos, porém, pelo fato de o Poder Público vir
instituindo fundações para prossecução de objetivos de interesse
coletivo – educação, ensino, pesquisa, assistência social etc -,
com a personificação de bens públicos e fornecendo subsídios
orçamentários para sua manutenção, passou-se a atribuir
personalidade pública a essas entidades, a ponto de a própria
Constituição da República de 1988, encampando a doutrina
existente, ter instituído as denominadas fundações públicas, ora
chamando-as de “fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público” (artigos 71, inciso II, III e IV; 169, parágrafo único; 150, §
2º; 22, inciso XXVII), ora de “fundações públicas” (artigos 37,
inciso XIX, e 19 das “Disposições Transitórias”), ora de “fundações
mantidas pelo Poder Público” (artigo 37, inciso XVII), ora,
simplesmente, de “fundação” (artigo 163, inciso II).
FUNDAÇÕES
Públicas e privadas
 Com esse tratamento, a Carta Magna transformou essas
fundações em entidades de Direito Público, integrantes da
Administração indireta, ao lado das autarquias e das empresas
governamentais. Nesse sentido, já decidiu o STF, embora na
vigência da Constituição anterior, que “tais fundações são
espécies do gênero autarquia”. Porém alguns doutrinadores
divergem de posicionamento, pois como uma entidade
(fundação) possa ser espécie de outra (autarquia) sem se
confundir nos seus conceitos. Todavia, a prevalecer essa
orientação jurisprudencial, aplicam-se às fundações de direito
público todas as normas, direitos e restrições pertinentes às
autarquias.
FUNDAÇÕES
Públicas e privadas
 A EC/19 deu nova redação ao inciso XIX do artigo 37 da CRFB/88,
deixando transparecer ter voltado ao entendimento anterior de
que a fundação é entidade com personalidade jurídica de Direito
Privado: “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste
último caso, definir as áreas de sua atuação”. A fundação foi
colocada ao lado as empresas governamentais (entidades de
Direito Privado), a lei não cria, apenas autoriza a criação, devendo o
Executivo tomar as providencias necessárias para o registro
determinante do nascimento da pessoa jurídica de direito Privado.
E mais: lei complementar deverá definir as áreas em que poderá
atuar a fundação, não podendo essa figura jurídica servir de
panaceia para qualquer atividade que a Administração pretenda
efetuar com relativa autonomia.
FUNDAÇÕES
Públicas e privadas
 Assim quando o Estado institui pessoa jurídica sob a forma de
fundação, ele pode atribuir a ela regime jurídico
administrativo,com todas a prerrogativas e sujeições que lhe
são próprias, ou subordiná-la ao Código Civil, neste último caso,
com derrogações por normas de direito público.

 Em cada caso concreto, a conclusão sobre a natureza jurídica da


fundação – pública ou privada – tem que ser extraída do exame
da sua lei instituidora e dos respectivos estatutos. Ainda que a
legislação federal considere a fundação como pessoa jurídica de
direito privado, nada impede que a lei instituidora adote regime
jurídico-publicístico, derrogando, no caso concreto, as normas
gerais estabelecidas pelo Decreto Lei nº 200/67.
FUNDAÇÕES
Finalidade não lucrativa

• As fundações em geral, e as fundações públicas em particular,


são instituídas visando ao desenvolvimento de alguma tarefa
social, sendo incompatível a obtenção de lucro.

• Porém, em determinados períodos pode ocorrer a superávit


das receitas auferidas em relação às despesas, apresentando
um saldo positivo que não pode ser considerada lucro, uma vez
que tal valor deverá ser aplicado integralmente nos objetivos
da entidade, e não distribuída entre seus dirigentes ou
diretores.
FUNDAÇÕES
Objeto

• As fundações públicas sempre devem atuar nas áreas de


interesse social, na prestação de serviços públicos. De acordo
com a redação do artigo 37, inciso XIX, da CRFB/88, alterado
pela Emenda Constitucional nº 19/98, as áreas serão
estabelecidas em lei complementar.

• Na ausência da referida lei complementar, considera-se que as


fundações públicas devem atuar principalmente nas áreas de
educação e ensino, assistência médica-hospitalar, assistência
social, atividades culturais e pesquisa.
FUNDAÇÕES
Imunidade Tributária

• Segundo a CRFB/88, em especial no artigo 150, § 2º, algumas


fundações, gozam da imunidade tributária recíproca, pela qual
se proíbe a incidência de impostos sobre seu patrimônio, renda
e serviços, desde que vinculados às suas finalidades essenciais
ou delas decorrentes.
FUNDAÇÕES
Controle Judicial e Administrativo
• Para as fundações públicas, independentemente de seu regime jurídico (público
ou privado), aplicam-se as mesmas observações tratadas para as autarquias, mas
com uma exceção no que se refere ao cabimento do mandado de segurança.

