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Mulheres que

a luta

- MARÇO DE 2023 -
EXPEDIENTE
Publicação do Mandato Participativo Deputado SIGA NAS REDES
Estadual Marquinho Lemos - PT/MG 03/2023
Marquinho Lemos
Jornalista Responsável: Gabriela Fagundes J.P.13953/MG
Marquinho Lemos
Projeto gráfico: Tiago Bicalho
Diagramação: Tiago Bicalho MarquinhoLemos.com.br
Textos: Gabriela Fagundes e Isabel dos Anjos @DeputadoLemos
Edição: Gabriela Fagundes Marquinho Deputado
Fotos: Arquivos do mandato 31 9979-8441

Rua Rodrigues Caldas, 79,


Edifício Tiradentes - 22º andar
Santo Agostinho
Belo Horizonte - MG
E-mail: dep.marquinho.lemos@almg.gov.br
Telefone: (31) 2108-5935
PUBLICAÇÃO DO MANDATO PARTICIPATIVO DEPUTADO ESTADUAL MARQUINHO LEMOS - PT/MG Mulheres que

a luta

Mulheres que Inspiram a Luta


Ao longo da história, várias mulheres, sejam por suas ideias ou suas
atuações, quebrando paradigmas e influenciaram mudanças na
caminhada por uma sociedade mais justa e igualitária. São mulheres que
plantaram sementes e abriram espaços, sejam atuando em suas
comunidades, associações, movimentos sociais; sejam ocupando
espaços de poder como vereadoras, prefeitas e presidentas.

Nosso mandato é formado por muitas dessas mulheres que nos


orgulham e inspiram a seguir a luta por uma sociedade com igualdade de
direitos para todas e todos. Em homenagem a essas grandes
companheiras, lançamos, durante o nosso primeiro mandato, a
Campanha Mulheres que Inspiram a Luta, em que tivemos a
oportunidade de contar um pouco da luta dessas mulheres durante o
mês de março em publicações nas redes sociais e em nosso site.

Mesmo com toda a visibilidade da campanha, sentimos que


precisávamos fazer mais. Por isso, decidimos reunir em um mesmo
espaço todas essas histórias e lançar este e-book: Mulheres que
Inspiram a Luta.

Como sabemos, a busca por igualdade de direitos e pela construção


de uma sociedade mais justa não é assunto recente, mas ela somente será
exitosa com a colaboração de cada um de nós, homens e mulheres.

Convidamos-lhe a conhecer a trajetória dessas mulheres que tanto


fizeram e integrar essa luta que é permanente. Vamos juntas e juntos!

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As lutas das mulheres


A história da humanidade não pode ser pensada sem a atuação das
mulheres. A luta das mulheres por seus direitos não é um fato recente:
geradoras da vida, lutadoras cotidianas, desempenhando múltiplas
tarefas e buscando a sobrevivência numa sociedade profundamente
marcada pelas desigualdades de gênero, raça e classe. A própria origem
do dia 08 de Março – Dia internacional das Mulheres –representa a luta
das mulheres ao longo da história. Inicialmente, não havia uma data
definida. O primeiro esforço foi o reconhecimento da desigualdade de
gênero e da importância da luta pelos direitos das mulheres.
Em 1908, mais de 15 mil mulheres reuniram e protestaram em
Nova York denunciando as precárias condições de trabalho e a falta de
direito ao voto. Em 1909 foi declarado o Dia Nacional das Mulheres.
Já em 1910 durante a II Conferência Internacional de Mulheres
Socialistas em Copenhague, quando estavam reunidas as representantes
de 17 países, foi sugerido por Clara Zetkin a criação do Dia
Internacional das Mulheres. O incêndio numa fábrica em Nova York
(Triangle Shirtwaist Company), em 25 de março de 1911, provocado pelas
péssimas condições de trabalho, matou 125 trabalhadoras. Elas
morreram carbonizadas nos galpões da fábrica. Por alguns anos, o dia
internacional das mulheres foi celebrado no dia 25 de março em
memória a essa tragédia.
A greve das operárias na Rússia iniciada em 23 de fevereiro de
1917, consolidou a data de 08 de março o Dia Internacional das
Mulheres. As tecelãs, costureiras e esposas de soldados, em Petrogrado
(Rússia), lutavam por pão e paz. Esse movimento, foi fundamental para o
desfecho da Revolução Russa. Embora, tenha sido aprovada por todas
as 100 mulheres presentes na Conferência e somente em 1975 tornou-
se uma data oficial a partir da celebração feita pela ONU.
A luta pela igualdade de gênero, condições dignas de trabalho,
direito a voto, participação política, direito a educação para si e para seus
filhos/filhas; respeito por seus corpos, direito a vida sem violência,
direito à liberdade e a igualde de fato, continuam na atualidade. Não é
novidade que, principalmente, nos países de economia periférica a
exclusão social atinja de forma intensa e permanente as mulheres. É
fundamental destacar a responsabilidade do Estado na defesa da vida.
A população estimada no Brasil em 2021 é de 212,7 milhões de

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pessoas, desse total, 108,7 milhões (51,1%) são mulheres. Portanto,


trata-se da maioria da população brasileira, muitas, diversas e com
demandas complexas, principalmente, o direito de vida digna,
constantemente ameaçado pelas diversas formas de violências, fome e
miséria, precarização no mercado de trabalho, machismo, misoginia e
racismo.
De acordo com os dados do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, em 2002 18,6 milhões de mulheres foram vítimas de alguma
violência ou agressão. A cada minuto, 14 mulheres foram agredidas com
tapas, socos ou chutes. Ainda, segundo o Anuário Brasileiro de
Segurança Pública a cada dia, três mulheres morrem vítimas do
feminicídio, ou seja, são mortas por sua condição de gênero.
Nos últimos anos, o incentivo à cultura da violência por meio da
desqualificação, ataques à figura feminina, o armamento da população,
o desmonte das políticas públicas, a implantação da PEC do
congelamento dos gastos públicos e a extinção dos Ministérios, resultou
na descontinuidade dos programas, projetos e serviços relativos aos
direitos das mulheres. Os movimentos de mulheres, os partidos
políticos e setores da sociedade civil organizada, têm atuado
sistematicamente na garantia desses direitos. A luta diária pela defesa da
vida, respeito, reconhecimento, participação e igualdade de direitos,
continua.
As políticas públicas transversais de defesa dos direitos das
mulheres são fundamentais na garantia de vida digna. O enfrentamento
a desigualdade de gênero é uma tarefa prioritária do Estado. O
fortalecimento da democracia pressupõe a garantia dos direitos
fundamentais, orientados pelos princípios da igualdade, liberdade,
dignidade humana e justiça social. Tais princípios, são efetivados na vida
da população brasileira por meio de políticas públicas. É a ação do
Estado que transforma a vida das pessoas.
As eleições de 2022 foram um marco para a luta por direitos.
Foram eleitas 302 mulheres e 1.394 homens para a Câmara dos
Deputados, Senado, Assembleias Legislativas e Governos Estaduais. Se
comparado com os anos anteriores, observa-se o aumento da
participação feminina, mas ainda bastante distante dos padrões de
igualdade. Em Minas Gerais é a primeira vez que a composição da Casa

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Legislativa representa a diversidade social: mulheres, negras, oriundas
da classe trabalhadora, de diferentes regiões do estado. A eleição do
presidente Lula é fundamental para a garantia dos direitos das mulheres.
A criação do Ministério das Mulheres, a nomeação de Mulheres nos
Ministérios e cargos estratégicos, o fortalecimento de políticas públicas
transversais dos direitos das mulheres e dos mecanismos de
participação social são fontes de esperança e sinais da importância de
coletivização da luta das mulheres.
A luta contínua, muitas inspiram a seguirmos firmes na
resistência e esperança de dias melhores.

