Você está na página 1de 30

Módulo 1

Preparação

Projecto Celeiro da Vida

Manual de Facilitação de Práticas


Agrárias e de Habilidades para a Vida

Para os Facilitadores das Jffls


Projecto Celeiro da Vida
Manual de Facilitação de Práticas Agrárias e de Habilidades para a Vida

Módulo 1: Preparação

Índice

Introdução: O que temos de fazer neste mês de preparação? 1


Tópicos especiais – Página Tópicos especiais – Vida Página
Agricultura

Tópico M1-3: Calendário de Tópico M1-1: Desenvolver o


culturas 10-13 espírito de equipa 2-3

Tópico M1-4: Preparação da 14 - 22 Tópico M1-2: O Ciclo de vida 4-9


terra - Introdução à Agricultura das plantas, dos animais e das
de Conservação pessoas
Parte 1: Introdução
Parte 2: Preparando a
Machamba

Resumo e Avaliação do Módulo 23


Lista de Referências 24
Introdução: O Primeiro Mês de JFFLS
A Fase de Preparação

Bem-vindo ao novo ano do programa JFFLS!

Visto que estamos a iniciar o programa JFFLS, este primeiro mês será muito
importante para todo o processo de aprendizagem.

Não só teremos de planificar um local apropriado para a realização das sessões da


JFFLS (que tenha sombra, com fácil acesso a água, que seja relativamente perto da
escola e da machamba de aprendizagem), como também será necessário garantir o uso
de uma área como machamba de aprendizagem e assegurar que os conhecimentos
adquiridos sejam replicados nas actividades da produção escolar.

Este será também um período em que deveremos criar um ambiente familiar,


agradável e divertido, de forma a motivar os jovens e a desenvolver um sentimento de
confiança mútua entre eles, e, entre eles e os facilitadores e responsáveis da JFFLS,
recorrendo assim, durante o primeiro mês, a actividades que desenvolvam o espírito
de equipa. Este processo é gradual e será desenvolvido ao longo do ano, mas os
primeiros meses serão importantes para criar um ambiente propício à aprendizagem e
participação regular e activa dos jovens ao longo do projecto.

Os exercícios culturais e desportivos irão permitir igualmente momentos de diversão


em grupo. Por isso, este módulo integra diversos exercícios preparatórios:

Em relação ao trabalho agrícola, será feita a preparação do solo e definido o plano da


machamba de aprendizagem. Será igualmente feita uma introdução à agricultura de
conservação, relativamente à fase de preparação do solo. Os jovens aprenderão que o
solo possui diferentes formas e que é importante considerar as curvas de nível quando
se prepara o terreno para a agricultura. Eles irão perceber os diferentes ciclos de vida
das plantas e aprenderão a fazer um calendário sazonal para as principais culturas da
época. Será efectuada a ligação entre o ciclo de vida do ser humano, dos animais e das
plantas e discutidas as características e necessidades das diversas fases. Será
introduzida uma canção acerca da preparação da machamba e uma sessão em que os
jovens contam episódios da sua vida.

DURAÇÃO DO MÓDULO: 9 sessões para um total de 12 horas

1
Tópico M1-1: Desenvolver o Espírito de Equipa

OBJECTIVO: Desenvolver o espírito de equipa e


de união entre os jovens.

DURAÇÃO: Parte 1: 1o dia: 60-70 min


Parte 2: Exercícios ao longo do
mês.
Parte 3: 30 min

SUGESTÕES METODOLÓGICAS:
No projecto JFFLS, é importante trabalhar com os jovens para melhorar as suas
habilidades de comunicação, resolução de problemas, liderança e métodos de
discussão. Para o sucesso das actividades ao nível da comunidade, é necessário que
os jovens apliquem habilidades de liderança e que tenham a capacidade de
comunicar as suas descobertas aos outros. Os jovens foram seleccionados na
escola/centro/comunidade e já se conhecem uns aos outros, mas é a primeira vez que
fazem parte de um grupo de trabalho. Por isso, é muito importante o facilitador
estimular a coesão dos grupos, desde o início,
Através de diversas actividades a serem implementadas ao longo de todo o projecto,
mas principalmente nos primeiros meses.

PASSOS:
Parte 1: Actividade do primeiro dia do programa
1. (60 min) Plenário: Exercícios de introdução para todo o grupo
(30 min) Baptismo Mineiro (ver pág. 15 do Guião de Actividades
Culturais)
(15-20 min) 1, 2, 3 de Bradford (pág. 9) ou o Comboio (pág. 17)
(10 min) Crie, juntamente com os jovens, uma música para
começarem a identificar-se como grupo.

2. (5 min) Plenário: Formação de grupos


Organize os jovens em 4 ou 5 grupos de 6-8 pessoas. Tenha em conta
que cada grupo deverá ter um número igual de rapazes e raparigas e
equilíbrio em termos de idade, nível escolar e capacidades.