• O mandado de segurança, somente pode ser interposto “quando o responsável


pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público” (artigo 5º, inciso LXIX da
CRFB/88).

• Esse instrumento processual pode ser empregado para impugnar atos praticados
pelos dirigentes das fundações públicas de direito público, sem qualquer exceção,
em decorrência da personalidade jurídica da entidade, de direito público. Quanto
aos dirigentes das fundações públicas de direito privado, tal instrumento
somente pode ser utilizado quando esta desempenhar funções delegadas pelo
Poder Público, e apenas no que se referir a tais funções.
FUNDAÇÕES
Regime do Pessoal
• O art. 39 da Constituição, em sua redação original, exigia que
cada ente federativo instituísse um regime jurídico único
aplicável a todos os servidores da sua administração direta,
autárquica e fundacional. Já as fundações públicas de direito
privado só podem admitir seu pessoal permanente sob o
vínculo celetista.

• A EC 19/98, todavia, acabou com a obrigatoriedade de adoção


do referido regime jurídico único, de modo que, atualmente, a
União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município têm
liberdade na escolha do regime a que submeterão os
servidores da sua administração direta, de suas autarquias e
fundações públicas.
FUNDAÇÕES
Regime do Pessoal
• Porém o STF em julgamento da ADIN nº 2.135/DF, mandou
retornar para a redação original, com a exigência de regime
jurídico único e plano de carreira para os servidores da
Administração Pública Direta, autarquias e fundações públicas.

• Independentemente do regime de pessoal utilizado, às


autarquias e as fundações aplica-se a regra constitucional que
obriga à realização de concurso público (artigo 37, inciso II da
CRFB/88), bem assim a que veda a acumulação de cargos,
empregos e funções públicas (artigo 37, inciso XVII da
CRFB/88).
FUNDAÇÕES
Responsabilidade Civil

• Para a Administração Pública aplica-se a responsabilidade


objetiva (artigo 37, § 6º da CRFB/88) alcança as pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos.

• Portanto, as fundações de direito público aplica-se a


responsabilidade objetiva. Já as fundações públicas de direito
privado só se sujeitarão a responsabilidade objetiva quando
forem prestadoras de serviços públicos, ou seja, quando
atuarem na condição de delegatárias do Poder Público.
FUNDAÇÕES
Patrimônio
• Os bens das fundações de direito público são bens públicos,
possuindo todos os privilégios que caracterizam a tais bens, a
saber, inalienalbilidade, impenhorabilidade, imprescritibilidade
e não-onerabilidade.

• Já os bens das fundações públicas de direito privado são


considerados bens privados, não usufruindo dos privilégios
pertencentes aos bens públicos. O Professor Bandeira de
Mello, entre outros doutrinadores, entende que os bens dessas
entidades, quando vinculados à prestação de algum serviço
público, devem ser também considerados bens públicos, com
todos os privilégios daí decorrentes.
FUNDAÇÕES
Privilégios Processsuais

• As fundações públicas de direito público desfrutam de todos os


privilégios processuais outorgados às autarquias, já as de
direito privado se sujeitam às mesmas normas processuais que
as entidades privadas em geral.
FUNDAÇÕES
Atos e Contratos

• As fundações públicas de direito público praticam atos


administrativos e celebram contratos administrativos, sem
qualquer ressalva, usufruindo dos mesmos benefícios da
Administração Pública.

• Já as de direito privado, no desempenho da função


administrativa, também realizam atos administrativos e
celebram contratos de mesma natureza, porém, seus atos e
contratos são de caráter privado.
AGÊNCIAS EXECUTIVAS

 A lei que dispõe sobre a organização administrativa federal


(Lei nº 9.649/98, artigo 51), estabelece que o Poder Executivo
poderá qualificar como agencia executiva autarquia ou
fundação que tenha em andamento um plano estratégico de
reestruturação e desenvolvimento institucional e celebre com
o Ministério supervisor um contrato de gestão. O referido
plano estratégico definirá as diretrizes, políticas e medidas
voltadas para o fortalecimento institucional da entidade e
ampliação de sua autonomia, cujos aspectos básicos deverão
constar no contrato de gestão, que terá o prazo mínimo de um
ano.
AGÊNCIAS EXECUTIVAS
• A qualificação da autarquia ou fundação como agência
executiva, efetuado por ato específico do Presidente da
República, permitirá que ela ingresse em um regime especial,
usufruindo de determinadas vantagens previstas em leis ou
decretos.

