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Revista Brasileira de

ISSN 1517-5545 Terapia Comportamental


2005, Vol. VII, nº 2, 247-261 e Cognitiva

O behaviorismo radical e a psicologia como ciência¹


The radical behaviorism and the psychology as science
Tereza Maria de Azevedo Pires Sério²
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Resumo

A compreensão da proposta de B.F.Skinner para a psicologia é vista como um bom começo para o
estudo das características atuais do behaviorismo radical. Em geral, Skinner apresenta e detalha
sua proposta confrontando-a com outras propostas já existentes e aceitas na psicologia. Pretende-
se acompanhar parte desta apresentação, analisando as principais contraposições afirmadas por
Skinner entre o behaviorismo radical e outras propostas então em vigor na psicologia, em três
textos desse autor: The operational analysis of psychological terms (1945), Behaviorism at fifty (1963) e o
primeiro capítulo de About behaviorism (1974). Acredita-se que seja possível, em cada um deles,
destacar um aspecto como ilustrativo de uma contraposição de Skinner; assim, no primeiro deles, o
aspecto destacado é o método a ser adotado nos estudos em psicologia, no segundo, o objeto ao
qual ela se dedica e no terceiro, o modelo de causalidade que deve dirigir o estudo do objeto e a
seleção dos métodos.

Palavras-chave: behaviorismo radical, B.F.Skinner, objeto de estudo da psicologia, métodos da


psicologia, modelo de causalidade.

Abstract

The understanding of B. F. Skinner's approach to Psychology can be considered as a good


beginning for the comprehension of radical behaviorism current characteristics. The present paper
details Skinner's analysis in three publications where he seems to choose to present aspects of his
system by confronting his assertions with other ones already exiting, and generally accepted, in
Psychology. The aim here is to follow through part of Skinner's writing, analyzing the main
oppositions argued by Skinner in the following publications: The operational of analysis of
psychological terms (1945), Behaviorism at fifty (1963), and About behaviorism (1974) first chapter
mainly. As a result, the theme of choice, Skinner's arguments, and the corresponding main
contraposition guiding Skinner's exposition are identified and discussed in each one of these
manuscripts. In The operational of analysis of psychological terms the central issue argued by Skinner is
the method of choice to be adopted in Psychology studies, in Behaviorism at fifty Psychology's
subject matter is the central question tackled by Skinner, and, finally, in About behaviorism the
causal mode that should underlie and guide the study of Psychology's subject matter and
Psychology's selection of methods is the topic of choice.

Key-words: radical behaviorism, B. F. Skinner, subject matter of Psychology, methods of


Psychology, causal mode

¹Este artigo foi elaborado como material didático da disciplina de psicologia Comportamental III da Faculdade de Psicologia da PUCSP,
no primeiro semestre de 2005 e, como tal, esteve durante este período disponível no sítio do Programa de Psicologia Experimental:
Análise do Comportamento. O roteiro de leitura que o acompanha foi elaborado pela professora Dra. Paula Suzana Gioia.
²Bolsista CNPq, Bolsa Produtividade em Pesquisa, processo no. 305032/02-0. Endereço para correspondência: teiaserio@uolcom.br
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Tereza Maria de Azevedo Pires Sério

Dentre as várias propostas de entendimento Primeiro exemplo: o objeto de estudo da


do que seja a psicologia (seu objeto, seus méto- psicologia
dos e seu papel na sociedade contemporânea),
encontra-se a que chamamos de behaviorismo Se considerarmos o artigo escrito por Skinner
radical. B. F. Skinner (1904-1990) é reconhe- (1963/1969) sobre os cinqüenta anos de beha-
cido como o principal autor do behaviorismo viorismo (considerando como marco do início
radical; a própria expressão 'behaviorismo do behaviorismo as propostas apresentadas
radical', com as marcas que hoje a caracte- em 1913 por J. B. Watson), a contraposição
rizam, foi introduzida em um texto deste com as demais propostas é feita a partir de
autor, publicado em 1945. Atualmente, outros questões sobre o objeto e os métodos da psico-
estudiosos3 vêm trazendo contribuições que logia. Skinner (1963/1969) inicia assim seu
explicitam, complementam ou acrescentam artigo:
elementos às propostas inicialmente feitas por Behaviorismo, com ênfase no ismo, não é o estudo
científico do comportamento, mas uma filosofia
B. F. Skinner. Compreender a proposta de
da ciência preocupada com o objeto e métodos da
Skinner para a psicologia é, assim, um bom psicologia. Se a psicologia é uma ciência da vida
começo para compreendermos o behavioris- mental - da mente, da experiência consciente -
mo radical. então ela deve desenvolver e defender uma me-
Quando Skinner inicia seus estudos em psico- todologia especial, o que ainda não foi feito com
sucesso. Se, por outro lado, ela é uma ciência do
logia, outras propostas de entendimento desta comportamento dos organismos, humanos ou
área já estavam em discussão e a apresentação outros, então ela é parte da biologia, uma ciência
dos aspectos que caracterizavam seu enten- natural para a qual métodos testados e muito
dimento da psicologia (aspectos que passa- bem sucedidos estão disponíveis. A questão
básica não é sobre a natureza do material do qual
riam a caracterizar o behaviorismo radical) foi
o mundo é feito ou se ele é feito de um ou de dois
feita, freqüentemente, a partir da contrapo- materiais, mas sim as dimensões das coisas estu-
sição com essas outras propostas então em dadas pela psicologia e os métodos pertinentes a
vigor. De uma forma geral, essa contraposição elas. (p.221)
com as demais propostas é guiada por ques-
tões relacionadas ao objeto e aos métodos da Nesse trecho, Skinner aponta dois caminhos
psicologia e ao modelo de causalidade que alternativos para a psicologia na definição de
deveria orientar a construção de explicações seu objeto de estudo e dos métodos apro-
das ações humanas. Com o objetivo de ilustrar priados para estudá-lo: o caminho que condu-
essas contraposições e como, a partir delas, é ziu ao que genericamente podemos chamar de
apresentada a proposta de Skinner para a psi- 'mentalismo' e o caminho que foi trilhado pelo
cologia, vamos examinar três diferentes exem- behaviorismo. O caminho behaviorista insere
plos de textos desse autor. Em cada um desses a psicologia entre as ciências que estudam a
exemplos será destacado um dos aspectos vida ou, mais precisamente, os organismos
mencionados - o objeto de estudo da psicolo- vivos (é assim que entendemos a afirmação de
gia, os métodos adequados para estudá-lo e o que a psicologia “é parte da biologia”) e, ao
modelo de causalidade; tal destaque é apenas fazê-lo, já está indicando as dimensões de seu
uma estratégia de apresentação, pois tais as- objeto de estudo e de onde os psicólogos
pectos mantêm entre si relações estreitas, de deveriam partir para encontrar seus métodos
forma tal que, ao tratar de cada um deles, Skin- de estudo, de pesquisa.
ner tenha também abordado os demais. Skinner segue, no artigo, contrapondo essas

3
Há, hoje, um conjunto significativo de publicações nas quais propostas de B.F.Skinner para a psicologia são objeto de análise, de tal
forma que listá-las e comentá-las daria origem a pelo menos um novo artigo. A título de exemplo, porém, algumas dessas publicações
(com destaque itálico para aquelas produzidas em língua portuguesa) devem ser indicadas: Moore (1975, 1981, 2000), Day (1980,1983),
Richelle (1981), Abib (1985, 1997), Modgil e Modgil (1986), Smith (1986), Tourinho (1988, 1994, 1995, 1997a, 1997b), Andery (1990), Lopes
Junior (1992, 1997), Chiesa (1994), Micheletto (1995), Todd e Morris (1995), Carrara (1998), Carvalho Neto (2001), Moxley (2001).