3. (20 min) Trabalho em grupo


Comece por explicar aos jovens que eles trabalharão frequentemente em
pequenos grupos nas JFFLS. Por ex:
o AESA: Cada grupo tem a responsabilidade de observar um certo tipo
de plantas e de fazer comparações e experiências específicas na
machamba de aprendizagem;
o Vão estar organizados em pequenos grupos para debater questões
inseridas nos diferentes módulos.
Peça a cada grupo para escolher entre os seus membros:
o Um chefe e um adjunto do grupo;
o Um nome para o grupo;
o Um sinal (“slogan”) do grupo;

2
Tópico M1-1: Desenvolver o Espírito de Equipa (pág.2)

4. (5 min) Plenário: Apresentação dos grupos


Peça aos grupos para se levantarem e apresentarem-se, um de cada vez,
dizerem o nome e slogan do grupo em coro, bem como o nome do
respectivo chefe e do seu adjunto.

Parte 2: Actividades de seguimento ao longo do mês


(entre 10-45 min, dependendo do tipo de exercício)
Ao longo do mês, continue a escolher diferentes
actividades e jogos para desenvolver um espírito de
equipa entre os jovens, tais como:
Desporto
Outros exercícios e jogos (veja o Guião de
Actividades Culturais)

Parte 3: Exercício no fim do mês: “História da Minha Vida”

OBJECTIVOS:
1. Ajudar os jovens a conhecerem-se melhor;
2. Criar sentimentos de cumplicidade e confiança entre eles;
3. Estimular os jovens a começarem a falar da sua vida;
4. Criar sentimentos positivos em relação às experiências pessoais,
levando-os a pensar a sua vida numa perspectiva mais positiva.

DURAÇÃO: 30 min

PASSOS:

1. Forme grupos de dois jovens (que não se


conheçam bem, de preferência). Se
necessário, considere separar grupos de
raparigas e rapazes, visto que estes terão de
se sentar no chão de mãos dadas, colocando
joelho contra joelho e olhando olhos nos
olhos.
2. Explique-lhes que terão de manter o contacto visual e as mãos e os joelhos
juntos durante todo o exercício.
3. Peça para cada um contar a sua história, mas apenas olhando para os lados
positivos, mencionando os momentos melhores da sua vida;
a. Peça aos jovens para se sentarem em círculo e que contem, um de cada
vez:
i. O que sentiram ao ouvir a história do colega;
ii. O que sentiram quando contaram a sua história, olhando apenas
para os lados positivos.

3
Tópico M1-2
O Ciclo de Vida das Plantas, dos Animais e das Pessoas

OBJECTIVO: Saber identificar o ciclo de vida das plantas e as suas ligações


com o ciclo de vida das pessoas e dos animais.

DURAÇÃO: 1 hora e 40 min

MATERIAIS: Papel gigante e marcadores.

PASSOS:
1. (15 min) Use o método chuva de ideias ou estimule os jovens a fazer
simulações (através de mímica) sobre o que são as principais fases do ciclo
de vida de:
a. Plantas;
b. Animais;
c. Pessoas.

Use as ilustrações (Veja a figura na Ficha de Apoio) para facilitar a discussão.

Organize três grupos de jovens. Um grupo deverá representar o ciclo de vida


das plantas; o segundo, o ciclo de vida dos animais; e o terceiro, o ciclo de
vida das pessoas. Dê 5 min a cada grupo para se preparar. Peça para se
colocarem em fila, frente a frente. Cada subgrupo deverá representar, um de
cada vez, através da mímica (gestos) o ciclo de vida das plantas (Grupo I), dos
animais (Grupo II) e das pessoas (Grupo III). Enquanto um grupo representa,
os outros observam.

2. (5 min) Plenário: Peça aos jovens para resumirem o ciclo de vida das
plantas, dos animais e das pessoas e complete, no papel gigante, as ideias
apresentadas seguindo a caixa na Ficha de Apoio.

3. (30 min) Trabalho em grupo


Apresente as seguintes questões, referentes ao ciclo de vida das plantas, dos
animais e das pessoas, para os jovens discutirem em grupos:
a. Quais são as características principais de cada fase de vida?
b. Quais são as necessidades de cada fase? Como assegurar estas
necessidades?
c. Como são os jovens e quais as suas necessidades específicas na fase da
adolescência (Recorra à Ficha de Apoio - pág. 7).

4. (5 min) Vitalizador (escolha um, do Guia de Actividades Culturais)

5. (40-45 min) Apresentações e discussões (em plenário):


(20-25 min) Facilite a apresentação de todos os trabalhos em grupo.