• O objetivo é aumentar a eficiência da autarquia ou fundação,


mediante ampliação de sua autonomia paralelamente à
responsabilidade de seus administradores. O Controle far-se-à
através do contrato de gestão, que deverá prever a fixação de
metas de desempenho para a entidade, estabelecendo prazos
de sua realização e os critérios de avaliação de desempenho,
conforme previsto no § 8º do artigo 37 da CRFB/88.
AGÊNCIAS EXECUTIVAS

• Não será o contrato de gestão que concederá às vantagens


adicionais à autarquia ou fundação qualificada como agência
executiva. Como a Administração Pública domina o princípio
da legalidade, o contrato de gestão não é fonte de direitos. Ele
é simplesmente um fato jurídico que permite a aplicação de
determinados benefícios previstos em lei.
EMPRESAS ESTATAIS E
GOVERNAMENTAIS

• Na denominação genérica de empresas estatais ou


governamentais incluem-se as empresas públicas, as sociedades
de economia mista e as empresas que, não tendo as
características destas, estão submetidas ao controle do governo.

• Estas ultimas, surgiram no mundo jurídico nacional em momento


expansionista do Estado Brasileiro, em que empresas estatais
foram adquirindo outras, cujos objetos sociais eram depois
adaptados aos interesses do Poder Executivo. Surgiram, assim,
novas sociedades sem que tivesse havido qualquer autorização
legal, motivo pelo qual não poderiam ser reconhecidas com
empresas públicas ou sociedades de economia mista.
EMPRESAS ESTATAIS E
GOVERNAMENTAIS
• As empresas estatais são pessoas jurídicas de Direito Privado cuja criação é
autorizada por lei específica (salvo a exceção mencionada), com patrimônio
público ou misto, para a prestação de serviço público ou para a execução de
atividade econômica de natureza privada. Serviço público, no caso,
entendido no seu sentido genérico, abrangendo também a realização de
obras (estradas, edifícios, casas populares etc.).

• Na verdade as empresas estatais são instrumentos do Estado para a


consecução de seus fins, seja para atendimento das necessidades mais
imediatas da população (serviço público), seja por motivos de segurança
nacional ou por relevante interesse coletivo (atividade econômica). A
personalidade jurídica do Direito Privado é apenas a forma adotada para lhes
assegurar melhores condições de eficiência, mais em tudo e por tudo ficam
sujeitas aos princípios básicos da Administração Pública. Bem por isso, são
consideras como integrantes da Administração Indireta do Estado.
EMPRESAS ESTATAIS
Conceito
• Embora diferentes, as empresas públicas e as sociedades de economia mista
possuem diversos pontos em comum, motivo pelo qual seu estudo será feito em
conjunto, sendo apresentado ao final.

• Sociedades de economia mista podem ser conceituadas como pessoas jurídicas de


Direito Privado, integrantes da Administração Indireta, instituídas mediante
autorização em lei específica, sempre sob a forma de sociedade anônima,
constituídas com capital majoritariamente público, para o desempenho de
atividade econômica de produção ou comercialização de bens, ou para a prestação
de serviços públicos.

• Já as empresas públicas tratam-se pessoas jurídicas de Direito Privado, também


integrantes da Administração Indireta, instituídas pelo Poder Público mediante
autorização em lei específica, com capital exclusivamente público, para a prestação
de serviço público a realização de atividade econômica de relevante interesse
coletivo, podendo revestir-se de qualquer forma e organização empresarial.
EMPRESAS ESTATAIS
Personalidade Jurídica
• As empresas públicas e as sociedades de economia mista serão sempre
entidades com personalidade jurídica de direito privado, nos termos do artigo
173, § 1º, inciso II da CRFB/88, independente da atividade que desempenham, a
qual pode consistir na exploração de atividade econômica ou na prestação de
serviços públicos.