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duas alternativas mentalismo e behaviorismo pretar a afirmação que inicia o trecho citado
- e, ao fazer isto, busca compreender como a (“O fato da privacidade não pode, é claro, ser
psicologia de início recorre ao mentalismo e questionado.”) como uma afirmação de que a
quais as condições que possibilitaram a emer- perspectiva behaviorista radical lida com um
gência de uma concepção oposta, no caso, o traço que parece ser exclusivamente humano
behaviorismo. Ele conclui a parte introdutória e quem tem sido visto como constitutivo do
do artigo (1963/1969) deixando bem clara a objeto de estudo da psicologia: a privacidade.
divergência central entre essas duas alterna- A privacidade não seria, assim, preocupação
tivas e sugerindo as gamas variadas de menta- exclusiva de perspectivas mentalistas; estudar
lismo que podem existir dentro da psicologia: “o contato especial” que “cada pessoa” esta-
O fato da privacidade não pode, é claro, ser belece com “a parte do universo contida den-
questionado. Cada pessoa está em contato es- tro de sua própria pele” deveria, segundo o
pecial com uma pequena parte do universo conti-
da dentro de sua própria pele. Para tomar um behaviorismo radical, ser parte das atividades
4
exemplo que não acarreta controvérsias, cada de pesquisadores sobre o comportamento . E
-
pessoa está singularmente sujeita a certos tipos Skinner vai mais longe, chamando nossa aten
de estimulação proprioceptiva e interoceptiva. -
ção para aspectos metodológicos nesse estu
Embora, em um certo sentido, possamos dizer -
do; para ele, as tentativas de mensuração fei
que duas pessoas podem ver a mesma luz ou
ouvir o mesmo som, elas não podem sentir a mes- tas das possíveis transformações que estão
ma distensão do ducto biliar ou o mesmo mús- ocorrendo no corpo da pessoa quando ela está
culo contundido. (Quando a privacidade é inva- em contato com essas transformações (ou seja,
dida com instrumentos científicos, a forma de as “invasões com instrumentos científicos”),
estimulação é mudada; as escalas lidas pelos
cientistas não são os próprios eventos pri- mesmo recorrendo-se a instrumentos cada
-
vados.). vez mais sofisticados, não eliminam o fenô
meno da privacidade: o reconhecimento de
Psicólogos mentalistas insistem que há outros -
tipos de eventos que são unicamente acessíveis
que tais medidas não tornam públicos os even
-
ao proprietário da pele dentro da qual eles tos em questão evidencia que a relação da pes
-
ocorrem, mas que faltam a eles as dimensões soa com o 'mundo dentro de sua pele' conti
físicas de estímulos proprioceptivos ou intero- nua a ser singular, única.
ceptivos. (...) A importância atribuída a este tipo O que, de fato, diferencia as duas alternativas
de mundo varia. Para alguns, ele é o único
mundo que existe. Para outros, ele é a única parte
(a mentalista e a behaviorista) é a natureza que
do mundo que pode ser diretamente conhecida. cada uma delas atribui aos fenômenos envol-
Para outros ainda, ele é uma parte especial da- vidos na privacidade; em uma visão behavio-
quilo que pode ser conhecido. Em qualquer caso, rista, esses fenômenos têm a mesma natureza
o problema de como alguém conhece o mundo que os demais fenômenos que constituem o
subjetivo de outro deve ser enfrentado. Ao lado homem: são fenômenos físicos, materiais; em
da questão do que significa “conhecer”, o proble-
ma é o da acessibilidade. (pp. 225-226)
uma visão mentalista, ao contrário, esses fenô-
menos são de natureza diferente da natureza
Esses dois parágrafos merecem alguns co- dos demais fenômenos que constituem o ho-
mentários. A diferença entre as duas alterna- mem: não são de natureza física, são de natu-
tivas não está propriamente nos eventos que reza mental ou psíquica e seria isso que os dis-
são considerados como pertencentes ao do- tinguiria como objeto de estudo à parte. En-
mínio de estudo da psicologia, mas sim em tretanto, podem ser identificadas diferenças,
como eles são considerados. Podemos inter- dentro da concepção mentalista, no que se

4
Devemos ressaltar que neste trecho já fica pelo menos sugerida a distinção entre privacidade (“contato especial” que “cada pessoa”
estabelece com determinados estímulos) e estímulo privado (estímulo ao qual apenas o indivíduo por ele afetado tem acesso direto).
Além disso, é possível, também a partir desse trecho, supor que tais estímulos privados não são necessariamente ou exclusivamente
estímulos proprioceptivos ou interoceptivos, pois ao apresentar seu exemplo, Skinner parece ressaltar que o escolheu por ser “um
exemplo que não acarreta controvérsias”; podemos supor, a partir dessa afirmação, que existam exemplos nos quais a caracterização
dos estímulos envolvidos possa trazer controvérsias; com isso, a expressão “dentro de sua própria pele” mereceria os mesmos reparos.
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refere à exclusividade da dimensão mental ou garantia se passassem a definir seus conceitos


