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GOVERNANÇA CORPORATIVA

(Fraudes Corporativas)

“O GRANDE PERIGO EM TEMPOS DE TURBULÊNCIA NÃO É


TURBULÊNCIA EM SI, MAS AGIR COM A LÓGICA PASSADA”
Peter Drucker

mauricio.carvalho@unifacp.com.br

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FRAUDES
1- Conceito de Fraude - É o ato intencional de um ou
mais indivíduos da administração, dos responsáveis
pela governança, empregados ou terceiros, que
envolva dolo para a obtenção de vantagem injusta ou
ilegal.
Distorção é a diferença entre o valor, a
classificação, a apresentação de uma demonstração
contábil relatada. Distorções relevantes - são valores
ou omissões significativas que podem afetar as
decisões econômicas, se forem tomada com base nas
demonstrações contábeis.
2-Características da fraude - Dois tipos de distorções
intencionais são pertinentes:
a) distorções decorrentes de informações contábeis
fraudulentas e;
b) distorções decorrentes da apropriação indébita de
ativos.

CARACTERISTICAS DA FRAUDE
3 - A FRAUDE ENVOLVE O INCENTIVO OU A PRESSÃO PARA
QUE SEJA COMETIDA, UMA OPORTUNIDADE PERCEBIDA
PARA TAL E ALGUMA RACIONALIDADE DO ATO:
a) Pode existir incentivo ou pressão para a informação
financeira fraudulenta, quando a administração sofre
pressão de fontes internas ou externas para alcançar
metas previstas (em alguns casos irrealistas).
b) Indivíduos podem ter incentivos para se apropriarem
de ativos, quando estão vivendo acima de suas
possibilidades (posses).
c) Pode haver oportunidade de pratica de fraude quando
um individuo pode burlar o controle pela deficiência
existente ou ocupa cargo de confiança.
d) Os indivíduos podem racionalizar e perpetrar um ato
fraudulento. Algumas pessoas tem postura, caráter e
valores não éticos que os levam a praticar um ato
desonesto.

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CARACTERISTICAS DA FRAUDE
e) A informação financeira fraudulenta envolve
distorções intencionais ou omissões de valores nos
demonstrativos contábeis:
Em algumas empresas a administração pode ser
motivada a reduzir ganhos em valores relevantes
para minimizar a tributação, ou;
inflar ganhos para obterem financiamento bancário.
INFORMAÇÕES CONTÁBEIS FRAUDULENTAS PODEM
DECORRER DO SEGUINTE:
a) Manipulação, falsificação, alteração de registros
contábeis que serviram de base à elaboração das
demonstrações contábeis.
b) Lançamentos fictícios em livros (diários, razão,
caixa) de forma a manipular resultados.
c) Ajustes indevidos em saldos, para alterar
julgamentos.

CARACTERISTICAS DA FRAUDE
d) Omissão, antecipação ou atrasos do
reconhecimento nas demonstrações contábeis
(exemplo caso TAM).
e) Ocultação ou não divulgação de fatos que possam
afetar os valores registrados nas demonstrações
contábeis.
BURLA DE CONTROLES
f) Alteração de registros e fatos sobre a operação.
g) Apropriação indevida de ativos (roubos pequenos
ou grandes por empregados ou alta administração).
h) Fraudes em documentos (desvio de valores para
conta pessoal).
i) Furto de ativos físicos ou intelectuais (estoques,
ideias etc.). Pagamento por produtos não recebidos.
j) Utilização de ativos da entidade para uso pessoal
(bens ou garantia de empréstimos)

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RESPONSABILIDADE PELA PREVENÇÃO
E DETECÇÃO DA FRAUDE
A principal responsabilidade pela prevenção e
detecção da fraude é dos responsáveis pela
governança da entidade e da sua administração.
Conforme NBC TA 200, devido as limitações da
Auditoria, há riscos de distorções relevantes não
serem detectadas, mesmo porque pode existir
esquemas sofisticados de burla nos controles. Risco
de fraude, pode ser maior na alta administração do
que com empregados comuns.
A capacidade do Auditor de detectar fraudes
depende de fatores como a habilidade do
perpetrador, a frequência e a extensão da
manipulação, o grau de conluio, a dimensão relativa
dos valores individuais manipulados e a posição dos
indivíduos envolvidos.

RESPONSABILIDADE DO AUDITOR
O AUDITOR DEVE MANTER POSTURA DE CETICISMO
PROFISSIONAL durante a auditoria, reconhecendo a
possibilidade de existir distorção relevante
decorrente de fraude, não obstante a experiência
passada do auditor em relação à honestidade e
integridade da administração.
O AUDITOR é responsável por obter segurança
razoável de que as demonstrações contábeis, como
um todo, não contenham distorções relevantes,
causadas por fraude.
DISCUSSÃO ENTRE A EQUIPE DE TRABALHO - A NBC
TA 315 requer a discussão entre os membros da
equipe de trabalho e que o sócio do trabalho
determine os assuntos que devem ser comunicados
aos membros da equipe envolvidos na discussão
(resposta de auditoria: práticas, procedimentos,
controle, distorções, fraudes, manipulações etc.).