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Maria da Penha Cabral
Belo Horizonte
Fui casada por 18 anos. Fiquei viúva aos 38
anos, com os filhos bem pequenos, dentro de uma
favela, bem pobre, tinha tudo para chutar o balde.
Trabalhei muito na minha profissão para dar conta de
educar os meus filhos, voltados para o trabalho social,
escola, catequese, grupos de reflexão da Palavra de Deus.
No ano de 1987, fiquei quatro meses esperando a pensão do meu
falecido marido, sem cabeça para trabalhar. Coloquei os joelhos no chão
e rezei: senhor tende piedade da minha família! Não nos deixe, não nos
abandone! Eu preciso de vós!
Naquele momento pensei: se o Senhor me confiou esta missão de
educar os meus filhos sozinha, por favor me dê forças Senhor. Eu
conseguirei vencer com a tua graça.
Lutei, juntamente aos moradores do bairro por pavimentação,
asfalto, água, melhoria e construção do novo Centro de Saúde Vista
Alegre, no Bairro Nova Cintra. Fui a primeira coordenadora e uma das
fundadoras ao lado da Dra. Nídia, gerente do Centro de Saúde na época.
No ano 2000, fui candidata a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores,
onde conquistei 814 votos.
Em 2001, após meus filhos se tornarem adultos, voltei a me sentar
no banco de uma escola e completei o segundo grau. Nesse período,
também fui convidada para fazer parte da assessoria do mandato do
então vereador José Tarcísio Caixeta.
Lá, servi durante cinco anos, na Câmara Municipal de Belo
Horizonte. Após a perda do mandato do Caixeta, fiquei nove meses sem
trabalho.
Através do meu amigo e companheiro da Comunidade Eclesial de
Base, Sr. Carlindo, o então Deputado Durval Ângelo me convidou para
fazer parte do seu mandato, onde permaneci por nove anos até sua saída
da Assembleia.
O que tenho a dizer a todas as mulheres é que lutem, entreguem-se e
deixem Deus as conduzirem, se amem e se valorizem mais. Jamais
abandonem seus filhos, eles serão seus maiores apoiadores na vida.
Ninguém te amará mais do que os teus familiares.
Sejam guerreiras, defendam seus direitos com dignidade.

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Vera Salviano
Ponte Nova
Sou Vera Salviano, viúva, família criada e inde-
pendente, aposentada há 23 anos no Banco do
Brasil, ex-professora, escritora, poetisa.
Tenho muitos sonhos, sonhos natos mesmo, com
raízes lá na vivência política de meu pai, funcionário da
Prefeitura de Raul Soares até 1968. Naquela época ele já militava pelo
então PSD.
Eu menina, já sentia o desejo de lutar por esses ideais políticos,
enfrentando a família pelo lado materno, até hoje extremista de
DIREITA. Eu e meu pai apenas de ESQUERDA.
Fui professora do MOBRAL aos 15 anos, logo no início do Movi-
mento, e trabalhar como monitora, ainda estudante, na alfabetização de
adultos, pessoas carentes, com ânsia de aprender a ler, assinar o nome,
me fazia sentir importante e útil na educação e realização pessoal da
minha comunidade. De professora fui ser economiária, através de
aprovação em Concurso Público da MINASCAIXA.
Tempos depois, também fui aprovada em concurso público para o
BANCO DO BRASIL, trabalhando até 1998, quando me aposentei.
Gosto de ressaltar que tomei posse no BB em Guanhães, Minas Gerais,
cidade muito querida.
Foram longos anos trabalhando com produtores rurais, o homem
do campo. Eram felizes nas suas atividades, se realizavam até lá pelos
meados de 1990. Depois surgiram as drásticas mudanças políticas com
FHC, passou-se a falar no famoso “Novo Rosto do Banco” e veio a
correção monetária detonando com os agricultores, pecuarista, suino-
cultores, e o que era doce se acabou.
Tudo mudou nesse período, só depois veio a ter o apoio de Lula
durante seu mandato.
Vivi os dois lados da moeda.
Hoje, já nem ouso comentar… De mal pra pior.
Carrego comigo uma opção, proclamada pelo Mestre dos Mestres, a
opção preferencial pelos Pobres. E vejo no PT o campo onde posso me
liberar e ir à luta nesse novo tempo que se nos apresenta.
Há uma vontade inerente em trabalhar e batalhar pelo nosso partido
dentro da minha área.
Onde, usarei do meu dom poético para trabalhar nossos ideais
democráticos, de lutas…De valorização de toda classe trabalhadora.

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Gláucia Helena de Souza
Contagem
Sou Gláucia Helena de Souza, nasci em 26 de
dezembro de 1969. Sou Professora de História e
moro na cidade de Contagem – MG. Sou mãe de
dois filhos, Luiz Paulo de 32 anos e João Pedro de 3
anos. Vivo em União Estável – relação homoafetiva há
10 anos.
Sou professora da rede pública de Contagem desde 1988. Iniciei
minha carreira como professora primária, alfabetizando. Tinha um
grupo de amigas com quem trocávamos as impressões do mundo. Até
que decidimos nos filiar ao Sindicato Único dos Trabalhadores e
Trabalhadoras em Educação de Contagem. Nosso primeiro
movimento foi a luta para municipalizar o ensino primário da Funec,
onde trabalhávamos e concurso público para nos efetivar.
Desta militância, fui convidada para compor vacância na Direção
do Sindicato em 1993, passando depois por eleição, onde a chapa que eu
compunha saiu vitoriosa.
No sindicato me organizei junto ao Coletivo de Mulheres do Sind-
UTE Estadual. E a partir daí, toda luta trazia o traço de discussão sobre
a igualdade de gênero. Não foi tarefa fácil, mas aos poucos fomos
convencendo mais e mais pessoas da categoria, principalmente os
dirigentes sindicais que seguiam comigo a gestão.
Formei em História no ano de 1990 e a luta e os temas de inclusão,
combate ao machismo, ao racismo, foram ficando mais nítidos e
contidos mais fundamentados em minhas ações. Filiei-me ao Partido
dos Trabalhadores em 1992, onde participei ativamente dos coletivos de
mulheres em minha cidade e no Estado.
Candidatei à vereadora na cidade de Contagem por duas vezes, em
2004 e 2008. Não fui eleita, mas exerci neste período a primeira
Coordenação de Políticas para Mulheres no Governo Municipal, com a
eleição de Marília, no primeiro e no segundo mandatos.
Fruto de nossa experiência exitosa na gestão, fui convidada para
ocupar um cargo no governo federal, na gestão de Dilma, no ano de
2011. Coordenadora da Rede de Enfrentamento à Violência Contra
Mulheres, na Secretaria da Mulher. Neste lugar, articulei diretamente
com estados e municípios a formação de redes de atendimento à
mulheres. Foi uma experiência muito positiva. Cheguei a Coordenar o

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Comitê Bilateral entre Brasil e Venezuela para o enfrentamento da


violência e tráfico de mulheres.
No caminho, fui Secretária Adjunta de Habitação no governo de
Carlin Moura, onde aprendi e aperfeiçoei a luta, vendo de perto a
dificuldade de moradia popular como interesse social. E a participação
das mulheres como protagonistas destas ações.
Hoje estou Diretora da escola onde sou lotada professora de
História. E nesta escola, desenvolvemos um projeto que leva o nome de
Março Mulher, onde sempre o coordenei. Neste ano ele se reformulou,
virou Mulher e Ciências e está no horizonte de toda a Escola, onde as
mulheres professoras farão seu relato de vida e teremos no final do mês
uma live de formação, articulada junto com o Instituto Cultiva, onde o
tema: Mulher e a Pandemia, um debate sobre a violência intra-familiar
será discutido com a filósofa e professora Márcia Tiburi.
Neste histórico, muitas mulheres se formaram junto de mim,
construímos redes que até hoje nos organizamos e assim vamos
fortalecendo umas as outras e nossos companheiros para que a
desigualdade de gênero deixe de ser presente e passe a fazer parte das
lembranças da luta que haveremos de vencer.

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Jandira Valério Dias
Divino
Sou casada, mãe de dois filhos. Sou filha da
Dona Maria e do Senhor Braz, tenho 14 irmãos,
minha família sempre foi muito humilde e meu pai
sempre fez questão que estudássemos até a quarta
série.
Sempre trabalhei na roça ajudando meus pais e sempre fui muito
atuante na igreja. Foi esse trabalho de comunidade e grupo de reflexão
que me levou ao trabalho político. Aos 16 anos, eu já era coordenadora
de comunidade; aos 24 anos, fui candidata pelo Partido dos
Trabalhadores e fiquei como suplente, sendo naquela eleição a segunda
mulher mais votada com 202 votos, chegando a assumir na Câmara por
um período de três meses.
Esse fato foi uma alavanca na minha vida, pois entrei para fazer o
EJA na escola e em seguida fiz o curso de serviço social. Sempre atuante
na luta pelos direitos dos menos favorecidos
Acredito na persistência e determinação. Nunca é tarde pra começar
algo, seja estudo, trabalho ou tomar uma decisão na sua vida.