• A personalidade de direito privado dessas entidades deve ser compreendida em


seus devidos termos. Acerca deste ponto, faz-se relevante transcrever a arguta
observação do Professor Bandeira de Mello, vazada nos seguintes termos:
“Empresas públicas e sociedades de economia mista são, fundamentalmente e
acima de tudo, instrumentos de ação do Estado. O traço essencial
caracterizador dessas pessoas é o de se constituírem em auxiliares do Poder
Público; logo, são entidades voltadas, por definição, à busca de interesses
transcendentes aos meramente privados. Sua personalidade de direito privado
não desnatura esta evidência. O principal, sua finalidade, não pode ser relegado
em função do acidental, sua natureza jurídica. Jamais poderemos confundi-las
com as empresas em geral.”
EMPRESAS ESTATAIS
Criação
• Apesar se ser questão pacífica a aplicação da personalidade de direito
privado das empresas estatais, o artigo 37, inciso XIX, da CRFB/88 em sua
redação original, prescrevia para essas entidades uma forma de instituição
típica das pessoas jurídicas de direito público, pois para a criação de uma
sociedade de economia mista ou empresa pública era necessária apenas a
expedição de lei específica, a partir da qual estaria constituída a entidade,
sem necessidade de qualquer outro procedimento complementar.

• Mas em posição contrária, a melhor doutrina já havia sedimentado o


entendimento de que, em função da natureza privada deste gênero de
entidade, sua criação demandava, além da lei, um decreto emanado pelo
Poder Executivo. Após o decreto era levado a registro perante a Junta
Comercial ou no Registro de Pessoas Jurídicas, conforme a forma jurídica
adotada, momento em que se considerava constituída a entidade, com a
aquisição da sua personalidade jurídica.
EMPRESAS ESTATAIS
Criação
• Em consonância com esse entendimento, a Emenda Constitucional nº
19/98, alterou o texto do artigo 37, inciso XIX, da CRFB/88, continuando a
exigir lei específica, mas agora não para criar, mas para autorizar a
criação de uma sociedade de economia mista ou empresa pública. A partir
da lei autorizativa o Poder Executivo deve expedir um decreto, cujo
registro é efetuado no órgão competente, dando assim nascimento
jurídico da entidade.

• A exigência de lei específica autorizando a criação é inafastável,


entendendo a doutrina e a jurisprudência que, se não for respeitado este
requisito na formação de uma dessas entidades, na verdade estar-se-á
criando tão somente uma empresa governamental, sob controle acionário
do Estado. A esta empresa não se aplicará as normas constitucionais,
legais ou regulamentares aplicáveis às sociedades de economia mista e
empresas públicas, a não ser que haja disposição expressa neste sentido.
EMPRESAS ESTATAIS
Criação
• Importante ressaltar que o artigo 235, §2°, da Lei das Sociedades por Ações, o
qual afirma que às companhias de que participarem majoritária ou
minoritariamente a Administração Pública não são aplicáveis as normas da Lei
específicas para tais entidades, devendo elas serem tratadas como uma
sociedade anônima comum.

• A criação de subsidiárias das sociedades estatais ou sua participação em


empresas privadas demandam igualmente autorização legislativa, conforme
dispõe o artigo 37, inciso XX, da CRFB/88. A doutrina entendendo de que a própria
lei autorizadora da instituição da entidade estatal, disponha sobre a permissão
para a constituição de subsidiárias, não havendo a necessidade de a edição de lei
específica para tal finalidade, já que não consta qualquer impedimento neste
sentido no texto constitucional. Essa é a posição manifestada também pelo STF,
o qual já declarou que, uma vez editada a lei autorizativa específica para a criação
da entidade, se nela já houver a permissão para o estabelecimento de
subsidiárias, “o requisito da autorização legislativa (CF, art. 37, XX) acha-se
cumprido, não sendo necessária a edição de lei especial para cada caso”.
EMPRESAS ESTATAIS
Criação
• Para a extinção das empresas públicas e sociedades de economia
mista, também deve haver autorização legislativa em lei específica,
a partir da qual o Poder Executivo deverá expedir o devido decreto e
providenciar a baixa dos atos constitutivos do registro público
competente. Tal necessidade decorre do princípio da simetria, pois
se a Constituição exige lei específica para autorizar a instituição do
ente, apenas um instrumento normativo de mesma natureza pode
permitir seu desaparecimento. O mesmo raciocínio aplica-se no caso
de extinção de suas subsidiárias.

• Em alguns casos específicos e raros, a lei pode não autorizar


propriamente a instituição de empresa estatal, mas a transformação
de um órgão público, uma autarquia ou uma fundação em uma
empresa pública ou sociedade de economia mista.
EMPRESAS ESTATAIS
Criação

• Poderá a lei também autorizar a desapropriação das ações de


uma sociedade privada, ou a subscrição de ações de uma
sociedade anônima, em percentual que permita ao Poder
Público exercer seu controle, com a expressa disposição de que
a pessoa jurídica assim constituída terá a natureza jurídica de
uma sociedade de economia mista ou empresa pública.
EMPRESAS ESTATAIS
Objeto
• Comumente as empresas públicas e sociedades de economia mista
são formadas com o intuito de explorar uma atividade de natureza
econômica, seja esta industrial, comercial ou prestação de serviços.
Seu objeto, portanto, em regra é buscar lucro.