4
Tópico M1-2:
Ciclo de Vida das Plantas, dos Animais e das Pessoas (pág. 2)

(15 min) Facilite o debate em torno da seguinte questão: as necessidades


de uma pessoa nas diferentes fases de vida são semelhantes às de uma
planta e de um animal?

(5 min) Resuma a importância de compreender as fases dos ciclos de vida


de forma a aprender como cuidar bem das plantas, dos animais e das
pessoas, para que cresçam bem.

5
Ficha de Apoio para o Tópico M1-2 (pág.1)

Comparação entre os Ciclos de Vida das Plantas, dos Animais e das


Pessoas

Ciclo de Vida das Plantas Ciclo de Vida dos Ciclo de Vida das Pessoas
Animais
Semente Feto no útero Feto no útero
Fase vegetativa Fase de Crescimento Bebé
Criança
Fase de floração Adolescente
Fase de frutificação Adulto (fase de Adulto (fase de reprodução)
(maturação) reprodução)
Semente outra vez Velho Velho
Morte (restolho) Morte Morte
Nota: Nem todas as plantas seguem as fases do ciclo acima referidas. Por exemplo, o
repolho tem só duas fases (semente e vegetativa).

Ciclos de Vida das Plantas, dos Animais e das Pessoas

Vocabulário: restolho – cana dos cereais que fica presa aos terrenos de cultura, depois da
ceifa

6
Ficha de Apoio para o Tópico M1-2 (pág. 2)

Necessidades das Crianças de Acordo com o Sexo e Faixa Etária

1. Crianças de idade menor (0-5)


Extremamente dependentes dos adultos.
Necessitam de muito afecto e carinho.
Cuidados especiais de saúde (alimentação adequada; leite materno e
progressivamente outros alimentos; importância das vacinas e do controlo
do peso).
Descobrem muitas emoções e sentimentos.
Gostam de brincadeiras e jogos muito simples.
Aprendem a ir à casa de banho sozinhas.

2. Crianças com idade primária (6-10)


Gostam de ser elogiadas e encorajadas quando realizam alguma coisa.
Podem participar em actividades um pouco mais avançadas (saltar à
corda).
Começam a entender melhor o valor da ‘cooperação’, do trabalho em
grupo.
Têm amigos mais próximos.
Entendem melhor as regras e a disciplina.
Interesse maior pela escola, por aprender.
Começam a desenvolver habilidades sociais.
Normalmente demonstram curiosidade, iniciativa, desejo de descobrir
coisas novas, e divertem-se sem o sentimento de inibição ou culpa.
Desejo de agradar e impressionar os seus pais e outros adultos que
consideram importantes.

Papel do Adulto
As crianças desenvolvem a auto-confiança através dos seus progenitores (pai e mãe)
e esta será importante na sua vida social. Para a criança, os pais são a garantia da
satisfação das suas necessidades básicas e este sentido cria nela um sentimento de
bem-estar e confiança para com as pessoas mais próximas. É esta confiança e a
ligação afectiva que vão facilitar a aceitação e captação de todas as recomendações
sobre ensinamentos, proibições e outras normas que a pessoa mais próxima da
criança lhe esteja a transmitir. Sem esta ligação afectiva e de confiança, muito
dificilmente a criança nesta idade pode aceitar uma orientação.

3. Puberdade e Adolescência (11/12 anos)


Atingem a puberdade.
Muitas dúvidas e perguntas sobre o próprio corpo.
Participam em actividades colectivas e entendem as regras.
Desenvolvem o sentido de humor.
A puberdade traz novos impulsos sexuais genitais.

7
Vocabulário: puberdade – idade em que o indivíduo se torna apto a engravidar (rapaz) e a
dar filhos (rapariga)
Humor – faculdade de divertir outras pessoas.

8
Ficha de Apoio para Tópico M1-2 (pág. 3)

4. Adolescência (11/12 aos 16 anos)


O mundo relacional do adolescente é alargado a pessoas exteriores à
família.
Formação da personalidade.
Capacidade de conhecimento mais desenvolvida: o adolescente exercita
ideias no campo do possível e pensa sobre o pensamento. São estas as
capacidades que vão lhe permitir definir conceitos e valores, assim como
estudar determinados conteúdos escolares.
Tem a certeza de que sabe mais que seus pais.
Começa a tomar suas próprias decisões.
Necessita de aprender pelo resultado de suas acções.
Necessita de adultos como MODELOS (mulheres e homens).
Gosta de passar muito tempo sozinho.
Por vezes age com rebeldia.

9
Tópico M1-3: Calendário de Culturas

OBJECTIVO: Compreender o que é um calendário de culturas,


como base para o planeamento da machamba
JFFLS.

DURAÇÃO: 2h

MATERIAIS: Papel gigante e marcadores.