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Cida de Jesus
Belo Horizonte

Aprendi muito cedo que a vida é luta. Sai de


minha querida Felício dos Santos na adolescência.
Meus posicionamentos da luta, encontraram espaços
na década de 80, vivendo em Diamantina. Foi no grupo
de Jovens, na PJ e na CEBs, meu primeiro aprendizado. Aprendi que,
lutar por um mundo mais justo, mais igualitário e democrático,
necessariamente passa pela organização das pessoas.
Desta forma, organizamos e fortalecemos o PT e Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais, no Alto Jequitinhonha. Dirigimos vários
movimentos, estudantis, constituinte, grupos culturais, Diretas Já e o
comitê contra a fome liderado pelo então sociólogo Betinho de Souza.
A partir da década de 90, organizamos a juventude partidária em
Contagem e no Estado. No mandato do deputado Durval Ângelo,
aprimoramos a ideia de mandato coletivo e participativo, por meio da
educação popular nos princípios de Paulo Freire.
Em várias regiões do Estado, formamos e fortalecemos núcleos de
base, conselhos municipais, cooperativas, partido, sindicatos e
pastorais. Elegemos prefeitos e prefeitas, bem como vereadores e
vereadoras comprometidos com as causas sociais. No PT/MG, como
coordenadora de várias secretarias e como presidenta, organizamos
políticos, mulheres, juventude e setoriais.
Bora, bora mulherada, camaradas, companheiras! Vencendo cada
batalha, dia após dia, contra o preconceito e machismo. O lugar de
mulher é onde ela queira estar!
Como nos ensina Judith Butler: “é crucial que resistamos às forças
da censura que prejudicam a possibilidade de viver em uma democracia
igualmente comprometida com a liberdade e a igualdade”.

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Marilda Perpétuo
Contagem
Eu moro em Contagem desde de 1974.
Comecei a militância em 1978. Minha militância
surge no movimento sindical de metalúrgicos.
Havia uma mobilização na época, na década de 70,
reta final da ditadura, pela anistia e depois organizada
pela classe trabalhadora. Além dos sindicatos, tinha a
mobilização nos bairros. Eu atuei nessa época dos sindicatos no
movimento de moradia e ocupação. Isso foi muito importante para
começar a minha militância.
Com essa militância ajudei na construção do Partido em Contagem,
principalmente, a fundação do PT.
Enfrentamos muitos desafios, primeiro, porque havia uma grande
mobilização do ponto de vista da briga por anistia e fim da ditadura.
Houve uma movimentação muito grande dos movimentos sociais
contra a carestia e vários momentos da época. Foi esse cenário que me
motivou a lutar pela construção da democracia.
Depois, eu fui para o espaço partidário. Atuei por muitos anos na
assessoria partidária, desde 79 até o encerramento do mandato do
deputado Durval Ângelo.
Eu acho que só por meio da mobilização e do engajamento na luta
que a gente consegue construir nosso espaço. Só assim conseguiremos
construir o espaço das mulheres na sociedade. E isso é perpassada pela
atuação em movimentos e em todas as áreas.
O recado que deixo é que a maioria da população são mulheres e a
cada dia a mulher com todos os tropeços e falta de espaço a gente já
construí muito. Sendo a maioria e por nossa luta temos a grande
possibilidade de organização e enfrentamento dos espaços.

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Maria das Graças
Abre Campo
Sou filha de trabalhadores rurais, nascida e
criada na zona rural do distrito Granada, município
de Abre Campo. Me casei com 17 anos, tenho quatro
filhas e três netos. Eu e meu esposo sempre participa-
mos dos movimentos da igreja católica – CEBs, trabalha-
mos com medicina alternativa e nos filiamos ao Partido dos Trabalha-
dores de Abre Campo em 1993.
Em 1995, formamos a Associação de Mulheres de Granada (Asmu-
gra), foi uma luta muito grande, mas com várias conquistas. Em 2014
fiquei viúva, dificultando muito minha vida junto à comunidade, mas,
mesmo assim, com apoio da minha família, não desisti da caminhada
junto às minhas companheiras de luta da Asmugra.
Hoje, a Associação das Mulheres de Granada tem uma padaria e
uma confecção em funcionamento, a qual auxilia na renda familiar de
várias famílias e atende aos moradores do distrito de Granada.
Mulher, você que encontra dificuldades e barreiras, pense sempre
positivo e encare a vida de frente, pois tudo que cruzar seu caminho será
para seu crescimento e Deus providenciará a força necessária para que
você possa superar.

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Natália Alves
Ouro Preto

Me chamo Natália, sou natural de Belo


Horizonte, mas vim ainda em minha infância
morar em Ouro Preto, onde permaneci e constitui
família. Minha caminhada profissional começou aos
11 anos, como babá. Aos 16 anos, tive o meu primeiro
contrato de trabalho, que foi em um restaurante. Com 18 anos, fui
trabalhar em uma lanchonete. Aos 19, me casei e aos 20 tive meu filho,
razão pela qual fiquei um tempo fora do mercado de trabalho.
Depois de um ano, voltei a trabalhar para tentar dar uma vida
melhor para meu filho, sempre com um sonho de construir uma vida
um pouco mais confortável do que a que tive. Assim, voltei a estudar e
formei o ensino médio. Parei os estudos por mais um tempo, porque
precisei trabalhar no mesmo turno. Consegui outro emprego que me
permitia conciliar serviço e escola.
Assim, fiz Enem e consegui fazer um curso técnico de análises
clínicas pelo Pronatec. Formei-me em 2015, mesmo ano em que entrei
para a Ocupação Chico Rei (o movimento se formou no final de
2015/início de 2016) de luta por moradia digna para o povo. Lá eu fui
ocupante e mesmo depois da nossa retirada pela força policial,
continuei a fazer parte da coordenação do movimento, que permanece
na luta por locais dignos de moradia, sendo uma das nossas atuações o
mutirão solidário para construção de casas.
Atualmente estou trabalhando na assessoria do Vereador Kuruzu,
onde continuo na luta pelo povo e pelo direito à moradia.

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Neura da Silva Pereira
Lajinha
Nasci em 24/06/1958, sou casada, mãe de três
filhos, Francis, Samira e Frederico, quatro netos,
Letícia, Matheus, João Vitor e Ellena. Aposentada
como professora, residente em Lajinha – MG.
Durante minha vida toda sempre tive que lutar muito para
sobreviver nesta sociedade racista e machista. Filha de pai negro e mãe
mameluco, vivi intensamente preconceito racial, até o dia que entendi
que poderia superar tudo isso com luta, trabalho e dignidade.
Fui procurar estudar e me formar, assumindo por concurso público
a missão de professora em 1976. Na década de 90, mais precisamente
em 1992, fui eleita diretora da Escola Estadual Dr. Adalmário José dos
Santos, a maior escola do município. Em 1999 fui ser inspetora da
Regional de Manhuaçu, trabalhando nos municípios de Chalé, São José
do Mantimento e Conceição de Ipanema. Já quase no final da minha
carreira profissional (em 2008), optei por concorrer a vaga de
vereadora, sendo eleita e estou hoje no quarto mandato.
Gradativamente ao longo da minha vida percebi e ainda percebo
que a nossa luta deve ser contínua e incansavelmente forte no sentido de
romper obstáculos e transpor muralhas.
A busca pela igualdade e a justiça social é o que sempre me inspirou
nesta luta ferrenha.

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Raphaela Rodrigues Pereira
Membro do Movimento dos
Atingidos por Barragens

Sou Raphaela Rodrigues Pereira, tenho 28 anos,


jovem negra nascida e criada em uma cidade do
interior com aproximadamente oito mil habitantes, na
região do Vale do Aço. Minha história não é diferente de
outras mulheres jovens e negras do interior, pois desde pequena já
sofremos machismo e preconceito. Para muitos a mulher, enquanto
Negra, não pode ter vez e voz na sociedade.
Aos meus 22 anos, tive o meu primeiro contato com os movimentos
sociais, através do maior crime ambiental da Samarco, Vale e BHP -pois
também sou atingida pela barragem de Mariana.
Minha trajetória é um exemplo de como o conhecimento e acesso
aos direitos fazem toda a diferença na vida das pessoas. Participei de
fóruns públicos, debates de Direito das Mulheres Negras e mulheres
atingidas por barragens, nos quais representei a voz de outras
“Raphaelas” que como eu, vivem em cidades do interior sem acesso a
direitos básicos e achando muito natural ter seus direitos violados.
A participação nesses lugares foi fundamental para a construção e o
fortalecimento da minha identidade como mulher negra e do interior.
Aprendi também que o lugar da mulher é onde ela quiser, inclusive
dirigindo uma empresa ou presidindo um país.
Temos que desconstruir esse pensamento do machismo da nossa
sociedade para que todos aprendam o respeito e a igualdade entre os
gêneros.