• Contudo, a possibilidade de criação de uma entidade da


Administração indireta com tal objetivo (lucro), é consideravelmente
mitigada pela Constituição. A Carta Magna, em seu artigo 173, é
taxativa ao admitir que o Estado explore diretamente atividade
econômica somente quando tal medida for necessária em virtude de
imperativos de segurança nacional ou de relevantes interesses
coletivos. Não se encaixando as atividades a serem desempenhadas
nestes permissivos constitucionais é ilegítima a intervenção direta
do Estado no domínio econômico.
EMPRESAS ESTATAIS
Objeto

• Embora em menor número, também são instituídas empresas


públicas e sociedades de economia mista para a prestação de
serviços públicos, sem intuito lucrativo.

• Tal finalidade (lucrativa o não) pode ocasionar alterações no


regime jurídico da empresa estatal.
EMPRESAS ESTATAIS
Regime Jurídico
• As empresas públicas e sociedades de economia mista, apesar
de sempre se organizarem através da personalidade de direito
privado, por base do disposto no artigo 173, § 1º, inciso II da
CRFB/88, elas podem em algumas oportunidades serem
regidas pelo regime jurídico de direito público ou pelo direito
privado.

• A Emenda Constitucional nº 19/98, adotou a orientação já


revelada pela maioria da doutrina, qual seja, a variação do
regime jurídico aplicável a empresas estatais conforme sua
área de atuação.
EMPRESAS ESTATAIS
Regime Jurídico
• Quando explorarem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens, área tipicamente privada, serão regidas
principalmente pelo regime jurídico de direito privado,
equiparando-se às demais empresas atuantes no mercado quanto
aos direitos e obrigações comerciais, civis, trabalhistas e tributários.
O art. 173 da CF é a norma-matriz a ser aplicada nesse caso.

• É importante frisar este ponto: as empresas governamentais,


quando exercentes de atividade econômica, estão sujeitas ao
regime próprio das empresas privadas, igualando-se a estas nas
suas obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias (artigo
173, § 1º, II da CRFB/88), sendo expressamente vedada a concessão
a elas de privilégios fiscais não extensivos às empresas do setor
privado (artigo 173, § 2º da CRFB/88).
EMPRESAS ESTATAIS
Regime Jurídico
• Como nos informa Vicente Paulo, “essas regras têm por objeto evitar o
estabelecimento de uma concorrência desleal entre as empresas
governamentais e as do setor privado, em plena consonância com o princípio
da livre concorrência, informador da ordem econômica na atual Carta (CF, art.
170, IV).”

• Ao contrário do disposto anteriormente, se atuarem na prestação de serviços


públicos, subordinam-se precipuamente ao regime administrativo, de direito
público, conforme o disposto no artigo 175 da CRFB/88. A natureza da
atividade exercida – prestação de serviços públicos – e a inexistência de
competição com empresas da iniciativa privada legitimam a adoção desse
regime.

• Essa diferenciação não deve ser compreendida de forma absoluta, pois em


ambas as situações há derrogação parcial de um regime jurídico em prol de
outro, conforme a matéria de que se trate.
EMPRESAS ESTATAIS
Regime Jurídico
• Uma sociedade de economia mista ou empresa pública que pratique atividade
econômica rege-se predominantemente pelo direito privado, como antes
salientamos; entretanto, sujeita-se a algumas normas de caráter público, como a
obrigatoriedade de concurso público para o ingresso no seu quadro e a proibição
de acumulação de cargos, empregos ou funções públicas pelos seus empregados.

• Já uma empresa estatal que preste serviço público, apesar de vincular-se


sobretudo às normas de direito público, em alguns pontos é alcançada por
normas de natureza privada, como as referentes à sua criação, que se efetiva
com o registro de seus atos constitutivos, de modo idêntico às empresas em
geral.

