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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
2ª BRIGADA DE INFANTARIA DE SELVA
(1ª Brigada Estratégica / 1908)
“BRIGADA RIO NEGRO”

SOLUÇÃO DE SINDICÂNCIA
(Sindicância NUP 64308.009961/2022-21)

1. Da análise das averiguações que mandei proceder por intermédio do 1º Ten


DIVONZIR AUGUSTO RONIAK, mediante a Portaria nº 13 - AAAJurd/Cmdo 2ª Bda Inf Sl, de 06
de julho de 2022, foi apurado o seguinte:

a. instaurada a presente sindicância por intermédio da Portaria nº 13 -


AAAJurd/Cmdo 2ª Bda Inf Sl, de 06 de julho de 2022, cujo teor versa sobre ocorrência em 22 de
junho de 2022 envolvendo embarcação catamarã do CFRN / 5º BIS por ocasião da Operação
Amazônia.

b. nos termos da parte de ocorrência encaminhada pelo 3º Sgt LUCAS EDUARDO


DE OLIVEIRA (fls. 05-06), o militar relatou:

Cerca de uma hora abaixo da CI Boa Vista, entre 18:30 e 19:00 horas, ainda
claro, a Vaupés formava muito banzeiro, de modo que ia travando a
embarcação que a estava puxando, mesmo em velocidade reduzida, e,
quando estava passando por um "repuxe" no rio, a corda esticou muito, não
aguentou o peso e rompeu. (grifamos)

Diante do incidente, a Vaupés foi arrastada em direção à forte correnteza da


margem do Rio, e, uma vez que a embarcação estava muito pesada e rápida,
a tentativa de acompanhá-la foi ficando cada vez mais dificultosa; mas sem
desistência. No decorrer dos acontecimentos, ela começou a bater nos
galhos das árvores, na beira do Rio, e, ao se chocar de forma mais forte com
alguns outros maiores, tombou e começou a afundar.

c. a fim de apurar tecnicamente o ocorrido com a embarcação, o Sindicante solicitou


ao 2º BLog Sl um Parecer Técnico (fls. 11), o qual foi dado o seguinte laudo:

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A referida equipe optou pelo reboque da lancha, empregando cordas.
Entretanto, de acordo com o relatado, não foram observados alguns
procedimentos de segurança fundamentais para o cumprimento da missão,
dentre eles: (grifamos)
- distribuir o peso no interior da lancha, de maneira a não sobrecarregar
nenhum de seus lados;
- ancoragem dos tonéis de combustível, de maneira a evitar que os mesmos
se movimentassem durante o deslocamento, conservando assim o peso
distribuído de maneira equilibrada;
- prévio conhecimento das capacidades de cargas suportadas pelas cordas
utilizadas para as amarrações;
- inspeção das cordas utilizadas, atentando-se para possíveis sinais de
desgaste ou ruptura;
- utilização de fitas de reboque, as quais são mais resistentes do que as
cordas; e
- realizar o resgate com embarcação maior, rebocando a mesma atrelada
lateralmente.

d. nesse diapasão, o referido laudo conclui que “as causas das avarias da
embarcação relativas à pintura, à solda e aos acrílicos foram ocasionadas em decorrência de
falha pessoal”. Ademais, o oficial encarregado do referido parecer técnico dispôs que “não há
indícios de que a condição das correntezas seria a principal causa do acidente”.

e. em sua oitiva, o 3° Sgt LUCAS EDUARDO DE OLIVEIRA, foi questionado por


que a embarcação teria sido amarrada com corda, respondendo que este era o meio que possuía (fls.
17), ao passo que, também foi questionado se o militar teria curso de navegador fluvial,
respondendo que sim.

f. nesse sentido, o Sindicante em seu relatório (fls. 26) dispõe que “apesar do 3° Sgt
LUCAS EDUARDO DE OLIVEIRA, ser habilitado para a função de Chefe de embarcação e
afirmar que tinha conhecimento de navegação na correnteza do Rio Negro, conforme relatado no
seu depoimento, alguns fatores básicos de navegação deixaram de ser observados, os quais
contribuíram para a ocorrência do incidente.”

g. ademais, constatou-se que a conduta analisada foi negligente, conforme o


estabelecido no inciso II, artigo 7° da Portaria C Ex n° 1.324 de 04 de outubro de 2019, porém, não
sendo possível afirmar que houve má-fé nos termos do Artigo 35 da retromencionada portaria.

h. logo, ficou constatado nos autos a existência dos requisitos imprescindíveis para a
caracterização da conduta ilícita ensejadora da responsabilidade do agente da administração:
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1) conduta comissiva ou omissiva antijurídica: Não observância das normas de
navegação, ocasionando o afundamento da embarcação que era rebocada;

2) relação de causalidade (nexo causal) entre a ação e o dano verificado: a


conduta do 3° Sgt LUCAS EDUARDO DE OLIVEIRA, de ter amarrado uma corda à embarcação
sem observar a qualidade do material, bem como o peso daquela e as condições de navegabilidade,
foram causa determinante para caracterizar o dano ao erário;

3) ocorrência de um dano: no valor de R$4.145,08 (quatro mil cento e quarenta e


cinco reais e centavos). Importa ressaltar que o referido valor compõe-se de: pintura completa,
substituição dos acrílicos e insumos de solda, conforme Parecer Técnico (fls. 11). A avaria
constatada na hélice do motor de popa não tem relação de causa e efeito com o fato ocorrido, objeto
da presente sindicância.

4) culpa: constatou-se que a conduta analisada abarca ser negligente, conforme o


estabelecido no inciso II, artigo 7° da Portaria C Ex n° 1.324 de 04 de outubro, porém, não sendo
possível afirmar que houve má-fé nos termos do Artigo 35 da mesma portaria.

i. foi concedido ao Sindicado o direito ao contraditório e ampla defesa, conforme


disposição legal;

j. não foi vislumbrado indício de transgressão disciplinar ou crime militar na conduta


do Sindicado.

2. Por estas razões, resolvo CONCORDAR com o parecer do Sindicante, uma vez
que, em decorrência da conduta comissiva do 3° Sgt LUCAS EDUARDO DE OLIVEIRA a
embarcação veio a afundar gerando o dano ao erário objeto de ressarcimento.

3. Face o exposto, dou o seguinte DESPACHO:

a. Assessoria de Apoio Para Assuntos Jurídicos:


1) realize a publicação da presente solução em Boletim Interno e atualize o SISADE.

b. O Encarregado da sindicância:
1) Notifique o Sindicado em relação à presente solução;

2) Junte aos autos os documentos previstos no art. 5º, §1º da Portaria nº 1.324, de 4 de outubro de
2017, quais sejam: Matriz de Responsabilização, Ficha de Qualificação do Responsável e
Demonstrativo Financeiro do Débito individualizado;

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c. Seção Administrativa:
1) Atualize o valor a ser ressarcido;

2) Notifique o Sindicado para, no prazo de 15 (quinze) dias, repor o material danificado nos termos
do art. 136, parágrafo único do Regulamento de Administração do Exército ou recolher o valor do
prejuízo a ele imputado, devendo ser dada oportunidade a este para que reconheça a dívida,
mediante a assinatura do Termo de Reconhecimento de Dívida, autorizando o desconto em
contracheque;

São Gabriel da Cachoeira -AM, 17 de outubro de 2022.

Gen Bda RICARDO AUGUSTO DO AMARAL PEIXOTO


Comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva

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