psíquica e no que se refere às possibilidades com base nas operações que executavam com
de conhecimento das dimensões nas quais o o objetivo de identificar e medir os fenômenos
6
universo é por eles dividido. Segundo Skin- aos quais o conceito se referia . Assim, por
ner, há, dentro do mentalismo, desde verten- exemplo, no caso da psicologia, ao invés de
tes que afirmam que a única dimensão do definir conceitos tais como sensação, percep-
universo que existe é a dimensão mental, até ção ou inteligência buscando identificar os
vertentes que, reconhecendo a existência das elementos constituintes dos fenômenos abar-
duas dimensões, afirmam que a dimensão cados por tais conceitos, o cientista deveria
mental é a única que pode ser diretamente defini-los descrevendo o que ele faz para iden-
conhecida, passando por aquelas que não tificar e medir esses fenômenos; com isso,
restringem a possibilidade de conhecimento necessariamente, ele restringiria sua definição
direto à dimensão mental, mas afirmam ser a aspectos empíricos.
ela especial enquanto objeto de conhecimento. O operacionismo teve um certo impacto na
Qualquer que seja o caso, a compreensão das psicologia e, segundo alguns autores (por
diferenças entre a concepção mentalista e a exemplo, Rogers, 1989) está presente até hoje
behaviorista envolverá: a) a explicitação do no fazer do psicólogo. Pelo menos inicial-
que é conhecer para cada uma dessas concep- mente, o impacto que teve deveu-se ao fato de
ções, e b) a discussão sobre acessibilidade dos que foi visto como um caminho para superar
eventos que são objeto de conhecimento. os problemas decorrentes de concepções men-
talistas Sendo assim, no artigo de 1945, Skin-
Segundo exemplo: desafios metodológicos ner apresentará o que entende por behavio-
rismo contrapondo-o não mais com posições
Se considerarmos o artigo no qual a expressão que se declaram mentalistas e sim com posi-
behaviorismo radical aparece com as conota- ções que pretendem superar o mentalismo,
ções que a distinguem ainda hoje (Skinner, entre elas o behaviorismo tal como ele se
1999/1945), nele a contraposição com outras configurava na época em que Skinner escre-
propostas para a psicologia é feita em termos veu o artigo em questão7.
quase estritamente metodológicos. Nesse ar- Skinner inicia seu artigo (1945) afirmando que
tigo, Skinner apresenta sua posição com rela- o operacionismo não trouxe nenhuma nova
ção a uma proposta bastante específica sobre contribuição para a prática dos cientistas e, de
como os psicólogos deveriam proceder ao certa forma, não poderia mesmo fazê-lo devi-
abordar seu objeto de estudo: o operacionis- do aos limites presentes no conhecimento dis-
5
mo . Em termos bem gerais, o operacionismo ponível na época. Como conseqüência de con-
apresenta-se como um procedimento para dições históricas relacionadas à produção de
garantir que os cientistas fundamentem todo conhecimento sobre o homem, não estava
o conhecimento produzido em fenômenos ainda disponível um conhecimento que per-
diretamente mensuráveis, de forma a evitar mitisse compreender adequadamente o pro-
problemas ocasionados pela inclusão, nas cesso de formulação de conceitos. Segundo
descrições e explicações científicas, de concei- Skinner, as teorias de linguagem existentes na
tos que envolvem elementos não fundamen- época não estavam ainda preparadas para tal
tados em observações, conceitos que não têm empreendimento porque, entre outras coisas,
base empírica. Os cientistas conseguiriam tal ainda não se tinha completado o desenvolvi-
5
Este artigo teve origem na participação de Skinner em um simpósio sobre operacionismo, organizado por E.G. Boring; no artigo
encontramos a apresentação que Skinner fez e partes do debate que ocorreu entre os expositores.
6
Para maior número e detalhes mais precisos sobre o operacionismo e sua importância na psicologia ver, por exemplo, Lopes Júnior
(1992; 1997).
7
Para uma avaliação mais precisa sobre qual era esse behaviorismo e quem o defendia ver, por exemplo, Lopes Junior (1992), Tourinho
(1995), Carrara (1998).
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mento de “uma concepção objetiva do com- registrarmos e discutirmos as palavras e as


