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ESCOLA SECUNDÁRIA DE DOMINGOS SEQUEIRA

ANO LETIVO 2022/23

NOTURNO

Espírito que passas, quando o vento


Adormece no mar e surge a lua,
Filho esquivo1 da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...

Como um canto longínquo - triste e lento -


Que voga2 e subtilmente se insinua,
Sobre o meu coração, que tumultua3,
Tu vertes pouco a pouco o esquecimento...

A ti confio o sonho em que me leva


Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando, entre visões, o etemo Bem.

E tu entendes o meu mal sem nome,


A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Génio da noite, e mais ninguém!

Antero de Quental

I. Após a leitura atenta do poema, responde ao questionário que se segue.

1. Na primeira estrofe, o sujeito poético escolhe um destinatário singular.

1.1. Transcreve as expressões que o identificam na primeira e última estrofe e


interpreta o seu sentido global.

“Espírito que passas”; “Filho esquivo da noite” / “Génio da noite”.

Estas expressões personificam a noite, transformando-a numa confidente.

1.2. Indica a palavra ou expressão caracterizadora do estado emocional do sujeito


poético.

“tormento”
1.3. Justifica a razão da escolha do destinatário.

O sujeito poético escolhe uma entidade que compreende o seu tormento.

1.4. Identifica a personificação presente em todo o poema, interpretando o seu valor


expressivo.

A personificação da noite confere-lhe o papel de entidade atuante, capaz de ouvir,


compreender e mitigar a dor do sujeito poético.

2. Na segunda estrofe, o sujeito revela o poder que o destinatário tem sobre ele.

2.1. Explica esse poder.

O destinatário tem o poder de fazer o sujeito poético esquecer a sua dor.

2.2. Aponta a expressão que, nesta estrofe, caracteriza o estado de espírito do sujeito
poético.

A expressão é: “…o meu coração que tumultua”.

2.3. Interpreta o valor expressivo da comparação em que assenta a construção da


estrofe.

O destinatário é comparado com uma melodia triste e lenta, que acalma os


sentimentos negativos do sujeito poético.

2.4. Relaciona essa comparação com o título do poema.

“Noturno” é o nome atribuído, no período romântico, a certas composições musicais


de pendor nostálgico e intimista, por exemplo, os Noturnos de Chopin.

3. Nos dois tercetos, o sujeito poético clarifica a origem do seu estado.

3.1. Explicita o seu sonho, apresentado no primeiro terceto.

O seu sonho consiste em romper a “treva” e vislumbrar “o eterno Bem”.

3.2. Explica a origem do “mal sem nome” de que sofre o sujeito, relacionando o
conteúdo dos dois tercetos.

O “mal sem nome” tem origem no facto de a sua busca pelo “eterno bem” ser algo
inalcançável.
4. Identifica o recurso expressivo que, no último verso, contribui para o esclarecimento da
identidade do destinatário.

A apóstrofe “Génio da Noite” esclarece a identidade do destinatário.

5. Tormento, Génio da Noite, Febre do Ideal: opina sobre o que mais adequadamente pode ser
considerado o tema deste soneto.

Tormento: redutor porque se foca apenas no sofrimento do sujeito poético.

Génio da Noite: redutor porque se foca apenas no destinatário.

Febre do ideal: adequado porque sintetiza o poema, isto é, a busca do ideal e a dor que
acarreta.

6. Explica em que medida, neste soneto, a Configuração do Ideal é vaga e imprecisa.

O ideal é definido, de forma vaga, como “eterno Bem”. Podemos inferir que se trata de um
mundo melhor, da felicidade ou até do amor, mas sem certezas.

7. Analisa a estrutura formal do poema.

Tópicos:

Soneto – 2 quadras e 2 tercetos

Versos decassilábicos

Esquema rimático: abba/abba/ccd/eed

Rima emparelhada e interpolada

GRUPO II

Responde às questões. Na resposta aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

1. O poeta invoca o espírito da noite porque

(A) acredita que só na noite encontrará paz e tranquilidade.

(B) pede que lhe seja permitido continuar a sonhar.

(C) sente que a noite intensifica o seu sofrimento.

(D) atenua a solidão que a noite acarreta.

2. Na primeira quadra, o vocábulo “esquivo” (v. 3) é sinónimo de

(A) fugidio. (C) terno.

(B) estranho. (D) afável.


3. Na segunda quadra, o vocábulo “voga” (v. 3) não é sinónimo de

(A) erra. (C) flutua.

(B) paira. (D) foge.

4. No verso “A ti confio o sonho em que me leva” (v. 9), o elemento sublinhado desempenha a
função sintática de

(A) sujeito. (C) complemento indireto.

(B) complemento direto. (D) vocativo.

5. No verso “Um instinto de luz, rompendo a treva,” (v. 10) está presente uma

(A) metáfora. (C) antítese.

(B) personificação. (D) anáfora.

6. A expressão “Génio da Noite” (v. 14) desempenha a função sintática de

(A) sujeito. (C) complemento indireto.

(B) complemento direto. (D) vocativo.

7. Associe cada um dos elementos da coluna A ao segmento que na coluna B completa adequa-
damente o seu sentido.

Coluna A Coluna B

[A] Na expressão “Espírito que


[1] está presente uma conjunção subordinativa.
passas” (v. 1)

[2] está presente uma oração subordinada adverbial


[B] Na passagem “quando o vento / temporal.
Adormece no mar” (vv. 1-2)
[3] está presente um complemento oblíquo.

[C] No excerto “Tu só entendes bem [4] está presente um complemento direto.
o meu tormento…” (v. 4) [5] está presente um pronome relativo.
[6] estão presentes uma oração subordinada adverbial
[D] No verso “Buscando, entre visões, temporal e uma oração subordinante.
o eterno Bem.” (v. 11)
[7] estão presentes dois deíticos pessoais.

[A] – [5]; [B] – [2]; [C] – [7]; [D] – [4].

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