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Título: Medicamentos nefrotóxico

Os rins são os principais órgãos responsáveis pela filtração e eliminação de substâncias tóxicas
que circulam no sangue.

Porém, apesar de serem um dos principais responsáveis pela “limpeza” do sangue”

CITAÇÕES DIRETA CURTA:

os próprios rins podem sofrer efeitos adversos de algumas toxinas que eles depuram. Entre
essas substâncias estão vários medicamentos usados frequentemente na prática médica, que
podem causar lesão renal se forem usados de modo inapropriado.’’(PINHEIRO
2022mdsaude.com)

Damos o nome de fármacos nefrotóxicos a todos os medicamentos que apresentam potencial


risco de causar lesão nos rins.

Além da lesão direta de certas substâncias nos rins, existe também um grupo de fármacos que
são seguros em pessoas sadias, mas que se tornam perigosas em pacientes que já apresentam
doença prévia nos rins, fazendo com que haja piora da função renal.

Fármacos nefrotóxicos
Anti-inflamatórios
Quando pensamos em medicamentos que fazem mal aos rins, o primeiro exemplo que vem à
mente são os anti-inflamatórios não esteroides (AINES).

O principal efeito maléfico dos AINES é a redução da filtração renal, ou seja, da capacidade dos
rins em filtrar o sangue.

CITAÇÃO DIRETA LONGA:

(Pedro ,2022)Pessoas que possuem rins saudáveis até conseguem tolerar essa redução sem
maiores complicações. O problema maior ocorre em pessoas portadoras de hipertensão e
diabetes e já possuem maior chance de desenvolver insuficiência renal e para aqueles que
são portadores da doença (principalmente em fases avançadas) e, portanto, já apresentam a
filtração renal diminuída de base.

Esse grupo apresenta grande risco de falência renal aguda e, muitas vezes, necessitam de
hemodiálise de urgência quando tomam anti-inflamatórios por conta própria. O risco cresce a
partir do 3º dia de uso.

O anti-inflamatório é, portanto, uma droga contraindicada em pacientes com insuficiência


renal.

Outra lesão relacionada aos anti-inflamatórios é a nefrite intersticial, uma espécie de reação
alérgica localizada no rim. A nefrite intersticial pode ser causada por várias drogas além dos
anti-inflamatórios e se apresenta principalmente como uma insuficiência renal aguda, com
rápida elevação da creatinina .
No caso da nefrite intersticial dos anti-inflamatórios ela apresenta uma característica especial
que é a presença concomitante de proteinúria  e síndrome nefrótica .
É bom deixar claro que a nefrite intersticial não é uma reação comum, principalmente se
levarmos em conta a quantidade de pessoas que tomam anti-inflamatórios no mundo.

Um terceiro tipo de lesão, mais incomum ainda, é o induzido por uso crônico de anti-
inflamatórios, mesmo em pessoas normais. Parece que para pessoas com rins normais
desenvolverem lesão renal pelo uso prolongado de AINES, são necessários no mínimo 5000
comprimidos ao longo da vida. Isso equivale a 7 anos de anti-inflamatórios diários em um
regime de 12/12 horas.

O AAS (aspirina)  também é um anti-inflamatório e deve ser usado com cautela em


pacientes com doenças renais.

Os antibióticos também são causa de nefrite intersticial. Diferentemente da nefrite pelos anti-
inflamatórios, no caso dos antibióticos a proteinúria é pequena, mas outros sintomas como
febre e manchas vermelhas pelo corpo associado a insuficiência renal aguda, ocorrem com
maior frequência.

Vários antibióticos podem causar nefrite intersticial, principalmente as penicilinas, rifampicina,


ciprofloxacino e trimetoprim/sulfametoxazol (Bactrim®)

Alguns antibióticos são nefrotóxicos por natureza e devem ser evitados em doente renais
crônicos. Os mais comuns são:

Aminoglicosídeos (ex: Gentamicina, Amicacina, Estreptomicina, Tobramicina e Neomicina).