portamento humano” (p.417). Feitas as críti- afirmações que estão sendo ditas; precisamos
cas e apresentada a recusa ao caminho opera- identificar as condições nas quais a pessoa está
cionista, Skinner passa a apresentar sua pro- dizendo aquilo e, mais, a história que ela viveu
posta que, neste caso, envolve diretamente e que permitiu que tais condições estivessem
uma nova abordagem do comportamento ver- relacionadas com aquele dizer.
bal (expressão proposta por Skinner (1957) pa- Como Skinner mesmo afirma, com essa ma-
ra tratar de fenômenos tradicionalmente cha- neira de ver, não há nenhum problema em
mados de 'linguagem'). Segundo ele, lidar com os aspectos relacionados à emissão
Uma vantagem considerável é ganha ao lidarmos das respostas verbais consideradas como 'ter-
com termos, conceitos, constructos, etc bem mos subjetivos'. As pessoas, em sua vida coti-
abertamente na forma em que eles são obser-
vados - isto é, como respostas verbais. Não há, diana, falam de si mesmas e falam de aspectos
então, perigo em incluir no conceito aquele seus aos quais outros não têm acesso, e vêm
aspecto ou parte da natureza que ele destaca. (...) fazendo isso há muito tempo. O desafio para o
Significados, conteúdos e referentes devem ser pesquisador em psicologia está exatamente
encontrados entre os determinantes, não entre as
em descobrir como tudo isso acontece: como
propriedades, da resposta. (p.418)
as pessoas passam a falar de si mesmas e como
Tratar conceitos como respostas verbais seria podem falar de aspectos aos quais apenas elas
o grande passo a ser dado para que pudés- têm acesso. Segundo Skinner,
O que nós queremos conhecer no caso de muitos
semos superar os obstáculos criados pela au- termos psicológicos tradicionais é, primeiro, as
sência de uma teoria não dualista sobre com- condições estimuladoras específicas sob as quais
portamento verbal (de uma forma bem geral e eles são emitidos (isto corresponde a 'encontrar
simplificada, uma teoria dualista distinguiria os referentes') e, segundo, (e esta é uma questão
sistemática muito mais importante), por que
como sendo de dimensões diferentes a pala-
cada resposta é controlada por sua condição
vra - dimensão física - e o significado - dimen- correspondente. (p. 419)
são não física - na análise dos fenômenos
lingüísticos). Este passo possibilitaria a com- Devemos notar que o primeiro aspecto a ser
preensão do comportamento verbal em toda conhecido nos conduz para a busca das “con-
sua extensão, inclusive do comportamento dições estimuladoras específicas” que ante-
verbal do cientista, e traria elementos neces- cedem a emissão de respostas verbais que en-
sários para o entendimento do que ocorre, na volvem termos subjetivos. Não há nenhuma
psicologia, quando descrevemos ou expli- restrição quanto a que condições podem ser
camos as ações humanas recorrendo a con- estas. Quaisquer condições estimuladoras po-
ceitos considerados subjetivos (termos que se dem ocupar o lugar de estímulos antecedentes
referem ao sujeito e que podem ou não para tais respostas verbais. O segundo aspecto
envolver elementos não acessíveis a outros a ser conhecido nos conduz à busca de res-
que não o sujeito). Buscar “os significados, os postas para a pergunta “por que cada resposta
conteúdos e os referentes” entre os determi- [verbal] é controlada por sua condição
nantes da resposta (ou seja, da palavra ou afir- correspondente?”. Esta busca parte de uma
mação dita ou escrita) dirige nosso olhar para suposição que constitui a própria definição de
as condições nas quais a resposta é emitida (ou comportamento verbal: as transformações
seja, para a situação presente quando a respos- produzidas pela emissão da resposta verbal
ta é emitida e as transformações na situação que são responsáveis pela relação entre a res-
produzidas pela emissão da resposta) e não posta e as condições que a antecedem referem-
para a forma da resposta. Assim, por exemplo, se a transformações em comportamento de
para identificarmos o significado daquilo que outros homens; a existência de uma comuni-
uma pessoa está dizendo, de pouco adiantará dade verbal é condição necessária para a pro-
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dução de respostas verbais. Para encontrar importante para o indivíduo. O indivíduo torna-
esse 'por que?' devemos, então, dar um passo se consciente do que ele está fazendo apenas
depois que a sociedade tiver reforçado respostas
adiante e procurar pelas práticas da comu- verbais com relação a seu comportamento como
nidade verbal que fizeram/fazem com que as fonte de estímulos discriminativos. (p.425)
pessoas falassem/falem de si, incluindo aí seu
mundo privado. Desse ponto de vista, tal Com essa explicitação, Skinner indica toda
como no artigo anteriormente analisado, Skin- “radicalidade” de seu behaviorismo: nenhum
ner afirma que a busca de instrumentos pre- fenômeno humano é retirado do âmbito de
cisos de medida das alterações privadas não estudo da psicologia, ou seja, cabe à psicologia
resolverá o problema do psicólogo: estudar os fenômenos humanos em sua tota-
Mas o problema da privacidade não pode ser lidade e complexidade e, para isso, não é ne-
totalmente resolvido pela invasão instrumental.
cessário supor a existência de uma dimensão
Não importa quão claramente eventos internos
possam ser expostos no laboratório, permanece o especial do mundo diferente da dimensão ma-
fato de que no episódio verbal normal eles são terial.
inteiramente privados. (p.421)
Terceiro exemplo: o modelo de causalidade
Parece, assim, que o problema do psicólogo,
os desafios que o levam a pesquisar estão nos Nosso terceiro e último exemplo refere-se não
'episódios normais', o que quer dizer, na vida a um artigo de Skinner e sim a um de seus li-
cotidiana das pessoas, em toda a diversidade e vros. Logo na introdução de seu livro About
complexidade dos acontecimentos da vida do Behaviorism (1974), Skinner lista vinte críticas
homem comum. E é nesse âmbito que o pro- comumente feitas ao behaviorismo radical e,
blema da privacidade não será resolvido com segundo ele, tais críticas indicam que sua
a “invasão instrumental”; pelo menos en- proposta não foi bem compreendida; o livro é
quanto tal “invasão” não fizer parte dos episó- escrito, então, com o objetivo de esclarecê-la.
dios do cotidiano, a comunidade verbal pro- Tal como no primeiro artigo considerado
move o falar sobre si mesmo, incluindo o falar (Skinner, 1969/1963), Skinner distingue o
sobre aspectos aos quais a comunidade não behaviorismo da análise do comportamento:
tem acesso direto, sem recorrer a nenhum tipo O behaviorismo não é a ciência do compor-
do que está sendo chamado de “invasão ins- tamento humano; ele é a filosofia dessa ciência.
Estas são algumas das questões de que ele trata:
trumental”. Uma mãe, por exemplo, só conta
tal ciência é realmente possível? ela pode explicar
com sua sabedoria para promover, em seus cada aspecto do comportamento? quais métodos
filhos, o falar sobre a fome, tristeza, saudade, ela pode usar? suas leis são tão válidas quanto às
alegria... que sentem e para reagir a tais da física e da biologia? ela levará a uma tecno-
relatos. E é exatamente isso que o estudioso do logia e, se o fizer, que papel terá nos assuntos
humanos? Particularmente importante é sua
comportamento quer saber: como ela faz isso? posição sobre os tratamentos anteriores do mes-
Como ela aprendeu a fazer isso? Por que o faz? mo objeto. O comportamento humano é o aspec-
Ao concluir seu artigo, Skinner explicita uma to mais familiar do mundo no qual as pessoas
hipótese que, segundo ele, é decorrente dessa vivem e mais deve ter sido dito sobre ele do que
sobre qualquer outra coisa; quanto do que foi
maneira de entender os dilemas metodoló-
dito merece ser mantido? (p. 3).
gicos enfrentados pela psicologia:
Segue-se, muito naturalmente, a hipótese adi-
cional de que ser consciente, como uma forma de Com esta última questão, parece inevitável
reagir a seu próprio comportamento, é um pro- que a apresentação do behaviorismo radical
duto social. (...) A hipótese é equivalente a dizer seja feita por meio de contraposições com
que é apenas porque o comportamento do indi- outras posições existentes na psicologia ou
víduo é importante para a sociedade que a socie-
dade, por sua vez, torna o comportamento
mesmo em outras áreas do saber que tratem

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do comportamento humano. O que é interes- comportamento é o 'objeto da busca'), nenhu-


sante, neste caso, é que esta contraposição ma possibilidade de controle (os homens ape-
estará guiada pelo modelo de causalidade que nas poderiam prever o que outros homens
está sendo assumido quando ações humanas fariam e preparar-se para isso), o que poderia
são explicadas. O primeiro capítulo do livro sugerir a ausência de relações sociais com-
tem como título As causas do comportamento e plexas envolvidas na organização (e, portan-
nele Skinner apresenta como ele entende as to, poder de controle) de grupos. No segundo
primeiras tentativas em psicologia de locali- momento, a busca de causas já envolve uma
zar as causas do comportamento, os proble- possibilidade de controle, pois os homens já
mas gerados por essas tentativas e alguns dos almejavam identificar formas para “induzir
caminhos trilhados pela psicologia para en- uma outra pessoa a comportar-se de deter-
frentar tais problemas. O behaviorismo radi- minada maneira”. Aparentemente, estamos
cal será um desses caminhos. falando de um homem já com algum poder de
Para acompanharmos essa análise, o primeiro controlar o comportamento de outro homem,
parágrafo do capítulo é parada obrigatória: o que sugere a presença de relações mais com-
Por que as pessoas se comportam como elas se plexas entre eles.
comportam? Esta foi, provavelmente, primeiro O terceiro momento difere dos dois anteriores
uma questão prática: como uma pessoa poderia
antecipar e, então, preparar-se para o que outra por conta do motivo pelo qual a pergunta é
pessoa faria? Mais tarde a questão tornou-se feita: o homem passou a buscar as causas do
prática em outro sentido: Como outra pessoa po- comportamento humano para “compreender
deria ser induzida a comportar-se de uma dada e explicar o comportamento”. Estamos falan-
maneira? Finalmente, a questão tornou-se um
do de um homem que quer saber as causas do
problema de entender e explicar o comportamen-
to. Ela poderia sempre ser reduzida a uma ques- comportamento humano não mais por razões
tão sobre causas. (p.9). exclusivamente práticas (e, possivelmente,
pessoais e imediatas), mas de um homem que
Um primeiro aspecto a ser destacado é que se confrontava com um (novo) objeto de estu-
perguntas do tipo 'por que?' são vistas como do - o comportamento humano - e que, para
perguntas sobre causas; assim, as perguntas “compreender e explicar” esse objeto, buscava
'por que as pessoas se comportam?' e 'quais as suas causas.
causas do comportamento humano?' são equi- A psicologia, como uma disciplina voltada
valentes. Além disso, podemos dizer que, nes- para o estudo do comportamento humano e
te pequeno parágrafo, Skinner apresenta de que busca suas causas para poder compre-
forma genérica diferentes momentos que endê-lo e explicá-lo, estaria inserida nesse
identifica na preocupação dos homens com as terceiro momento (não necessariamente ini-
causas do comportamento humano. Segundo ciando o terceiro momento). Vista assim, ela
ele, três diferentes momentos podem ser iden- seria herdeira de toda essa história, o que quer
tificados. dizer que sua busca das causas do com-
Nos dois primeiros momentos, os homens fo- portamento humano, mesmo que desvin-
ram levados a buscar as causas do compor- culada de razões práticas imediatas, carregará
tamento (dos outros homens) por razões a sabedoria produzida na longa história hu-
práticas. Inicialmente, procuravam as causas mana no trato com as causas do compor-
para poder “antecipar e, então, preparar-se tamento.
para o que outra pessoa faria”. É possível No segundo parágrafo do capítulo, Skinner
supor que estamos falando de um período mostra o que significou ser herdeira dessa his-
muito primitivo da história do homem, já que tória:
parece não haver, entre um homem (o homem Nós tendemos a dizer, com freqüência
que 'busca as causas') e outro (aquele cujo precipitadamente, que se uma coisa segue outra,
ela foi, provavelmente, causada pela outra, se-