PASSOS:
1. (10 min) Plenário: chuva de ideias com os jovens
(5 min) Peça a voluntários para resumirem quais são as diferentes fases
do ciclo de vida das plantas.
(2 min) Escolha duas culturas da primeira época JFFLS (milho, mapira,
feijões, etc.).
(3 min) Coloque as seguintes questões: na nossa zona, qual é o período
de crescimento desta cultura? Por exemplo, em que meses cresce a
cultura, e durante quantos meses?

2. (10 min) Plenário: introduza a tabela, apresentada na 1a Ficha de Apoio.


(5 min) Estimule os jovens a completarem a tabela, com algumas
perguntas: Em cada mês, quais são as actividades agrícolas durante a
vida da cultura? Por ex., quando semeamos esta cultura? O que fazemos
para fazer crescer bem a nossa cultura? Quando colhemos esta cultura?
Mostre a ilustração do calendário do milho para ajudar a compreensão
(veja a figura na 1a Ficha de Apoio, pág. 12).
(5 min) Introduza a perspectiva de Género: mostre a última coluna, à
direita, do calendário sazonal, para indicar quem é que trabalha nas
diversas fases e a carga de trabalho de rapazes e raparigas. Peça aos
grupos para desenharem a figura de um rapaz e/ou uma rapariga,
indicando quem faz cada tarefa e com tamanhos que correspondam ao
volume de trabalho que têm: (ex. sementeira: se ambos participam na
sementeira e a rapariga tem muito trabalho e o rapaz tem trabalho médio,
dever-se-á desenhar uma rapariga grande e um rapaz de tamanho médio).

3. (20 min) Trabalho em grupo:


Os grupos deverão completar a tabela do calendário sazonal de culturas
(pelo menos 2 grupos deverão trabalhar sobre a mesma cultura – para
facilitar a comparação e a discussão).

4. (20-25 min) Plenário: apresentações dos trabalhos em grupo

10
Tópico M1-3: Calendário de Culturas (pág. 2)

5. (30 min) Discussão em Plenário:


Em que época(s) trabalham com mais e menos intensidade e mais e
menos tempo? Porquê? O que acontece no resto do tempo?
Há diferença entre a carga de trabalho dos rapazes e das raparigas?
Porquê? O que poderemos fazer para haver mais igualdade de trabalho
entre rapazes e raparigas?

6. (15-20 min) Actividades Culturais:


Conclua com a canção/ginástica sobre diferentes actividades no
Calendário de Culturas: (Veja 2a Ficha de Apoio, pág. 13).

11
1a Ficha de Apoio para o Tópico M1-3

Calendário Sazonal de Culturas de Subsistência e de Rendimento


CALENDÁRIO AGRÍCOLA

CULTURA: nome (ex.: Milho)


MÊS ACTIVIDADES AGRÍCOLAS QUEM FAZ e
CARGA de TRABALHO
(rapaz/rapariga)

Ilustração das Etapas num Calendário Agrícola para Milho


SETEMBRO/ OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO/
FEVEREIRO

Preparação do Campo Sementeira Sacha e Desbaste (corte)


Início de GIP
MARÇO ABRIL/MAIO

Selecção de Sementes Secagem, Armazenamento, Transporte


Colheita Cozinha de comida para casa
Processamento
Comercialização

12
2a Ficha de Apoio para o Tópico M1-3

Canção/Ginástica sobre Calendário de Culturas

Segunda antes de Almoçar

Segunda-Feira antes de Almoçar


Uma menina quis passear
Não pôde passear
Porque tinha que lavrar
Assim lavrava assim, assim (3x)
Eu a vi lavrar assim

Terça-Feira antes de almoçar


Um menino quis passear
Não pôde passear
Porque tinha que semear
Assim semeava assim, assim (3 x)
Eu o vi semear assim

Quarta-feira: tinha que regar


Uma menina

Quinta-feira: tinha que plantar


Um menino

Sexta-feira: tinha que sachar


Uma menina

Sábado: tinha que colher


Um menino

Domingo: tinha que brincar

13
Tópico M1-4: Preparação da Terra:
Introdução à Agricultura de Conservação

OBJECTIVOS: 1. Conhecer o conceito de


Agricultura de Conservação (AC).
2. Preparar a terra nas Machambas
de Aprendizagem, segundo os
princípios de AC.

DURAÇÃO: Parte 1: Introdução: 50 min


Parte 2: Preparando: 2 + 2 h
Parte 3: Curvas de Nível: 3 h

MATERIAIS: Instrumentos para preparar a machamba (enxadas, regador,


etc.).
Exercício da Parte 1: 2 peças de pano ou papel limpos, 1
regador ou uma lata velha com pequenos furos na base, que
faça a água cair como pingos de chuva.
Parte 3: Materiais para fazer um Pé de Galinha (veja 3ª Ficha
de Apoio).
PASSOS:

Parte 1: Introdução aos Conceitos

1. Preparação pelo facilitador: Se a machamba de aprendizagem JFFLS não


apresentar exemplos de erosão (p. ex., se não tiver inclinação), procure um
lugar perto da escola onde se possa observar este fenómeno.