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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO
E ATIVIDADES RELACIONADAS
O AUDITOR DEVE FAZER INDAGAÇÕES À
ADMINISTRAÇÃO RELACIONADAS
ESPECIALMENTE COM: a) A avaliação pela
administração do risco de que as
demonstrações contábeis contenham
distorções relevantes decorrentes de
fraudes.
b) O processo da administração para
identificar e responder aos riscos de fraude
na entidade.
c) Á administração e a outros responsáveis,
para determinar se eles têm conhecimento
de quaisquer casos reais, suspeitas ou
indícios de fraude, que afetem a entidade.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO


E ATIVIDADES RELACIONADAS
Obtenção de entendimento da supervisão geral
exercida pelos responsáveis pela governança
O Auditor deve obter entendimento de como esses
responsáveis fazem a supervisão geral dos
processos da administração para identificar e
responder aos riscos de fraudes na entidade e do
controle interno (NBC TA 260).
O entendimento da supervisão geral exercida, pode
oferecer subsídios, sobre a suscetibilidade da
entidade para fraude pela administração, da
adequação dos controles ante os riscos de fraudes,
da competência e integridade da administração.
O auditor deve avaliar se variações inesperadas
podem indicar riscos de distorção relevante
decorrente de fraude (aquelas não usuais).

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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO
E ATIVIDADES RELACIONADAS
NBC 240 - AVALIAÇÃO DE FATORES DE RISCO DE
FRAUDE - São eventos ou condições que indiquem
incentivo ou pressão para que a fraude seja
perpetrada ou ofereçam oportunidade para que ela
ocorra (incentivo e pressão, oportunidade,
racionalização).
O AUDITOR PODE IDENTIFICAR EVENTOS OU
CONDIÇÕES QUE INDIQUEM UM INCENTIVO OU
PRESSÃO PARA OCORRÊNCIA DE FRAUDE:
a) A necessidade de satisfazer as expectativas de
terceiros para obter capital (pressão).
b) A concessão de bônus significativos (metas
irreais de lucros, ativos inflados => Enron).
c) Ambiente de controle que não é eficaz pode
criar oportunidades para fraude (oportunidade).

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO


E ATIVIDADES RELACIONADAS
AUDITOR SEM CONDIÇÕES DE CONTINUAR O TRABALHO
(NBC TA 240) - Se o auditor encontrar circunstâncias que
coloquem em dúvida sua capacidade de continuar a
realizar a auditoria, este deve:
Determinar as responsabilidades profissionais e legais
aplicáveis à situação;
Considerar se seria apropriado o auditor retirar-se do
trabalho; e
CASO O AUDITOR SE RETIRE:
Discutir a saída do auditor do trabalho e as razões para
interrupção; e
Determinar se existe exigência profissional ou legal de
comunicar a retirada do auditor e as razões da saída.
COMUNICAÇÕES ÀS AUTORIDADES REGULADORAS E DE
CONTROLE. O auditor deve determinar se há
responsabilidade de comunicar a ocorrência ou suspeita a
um terceiro fora da entidade.

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PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO DE RISCO
E ATIVIDADES RELACIONADAS
COMUNICAÇÕES ÀS AUTORIDADES REGULADORAS
E DE CONTROLE. O auditor deve determinar se há
responsabilidade de comunicar a ocorrência ou
suspeita a um terceiro fora da entidade.
DOCUMENTAÇÃO. O auditor deve incluir a
documentação exigida pela NBC TA 315:
As decisões tomadas durante a discussão em
relação à suscetibilidade das demonstrações
contábeis para distorção decorrente de fraude; e
Os riscos identificados e avaliados de distorção
decorrentes de fraude no âmbito das
demonstrações contábeis e das afirmações.
O auditor deve incluir a documentação para a
resposta aos riscos avaliados de distorção
requerida pela NBC TA 330:

ENROM - CRONOLOGIA
1985=> nascimento da fusão de duas empresas que
atuavam na área de gás natural a HNG e Internorth
(gás não se renova).
1986=> Ken F. Lay foi contratado como CEO, para ser o
Diretor Presidente e Diretor do Conselho de
Administração.
A primeira providência de Ken Lay foi contratar a
consultoria Mackinsey, para fazer o replanejamento
estratégico da empresa, aproveitando-se do fato que o
mercado vivia um processo de desregulamentação
Ken Lay ainda contratou Jeffrey Skilling, que era da
Mackinsey, e que viria a ser o futuro presidente da
empresa.
A estratégia principal da Enron era comercializar
energia através de instrumentos financeiros os
chamados derivativos (contratos futuros de energia).
Assim a Enrom, se comprometia a vender uma qtde
especifica de energia por x dólares por kwts em uma
data especifica (futura).
1989=> Era a maior distribuidora de gás dos EUA e do
Reino Unido.