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Maria José Nunes de Fátima – NÁ
Periquito/MG
Sou natural de Paulistas, aposentada, casada com
Nereu Nunes (natural de Peçanha/MG), mãe de três
filhos: Nereu Jr., Marx Vinícius e Marcos Guilherme, bem
como cinco netos, que também são filhos: Ana Clara, Sávio
Gabriel, Sophia, Victor e o Arthur.
NÁ é meu apelido de infância. Sou filha de pequeno pecuaris-
ta/agricultor, vivi minha infância, adolescência/juventude no meio
rural/urbano, em uma residência rural na proximidade da cidade/Paulistas.
Sempre dediquei aos afazeres domésticos e nas atividades produtivas da
família, também participando e atuando nos movimentos estudantis, de
jovens da Igreja Católica, da comunidade social e política partidária (motiva-
da por meu saudoso pai Mário Zefina, vereador por cinco mandatos, em
Paulistas). Cursei e me formei em Curso Normal Superior.
Casei-me em 1977 e, devido trabalho do esposo na empresa Florestal
Acesita/Acesita Energética – sede em Timóteo-, mudamos para a região do
Vale do Aço, fixando residência em Serraria/Açucena, hoje distrito de
Periquito (cidade onde tenho residência).
Sempre atuei voluntariamente nos movimentos comunitários, principal-
mente na organização e nas lutas das mulheres em busca de igualdade e
equidade. Também clamo e busco por políticas públicas de qualidade para
crianças e adolescentes/jovens.
Participei de vários encontros no Mobon (Dom Cavati), bem como nos
encontros de Fé e Política. Filiando-me no PT (Partido dos Trabalhadores),
sendo eleita para o cargo de vereadora/PT, legislatura 1993/1996, quando
me tornei primeira mulher a ser eleita pelo PT em Açucena).
Atuei como Juíza Classista Representante dos Trabalhadores na antiga
4a. Junta de Conciliação e Julgamento de Contagem/MG, atual 4a. Vara do
Trabalho e após vencer mandato, atuei como Oficiala de Justiça “ad hoc” na
Justiça do Trabalho, em Governador Valadares/MG. Também tive a oportu-
nidade de exercer o cargo Secretária Municipal de Educação, município de
Periquito.
Atualmente, além dos afazeres cotidianos, tenho contribuído com a
organização e mobilização das mulheres periquitenses e contribuindo com o
PT.
Nós mulheres, independente de idade, temos o dever de organizarmos e
lutarmos contra todas as formas de discriminação e violência em desfavor da
mulher. Com indignação e destemor, vamos continuar fazendo a nossa parte,
como mulheres destemidas, na construção da Sociedade do Bem Viver.

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Maria das Dores Bicalho Aniceto
Liderança partidária e militante no
Movimento de Fé e Política
Sou filha de pequenos produtores rurais, uma
família de 10 irmãos. Iniciei minha militância na igreja
católica na década de 70. Tive cursos contínuos com
padre Renato Stormacq, ele ministrou um curso escola de
fé e vida na Pastoral Social, em João Monlevade.
Filiei-me ao PT em dezembro de 1979 para fundação do partido. Atuei na
CEB’s, ajudei na organização Inter Eclesial com o saudoso Padre Nelito.
Assessorei o vereador Ramon no trabalho de base. Trabalhei com o Deputa-
do Durval Ângelo. Fui gestora no governo da prefeita Marília Campos no seu
primeiro mandato. Fui Diretora de Segurança Alimentar e gerente de Políti-
cas Públicas para Pessoa Idosa.
Casei em janeiro de 1980 com José Antônio Aniceto, metalúrgico, tam-
bém militante na igreja e sindicato. Tivemos três filhos: Tiago Bicalho
Aniceto, Saulo Vinícius Bicalho Aniceto e Sabrina Bicalho Aniceto (in memo-
riam).
Quando casamos, moramos em Santa Mônica em BH, lá eu militava na
pastoral de favela com o saudoso Dazinho. Também atuei na igreja com o
querido amigo padre Luiz Alberto, em 1981, quando viemos para Contagem.
Atuei na paróquia São Judas Tadeu, com o meu sempre e eterno amigo Padre
Paulo Arrigue, o qual muito me ajudou na formação popular, fiz vários cursos
em São Paulo com o incentivo e apoio dele, um irmão. Assim como Padre
Ivanir, amigo, formador e outro irmão na minha vida.
Sou leiga Trinitária. As irmãs Servas da Santíssima Trindade, fazem parte
da minha vida. Na formação, na amizade, na presença forte comigo.
Em 12 de outubro de 1998, aconteceu um acidente de carro, o meu mari-
do Zezé e a Sabrina faleceram. Com ajuda da Trindade Santa e Nossa Senho-
ra, eu consegui levar a vida à frente, o Tiago e o Saulo fizeram faculdade.
Em 2008 tive o diagnóstico de um CA de médula, um caso raro Mielo
fibrose.
Nunca desisti da luta por uma sociedade melhor para todos! Sempre em
defesa dos menos favorecidos. Sou muito grata a todos os amigos, pelo apoio
e pela amizade.
A fé, união e formação humana são alicerces para a construção de uma
sociedade mais justa e igualitária.
Fé e política caminham juntas e nós, mulheres, precisamos utilizá-las para
fazer o bem para todos, porque somos fortes, temos garra e sabedoria para
colocá-las em prática.

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PUBLICAÇÃO DO MANDATO PARTICIPATIVO DEPUTADO ESTADUAL MARQUINHO LEMOS - PT/MG Mulheres que

a luta
Lourdes Lomba
Rio Vermelho
Sou a filha primogênita de seis irmãos. Nasci numa
família muito pobre, mal tínhamos o que comer, dormir
nem se fala: era um colchãozinho de palha de milho para
dividir com os irmãos que vinham chegando, uma escadinha.
Além de todas as dificuldades, meu pai era muito ignorante,
vivia brigando com minha mãe. Por diversas vezes dormimos
em pleno tempo de chuva no mato sobre o capim-gordura.
A minha mãe vivia meses e meses colocando folha de café no lenço para
amenizar a vontade de tomar café o que lhe trazia muita dor de cabeça. Carne que
comíamos era apenas de bicho do mato. Passamos por toda sorte de humilhações
advindas do dono da terra onde morávamos. Passei minha infância carregando
lenha verde nas costas para fazer carvão, o que nos proporcionava pelo menos
algum tipo de alimento com mais fartura em casa. Ainda criança, com cinco anos
de idade, já trabalhava fora ajudando na semeadura de milho e feijão para as pesso-
as, que nos pagavam algumas moedas o que raramente dava para comprar fubá
para fazer angu, mas sempre tive sonho e vontade de estudar, o que foi mudando
gradativamente a minha vida e a dos meus familiares.
Como minha comunidade era muito pequena, não tinha na escola nem a
antiga quarta série. Tive que sair de casa aos nove anos para estudar fora. Morava
na casa de uma tia não muito longe da nossa comunidade. Passava toda sorte de
humilhações, mas mesmo assim não desisti do meu sonho. Terminada a quarta
série, voltei para minha casa aguardando os tão esperados 14 anos para estudar no
supletivo da cidade. Vinha uma vez por mês quando meu pai deixava, porque não
era sempre que ele deixava eu vir com minha tia que saia comigo às 3h30 da
madrugada para vir a pé à cidade.
Mesmo assim, eu amava aquela oportunidade, estudei praticamente sozinha o
tempo todo. Ainda no final do supletivo, consegui um trabalho de servente escolar
por quatro meses numa licença de gestação de uma servente escolar em uma
comunidade próxima a minha, mesmo assim tinha que morar na casa dos outros,
pois meu pai não me deixava vir sozinha e nem queria que eu trabalhasse fora.
Brigava com minha mãe, mesmo assim não me curvei. Ganhava na época
R$65,00, tirava R$15,00 para pagar os donos da casa onde eu ficava durante a
semana e o restante era passado para minha mãe comprar comida para nossa
família.
Neste meio tempo, surgiu o telecurso 2000. Como a prefeitura precisava
formar seus professores rapidamente por causa de uma lei que obrigava, eu acabei,
por insistência, convencendo a secretária de educação da época a entrar na turma.
Daí, ela percebendo todo o meu esforço, me convidou para dar aula em uma
escola longe da minha casa, ninguém queria ir pra lá, eu fui toda feliz. Era minha
oportunidade de continuar na educação.
Trabalhava com gosto e ainda sobrava um pouco mais para ajudar minha família.
No final do telecurso, que para essa turma durou seis meses apenas (eu amava as