2. (30 min) Plenário no campo: chuva de ideias e discussão


Leve os jovens a percorrer e observar a machamba, fazendo as seguintes
perguntas (use a 1a Ficha de Apoio da pág. 17 para ajudar no processo
de aprendizagem):
i. Como é o terreno?
ii. O que é a Erosão?
iii. Onde podemos observar a erosão?
iv. Porque/Como é que a erosão acontece?
v. É uma boa coisa, ou não é? Porquê?
vi. O que fazem os camponeses para combater a erosão?

3. (10-15 min) Plenário: exercício sobre erosão. Observando o efeito da


chuva na lixiviação do solo
Explique que o exercício vai mostrar a importância de manter o solo
coberto de modo a que não seja lavado.
Junte o grupo à volta de uma área pequena de solo sem cobertura – solo
descoberto.

Vocabulário: lixiviação do solo – lavagem do solo

14
Tópico M1-4: Preparação da Terra:
Introdução à Agricultura de Conservação (Pág. 2)
Ponha um pedaço de pano ou papel limpo no solo. Deite água do regador
próximo do papel ou pano de modo a
imitar a chuva.
Observe e fale sobre a quantidade de
manchas de terra que há no papel ou
pano, explicando que se assemelha ao
que acontece quando a chuva atinge
solos descobertos e lava o solo.
Com um novo pedaço de pano ou
papel, repita o processo num lugar
onde o solo esteja coberto por relva,
ervas daninhas ou cobertura morta. O
segundo papel ou pano irá ter menos
manchas de terra em relação ao primeiro.

4. (5 min) Plenário: discussão:

O que observaram na experiência?


O que significa tudo isso em relação à importância de se manter o solo
coberto?
Explique o processo e a palavra “lixiviação” (que é lavagem do solo).

5. (5 min) Plenário: resumo da sessão.

15
Tópico M1-4: Preparação da Terra:
Introdução à Agricultura de Conservação (pág. 3)

Parte 2: Preparando a Machamba de Aprendizagem

PASSOS:
1. (2 sessões) Plenário: práticas no campo
Discuta durante as sessões práticas de Preparação da
Terra sobre:
O conceito de Erosão.
As formas de preparar a terra para a machamba,
tomando em conta os problemas de erosão.
A importância de lavrar, em comparação com as
técnicas de agricultura sustentável para proteger o
solo.
Que métodos nos podem ajudar a proteger a nossa
machamba contra a erosão?
(Veja as 1ª e 2a Fichas de Apoio, págs. 17-19).

4. (3 h) Praticando como fazer curvas de nível


Siga as etapas descritas na 3ª Ficha de Apoio, págs. 20-22.

5. (5 min) Plenário: resumo de cada sessão.

16
1a Ficha de Apoio para Tópico M1-4: Preparação da Terra

O que é a Erosão?
O processo de erosão (a perda da superfície do solo) representa o factor mais
negativo para a sustentabilidade económica e física da actividade agrária e também,
o mais agressivo para o meio ambiente. Por conseguinte, o seu controlo é muito
importante.

A erosão do solo acontece por acção natural, nomeadamente: erosão normal ou


geológica; erosão pelo efeito do vento; erosão pelo efeito da água.

Os Factores que Influenciam a Erosão do Solo são:


A precipitação (chuvas);
O grau de inclinação do solo;
A estrutura física do solo (textura, matéria orgânica, capacidade de infiltração e
permeabilidade do solo, etc.);
A prática de uso de terra e cobertura superficial; alta densidade populacional, etc.

Medidas Agronómicas para Conservação do Solo


1. Lavrar e semear contra a inclinação das pendentes;
2. Fazer o levantamento das curvas de nível (Veja a 3ª Ficha de Apoio, págs. 19-21);
3. Abrir valas de retenção de humidade;
4. Pôr cobertura morta ou plantar coberturas vivas;
5. Fazer terraços, construir muralhas de pedras ou plantar capim vetiver, ananaseiros,
etc. (veja as ilustrações abaixo).

Muralhas de capim vetiver e pedras, para


conservar o solo numa terra inclinada.

O que é a lavoura?
Manipulação manual ou mecânica da terra;
Operações de preparação de solo para sementeira; remoção da terra e “abertura”
dos solos compactados.

Porquê lavrar? Para:


Controlar o capim;
Preparar a cama para semente /planta;
Gerir os resíduos da cultura anterior.