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guindo o antigo princípio post hoc, ergo propter Estão aí as bases do modelo explanatório mais
hoc (depois disso, logo por causa disso). Dos difundido em psicologia: a) os estados inter-
muitos exemplos encontrados na explicação do
comportamento humano, um é especialmente nos sentidos estão 'no lugar certo' das causas,
importante aqui. A pessoa com a qual nós esta- dentro da tradição de buscar as causas nas
mos mais familiarizados somos nós mesmos; condições antecedentes imediatas e b) supo-
muitas das coisas que observamos exatamente mos que as outras pessoas sentem o que nós
antes de nos comportarmos ocorrem dentro de
sentimos quando as vemos fazer as coisas que
nosso corpo e é fácil tomá-las como causas de
nosso comportamento. (p.9). nós fazemos; é esta última suposição que
permite a seguinte prática bastante difundida:
A origem primitiva da pergunta sobre as cau- observamos as respostas de uma pessoa e,
sas faz com que o estudioso do comporta- tendo como único fundamento essa obser-
mento procure suas causas naquilo que acon- vação, supomos a presença de um deter-
tece imediatamente antes do comportamento, minado 'estado interno' que, então, é visto
comprometendo-se, assim, com uma noção de como a causa da resposta que observamos; ou
causalidade genericamente chamada de me- seja, a resposta é o único indicador de sua
canicista. Supostamente, em função de um causa.
conjunto variado de razões (entre elas, a Segundo Skinner, a adoção desta forma de
existência de relações mecânicas entre deter- pensar trouxe para os estudiosos da psico-
minados eventos), as relações entre eventos logia um conjunto de questões relativas à sua
imediatamente antecedentes (vistos como as fundamentação: os eventos considerados
causas) e o comportamento (visto como o como causas das respostas não se apresentam
efeito) foram mais facilmente identificáveis e, a si mesmos para observação do estudioso, en-
posteriormente, manipuláveis. Dentre todas tão, onde estão esses eventos? Se eles não
as implicações possíveis dessa herança, Skin- podem ser observados tal como o são as res-
ner destaca aquela que conduzirá ao men- postas das quais são causa, serão eles cons-
talismo. Segundo ele, diferentemente do que tituídos do mesmo material que constitui as
acontece com outros objetos de estudo, ao respostas, ou em outras palavras, eles per-
estudar o comportamento, o estudioso pode tencerão à mesma dimensão de eventos à qual
tomar a si mesmo como ponto de partida. pertencem as respostas observadas?
Fazendo isso, e continuando a tradição de A resposta tradicional é que eles estão loca-
buscar as causas nas condições antecedentes lizados em um mundo de dimensões não-físicas
chamado mente e que eles são mentais. Mas,
imediatas, este estudioso procurará as causas então, outra questão se coloca: como pode um
naquilo que ele mais facilmente observa como evento mental causar ou ser causado por um
acontecendo imediatamente antes de suas evento físico? (Skinner, 1974, p.10)
ações e a primeira coisa que ele encontra é o
que ele observa estar acontecendo em seu Estas respostas referendavam a crença na
próprio corpo. Devemos notar, aqui, que existência de diferentes dimensões do univer-
poderíamos trocar 'observação' por 'intros- so e a divisão dos eventos em dois tipos (men-
pecção', como resultado “é fácil tomá-las [as tais e corporais); os defensores desta posição
coisas que 'introspectamos'] como as causas comprometiam-se, assim, com uma concep-
de nosso comportamento”. Como afirma ção dualista (afirmar a existência de duas di-
Skinner, mensões distintas no universo) e mentalista
Os sentimentos ocorrem no momento exata- (afirmar que as causas devem ser procuradas
mente apropriado para servirem como causas do na dimensão mental). Tal concepção, como
comportamento e eles têm sido citados como tais
destaca Skinner, precisará enfrentar mais um
por séculos. Nós assumimos que outras pessoas
sentem como nós sentimos quando elas se conjunto de questões: se os eventos perten-
comportam como nós nos comportamos. (p.10). cerem a dimensões diferentes, como eventos