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a luta
aulas, mas nesse tão pouco tempo foi impossível aprender física, química e mate-
mática), tenho dificuldade até hoje nessas matérias. Já as outras, graças a deus, por
gostar muito de leitura e interpretação, consegui me dar bem, inclusive eu estudei
quase todo o tempo da minha vida sozinha, mas fui superando.
Com toda essa dificuldade, consegui fazer duas faculdades e passei em dois
concursos bem classificada. Aliás, um da prefeitura e outro do estado, todos na
área da educação. Sou muito grata a deus por isso, mas os meus maiores desafios
não foram esses apenas.
No final de 1998, fui convidada para fazer um teste na rádio comunitária da
cidade, porque eu também, nessa época, participava ativamente da catequese na
zona rural. De imediato, fui contratada para trabalhar na rádio onde estou até hoje
e sou apaixonada por essa missão. Mas, os problemas políticos surgiram demasia-
damente a partir daí. Até então, eu não entendia nada de política e pra falar a
verdade meu primeiro voto foi em FHC. Mas daí conheci a Lília, presidente do
partido PT em Rio Vermelho, que com o passar do tempo me convidou para
morar na casa dela porque ficou sabendo que eu e meu irmão quando vínhamos
para eu trabalhar na rádio, dormíamos numa casinha na periferia da cidade que
não era casa. Tinha apenas os tijolos sem uma única madeira para cobrir(era a casa
sem porta sem janela: a casa engraçada). Trazíamos um pano para colocar no chão
e dormíamos bem no cantinho até dar 3h30 da manhã, pois eu trabalhava na rádio
aos domingos de 5h às 8h.
Quando comecei a conviver com a Lília, devagarinho fui descobrindo o que
era as tais questões sociais que tanto nos afligia. Ela não forçou nada, até então não
me tinha falado nada do PT, pois respeitava muito o que percebia em mim. Mesmo
assim, não demorou muito para eu abrir os olhos e ver também as tantas corrup-
ções no nosso governo local. Daí vieram as denúncias, chegando o prefeito da
época a ser preso e ter seus direitos cassados. A rádio acabou se envolvendo e eu
era linha de frente na conscientização da comunidade. Passei por várias ameaças,
perseguições, perdi meu emprego na educação e fiquei por mais de dois anos
longe da sala de aula, mas daí terminei com muita luta e sem dinheiro minha
primeira faculdade à distância na UFOP. Passei maus pedaços que não me cabe
relatar agora. Daí passei a trabalhar pela primeira vez na rede estadual de educação
no ano de 2005, onde com muita luta e sacrifício morando em outra cidade, tendo
que abdicar da rádio que era minha paixão.
Voltei pra minha cidade em 2006. Passei também no concurso da prefeitura e
agora em 2020, depois de três candidaturas a vereadora, fui eleita vereadora no
município que tem uma cultura ultra-machista para as mulheres na política. Os
desafios são diversos, mas vamos superando a cada dia.
Um recado para as mulheres: nunca desista dos seus sonhos. Vá à luta a cada
dia sem desanimar. A vida é realmente dura para quem luta, mas não podemos
desanimar. A vitória vem com sacrifícios, mas sempre vem.

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Maria Fátima de Souza Lima
Alvarenga
Nasci em Alvarenga no dia 11 de julho de 1961.
Sou casada com Geraldo de Souza Lima, com quem
tenho uma filha, Fernanda. Ainda jovem, mudei-me
de cidade para fazer o ensino fundamental, e anos
depois obtive licenciatura em Matemática, consolidando
minha profissão como professora e me espelhando na trajetória de
minha mãe, Sílvia.
Trabalhei na área da educação em Alvarenga e na cidade de São
Paulo, dedicando-me com afinco e comprometimento ao alcance de
uma educação pública de qualidade. Em 1988, participei da fundação do
Partido dos Trabalhadores em Alvarenga, concorrendo à vereadora na
legislatura 1989-1992, tendo sido a primeira mulher eleita do município.
Em 2013, assumi a presidência do Diretório do PT, defendendo as
diretrizes do partido, pautando meu trabalho na defesa dos
trabalhadores, na participação feminina na política e na defesa da
democracia. Fui eleita vice-prefeita de Alvarenga pelo PT na legislatura
2017/2020, exercendo também o cargo de secretária Municipal de
Educação no período 2019/2020. Como vice-prefeita, empenhei-me
para que a Administração valorizasse a qualidade de vida da população,
por meio de obras e serviços de qualidade.
Minha mensagem a todas as mulheres no Dia Internacional da
Mulher é que busquem, incansavelmente, a igualdade de seus direitos,
lutando por mais espaço, reconhecimento e respeito, não permitindo
retrocesso nos avanços obtidos nas políticas públicas e sociais ao longo
dos anos.

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Rosa Preta
João Monlevade
Sou Rosângela Benícia De Morais Lima,
conhecida como Rosa Preta. Nasci no dia 23 de
agosto de 1961. Vim de uma família pobre, sem
muitas condições, porém o mais importante nós
tínhamos: a felicidade.
Sou mãe de quatro filhos: Henrique, Fabiana, Ivanilde e Ricardo.
Eles são a razão do meu viver, e da minha felicidade diária.
Como nem tudo são flores, minha mãe faleceu quando eu tinha
meus 10 anos. Foi uma época de muita dor e incertezas.
Devido à falta de oportunidade e por meu pai não conseguir
manter todos os meus irmãos, me mudei para São Paulo, onde
consegui um emprego como empregada doméstica na casa de uma
família. Lá aprendi muitas coisas, inclusive a lutar pela minha vida e
por meus direitos, como mulher negra.
Porém, quando eu estava com 27 anos, perdi o meu pai, senti
muita dor.
Essa dor se transformou em muitos pensamentos, o qual me fez
retornar para a minha cidade João Monlevade/MG, de forma
definitiva.
Com meu retorno à cidade que tanto amo, consegui um emprego, e o
destino colocou novamente em minha vida o meu grande amor da
infância.
Nessa minha vida, tive momentos de dor e de alegria. Fiz deles
momentos que posso me orgulhar da Mulher, Negra e de Luta que me
tornei.

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Suely Maria Martins Freitas
Santa Bárbara do Leste
Eu me chamo Suely Maria Martins Freitas, nasci no
dia 22 de fevereiro de 1968, sou lavradora, moro no
córrego do Lage, Santa Bárbara do Leste, tenho três
filhos, Adriane, Marco Antônio e Eduardo e uma netinha
chamada Maria Cecília, sou casada há 30 anos com Otair
Rocha Freitas que também é lavrador.
Sempre trabalhei na agricultura, sempre tive um sonho de ajudar agricul-
tores e agricultoras. Comecei a minha história como líder comunitária da
região onde moro, pois próximo a minha casa tinha uma fazenda onde existi-
am muitas mulheres que trabalhavam na roça para ajudar no sustento da
família e daquelas famílias que viviam apenas com a renda obtida com o dia
trabalhado para os patrões. Observando essa situação, despertou em mim a
vontade de buscar alternativas para que essas mulheres tivessem também
outra forma de renda para poder oferecer pra suas famílias e pra si mesmas
melhores condições de vida, pois naquela época nossa comunidade pertencia
ao município de Caratinga e não tinham acesso a benefícios sociais e era
escasso também a assistência à saúde. Procurei, então, a secretaria de ação
social de Caratinga para que fossem cadastradas as famílias para que pudes-
sem receber os benefícios sociais que lhes eram de direito.
Alguns anos depois, Santa Bárbara do Leste foi emancipada, meu sonho
pra nossa comunidade, era um posto de saúde para atender as famílias com
dignidade. Na época, a prefeitura alegava que não tinha condições de cons-
truí-lo, ofereci minha casa para o atendimento médico e foi assim durante
vários anos, minha casa se transformou num posto de saúde com atendimen-
to semanalmente. Até que um dia um dos candidatos a prefeito da época me
convidou a candidatar a vereadora, aceitei o convite e me candidatei, fiquei
suplemente do meu partido, o candidato eleito a prefeito me convidou a ser
secretária de Ação Social, aceitei o desafio e, graças a Deus, considero que foi
um sucesso. Implantei vários projetos e programas para nossa cidade, dentre
eles ,o restaurante popular, o CRAS, trouxe para nossa cidade o Conselho
Tutelar, realizei projetos que buscavam trazer uma melhor condição de vida
para as pessoas da terceira idade. Também implementamos vários cursos para
homens e mulheres que pudessem ajudá-los a aumentar a renda familiar.
Candidatei-me, novamente, a vereadora e fui eleita por dois mandatos,
sempre apoiando e buscando formas que pudessem trazer melhorias para
nossa cidade. Hoje continuo lutando, incentivando e apoiando associações de
agricultores familiares de minha cidade e região e sonho com uma cooperativa
que já está em andamento, para agregar valores a nossos produtos.
A mensagem que eu deixo para todas as mulheres é que não deixem de
sonhar e correr o risco de viver seus sonhos, o esforço nunca será em vão e os
frutos serão colhidos por nós e pelas futuras gerações.