17
2a Ficha de Apoio para Tópico M1-4:
O que é a Agricultura de Conservação?

O que é Agricultura de Conservação?


É um sistema de produção agrícola que consiste na mínima remoção do solo, fazendo
rotações e consociações de culturas, mantendo o solo coberto por plantas vivas ou
cobertura morta, controlando os efeitos de erosão.

1. Remoção mínima do solo


Movimentar o solo apenas na linha ou covacho de sementeira.

Benefícios:
Reduz as perdas do solo e água por erosão;
Reduz as perdas de água por evaporação;
Preserva o equilíbrio biológico do solo;
Conserva a estrutura do solo;
Reduz a necessidade de mão-de-obra e esforço físico do camponês;
Requer menor uso de máquinas e alfaias.

2. Rotação e consociação de culturas

Rotação de culturas:
Cultivo alternado de espécies em campanhas ou épocas agrícolas consecutivas, numa
mesma área.

Consociação de culturas:
Cultivo de duas ou mais espécies simultaneamente
numa mesma área (veja ilustração à direita).

Benefícios
Favorece o maneio integrado de pragas, doenças,
ervas daninhas e o melhoramento do solo;
Promove o uso eficiente dos recursos naturais: Solo,
Água, Luz e Nutrientes;
Favorece a cobertura permanente do solo;
Diversifica a produção agrícola;
Estabiliza a produtividade;
Racionaliza a mão-de-obra;
milho feijão boer
Gera maior rendimento;
boer
Promove a segurança alimentar. Consociação de culturas

18
2a Ficha de Apoio para o Tópico M1-4 (pág. 2)

3. Cobertura permanente do solo:


Manutenção permanente do solo coberto com plantas vivas, restos de culturas ou
capim seco.

Benefícios:
Reduz as perdas do solo e água por erosão, reduzindo o impacto da chuva;
Reduz as perdas de água por evaporação e fluxo superficial;
Conserva melhor a humidade no solo;
Reduz os níveis de variação da temperatura do solo;
Reduz a incidência de ervas daninha;
Promove o equilíbrio da flora e fauna do solo;
Favorece o maneio integrado de pragas e doenças e ervas daninhas;
Melhora a estrutura do solo;
Reduz a taxa de decomposição da matéria orgânica no solo;
Promove a fertilidade do solo.

4. Benefícios gerais da agricultura de conservação

Contribui para a segurança alimentar, através de:


Diversificação da produção de alimentos;
Maior produção de alimentos na mesma área, época ou campanha agrícola;
Menores riscos de comprometer a campanha.

Preservação do meio ambiente:


Menor erosão;
Maior infiltração de água no solo;
Maior retenção da humidade do solo;
Menor variação da temperatura do solo;
Melhor estrutura do solo;
Maior acumulação de matéria orgânica no solo;
Menor emissão de gás carbónico para a atmosfera.

Princípios ou “4 Nãos” a considerar no SAC


1 Não mudar a machamba 3 Não queimar a machamba
2 Não lavrar intensamente 4 Não pastar gado na machamba

Comparação entre Diferentes Sistemas de Produção


Neste contexto, vamos analisar as vantagens comparativas entre o sistema de
agricultura de conservação e o sistema convencional.
Como primeira comparação, estabelece-se um quadro com as principais
características de cada sistema e as tendências do seu comportamento a médio prazo.

Características e comparação entre os dois sistemas de agricultura:


Características Agricultura Conservação Agricultura Convencional
Produtividade Crescente Decrescente
Custos fixos Menores Maiores
Uso de fertilizantes Decrescente Uso contínuo de doses altas
Uso de defensivos/ herbicidas Tendência de redução Uso contínuo de doses altas
Erosão Pequena ou eliminada Intensa

19
3a Ficha de Apoio para o Tópico M1-4:
Exercício Prático sobre Curvas de Nível

OBJECTIVO: Definir as curvas de nível através de um instrumento barato e


fácil de fazer, denominado Pé de Galinha.

DURAÇÃO: 3 h, incluindo fazer o pé de galinha.

MATERIAIS:
1. 3 Paus direitos, com cerca de 2 m de comprimento e 2 cm de espessura, para
fazer os pés e a barra na diagonal;
2. 2 Pregos, suficientemente compridos para pregar dois paus e deixar uma
ponta;
3. Uma garrafa com uma tampa de rosca ou rolha ou uma pedra, para usar como
peso (cerca de ½ Kg);
4. Um fio de cerca de 2 metros com um nó atado numa das pontas;
5. Instrumentos: um lápis ou uma caneta, um martelo ou uma pedra, uma catana
ou serra e uma fita métrica para medir.

