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DEUSES EXISTEM?

Se existem, como eles são? “Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles
existem nem se eles não existem, nem qual sua aparência. Muitas coisas impedem
meu conhecimento. Entre elas, o fato de que eles nunca aparecem”. Protágoras,
século V a.C.
Por que existe algo em vez de nada? Eis uma pergunta capciosa que induz resposta
conveniente aos propósitos do perguntador. Existe algo, porque foi criado. Esta seria a
resposta esperada, ou seja, se existe o relógio, existe o relojoeiro. Se há uma casa, há o
arquiteto. Logo, se há o universo, há o Arquiteto do Universo. Então, tudo que existe
necessitaria de uma causa primeira dotada de inteligência infinita que teria criado o
universo, os outros deuses e tudo que existe. Negar a causa primeira significa admitir
que o universo teria se originado do nada, o que é mais difícil conceber! Os ateus
astutos argumentam que se trata de uma pseudorresposta teísta, o universo e tudo mais
sempre existiram, não foram criados. Portanto, frisam eles, o fato da existência de algo
não é prova que existe criadores de algo. Certa vez ouvi isso de um ateu ardiloso e
rebati: para Einstein, Deus se manifesta por meio das leis da física, negas as leis da
física? Ele resmungou que física é física, física não é Deus. Alertei-o para não discordar
de Einstein, da física nem de Deus. Deveras, Deus sempre existiu, assim como a
mecânica quântica que funciona em todas as galáxias sempre da mesma forma. Esta
seria uma prova que Deus existe! Mas a discussão não para por aqui.
Quais são os atributos dos deuses? Para mais de um bilhão de hindus os deuses são
múltiplos com incontáveis atributos e aparências que variam de rato a elefante. Já o
deus hebraico-cristão Yahweh e o deus islâmico Alá são muito semelhantes: únicos,
soberanos, absolutos e dotados de poderes para lá de extraordinários como onipotência,
onisciência e onipresença. Em geral os deuses são bem documentados em escrituras
antigas, mas a maioria sucumbiu nas brumas dos tempos virando mitologia ou nomes de
pets. Contabilizar e atribuir atributos aos deuses é uma tarefa árdua considerando-se que
há muitos deles na África, Oceania, Austrália, Antártida e pelo mundo afora. Para evitar
que esta coluna se torne caótica, vamos deixar o ônus das provas das existências dos
deuses, e seus atributos, para seus respectivos devotos. Se estou sendo herético em
generalizar as divindades? Pelo contrário, esforço-me para ser igualmente respeitoso
com todas.
O Deus de Einstein. Sou admirador de Einstein e sigo a vertente espiritual dele.
Einstein, confessadamente acompanha Espinoza em termos espirituais. Este, por sua
vez, discordou dos atributos de Yahweh, pagou por isso com a excomunhão, mas se
libertou para a espiritualidade semelhante à oriental que cultua a divindade conexa aos
elementos da natureza. A ousadia de Espinoza abriu seu próprio coração, o de Einstein,
o meu e abrirá os corações dos que acompanham esta coluna. Para Einstein e Espinoza,
as divindades integram a natureza, enfim, o universo e tudo mais é interligado com a
natureza divina que harmoniza tudo que existe. Ao admirarmos o céu numa noite
estrelada brota a sensação que ele nos chama para uma sublime eucaristia. Se não
hesitarmos em libertar nossa alma, ela fluirá ao encontro da noite numa aventura de
harmonia e luminosidade inolvidável. O céu de uma noite enluarada é pura ternura,
basta-nos um olhar aberto para o infinito azul que a acalanto da noite irá nos envolver.
Tal experiência mística, pelo menos uma vez na vida, valeria a pena para o nosso
enriquecimento espiritual. Boa Noite!

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