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Ana Rosa Campos
Escrivã da Polícia Civil de Minas Gerais,
bacharel em direito e especialista
em violência doméstica

Com essa força para lutar em prol das Mulheres, criei a


assistente virtual de nome FRIDA, que providencia
atendimento 24 horas para vítimas de violência, principalmente
doméstica. O “Chame a FRIDA” surgiu por conta do confinamento
imposto pela Covid-19 no Brasil e da consequente impossibilidade das
vítimas de chegarem às delegacias para denunciar agressões.
Eu fiquei preocupada com o ‘sumiço’ das mulheres, pois sabia que a
violência doméstica não tinha cessado em razão de uma crise sanitária.
Algo estava errado. A verdade é que elas estavam sofrendo caladas,
acuadas. Em outros casos, não conseguiam transporte público.
Criei a FRIDA, motivada pela imagem forte do quadro pintado por
Frida Kahlo, em 1935, intitulado “Unos Cuantos Piquetitos”, onde um
corpo nu de uma mulher, golpeado por 20 facadas e completamente
ensanguentado em cima de uma cama, revela situações cotidianas que
envolvem os muitos feminicídios praticados atualmente.
Escolhi o nome FRIDA para o projeto não só porque Frida Khalo é
uma das mulheres mais importantes do século 20, mas, também, porque
ela foi, talvez, a primeira pintora a retratar um crime de feminicídio em um
quadro.
A atendente virtual FRIDA funciona com um chatbot no WhatsApp,
que ampara e fornece atendimento durante 24 horas por dia para as
mulheres.
O Chame a Frida, hoje, já está implantado nas cidades de: Manhuaçu,
Caratinga, Ipatinga e Coronel Fabriciano.
Essa iniciativa inovadora no atendimento às mulheres que são vítimas
da violência doméstica em Minas Gerais recebeu o Prêmio Inova, do
Governo de Minas, conquistando o primeiro lugar na modalidade
Inovação em Políticas Públicas.
O sucesso da FRIDA vai além da conquista do Prêmio Inova.
O deputado estadual Marquinho Lemos (PT), apresentou projeto de lei à
Assembleia Legislativa de Minas, sob o número 2.149/2020, instituindo o
serviço de denúncia de violência contra a mulher denominado “Chame a
Frida”, via WhatsApp, em todo o estado.
Trabalhar com violência doméstica, para mim, é sacerdócio e não
profissão. Eu inovei. Aprendi, na prática, o que significa sororidade.

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Mabinha Cadedo
Ex-presidente da Câmara Municipal
de Visconde do Rio Branco
Sou mãe de dois filhos, Javé e Ana Lígia. Minha
vida foi de muita luta para que eu pudesse me tornar
a pessoa que sou hoje, os desafios para mim nunca
foram empecilhos, pelo contrário, foram eles que me
deram força para continuar.
Em 2016, fui eleita a vereadora na cidade de Visconde do Rio
Branco, esse foi um grande desafio, mas cumpri o meu papel com
honestidade e venci. Prezei pela eficiência e economia na administração
das coisas públicas. Consegui economizar em meu mandato mais de R$
5 milhões, que devolvemos a prefeitura para concretização de muitas
obras.
Nós mulheres podemos chegar onde quisermos, basta traçar metas
e procurar trabalhar para alcançar. Enfrentei muitas desigualdades por
ser mulher na política, desde de falas ríspidas ao olhar de descrédito, mas
com trabalho sério provei que a mulher pode fazer e faz bem.
Mulher é mãe, filha, avó, amiga, empreendedora, somos uma
infinidade de coisas e temos um imenso valor. Nós podemos sempre
mais.

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Nádia de Oliveira Rocha
Médica veterinária e professora
aposentada de biologia, Inhapim/MG

Sou nascida em 04/03/1945, quase 76 anos.


São quatro meus filhos de sangue, Augusto, Cristiano,
Mariana e Gabriel. Além de Paula, filha de meu falecido
companheiro Gabriel, minha filha de coração. E esses filhos me deram
nove netos, por enquanto.
Nasci em Inhapim, no Vale do Rio Doce, e com 11 anos me mudei
para o Rio de Janeiro. Lá estudei e iniciei minha militância política que
desaguou na luta contra a ditadura militar. Fui obrigada a abandonar
emprego e fui viver clandestinamente no Maranhão e Ceará. Voltei e
participei na luta pelas diretas e pela construção do Partido dos
Trabalhadores, onde milito até hoje.
Estou presidente do Comitê de Bacia do Rio Caratinga e por
indicação do Partido ocupo hoje a Secretaria Municipal de Agricultura.
A luta é assim, continua. Quando a gente faz tão jovem a opção pela
construção de uma sociedade justa e igualitária, não dá pra parar. Temos
que servir de exemplo e continuar fazendo parte destas mulheres que
lutam pela vida igualitária social e ecologicamente.

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Zaíde da Paz Almeida
Trabalhadora rural, Datas/MG
Sou viúva, trabalhadora rural, aposentada,
residente no município de Datas, mãe de oito
filhos (Regina, Marcilene, Meire, Sandra, Elizabete,
Álida, Vagner-in memória e Vagson). Salvo o que
faleceu criança, todos graduados em Ensino Superior.
A minha trajetória não foi nada fácil, pois a vida do campo é
desafiadora. Mas jamais me curvei diante das dificuldades, sempre
acreditei que poderia construir uma vida e uma família vitoriosa! Hoje
vivo bem realizada, com vários netos e uma bisneta, assistindo o sucesso
das filhas que são educadoras, advogadas e enfermeira e um filho
advogado.
Minha mensagem é que, primeiro, nunca tenham medo da luta,
jamais se curvem diante das dificuldades. Aprendam a tirar algo de bom
das derrotas, acreditem num futuro melhor e sempre tenham a certeza
de que há mais força dentro de nós do que realmente imaginamos. Só
vence quem não tem medo da luta.

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Ana Lívia Silva Coelho
Estudante de psicologia, Caputira/MG
Sou Ana Lívia Silva Coelho, nasci em 12 de
Fevereiro de 2001, tenho 20 anos. Sou de
Caputira. Atualmente estou cursando o 3° período
de Psicologia. Ser mulher nunca foi fácil,
enfrentamos o machismo desde a infância quando
meninas são limitadas a tudo. Fui educada por uma mulher sozinha, mãe
solteira, que me ensinou desde pequena a lutar por quem eu quero ser e,
principalmente, a lutar pelos espaços que quero alcançar.
Aos 16 anos, contribui para a criação do Movimento Grito,
movimento este que visa dar visibilidade e credibilidade para a
comunidade LGBTQIA+, negros e negras, jovens e mulheres de
Manhuaçu e região.
Nas eleições municipais de 2020, fui candidata à vereadora pela
Cidade de Caputira, fui a candidata mais jovem com apenas 19 anos.
Enfrentei dois grandes desafios: ser jovem e ser mulher. O jovem,
infelizmente é visto como “irresponsável”, e a política, ainda é vista por
uma grande maioria, como não fosse espaço para nós, mulheres.
Venci minha campanha, deixando para todos em forma de vídeos
ou visitas que eu sou uma jovem responsável, que estava em busca de
representar a juventude buscando espaços e oportunidades, e mostrei a
grande importância da ocupação da mulher em espaços de poder, e que
nós mulheres devemos e podemos estar onde queremos, que lutamos
por igualdade e respeito.
Nós, mulheres, devemos lutar todos os dias por nós mesmas, pelos
nossos espaços, pelos nossos sonhos, pelos nossos direitos. E devemos,
acima de tudo, mostrar que o dia 8 de Março é mais um dia de luta para
nós, é mais um dia de mostrarmos nossas forças, mostrarmos que
queremos ser amadas, respeitadas, queremos espaços e oportunidades
em todos os outros 364 dias do ano.

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Mariana Aparecida Gomes
da Silva Correia
Agricultora, Espera Feliz/MG
Eu sou Mariana Aparecida Gomes da Silva
Correia, mulher negra nascida no dia 21 de agosto de
1981, sou agricultora, moro em Espera Feliz MG, mãe
do Carlos Emmanuel e da Mariah. Casada com Adriano Carlos Correia.
Venho de uma base familiar muito humilde, mas também muito
honesta e batalhadora. Foi movida por essa base e inspiradas nesses
conceitos, que eu, numa busca constante pelo fazer, procurei agir e
transformar. Comecei a participar ainda muito nova nas comunidades
eclesiais de base, liderar movimento de jovens, militar no movimentos
sociais, fazer curso superior, ser dirigente sindical, a estar nos
movimentos de mulheres, ingressar na vida política e me tornar uma
liderança política no meu município.
Fui vice-prefeita por um mandato, candidata a prefeita, ficando em
segundo lugar nas eleições passadas.
Agora, estou aqui contando um pouco da minha história para
inspirar a outras companheiras a lutarem, a acreditarem no seu
potencial, na sua capacidade e nas suas verdades. Desafios são
constantes em nossas vidas, pois ainda vivemos numa sociedade
machista, preconceituosa e racista. Não é fácil, mas tudo isso vai se
desconstruindo quando nós mulheres entendemos o quanto temos o
poder, a dádiva de construirmos e transformar o que nos oprime em no
que de fato nos valoriza, nos liberta e nos faz sermos mulheres de
verdade!
DIA 08 DE MARÇO, DIA DE FAZER VALER A NOSSA VOZ
E A NOSSA PARTICIPAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE UM
MUNDO MAIS HUMANO!!