PASSOS:
1. (20 min) Fazer um Pé de Galinha:
Coloque os dois paus no chão e junte-os nas
pontas, com um prego, fazendo um triângulo.
O prego deverá ficar com a ponta saliente
para poder mais tarde pendurar a corda;
Pregue o terceiro pau exactamente no meio do
triângulo, formando um A. Para encontrar o
meio do triângulo, pendure uma corda no
prego que juntou os dois paus, no topo do
triângulo, e estique-a ao longo de um dos
paus, até ao chão. Marque o comprimento total e dobre a corda em dois e
marque novamente o meio do pau. Faça o mesmo para o outro pau.
Depois pregue o terceiro pau no local marcado nos dois paus que fazem
o triângulo. Assim ficará um espaço de sensivelmente 2 m entre os dois
paus, na base do triângulo.
Amarre o peso (garrafa ou pedra) ao
fio. Prenda a outra extremidade do fio ao prego,
no topo do triângulo para que este fique
pendurado no meio do pé de galinha até 2 cm
abaixo do pau transversal. Encha a garrafa com
água, areia ou terra e coloque a tampa ou rolha. O
fio com um peso em baixo chama-se fio-de-
prumo.

20
3a Ficha de Apoio para o Tópico M1-4 (pág. 2):
Exercício Prático sobre Curvas de Nível

2. (10 min) Testar o Pé de Galinha:


Coloque o pé de galinha num local plano. Marque onde cada pé assenta
na terra. Coloque o pé de galinha até que o fio pare de mover-se, faça
uma marca onde o fio tocou o pau transversal.
Vire o pé de galinha, colocando a primeira perna onde estava
anteriormente a segunda perna, e a segunda perna onde a primeira
estava. Marque onde o fio toca o pau transversal. Agora terá duas marcas
no pau transversal.
Estique uma corda entre as duas marcas, dobre-a ao meio e marque o
meio entre as duas marcas.
Depois coloque o pé de galinha num local plano, onde o fio toque
exactamente no meio do pau transversal. Depois vire o pé de galinha,
colocando o primeiro pé onde se encontrava o segundo e vice-versa. O
fio-de-prumo deverá tocar novamente no meio do pau transversal. O Pé
de Galinha está assim pronto para se usar.

3. Marcar o Local de cada Barreira


Assim que conhecer a inclinação do terreno, pode decidir quantas
barreiras terá de construir e qual a distância entre elas. Quanto maior for
a inclinação, mais perto ficarão as barreiras umas das outras. Por
exemplo:
Inclinações de 25% a 45%: distância entre barreiras de 3 a 4 m;
Inclinações de 5% a 25%: distância entre barreiras de 5 a 6 m;
Inclinações muito grandes (mais de 45%): será melhor fazer terraços
individuais para árvores ou covas individuais para culturas em vez de
fazer barreiras.
Será também necessário ter em conta o tipo de solo. Os solos argilosos
não absorvem a água facilmente e, por isso, as barreiras deverão estar
um pouco mais próximas umas das outras. Em solos arenosos ou com
muita matéria orgânica, a água é facilmente absorvida e,
consequentemente, as barreiras deverão ter um intervalo maior.
A Linha Mãe serve como ponto de partida para fazer as barreiras. Se
houver um espaço de 10 m entre
as barreiras, coloque o seu
primeiro pau no topo da linha mãe
e o pau seguinte 10 m abaixo.
Quando a inclinação é maior, os
paus deverão também estar um
pouco mais próximos.

21
3a Ficha de Apoio para o Tópico M1-4 (pág. 3):
Exercício Prático sobre Curvas de Nível

4. Fazer as Curvas de Nível


Decida quantas curvas de nível precisará de fazer e onde (use paus para
fazer uma Linha Mãe que oriente as curvas de nível – veja o ponto 3);
Coloque um pé do pé de galinha no topo, onde está o pau da linha mãe.
Coloque o outro pé abaixo até encontrar o ponto
onde o fio-de-prumo toca no meio do pau
transversal. Assim, encontrou a curva de nível.
Coloque um pau onde assentou a
segunda perna do pé de galinha;
Vire o pé de galinha para encontrar
a outra curva de nível ao longo da inclinação e
repita o segundo passo. Continue até chegar ao
fim, marcando com um pau, de 2 em 2 m.
Passe para o segundo pau da linha
mãe, no nível inferior e repita os passos acima
indicados.
Quando terminar de marcar as curvas de nível, coloque-se numa
extremidade da linha e observe a linha formada pelos paus. Verifique se
a curva de nível forma curvas iguais. Talvez precise de mover alguns
paus.

Orientações para Construir Barreiras de Nível

Assim que as curvas de nível estejam medidas e marcadas, poderá decidir o que será
melhor para proteger o solo da erosão e para ajudar a reter a água. Independentemente
do tipo de barreiras que construir, estas orientações irão com certeza ajudá-lo:

A preservar ou plantar árvores ou plantas: É sempre aconselhável plantar


árvores ou plantas no topo de um monte/inclinação. Se a inclinação for muito
grande, as árvores evitarão que o monte desabe. Plantas e ervas/arbustos ajudarão
igualmente a reter a água.