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O behaviorismo radical e a psicologia como ciência

de uma dimensão poderão interagir com e- mento podem, aparentemente, permitir que
ventos de outra dimensão? como podem se continue a estudar o comportamento, elas
eventos de dimensões diferentes causarem-se são, segundo Skinner, fonte de problemas
uns aos outros? como as causas mentais (de- “práticos” que, dificilmente, podem ser camu-
vemos lembrar que elas não se apresentam flados: “nós não podemos antecipar o que
para observação da mesma forma que as res- uma pessoa fará olhando diretamente para
postas) podem ser identificadas? como as seus sentimentos ou seu sistema nervoso, nem
causas mentais podem ser produzidas? podemos mudar seu comportamento mudan-
E como a psicologia vem enfrentando os desa- do sua mente ou seu cérebro” (p.11), fora das
fios filosóficos envolvidos por tais questões? condições de laboratório especialmente pla-
Para Skinner, a psicologia não tem enfrentado nejadas para produzir tais possibilidades.
esses desafios e ele indica quatro estratégias Parece, assim, que não enfrentando as ques-
por meio das quais tem sido possível evitá-las: tões sobre os fundamentos de suas práticas e,
1) os desafios simplesmente são ignorados, 2) em última instância, mantendo-se no âmbito
o estudioso da psicologia busca refúgio em do dualismo e do mentalismo, a psicologia
outras áreas do conhecimento que, aparen- perde qualquer possibilidade de prever (an-
temente, não enfrentam esses problemas, 3) a tecipar) o que uma pessoa fará e qualquer
busca de causas do comportamento é aban- possibilidade de controlar (induzir) esse fa-
donada, e 4) os sentimentos e estados internos zer, enquanto parte do fluxo de fenômenos do
são vistos como elos intermediários em uma cotidiano. Se voltarmos, agora, ao primeiro
seqüência causal, dos quais o estudo científico parágrafo do capítulo que estamos analisando
do comportamento pode prescindir. (o segundo trecho citado, neste terceiro exem-
Dentre essas quatro possibilidades, a prática plo), veremos que foi com a previsão e, logo a
mais difundida na psicologia tem sido a de seguir, com o controle que começou toda
ignorar os desafios e continuar estudando o história sobre a preocupação dos homens com
comportamento como se tal estudo não envol- as causas do comportamento humano. É como
vesse nenhum compromisso filosófico, como se a psicologia, participante do terceiro mo-
se ele não implicasse algum tipo de resposta mento dessa história, mantivesse apenas parte
para as questões feitas: “é possível acreditar da herança (a parte relativa às crenças deri-
que o comportamento expressa sentimentos, vadas da prática) e perdesse todos os vínculos
antecipar o que uma pessoa fará, adivinhando com a outra parte (a das possibilidades de
ou perguntando a ela como ela se sente, e atuação prática) dos dois momentos an-
mudar o ambiente na esperança de mudar teriores, e ficando, em certo sentido, aquém
sentimentos” (pp.10-11) sem reconhecer que desses momentos (a compreensão e a ex-
estas crenças e práticas, queiramos ou não, plicação do comportamento que ela produz
implicam determinadas posições filosóficas. não permitem a previsão e controle desse mes-
Para aqueles que não se sentem “muito con- mo comportamento).
fortáveis com tal estratégia”, há uma outra A terceira possibilidade de não enfrentamento
possibilidade de não enfrentamento: o “refú- dos desafios é, por assim dizer, mais direta:
gio na fisiologia” (p.11); a redução do objeto “Uma estratégia mais explícita é abandonar a
da psicologia à fisiologia ou neurologia tem si- busca de causas e simplesmente descrever o
do vista como uma alternativa que parece es- que as pessoas fazem” (p.11). Skinner refere-
capar dos problemas colocados pela adoção se, neste caso, a diferentes teorias em psico-
do mentalismo: “Tem sido dito que, final- logia e em outras áreas que também estudam o
mente, deverá ser descoberto que a mente tem comportamento humano (antropologia, po-
bases físicas” (p.11). lítica e lingüística, por exemplo) que têm como
Se essas duas estratégias de não enfrenta- características a descrição cuidadosa e exaus-

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tiva de comportamentos de forma a identificar tífico a determinados elos dessa cadeia (os elos
regularidades na maneira das pessoas agirem, que envolvem eventos físicos):
padrões de comportamento e, então, des- O problema mentalista pode ser evitado indo
cobrir “princípios organizadores na estrutura diretamente às causas físicas antecedentes ao
mesmo tempo em que se desvia dos sentimentos
do comportamento” que, em alguns casos, ou estados da mente intermediários. A maneira
podem ser vistos como função de outras mais rápida de fazer isso é (...) considerar apenas
variáveis, tais como “tempo e idade” (pp.11- aqueles fatos que podem ser objetivamente
12); Skinner agrupa essas teorias sob o rótulo observados no comportamento de uma pessoa
em sua relação com sua história ambiental
de estruturalismo. Segundo ele, a estratégia
anterior. Se a cadeia toda é sujeita a leis, nada é
estruturalista acaba deixando espaço para a perdido ao desconsiderar um suposto elo não-
“sobrevivência de conceitos mentalistas” pois físico. (p.13).
quando explicações se tornam necessárias
(por exemplo, quando se busca o porquê de Em outras palavras, supõe-se que alguns
determinado princípio organizador) elas são eventos físicos produzem determinados even-
encontradas em tais conceitos: “em resumo, o tos mentais que, por sua vez, produzem ou-
estruturalismo nos diz como pessoas se com- tros eventos físicos - as respostas que obser-
portam, mas esclarece muito pouco porque vamos. Entretanto, supõe-se, também, que a
elas se comportam dessa maneira. Ele não res- ciência deve restringir-se a eventos que pos-
ponde a questão com a qual começamos”. sam ser diretamente observados por mais de
(p.12). No que se refere aos problemas de atua- um observador (só assim podem “ser obje-
ção prática, os conhecimentos produzidos sob tivamente observados” e podemos avaliar a
orientação estruturalista permitem certos verdade ou falsidade das afirmações sobre
tipos de predição: a) a freqüência dos com- eles) e esta condição só é atendida pelos even-
portamentos envolvida na identificação de tos físicos. E, por fim, supõe-se que a primeira
um determinado padrão nos faz supor que tal suposição permite atender a exigência da
comportamento voltará a ocorrer e b) a partir segunda: se um evento físico “x” produz re-
da estrutura do comportamento e/ou de va- gularmente um evento mental “y” e este
riáveis relacionadas a ela (idade, por exemplo) evento mental “y” produz regularmente um
podem ser previstos comportamentos. evento físico “z”, de tal forma que a seqüência
Entretanto, tais conhecimentos não permitem x y z ocorre com regularidade, é possível
o controle, pois, restringindo-se à descrição, res-tringir o estudo aos dois elos “x” e “z”,
eles não envolvem as variáveis que deter- pois “x” será regularmente seguido por “z”;
minam o comportamento e quando parecem diante de “x” pode-se prever “z” e pode-se
envolver tais variáveis, elas não podem ser produzir “z”, manipulando “x”. Desta forma,
manipuladas de forma a produzir um deter- mesmo supondo a existência de eventos men-
minado comportamento (como é o caso das tais e seu papel causal no comportamento, o
variáveis “idade” e “tempo”). “Evitar o men- estudo é limitado aos eventos físicos. O
talismo (...) recusando-se a procurar as causas operacionismo foi visto, pelos behavioristas
exige seu preço” (p.12). metodológicos, como uma das maneiras de
A quarta possibilidade de não enfrentamento garantir que os estudiosos em psicologia
dos desafios, tal como a anterior, apresenta-se lidassem apenas com eventos que pudessem
como uma tentativa de evitar o mentalismo; ser “objetivamente observados”.
neste caso, isto é feito por meio da suposição Ao limitar o estudo apenas a tais eventos, o
de uma determinada cadeia causal composta behaviorismo metodológico acabou por tor-
por três elos que ocorreriam sempre na mes- nar desnecessário o recurso à introspecção: se
ma seqüência (evento físico evento mental lidarmos apenas com eventos que um obser-
evento físico) e da limitação do estudo cien- vador independente pode observar, não pre-