• Pode-se considerar que as sociedades de economia mista e empresas públicas


sujeitam-se sempre a regime jurídico híbrido: se explorarem atividade econômica
de produção ou comercialização de bens, será ele predominantemente privado;
se prestarem serviços públicos, será ele preponderantemente público.
EMPRESAS ESTATAIS
Pessoal
• Apesar da natureza contratual do vínculo trabalhista dos empregados das
empresas públicas e sociedades de economia mista, diversas disposições
constitucionais e legais alcançam-nos da mesma forma que aos servidores
estatutários. Entre tantas, podemos citar:
• vedação de acumulação de cargos, empregos e funções públicas (artigo 37, inciso XVII
da CRFB/88);
• ingresso na Administração Pública, em regra, mediante concurso público (artigo 37,
inciso II da CRFB/88);
• equiparação aos funcionários públicos para fins penais (artigo 327 do Código Penal);
• sujeição às sanções por atos de improbidade administrativa, de acordo com a Lei
8.429/92;
• aplicação dos tetos remuneratórios previstos no artigo 37, inciso XI, da CRFB/88, às
empresas públicas e às sociedades de economia mista, bem como suas subsidiárias, que
receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (artigo 37, § 9º da CRFB/88).
Se não receberem recursos públicos para o custeio de tais despesas seus empregados
não estão restritos pelos tetos remuneratórios constitucionais.
EMPRESAS ESTATAIS
Pessoal
• Os empregados das empresas públicas e das sociedades de
economia são denominados empregados públicos, pois sujeitos a
regime laboral idêntico, que tem como fonte normativa a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em vista disso, o vínculo
firmado entre os empregados e aquelas pessoas administrativas
tem natureza contratual, o que torna competente a Justiça do
Trabalho para o processo e o julgamento dos conflitos decorrentes
da relação de trabalho, conforme determina o artigo 114 da
CRFB/88.

• Os empregados públicos nunca são regidos pelo regime


estatutário, pois essa espécie de regime trabalhista, no qual se
enquadram os chamados servidores públicos, pressupõe uma
pessoa jurídica de direito público na condição de empregadora.
EMPRESAS ESTATAIS
Dirigentes
• Os dirigentes das empresas estatais são investidos em seus cargos na
forma que a lei ou seus estatutos estabelecerem.

• Podem ou não ter seus atos impugnados via mandado de segurança,


dependendo da espécie de atividade desenvolvida pela entidade que
comandam.

• O descabimento do mandado de segurança contra ato de dirigente de


sociedade de economia mista ou empresa pública que exerça atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou serviços, que
tem natureza privada e, portanto, não se enquadra entre as “atribuições
do poder público”. O mandado de segurança é instrumento que só pode
ser utilizada contra ato dos dirigentes dessas entidades quando elas
atuam como delegatárias de serviços públicos.
EMPRESAS ESTATAIS
Dirigentes
• A ressalva feita com relação ao mandado de segurança não é válida para outros
instrumentos processuais, como a ação popular (artigo 5º, inciso LXXIII da
CRFB/88) e a ação por improbidade administrativa (Lei 9.429/92, art. 1º e 2º),
para os quais os dirigentes de todas as empresas estatais têm legitimidade
passiva.

• Sobre a possibilidade de interferência do Poder Legislativo na nomeação dos


dirigentes das sociedades de economia mista e empresas públicas,
transcrevemos a lição de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino: “É interessante
registrar que o Supremo Tribunal Federal perfilhou o entendimento, embora
ainda liminar, de que não é legítima lei local (estadual ou municipal) que exija a
aprovação do Poder Legislativo (assembléia legislativa ou câmara municipal)
para a nomeação de dirigente de empresa pública ou sociedade de economia
mista pelo Chefe do Poder Executivo (governador ou prefeito), diferentemente
do que ocorre quando se trata de autarquias ou fundações públicas, em que tal
exigência é plenamente constitucional.”
EMPRESAS ESTATAIS
Licitação
• Todas as empresas públicas e sociedades de economia mista
são obrigadas a se valer do procedimento licitatório para a
contratação de suas obras, compras e serviços.

• A diferença, a partir da Emenda Constitucional nº 19/98, é que


quando exercerem atividade econômica, de produção ou
comercialização de bens, poderá a lei criar um regime licitatório
específico para essas entidades, observados tão somente os
princípios daquele previsto para a Administração Pública em
geral (artigo 173, § 1º, inciso III da CRFB/88); enquanto que,
quando atuarem na prestação de serviços públicos, elas deverão
observar, na íntegra, o regramento licitatório estatuído para as
pessoas jurídicas de direito público.
EMPRESAS ESTATAIS
Licitação
• A Lei 8.666/93, que estabelece normas gerais sobre licitações e
contratos no âmbito administrativo, entretanto, não faz
qualquer diferenciação quanto à natureza da atividade
desenvolvida pelas sociedades de economia mista e empresas
públicas, sujeitando todas elas, indistintamente, aos seus
preceitos.