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PUBLICAÇÃO DO MANDATO PARTICIPATIVO DEPUTADO ESTADUAL MARQUINHO LEMOS - PT/MG Mulheres que

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Lourdes Guillén
Assistente Social, Contagem/MG

Sou Lourdes da Costa do Nascimento Guillén,


nascida em 02 de junho de 1968, de uma família de
sete irmãos, morei na Cabana do Pai Tomás, onde
participei ativamente de grupos de fé e política, gru-
pos de mulheres na orientação de planejamento famili-
ar e na organização das comunidades eclesiais de base como agente de
pastoral. Sou casada há 22 anos, com José Ruiz Guillén, temos dois
filhos, Yago Alonso de 20 anos e Alejandro de 18, vivemos em Conta-
gem.
Meu sonho era cursar faculdade e fazer o curso de Serviço Social,
desejo que demorou para concretizar, mas não desisti. Sabemos que a
vida das mulheres, mães, trabalhadoras, com desejos e sonhos, não é
nada fácil, entretanto não podemos desanimar, nem desistir dos nossos
ideais.
Venci… formei em 2019 pela PUC-MG. Não foi fácil, trabalhando
oito horas estudando a noite. No curso, fiz opção de trabalhar com as
realidades das mulheres vítimas de violência, realizando estágio na
Delegacia de Mulheres de Contagem e com um grupo de famílias imi-
grantes Haitianas, em Sabará, com foco na realidade das mulheres.
Acompanhar a realidade de tantas mulheres que são verdadeiros
alicerces de famílias, mesmo debaixo de tanto sofrimento, foi muito
emocionante e provocador. Saber da força que nós mulheres temos e
identificar a capacidade de mudança de realidade que podemos fazer,
transformando vidas, nos provoca a continuar na caminhada por nós e
por tantas.
Nós mulheres somos inspiração para uma nova sociedade justa e
igualitária. Seguimos firme e fortes.

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PUBLICAÇÃO DO MANDATO PARTICIPATIVO DEPUTADO ESTADUAL MARQUINHO LEMOS - PT/MG Mulheres que

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Erivan Costa dos Santos
Funcionária Pública, Inhapim/MG

Nasci na capital paulistana, filha de nordestinos


(mãe paraibana e pai baiano) e mãe de duas filhas
(Victória Marilza e Maria Luiza).
Perdi meus pais muito cedo. Quando da morte dos
mesmos, entrei num período muito difícil, sem nenhuma experiência de
vida, sem parentes e com um irmão menor, que eu escondia.
Foram-me oferecidas muitas oportunidades de entrar por um
caminho sem volta, mas acredito que nascemos com um caráter que
lapidado pode se tornar o nosso norte e assim aconteceu. Não digo que
fui, sou ou serei uma santa, mas mantive minha dignidade íntegra.
Passei por situações que não desejo a ninguém, inclusive fome.
Estive muitas vezes à beira da queda, mas sempre tive em mente não
desperdiçar o leite ninho que minha mãe gastou comigo, então fui à luta
e nela estou até hoje.
Fui sempre simpatizante do PT, mas me filiei em 2016, no auge da
discriminação do partido, afinal os ratos estavam saindo e eu resolvi
entrar. Criei minhas filhas com a ajuda de Deus, acredito ter feito um
bom trabalho. Fui de representante à colhedora de café, mas jamais me
senti diminuída. Voltei a estudar, não concluí ainda, mas cheguei ao
ensino superior, amo literatura e onde ela pode nos levar.
Nunca me entreguei ou deixei a peteca cair. Hoje, sei da minha
capacidade, de minha coragem e de minha fé e creio que os seres mais
forte desse planeta são as mulheres, pois se quiserem realmente
dominam o mundo.

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PUBLICAÇÃO DO MANDATO PARTICIPATIVO DEPUTADO ESTADUAL MARQUINHO LEMOS - PT/MG Mulheres que

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Cléo Barbosa
Assessora Parlamentar, Belo Horizonte
Tive meu primeiro filho aos 22 anos, fruto de um
relacionamento nada estável. Esse fato mudou a
minha vida. Nunca me imaginei casada, mas sempre
sonhei em ser mãe. Foram tempos difíceis de rejeição e
cobranças, os quais hoje compreendo. Uma situação tão
inesperada pra mim quanto para minha família.
Sem prévio aviso, de adolescente, eu me vi mulher responsável por uma
vida pela qual eu já estava apaixonada: meu pequeno Gabriel.
Quatro anos depois do nascimento do Gabriel, deixei meu primeiro
emprego, pois, embora não tivesse nenhum relacionamento com o pai dele,
não me sentia confortável encontrá-lo todos os dias. Comecei a trabalhar
como recepcionista em uma agência de publicidade e marketing político
onde conheci Ronaldo, pai de Giulia, pai por escolha do Gabriel, um pai
carinhoso e cuidadoso, já como companheiro, não posso dizer o mesmo. Pra
mim, ele foi uma escola. A partir dai, tive meu primeiro contato com a políti-
ca, com a esquerda e com os movimentos sociais.
Participei de projetos de alfabetização de jovens e adultos, onde conheci
a realidade da periferia, suas dificuldades e suas potencialidades anuviadas
por uma vida cheia de privações.
Durante mais de 12 anos, atuei como projetista e mobilizadora para
organização de redes produtivas de artesanato, agricultura familiar e catado-
res de materiais recicláveis.
Minha trajetória profissional se confunde com a de muitas mulheres,
mães solteiras, que não se deram por vencidas diante dos obstáculos de um
sistema regido por uma sociedade machista e patriarcal. Sempre tive que ser
muito melhores que eles para sobreviver, e eu venci.
Minha motivação? Meus filhos, minha integridade, minha liberdade.
Os tempos mudaram, algumas poucas conquistas foram alcançadas pelo
universo feminino, por meio de muita luta e determinação. Talvez as dificul-
dades sejam diferentes das que eu vivi, nem piores, nem melhores, apenas
diferentes. Busquem motivação naquilo que vocês acreditam, naquilo que as
fortalece, naquilo que faz acender a sua força interior e faz de você uma
fortaleza. Ninguém nunca disse que seria fácil, mas é necessário e vale muito
o sacrifício. Eu gosto muito do resultado que alcancei. Eu gosto muito da
mulher que sou.
O dia 8 de março não é de comemoração. Não é um dia de se receber
flores, ou bombons, ou homenagens efêmeras que duram apenas essa data.
É um dia de se reafirmar como mulher, de guerra, de batalha, de quem não
tem medo de se posicionar, que não tem medo da luta, que não tem medo de
lutar.

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PUBLICAÇÃO DO MANDATO PARTICIPATIVO DEPUTADO ESTADUAL MARQUINHO LEMOS - PT/MG Mulheres que