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O behaviorismo radical e a psicologia como ciência

cisaremos mais recorrer ao relato do sujeito, ao que era sentido ou observado quando
instrumento visto como necessário quando se alguém recorria à introspecção. Dessa forma,
lida com eventos aos quais apenas o sujeito a introspecção não é um procedimento des-
tem acesso. Segundo Skinner, isso possibilitou cartado ou banido como fonte de informação
a inclusão, na psicologia, de estudos sobre sobre o comportamento humano; o que os
espécies não humanas e de estudos compara- behavioristas radicais recusam é a natureza
tivos entre a espécie humana e outras espécies. não física que se acreditava tinham os eventos
Apesar das novas possibilidades abertas e com os quais interagia aquele que se auto-
apesar de se apresentar como uma tentativa observava. Trata-se de considerar os eventos
de evitar o mentalismo, o behaviorismo meto- como de uma mesma e única natureza (ma-
dológico pode ser considerado como uma terial) e de examinar a auto-observação como
reafirmação do mentalismo: “a maior parte um procedimento para a produção de infor-
dos behavioristas metodológicos admitiu a mações. Estes são traços fundamentais do
existência de eventos mentais ao mesmo tem- behaviorismo radical e implicam algumas
po em que os excluiu de consideração” (p.15). rupturas com a visão mais difundida do que
Após apresentar sua visão dessas quatro pos- se considera como características do processo
sibilidades que se apresentavam para se fazer de produção de conhecimento científico:
psicologia, Skinner passa a apresentar qual se- Ele [o behaviorismo radical] não insiste na ver-
ria a sua proposta para esse fazer, indicando dade por acordo e pode, portanto, considerar
eventos que ocorrem no mundo privado dentro
no que ela se diferencia das demais: da pele. Ele não qualifica esses eventos como
O behaviorismo metodológico e algumas versões inobserváveis e não os rejeita como subjetivos.
do positivismo lógico colocaram os eventos Simplesmente questiona a natureza do objeto
privados fora dos limites [da ciência] porque não observado e a confiabilidade das observações.
seria possível acordo público sobre sua validade. (pp.16-17).
A introspecção não poderia ser aceita como
prática científica (...) O behaviorismo radical,
porém, segue uma linha diferente. Ele não nega a O behaviorismo radical não adota, assim, o
possibilidade de auto-observação ou de difundido critério de verdade que é o acordo
autoconhecimento ou sua possível utilidade, público entre dois observadores independen-
mas questiona a natureza do que é sentido ou 8
tes e é isto que permite que ele não exclua
observado e, então, conhecido. Ele restaura a
introspecção, mas não o que os filósofos e nenhum evento do campo da psicologia com
psicólogos que recorriam à introspecção base na possibilidade dele ser observado dire-
acreditavam estar 'espectando' e ele coloca a tamente por dois observadores independen-
questão de quanto alguém pode observar seu tes. Por isso, tais eventos não são classificados
próprio corpo. (p.16).
como não-observáveis já que podem ser
observados por meio de auto-observação e,
Como destaca Skinner, o behaviorismo radi-
como todos os eventos relativos ao compor-
cal se contrapõe tanto a vertentes mentalistas
tamento humano referem-se sempre a um
como também a vertentes que buscavam evi-
sujeito (e, mais, é sempre um sujeito que rea-
tar o mentalismo (no caso, o behaviorismo
liza uma observação, seja qual for o objeto
metodológico). Diferentemente do behavio-
observado), não há razão para rejeitar os
rismo metodológico, ele considera possível o
eventos privados por serem subjetivos. Em
estudo de eventos privados, porém, diferen-
certa medida, todos os eventos referem-se ou
temente do mentalismo, não atribui a esses
são conhecidos por um sujeito. Entretanto,
eventos nenhuma natureza especial: o beha-
“isto não significa (e este é o cerne do argu-
viorismo radical questiona a natureza especial
mento [behaviorista radical]) que os eventos
(mental, psíquica) que vinha sendo atribuída
8
Como indica Skinner no artigo que analisamos no segundo exemplo citado (Skinner 1999/1945), “o critério último para a adequação de
um conceito não é se duas pessoas chegam a um acordo, mas se o cientista que usa o conceito pode operar com sucesso sobre seu
material" (p.429).
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Tereza Maria de Azevedo Pires Sério

que são sentidos ou introspectivamente obser- behaviorismo metodológico que recorre ao


vados sejam as causas do comportamento” ambiente por ser ele considerado como um
(p.17). dos elos vistos como observáveis e mensu-
Este último destaque feito por Skinner é, como ráveis de uma cadeia causal composta por três
ele mesmo indica (“o cerne do argumento”), elos (ambienteestados internosresposta). As
fundamental para a compreensão da proposta razões do behaviorismo radical estão relacio-
behaviorista radical. Ao considerar os eventos nadas à concepção de comportamento pro-
privados como eventos materiais, tal como posta: comportamento (qualquer que seja ele)
são os demais eventos com os quais lida a é visto como interação entre o organismo e o
psicologia, e ao considerá-los como parte do ambiente; o comportamento atual é uma inte-
objeto de estudo da psicologia, o behavioris- ração e é ao mesmo tempo produto de inte-
mo radical está afirmando que eles são parte rações anteriores. Dessa forma, ao afirmar que
daquilo que a psicologia deve descrever e 'as causas do comportamento estão no am-
explicar; eles não são vistos como eventos que biente', o termo ambiente está sendo enten-
explicam o comportamento. O behaviorismo dido de uma forma ampla, não reduzido
radical busca as causas do comportamento, a àquele que está presente quando uma
explicação do comportamento, nas “histórias resposta ocorre.
genética e ambiental de uma pessoa” (p.17). Um último aspecto deve ser considerado para
O ambiente fez sua primeira grande contri- que a concepção behaviorista radical seja bem
buição durante a evolução das espécies, mas ele compreendida: a relação entre behaviorismo
exerce um tipo diferente de efeito durante a vida
de um indivíduo e a combinação dos dois efeitos radical e análise experimental do comporta-
é o comportamento que nós observamos em mento. Como já foi visto, o behaviorismo ra-
qualquer momento dado. Qualquer informação dical, enquanto uma concepção dentro da
disponível sobre qualquer uma das duas con- filosofia da ciência, oferece os fundamentos
tribuições auxilia na predição e controle do com-
para uma determinada prática científica, no
portamento humano e sua interpretação na vida
cotidiana. Na medida em que qualquer uma de- caso, a análise experimental do comporta-
las puder ser mudada, o comportamento pode mento. Entretanto, o desenvolvimento da
ser mudado. (p.17). análise experimental do comportamento tem
trazido contribuições para uma melhor
O behaviorismo radical apresenta-se, assim, fundamentação da proposta behaviorista ra-
como uma proposta bastante peculiar para a dical. Esse aspecto é destacado por Skinner
psicologia. Em primeiro lugar, porque recusa em dois dos textos considerados aqui. No
as concepções tradicionais que marcaram o artigo sobre o cinqüentenário do behavio-
início da psicologia e são até hoje bastante di- rismo, Skinner (1969/1963) afirma que duran-
fundidas, tendo como fundamento a recusa te esses cinqüenta anos “emergiu uma eficien-
do dualismo e do mentalismo presentes em te ciência experimental do comportamento” e
tais concepções. Mostra-se, assim, disposto a “muito do que, ou o que se descobriu tem
enfrentar os problemas filosóficos gerados relação direta com a questão básica” (pp. 222-
pela adoção de tais concepções. Em segundo 223) tratada pelo behaviorismo radical, ou
lugar, não fundamentando sua recusa em seja, com “as dimensões das coisas estudadas
razões metodológicas, afasta-se das concep- pela psicologia e os métodos pertinentes a
ções que adotaram este caminho para evitar o elas” (p.221). A mesma relação é afirmada no
mentalismo. Por fim, essa peculiaridade está livro About behaviorism (Skinner, 1974):
presente, também, no recurso ao ambiente O behaviorismo (...) beneficiando-se de avanços
para busca das causas do comportamento. As recentes na análise experimental do compor-
razões que sustentam tal recurso afastam tamento, olhou mais de perto para as condições
nas quais as pessoas respondem ao mundo den-
definitivamente o behaviorismo radical do