Anfotericina B.

Pentamidina.

Analgésicos
A lesão renal, renal pelo uso prolongado de analgésicos era muito comum até a década de 80,
e caiu vertiginosamente após a retirada da Fenacetina do mercado. Hoje, as lesões
relacionadas aos analgésicos são causadas pelo uso diário e prolongado (por meses ou anos)
do Paracetamol , principalmente se associado ao ácido acetilsalicílico (AAS).

A dipirona (metamizol)  é muito pouco usada em vários países da Europa e nos EUA,
por isso existem poucos estudos sobre seu toxicidade renal. Aparentemente, esse analgésico é
uma opção segura para os pacientes com doença renal.

Contraste de exame radiológico


Doentes com insuficiência renal devem evitar contrastes radiológicos sempre que possível. Se
o exame for imprescindível, deve-se realizar uma preparação do paciente para minimizar os
efeitos. Os principais exames que usam contrastes nefrotóxicos são:

Tomografia computadorizada.

Cateterismo cardíaco.
Urografia excretora.

Angiografia.

Ressonância magnética  (perigoso apenas em casos de insuficiência renal avançada).

Antipsicóticos
Um estudo publicado em 2014 com 200 mil indivíduos com idade acima de 64 anos mostrou
que os pacientes idosos que tomam quetiapina, olanzapina ou risperidona, um grupo de
fármacos chamado antipsicóticos atípicos, apresentaram um risco duas vezes maior de
hospitalização por lesão aguda do que os pacientes da mesma idade que não tomam nenhum
dos três medicamentos.

Outros medicamentos
Lítio: usado principalmente no distúrbio bipolar (antigo distúrbio maníaco-depressivo).
Aciclovir: antiviral.
Indinavir : antirretroviral usado na SIDA (AIDS).
Ciclosporina : imunossupressor usado em transplantes e doenças autoimunes.
Tacrolimus : igual à ciclosporina.
Ciclofosfamida : imunossupressor usado em doenças autoimunes e algumas neoplasias.

Medicamentos que possivelmente fazem mal


aos rins
Há cada vez mais evidências de que os inibidores da bomba de prótons – IBP (omeprazol,
esomeprazol, lanzoprazol, etc.) podem causar lesão nos rins, se usados de forma crônica. É
comum encontrarmos pacientes tomam um IBP diariamente por vários meses ou anos, muitas
vezes sem necessidade.

O fibratos (fenofibrato, genfibrozil, ciprofibrato, etc.) são medicamentos utilizados no


tratamento da hipertrigliceridemia. Nos pacientes com algum grau de disfunção renal, esses
fármacos podem causar agravamento da lesão renal e devem ser evitados.

Existem cada vez mais relatos sobre casos de lesão renal induzidas pelas chamadas ervas
chinesas tradicionais. Já são mais de 150 casos de pessoas que usavam essas ervas para
emagrecer e desenvolveram insuficiência renal aguda com necessidade de hemodiálise.

CITAÇÃO INDIRETA

Pedro Pinheiro (2022) Poucos são os procedimentos médicos isentos de riscos. A


automedicação é perigosa e é importante conhecer os principais efeitos colaterais para poder
detectá-los precocemente. Não é à toa que a grande maioria dos médicos passa por uma
formação de pelo menos 10 anos.

Referências
The 6R’s of drug induced nephrotoxicity – BMC nephrology.

Nephrotoxic drugs – Journal of the International Pediatric Nephrology Association.

Drug-Induced Nephrotoxicity – American Family Physician.

Nephrotoxicity of common drugs used by urologists – The Urologic clinics of North America.

Manifestations of and risk factors for aminoglycoside nephrotoxicity – UpToDate.

https://youtu.be/jOIcaY8-Vcc

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro


Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com
títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN),
Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de
Portugal.
Categorias Insuficiência renal, Farmacologia, Nefrologia

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