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Maria Ângela Coelho de Magalhães
Funcionária pública aposentada
e artesã, Virginópolis/MG
Nasci e vivi a vida toda em Virginópolis. Sou a
terceira de uma família de 13 irmãos: seis mulheres e sete
homens. Vivi minha infância, como toda criança de Virgi-
nópolis, com os companheiros da mesma rua, correndo, brincando de pic,
jogando birosca, andando na enxurrada, enfim fazendo todas as estripuli-
as de uma criança daquela época.
Aos sete anos, fui matriculada na Grupo Escolar N. S. do Patrocínio,
onde fui alfabetizada, depois cursei os próximos quatro anos no Colégio
Virginópolis, sempre passando as férias na zona rural, para onde era leva-
da com toda a família. Em seguida, fui cursar o Curso Normal, em Itamba-
curi, como aluna interna, já que aqui só tinha até a oitava série.
Ficava internada um semestre inteiro, sem vir em casa. Formada,
comecei minha vida profissional de professora, e trabalhei durante 30
anos na mesma E. E. N. Sra. do Patrocínio, onde por quase 18 anos fui
diretora e onde me aposentei, deixando um rastro de realizações, graças a
uma grande equipe de trabalho de vice diretores, especialistas, professores
e todo o pessoal administrativo. Após 20 anos, sem estudar, ajudando a
família a estudar os outros 10 irmãos, fiz vestibular e continuei meus
estudos em cursos superiores: administração, supervisão, orientação e
inspeção na área de Educação e pós em administração hospitalar.
Aposentada, fui logo convidada a assumir um cargo na direção do
Hospital São José, ficando lá por quase sete anos como administradora,
trabalho voluntário que exerci com muito amor e dedicação e agradeço
também aos médicos e equipe pelo acolhimento. Inclusive há muitos anos,
aprendi a dedicar algumas horas na saúde, desde aos 20 anos de idade,
junto com a saudosa D. Edith, na construção da Maternidade N. Sra. das
Graças (hoje APAE) e depois por muitos anos com Ir. Arnolda e demais
Irmãs dominicanas que viveram aqui doando seu trabalho ao povo de
Virginópolis.
São muitas histórias, muitas crianças que passaram por minhas mãos e
de Ir. Arnolda, da Márcia do Timotheo, que está ai pra contar. Naquela
época, não tinha médicos na cidade e os partos aconteciam com pessoal
leigo. Quantos sustos!!!! Quantas alegrias!!!! Muito antes, aos 13 anos, já
ajudava D. Helena a distribuir alimentos que vinham da Caritas para os
necessitados. Trabalho social é o que não faltou em minha vida. Daí eu
gostar até hoje de Associações, Cooperativas, Sindicatos, zona rural,

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porque reconheço que, só através da participação de toda a comunidade,
resolveremos os problemas de nossa cidade.

Militância política

Minha vida social e política: Sou festeira desde criança, nasci em uma
família festeira e nos encontramos todos os anos para festejar a vida, mas
alguns pontos chamam atenção. Meu pai foi um dos fundadores do antigo
Clube recreativo e Arpa Clube, e me deixava frequentar os bailes, especial-
mente carnaval, só para observar os foliões; depois, quando jovem, nunca
deixei de participar dos bailes e grupos carnavalescos… Os bailes de
debutantes lindíssimos… nasceram de iniciativa do Clube de Jovens sob a
minha direção; festivais da jabuticaba..todos até hoje, inclusive na coorde-
nação do ano de 1984, festas na Escolas várias… desfiles inesquecíveis…
Festas da nossa paróquia, inclusive festeira por três vezes da Festa de nossa
padroeira. Estive presente em todas as manifestações populares de Virgi-
nópolis.
Na política, comecei cedo. Acompanhei meu pai em todos os momen-
tos políticos, na campanha para prefeito. Dele, recebi o melhor ensina-
mento, quando na época de eleições dizia: trabalhe na campanha de um
modo que no outro dia, após as eleições, ganhando ou perdendo, possa
sair de cabeça erguida na rua, porque não mentiu, não fez fofocas, não
falou mal do adversário, não tenha vergonha de nada.
Acompanhei todas as eleições de deputados; fui vereadora na gestão
87-90 e relatora da primeira Lei orgânica do município; candidata a prefei-
ta em 2008, vereadora 2018/22, sempre exercendo estas funções com
respeito, dignidade, compromisso, trabalhando em prol de nossa cidade.
Em 2020, coloquei-me como candidata a prefeita de nossa cidade, mas fui
derrotada.
O que sempre me motivou foi a fé, que me deu coragem para enfren-
tar todas as dificuldades nos setores pessoal, social e político, dando
testemunho para outras mulheres que vale a pena e que já conquistamos
muitas coisas e ainda temos muito que batalhar, buscando uma sociedade
melhor para se viver.
Mulher, faça acontecer, independente das opiniões, do cenário ou
estatísticas. Acredite, em seu ideal, corra riscos, seja diferente. Mude sua
vida hoje…não deixe para o futuro, aja agora, sem atrasos. Vá tão longe
quanto sua mente permitir. Você é capaz e forte. FÉ.

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Vânia Carneiro de Carvalho
Prefeita, Bonito de Minas/MG

Nascida na comunidade de Cachoeira do


Gibão, zona rural do município de Bonito de Minas,
sou filha de Francisco Antunes e Maria Carneiro, um
total de seis irmãos. Sou casada com Pedro Eugênio,
com quem tenho três filhos: João Raimundo, Maria Teresa e Pedro
Antônio.
Comecei minha trajetória política como vereadora, quando fui eleita
por três gestões consecutivas, sempre a mais votada. Também fui vice
prefeita.
Moro em Bonito de Minas, onde sou pedagoga efetiva. Aceitei o
desafio de ser candidata a prefeita em 2020, confiante no apoio do povo
e no compromisso de lideranças políticas municipais que sempre me
apoiaram.
Construí uma plataforma política baseada na mudança, na
participação coletiva, na transparência e na eficácia, com base nos dois
valores que o povo sempre viu na minha trajetória: competência e
humildade. Fui eleita prefeita, enfrentando a coligação de todos os
caciques políticos do município que se juntaram para impedir minha
vitória.
Tenho agora diante de mim o desafio de realizar o grande projeto
sociopolítico de minha vida: governar para todos, garantindo melhor
qualidade de vida, em um município que traz em seus desafios o baixo
IDH, a grande extensão territorial, a baixa produtividade de suas terras,
a pouca oferta de emprego e as terras arenosas que dificultam a
manutenção das estradas.

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Regina Aparecida de Castro
Agricultora Familiar, Carangola/MG
Nasci em 23 de Novembro de 1968, minha
profissão Agricultora Familiar, moro em Carangola-
Minas Gerais, tenho dois filhos Aleks de Castro
Oliveira e o Felippe de Castro Oliveira. Sou divorciada,
me separei há 20 anos.
Tive uma vida muito difícil, não tive infância, sou a
mais velha de oito irmãos, trabalhei duro no cabo da enxada desde criança.
Aos 17 anos casei, vivi 14 anos casada e separei, dai continuei a luta na roça e
criei meus filhos sozinha, estudei mais um pouco, fui convidada para o
movimento sindical, fui presidente, diretora financeira do Sindicato, ajudei
a constituir vários Conselhos Municipais em Carangola, entre eles destaco
(CMDRS), que fui presidente por dois mandatos.
Filiei ao PT, envolvi na política, coordenação das Mulheres Rurais, fui
vereadora pelo PT, secretária de Agricultura, participei e ajudei a criar vários
Conselhos Municipais, sou sócia fundadora do sistema de Credito, a Cresol
Minas Gerais, estou no Conselho de Administração, também estou da
Unicafes Minas com a missão de trabalhar a inclusão na Secretaria de
Mulheres, continuo apoiando e ajudando a pensar estratégias junto ao
Sindicato dos Trabalhadores Rurais e também na Cooperativa de Produção.
Os desafios da minha vida foram tantos que não é fácil, mais sempre me
pautei por não desistir, sempre me posicionei colocando meu ponto de
vista, muitas vezes cai e levantei, nunca baixei a cabeça, tanto no profissio-
nal quanto na vida pessoal, enfrentei os preconceitos da época, morando
em comunidade rural, minha motivação pra continuar foi sempre a espe-
rança de vencer os obstáculos e a criação dos filhos.
Então, não podia esmorecer, acredito que se lutarmos podermos ir
onde nosso sonho alcance. O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8
de Março, surgiu para nos propor uma reflexão através da história. É
momento de parar e pensar como está a vida das mulheres que sofrem
todos os tipos de violência, como o feminicídio que cresce em nosso Brasil.
Como vivem nossas companheiras do campo e da cidade? Como está sua
liberdade financeira? Meu convite é que em cada canto onde estamos que
puxamos esta conversa em pequenos grupos, ou via plataforma, devido a
pandemia, não podemos nos calar. É preciso resistir sempre a toda forma
de opressão que nossas irmãs companheiras sofrem, as prosas e trocas de
ideias fortalecem para encontrar saídas, vamos juntas levantar as bandeiras
da luta e da esperança.
Como diz a música: “Pra mudar a sociedade do jeito que a gente quer,
participando sem medo de ser Mulher…”

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A luta por uma sociedade melhor é permanente. Só com igualdade e


respeito é possível ter um mundo melhor para todas e todos. Por isso,
nossa campanha não se esgota nessa publicação e não se limita ao mês
de março, quando é celebrado o Dia Internacional das Mulheres. Vamos
seguir fomentando a discussão pela igualdade, contra a violência e por
mais oportunidade para as mulheres.

Conheça a Rede de Mulheres do nosso Mandato e participe


conosco na luta por uma sociedade mais justa. Enviei uma mensagem
com seu nome e cidade no nosso WhatsApp: 31 99979-8441.
Vamos juntas e juntos!

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