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O behaviorismo radical e a psicologia como ciência

tro da pele e pode agora analisar, um a um, os ter- ensão das características básicas do behavio-
mos-chave do arsenal mentalista. (p.32). rismo radical parece exigir o domínio dos con-
ceitos e dos resultados experimentais envol-
Considerando a existência dessa relação bidi- vidos nos processos comportamentais relacio-
recional entre behaviorismo radical e análise nados a tais características.
experimental do comportamento, a compre-

Questões de estudo Terceiro exemplo: o modelo de causalidade

1. Algumas questões dirigem a contraposição 12. Quais questões são tratadas pelo behavio-
que Skinner faz entre sua proposta para a rismo?
psicologia e outras propostas já existentes. 13. Três momentos são identificados na preo-
Quais são essas questões? cupação do homem com as causas do com-
portamento:
Primeiro exemplo: o objeto e os métodos da a) o que caracteriza os dois primeiros mo-
psicologia mentos?
b) qual a diferença entre o primeiro e o se-
2. Quais os dois caminhos alternativos para a gundo momentos?
psicologia na definição de seu objeto de c) o que caracteriza o terceiro momento?
estudos e dos métodos apropriados para 14. Há alguma implicação da psicologia ser
estudá-lo? considerada como parte deste terceiro
3. Qual a diferença entre as duas alternati- momento?
vas? 15. Com resultado dessa longa história de
preocupação com as causas do compor-
Segundo exemplo: o operacionismo tamento, onde o estudioso do compor-
tamento procura essas causas?
4. Em termos gerais, como pode ser enten- 16. Quais as duas bases do modelo explana-
dido o operacionismo? tório mais difundido em psicologia?
5. A que poderia ser devido o impacto inicial 17. Para poder assumir esse modelo expla-
que o operacionalismo teve na psicologia? natório os estudiosos da psicologia preci-
6. Que razões históricas são apontadas por savam responder algumas questões; quais
Skinner quanto ao fato do operacionismo eram essas questões?
não ter trazido uma nova contribuição pa- 18. Qual a resposta tradicional dada a essas
ra a prática dos cientistas? questões?
7. Segundo Skinner, como seriam superados 19. Quais as novas questões decorrentes desta
os obstáculos criados pela ausência de resposta?
uma teoria não dualista para tratar de fe- 20. Segundo Skinner, quais as quatro estra-
nômenos denominados de “linguagem”? tégias da psicologia para o não enfrenta-
8. O que são considerados termos subjeti- mento dos desafios filosóficos envolvidos
vos? por tais questões?
9. Onde devem ser buscados “os significa- 21. Qual a prática mais difundida na psicolo-
dos, os conteúdos e os referentes”? gia, dentre as quatro possibilidades men-
10. Quais os dois aspectos, mencionados por cionadas?
Skinner, que precisamos conhecer sobre os 22. Qual a segunda possibilidade de não en-
termos subjetivos? frentamento dos desafios filosóficos en-
11. O que pode ser apontado como radica- volvidos por tais questões?
lidade do behaviorismo de Skinner? 23. Segundo Skinner, quais os problemas ge-

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rados para a prática dos estudiosos em 30. O que significa dizer que “o behaviorismo
psicologia devido ao não enfrentamento metodológico pode ser considerado uma
dos desafios filosóficos envolvidos em tais reafirmação do mentalismo”?
questões? 31. Qual a proposta de Skinner? Em que sua
24. Qual a terceira possibilidade de não en- proposta se diferencia do behaviorismo
frentamento dos desafios filosóficos metodológico?
envolvidos por tais questões? Como 32. Quais as rupturas do behaviorismo skin-
Skinner agrupa as diferentes teorias neriano com a visão mais difundida do
envolvidas nesta terceira possibilidade? que se considera como característica do
25. Explique a frase: “a estratégia estrutura- processo de produção de conhecimento
lista acaba deixando espaço para a 'sobre- científico?
vivência' de conceitos mentalistas'”. 33. Por que não se deveria restringir o adjetivo
26. Quais os tipos de predição que o conheci- ”subjetivo” a eventos privados?
mento produzido sob orientação estrutu- 34. Por que não se atribui aos eventos priva-
ralista permitem? dos o papel de causa do comportamento?
27. Qual a quarta possibilidade de não enfren- 35. Onde devem ser buscadas as causas do
tamento dos desafios filosóficos? comportamento, segundo o behaviorismo
28. Qual a implicação, segundo os behavio- radical?
ristas metodológicos, de lidarmos apenas 36. Três aspectos são apontados para afirmar
com eventos físicos? que a proposta do behaviorismo radical é
29. O que o behaviorismo metodológico tor- peculiar na psicologia. Quais são eles?
nou possível incluir nos estudos da psico- 37. Qual a relação entre análise do comporta-
logia? mento e behaviorismo radical?

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Recebido em: 04/11/2005


Primeira decisão editorial em: 12/12/2005
Versão final em: 20/12/2005
Aceito em: 20/12/2005

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