• A partir dessa disciplina normativa, podemos concluir que,


atualmente, todas as empresas públicas e sociedades de
economia mista da Administração Pública sujeitam-se aos
ditames da Lei 8.666/1993. No futuro, após a edição da lei
referida no artigo 173, § 1°, inciso III, da CRFB/88, haverá dois
regimes licitatórios diferenciados para essas entidades.
EMPRESAS ESTATAIS
Concurso Público

 O artigo 37, inciso II, da CRFB/88, estabelece que o acesso aos


cargos e empregos públicos, ressalvados os cargos em
comissão e as funções de confiança, só pode se dar mediante
concurso público de provas ou de provas e títulos, sendo o
cumprimento desta exigência obrigatório para toda a
Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
EMPRESAS ESTATAIS
Responsabilidade Civil

 As empresas públicas e sociedades de economia mista, como


já comentamos, podem atuar na prestação de serviços
públicos ou na exploração de atividade econômica. No
primeiro caso, a partir das disposições constitucionais, estão
sujeitas à responsabilidade objetiva, que independe de dolo ou
culpa; no segundo, visto que exercem atividade tipicamente
privada, enquadram-se nas normas do Código Civil, sendo sua
responsabilidade subjetiva: apenas quando seus agentes
atuarem de forma dolosa ou culposa é que pode a entidade ser
responsabilizada pelo prejuízo por eles causado.
EMPRESAS ESTATAIS
Controle

• As empresas públicas e as sociedades de economia mista estão


sujeitas a controle finalístico do órgão central da
Administração Direta ao qual se encontram vinculadas.
• Ademais, seus atos são passíveis de questionamento judicial,
tanto por meio de ações ordinárias, como as ações anulatórias
e as cautelares, tanto mediante ações especiais, como a ação
popular e a ação civil pública.
EMPRESAS ESTATAIS
Regime Tributário

• As empresas públicas e sociedades de economia mista, em


virtude do disposto no art. 173, § 2º, da CRFB/88, não podem
gozar de qualquer privilégio ou benefício fiscal não extensivo
às empresas do setor privado.

• PRIVILÉGIOS PROCESSUAIS: Apenas as pessoas jurídicas de


direito público têm privilégios processuais. Como nenhuma
empresa estatal ostenta tal natureza jurídica, a todas se aplica,
sem ressalvas, a legislação processual ordinária.
EMPRESAS ESTATAIS
Atos e Contratos
• As empresas estatais, quando prestadoras de serviços
públicos, produzem atos administrativos e firmam contratos
administrativos.

• Quando desempenham atividade econômica a situação é


distinta, os atos e contratos relacionados à atividade
estritamente econômica não tem natureza administrativa. Por
força do disposto no art. 173, § 1º, II, da CF, tais atos e contratos
equiparam-se ao dos particulares em geral. Já no desempenho
da função propriamente administrativa as empresas estatais
praticam atos e firmam contratos administrativos, da mesma
forma que as pessoas jurídicas de direito público.
EMPRESAS ESTATAIS
Patrimônio
• Os bens das empresas governamentais exploradoras de atividade
econômica são equiparados aos bens dos particulares em geral,
estando submetidos a regime jurídico de direito privado.

• Questão polêmica surge na definição do regime jurídico aplicável


aos bens das empresas governamentais prestadoras de serviços
públicos. Lastreada no princípio da continuidade dos serviços
públicos, parcela significativa de nossos estudiosos advoga a
impenhorabilidade dos bens relacionados diretamente à
realização do serviço, pois a perda de sua propriedade pela
entidade dificultaria, quando não impediria, o desenvolvimento
normal da atividade. Os demais bens, não vinculados
diretamente ao serviço, poderiam sofrer a constrição judicial.
EMPRESAS ESTATAIS
Distinção entre S.E.M. e Empresa Pública

• As sociedades de economia mista e empresas públicas


diferenciam-se principalmente em três aspectos: justiça
competente, quanto às entidades federais; forma jurídica e
composição do capital.
EMPRESAS ESTATAIS
Distinção entre S.E.M. e Empresa Pública

• JUSTIÇA COMPETENTE:

• Ressalvando-se as causas sobre acidente de trabalho, ou


aquelas de competência da Justiça Eleitoral ou do Trabalho, as
demais causas em que a União, suas autarquias e empresas
públicas forem interessadas, na condição de autoras, rés,
assistentes ou opoentes, serão processadas e julgadas na
Justiça Federal (artigo 109, I).