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ENROM - CRONOLOGIA
A Enron ganhou muito dinheiro com a estratégia de
derivativos na década de 90.
Em 2000 a Enron ganhou pela 6º vez o prêmio da Revista
Fortune como empresa mais inovadora, e suas ações tiveram o
maior pico de valorização chegando a 90,56 US$ em
23/08/2000.
Sua capitalização de mercado chegou então a 70 bilhões de
dólares (número de ações x preço).
Em 2001, se tornou a 7º empresa norte americana em receita,
ganhou reputação de mercado e virou case de sucesso em
MBAS.
Em 2001 a fraude começou a ser desmascarada, pois dois
fatores causam estranheza no mercado:
1º Jeffrey Skilling, que tinha acabado de assumir a presidência
da empresa 6 meses antes, pede demissão do cargo.
2º Ken Lay, vende 4 milhões em ações que ele detinha da
Enron.
Ora se você vende ações da empresa é porque acredita que
elas valem menos do que o mercado está precificando no
momento. Isso mostrou que ele tinha informações privilegiadas
que o mercado não tinha acesso.

ENROM – CRONOLOGIA
Em novembro de 2001 essas informações foram reveladas
quando a Enron republicou seus demonstrativos financeiros
dos últimos 4 anos, com uma baixa contábil de 1,2 bilhão
no seu patrimônio liquido.
Posteriormente descobriu-se que as dividas fora do balanço
da Enron, totalizavam 25 bilhões de dólares (risco
financeiro maior do que o divulgado no mercado).
Com isso a Enron perdeu seu ativo mais valioso que era a
sua reputação.
Em dezembro de 2001 foi decretado a falência com as
ações valendo 0,30 centavos de dólar. 20 mil funcionários
foram demitidos e perderam o seguro saúde.
Estima-se que 1,2 bilhões de dólares tenha sido perdido em
fundo de pensão dos funcionários. Para os aposentados
foram perdidos cerca de 2 bilhões de dólares.
Ainda houve perda em participação acionária, pois grande
parte dos colaboradores possuíam participação acionária
na empresa.
Quebrou a Empresa de Auditoria Arthur Andersen que
tinha 29 mil funcionários.

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MASTER BLENDERS CAFÉ PILÃO – 2012 - 200 MILHÕES
Para cumprir as metas de crescimento estabelecidas
pela matriz e garantir seus bônus anuais, alguns
executivos teriam registrado uma série de pedidos de
varejistas por conta própria, sem que eles fossem
oficialmente realizados - uma prática conhecida como
"antecipação de venda". Na contabilidade da empresa,
no entanto, constava o valor integral da venda.
Outro malabarismo acontecia na relação com os
grandes varejistas e atacadistas.
Para convencê-los a fazer novos pedidos, mesmo
quando seus estoques estavam cheios, a equipe da
Master Blenders aumentava em até 50% a verba
promocional paga à rede. Ocorre que, em alguns
meses, a Master Blenders não teria lançado no balanço
o pagamento dessa verba como despesa, mas como
"contas a receber"
http://veja.abril.com.br/noticia/economia/auditoria-revela-fraude-de-r-200-
milhoes-no-cafe-pilao/

AUDITOR DO PANAMERICANO FALHOU, DIZ BC


As investigações do Banco Central (BC) sobre o rombo bilionário do
Panamericano apontaram falhas no trabalho da Deloitte. Documentos do
BC, afirmam que a Deloitte não teria adotado "procedimentos adequados
e suficientes de auditoria que permitissem detectar grave irregularidade
contábil praticada de forma sistemática e contínua“.
O BC descobriu que a contabilidade do Panamericano era maquiada e
escondia perdas que chegaram a R$ 4,3 bilhões. FARSA. A principal farsa
consistia em inflar o balanço com ativos que não existiam.
O Banco emprestava muito a pessoas das classes C e D. Com esses
empréstimos, montava grandes carteiras que depois eram vendidas a
outros bancos, com desconto. Só que, mesmo vendidas, essas carteiras
continuavam no balanço. O objetivo era fazer o público acreditar que o
banco tinha créditos bons e em grande volume para receber.
Nos relatórios, o BC afirma que o auditor independente deve fazer a
confirmação dos "valores das contas a receber e a pagar, por meio da
comunicação direta com os terceiros envolvidos (CIRCULARIZAÇÃO)
quando o valor envolvido for expressivo em relação à posição patrimonial
e financeira e ao resultado das operações".
Mas, segundo o BC, "a Deloitte não executou o referido procedimento,
uma vez que não enviou correspondências solicitando a confirmação
detalhada de saldo aos cessionários (bancos) com os quais o
Panamericano detinha responsabilidade significativa em relação ao total das
coobrigações por cessão (operações)".

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