Comece do topo (a água corre de cima para baixo): Começando do topo,


protege-se tudo o que está abaixo e pode-se usar várias barreiras pequenas.

Reduza o movimento das águas, mas deixe que estas se movam: É importante
deixar a água correr. Barreiras mal planificadas podem levar à estagnação da água,
levando ao alastramento da malária e de outras doenças.

Corrija os problemas, assim que os identificar: Se uma barreira de nível


desabar ou um terraço cair, reconstrua-o imediatamente, pois isto poderá causar
uma erosão grave do monte.

22
Resumo e Avaliação do Módulo 1

(30 min) Plenário: resumo


No fim do módulo, faça um resumo com os jovens, para avaliar o seu nível de
compreensão. Escolha diversos assuntos e discuta-os. Por exemplo:
Explique a ligação entre os Ciclos de Vida das plantas, das pessoas e dos animais.
O que é a erosão?
O que poderemos fazer nas nossas machambas para prevenir a erosão?
O que é um calendário de culturas? Pode dar um exemplo das actividades ligadas
ao calendário de qualquer cultura.

Depois da discussão, faça o seguinte exercício, ou outro exercício simples para


concluir o módulo.

(15 min) Exercício de conclusão do módulo: “A minha Mensagem”

1. Peça aos jovens para formarem um círculo.


2. Peça-lhes para pensarem numa mensagem
(ou palavra) que gostassem de transmitir a
um amigo ou amiga como informação
importante sobre o que aprenderem no
módulo (ex. Fazer curvas de nível ajuda a
combater a erosão).
3. Explique que cada um deverá transmitir a
mensagem em que pensou a todo o grupo e
fazer algum movimento ou sinal a
acompanhar a mensagem.
4. Depois de cada um transmitir a mensagem, todos deverão repeti-la, fazendo o
mesmo movimento, até que todos os elementos do grupo tenham transmitido
as suas mensagens e movimentos.

23
Lista de Referências

Este módulo foi compilado por: Mundie Salm, Consultora da JFFLS.


Tradução e revisão: Leonor Quinto, Consultora de Género e Formadora da JFFLS.
Ilustrações: Hélder Moisés João Macamero.

Os textos foram baseados e adaptados de diferentes fontes:

Tópico M1-1: Desenvolver o Espírito de Equipa


Baseado no treinamento JFFLS, com ideias de Jaap van de Pol, Consultor de FFS e Leonor
Quinto, Consultora de Género, Nov. 2005.
1ª Ficha de Apoio: adaptada do exercício “Sintonia” de Cómico-terapia, com sugestões de
Jaap van de Pol e Leonor Quinto; e de Oxfam Gender Training Manual, Oxfam UK, 1994, págs.
59-60.
Tópico M1-2: O Ciclo de Vida das Plantas e das Pessoas
Escrito por Mundie Salm, Consultora JFFLS, inspirado no Treinamento JFFLS, Chimoio, Out-
Nov, 2005.
Ficha de Apoio (págs.2-3): de Paula Simbine & Julião Novela (Save the Children), Relatório do
Seminário de capacitação sobre Protecção das crianças, direitos das crianças no âmbito do
Projecto Celeiro da Vida (ToT JFFLS, Chimoio, Agosto, 2005).

Tópico M1-3: Calendário de culturas


Escrito por Mundie Salm, Leonor Quinto, Consultora de Género e Jaap van de Pol, Consultor de
FFS.
1ª Ficha de Apoio: (página 2) Canção escrita por Jairosse Lastone Reis; revista, na
perspectiva do género, por Leonor Quinto.

Tópico M1-4: Preparação da Terra: Introdução à Agricultura de


Conservação
Escrito por Mundie Salm, Consultora de JFFLS, FAO Moçambique.
1ª Ficha de Apoio: 1ª parte: Engenheiro Matias Juga, Supervisor, DDA Sussundenga, Nov,
2005; Exercício: de: A Community Guide to Environmental Health, Hesperian Foundation, draft
2005, pág.12, 2ª página: adaptado das notas de Eng.º Matias Juga, Supervisor, DDA
Sussundenga, para o Treinamento JFFLS, Nov, 2005.
2ª Ficha de Apoio: escrito por Matias Juga, DDA Sussundenga, com apoio de YK Singh:
Notas do Curso sobre Agricultura de Conservação, Zambézia, 2003.
3ª Ficha de Apoio: modificado e traduzido de: A Community Guide to Environmental Health,
Hesperian Foundation, draft 2005, págs. 14-19.

24

Você também pode gostar