• O foro para as empresas públicas federais, portanto, é a Justiça


Federal, ressalvadas as causas acima arroladas.
EMPRESAS ESTATAIS
Distinção entre S.E.M. e Empresa Pública

• Já as sociedades de economia mista federais têm suas causas


apreciadas, em regra, pela Justiça Estadual. Tal regra só é
excepcionada quando a União também se manifesta no
processo. O STF já esclareceu, na Súmula n° 517, que “as
sociedades de economia mista só tem foro na Justiça Federal
quando a União intervém, como assistente ou opoente”.

• As empresas públicas e sociedades de economia mista


estaduais e municipais têm seu foro na Justiça Estadual.
EMPRESAS ESTATAIS
Distinção entre S.E.M. e Empresa Pública

• A FORMA JURÍDICA:

• As sociedades de economia mista devem adotar


obrigatoriamente a forma jurídica de Sociedade Anônima (S/A).
Em vista disso, seu diploma legislativo básico é a Lei 6.404/76
(Lei das Sociedades por Ações). O registro dos atos constitutivos
dessa espécie de entidade, em virtude de sua forma jurídica,
sempre é feito na Junta Comercial.
• As empresas públicas podem adotar qualquer forma admitida
em direito (S/A, Ltda., em comandita por ações etc).
• Os atos constitutivos das empresas públicas serão registrados na
Junta Comercial ou no Registro de Pessoas Jurídicas, conforme a
forma jurídica eleita.
EMPRESAS ESTATAIS
Distinção entre S.E.M. e Empresa Pública

• A COMPOSIÇÃO DO CAPITAL:

• Na lição de Marcelo Alexandrino, “o capital das sociedades de economia mista


é formado pela conjugação de recursos públicos e de recursos privados. As
ações, representativas do capital, são divididas entre a entidade
governamental e a iniciativa privada. Exige a lei, porém, que nas sociedades
de economia mista federais a maioria das ações com direito a voto pertençam
à União ou a entidade da Administração Indireta federal (Decreto-Lei no
200/67, art. 5º, III), ou seja, o controle acionário dessas companhias é do
Estado. Mutatis mutandis, se a sociedade de economia mista for integrante da
Administração Indireta de um Município, a maioria das ações com direito a
voto deve pertencer ao Município ou a entidade de sua Administração
Indireta; se for uma sociedade de economia mista estadual, a maioria das
ações com direito a voto deve pertencer ao Estado-membro ou a entidade da
Administração Indireta estadual, valendo o mesmo raciocínio para o Distrito
Federal”.
EMPRESAS ESTATAIS
Distinção entre S.E.M. e Empresa Pública

 As empresas públicas têm seu capital formado integralmente


por recursos públicos, pois da sua composição só podem
participar pessoas jurídicas integrantes da Administração
Pública, Direta ou Indireta, sendo plenamente admissível que
mais de uma delas participe dessa composição. Na esfera
federal, a maioria do capital votante dessas entidades tem que
obrigatoriamente pertencer à União, podendo os órgãos e
entidades da Administração Direta e Indireta dos demais entes
federativos (Estados, Distrito Federal e Municípios), bem como
as entidades da Administração Indireta federal, deter
participação minoritária no seu capital social. É vedada às
pessoas da iniciativa privada a participação no capital de
empresas públicas.
EMPRESAS ESTATAIS
Distinção entre S.E.M. e Empresa Pública

• Como em linhas gerais a organização administrativa dos


Estados, dos Municípios e do DF deve seguir o modelo adotado
pela União, nas empresas públicas instituídas por essas
pessoas políticas também poderá haver participação dos
órgãos e entidades da Administração Direta e Indireta dos
demais entes federativos, desde que o controle acionário
permaneça em mãos da Administração Direta da pessoa
política instituidora.

• Da mesma forma, pessoas físicas ou jurídicas da iniciativa


privada têm sua participação proibida.
EMPRESAS ESTATAIS
Distinção entre S.E.M. e Empresa Pública

 Um ponto interessante a ser ressaltado é o fato de que nas


empresas públicas pode haver participação minoritária de
pessoas jurídicas de direito privado, mas apenas se integrantes
da Administração Indireta (uma sociedade de economia mista
ou outra empresa pública), jamais de pessoas físicas ou
jurídicas provenientes da iniciativa privada. Numa sociedade
de economia mista, diversamente, poderemos ter a
participação – minoritária – tanto de pessoas jurídicas de
direito privado da Administração Indireta como de pessoas
físicas e jurídicas da iniciativa privada.

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