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Capitania dos Portos 2019.

Ressaltando-se que deve ser constante a assessoria e a comunicação entre


direção (comandante) e seus prepostos. Assim, o ato do comandante somente interromper um
carregamento quando o tempo está descontrolado, é um ato imprudente, não pode o mesmo e seu
imediato assumirem condições climáticas adversas, ao passo que justificar que a falta de manutenção
de um equipamento que sofre um curto fortuito, devido ao vento e chuva forte reconhecidas em
depoimento é o causador do dano. Considerando tal explanação tem-se que a nessa cadeia de
responsabilizações a culpa recai para o comandante, quando da ocorrência de erro específico e
exclusivo dele quando não impediu a continuidade da manobra ante à displicência das condições
meteorológicas. E o próprio relatório traz essas informações.” Alega que o evento ocorreu devido a
força maior.
Na fase de instrução nenhuma prova foi produzida.
Em alegações finais manifestaram-se as partes.
É o relatório.
De tudo o que consta nos presentes autos verifica-se que a avaria no carregador do
navio e no guindaste nº 2, amassando sua balaustrada e avariando o refletor do carregador tiveram
como causas determinantes as condições adversas de tempo e a deficiência de manutenção.
O conjunto probatório foi uníssono ao afirmar que a faina era realizada em condições
ambientais severas, contudo, isoladamente, não podem ser a exclusiva justificativa para a causa
determinante do acidente, visto que a prova técnica, realizada pelo isento laudo pericial demonstrou
que: “O mau estado conservação do carregador de navio, bem com de seus acessórios, em face da
acentuada corrosão, desgaste das partes componentes do equipamento, os constantes problemas
elétricos e mecânicos, a ausência de registros de manutenção e de informações técnicas precisas que
determine a periodicidade para inspeções, manutenções ou substituições de peças, contribuíram para
que o equipamento viesse a apresentar falha elétrica e não respondesse ao comando do operador.”
A mesma conclusão chegou o encarregado do inquérito apontando a negligência da
representada na manutenção dos equipamentos como a causa direta do acidente.
Na fase de instrução a representada não produziu qualquer prova que pudesse refutar
as conclusões do inquérito, prevalecendo o teor do art. 58 da Lei nº 2.180/54.
Diante do exposto, como cabia a representada a responsabilidade pela manutenção
preventiva e corretiva dos equipamentos, que demonstravam visíveis deficiências, deve ser julgada
integralmente procedente a representação, responsabilizando-se a representada pelas suas condutas
imprudentes e negligentes.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) Quanto à natureza
e extensão do acidente da navegação: avaria em carregador de navio, com danos materiais; b) Quanto à
causa determinante: deficiência de manutenção; e c) Decisão: julgar o acidente da navegação
capitulado no art. 14, alínea “b”, da Lei nº 2.180/54 como decorrente da imprudência e negligência
da representada, condenando-o a pena de multa de 5.000 (cinco mil) UFIR, e o pagamento das custas,
na forma do art. 121, VII da LOTM. Publique-se. Comunique-se. Registre-se. Rio de Janeiro, RJ, em
18 de agosto de 2022.

Documento assinado eletronicamente por Marcelo David Gonçalves, Juiz, em 28/09/2022, às


14:08, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

Documento assinado eletronicamente por V Alte Ralph Dias da Silveira Costa, Juiz Presidente,
em 04/10/2022, às 07:53, conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

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