Você está na página 1de 4

Texto e textualidade

Produzir textos é expressar ideias de forma organizada. Ora, as ideias não


surgem do nada: elas são fruto dos processos de comunicação dos quais participamos
e das informações a que temos acesso vivenciando experiências, conversando
(“trocando ideias”, como se diz popularmente) e lendo, lendo, lendo.

Uma leitura sem compreensão, porém, não é uma leitura. Ler sem
compreender é atingir apenas a etapa da decodificação do sinal gráfico. Para que a
leitura seja efetiva e eficiente, é preciso que haja interação entre leitor e texto lido, um
atuando sobre o outro, porque ler é atribuir significado; é construir um significado
para o texto lido.

Ler e escrever

Para redigirmos um bom texto, produzirmos uma redação “nota 10”, temos que
desenvolver algumas habilidades: lermos atentamente bons textos; assumirmos uma
postura crítica ante os vários textos que circulam em nosso cotidiano; dominarmos
alguns recursos linguísticos básicos. Ao refletirmos sobre a realidade, é possível que,
ao longo do tempo, aprimoremos a qualidade dos nossos textos.

Um leitor “preguiçoso” é incapaz de interagir com o texto lido.


Consequentemente, não aprimora sua leitura de mundo, não acrescenta subsídios
para a produção de seus futuros textos. Com certeza, o primeiro passo para se tornar
um competente produtor de texto é ser leitor atento, atuante.

Produzir um bom texto não significa produzir uma obra literária. Um texto
competente elaborado para determinados fins , escolares ou profissionais, não se
confunde, em hipótese alguma, com um texto literário produzido para fins artísticos.

Ler, escrever, pensar

Saber escrever pressupõe, antes de mais nada, saber ler e pensar. O


pensamento é expresso por palavras, que são registradas na escrita, que, por sua vez,
é interpretada pela leitura. Como essas atividades estão intrinsecamente relacionadas,
pode-se concluir que quem não pensa (ou pensa mal) não escreve (ou escreve mal) e
quem não lê (ou lê mal) não escreve (ou escreve mal).

A leitura não só nos próxima dos mecanismos da língua escrita, mas também é
fonte inesgotável de ideias que nos ajudarão na tarefa de escrever: “Os nossos
conhecimentos são os germes das nossas produções”, afirmou o naturalista e escritor
francês Buffon (1701 – 1788).

Ler, portanto, é fundamental para escrever. Mas, como já afirmamos, não basta
ler; é preciso entender o que se lê. É necessário compreender o sentido da
organização das frases num determinado texto para que se cumpra uma das
finalidades da leitura: a compreensão das ideias, que se dará a partir do entendimento
dos recursos utilizados pelo autor na elaboração do texto. É bom lembrar que não
podemos separara a compreensão da ideia da compreensão dos recursos, porque
estes (os recursos) são o suporte daquela (a ideia): somente compreendemos uma
ideia porque ela foi expressa de uma determinada maneira e não de outra.
Textualidade é a condição fundamental que distingue um amontoado de frases
de um texto, lembrando que um mero amontoado de frases ou de palavras não é
capaz de produzir sentido. A textualidade é dada principalmente pela coerência
textual, mas não podemos deixar de apontar alguns outros elementos textuais como:
coesão, intencionalidade, intertextualidade e condições de interlocução.

Linguagem e socialização

“Somente o homem é um animal político, isto é, social e cívico, porque


somente ele é dotado de linguagem. A linguagem permite ao homem exprimir-se e é
isso que torna possível a vida social”, disse Aristóteles (384 – 322 a.C).

O filósofo grego atribuía á capacidade de linguagem, que nos é inerente, o fato


de os homens conseguirem viver em sociedade. Num primeiro momento, pode-se
definir linguagem humana como todo o sistema que, por meio da organização de
sinais, permite a expressão ou a representação de ideias, desejos, sentimentos,
emoções. Essa representação possibilita leitura, o que concretiza a dinâmica da
interação, da comunicação e, consequentemente, da socialização. Num segundo
momento, pode-se defini-la como a capacidade inerente ao homem de aprender uma
língua e fazer uso dela.

Tipos de Linguagem
A linguagem pode ser: Verbal ou Não-verbal.

VERBAL: é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo.

NÃO-VERBAL: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não


são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de
trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc.

As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem verbal (usa
palavras para transmitir a informação). As figuras abaixo. Fazem uso apenas de
imagens para comunicar o que representam.

Como você percebeu, todas as imagens podem ser facilmente decodificadas.


Você notou que em nenhuma delas existe a presença da palavra? O que está
presente é outro tipo de código. Apesar de haver ausência da palavra, nós temos uma
linguagem, pois podemos decifrar mensagens a partir das imagens. O tipo de
linguagem, cujo código não é a palavra, denomina-se linguagem não-verbal, isto é,
usam-se outros códigos (o desenho, a dança, os sons, os gestos, a expressão
fisionômica, as cores etc).
Língua

A Língua é um instrumento de comunicação, sendo composta por regras


gramaticais que possibilitam que determinado grupo de falantes consiga produzir
enunciados que lhes permitam comunicar-se e compreender-se. A língua possui um
caráter social: pertence a todo um conjunto de pessoas, as quais podem agir sobre
ela. Cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão.
Por outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a
compreendam. Dessa forma, cada indivíduo pode usar de maneira particular a língua
comunitária, originando a fala. A fala está sempre condicionada pelas regras
socialmente estabelecidas da língua, mas é suficientemente ampla para permitir um
exercício criativo da comunicação. Um indivíduo pode pronunciar um enunciado da
seguinte maneira:
A família de Regina era paupérrima.

Outro, no entanto, pode optar por:

A família de Regina era muito pobre.

As diferenças e semelhanças constatadas devem-se às diversas manifestações


da fala de cada um. Note, além disso, que essas manifestações devem obedecer às
regras gerais da língua portuguesa, para não correrem o risco de produzir enunciados
incompreensíveis como:

Família a paupérrima de era Regina.

Língua Falada e Língua Escrita

Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de
comunicação distintos. A escrita representa um estágio posterior de uma língua. A
língua falada é mais espontânea, abrange a comunicação linguística em toda sua
totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas vezes por mímicas,
incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua
falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o
jogo fisionômico, as mímicas e o tom de voz do falante.

Gramática natural e gramática normativa

Os falantes de uma língua adquirem natural e gradativamente o conhecimento


necessário para usar a língua da comunidade a que pertencem, cuja estrutura já tem,
predeterminados convencionalmente, os signos linguísticos e as possibilidades de
comunicação entre eles, o que permite a comunicação. À soma dos conhecimentos
linguísticos de uma língua chamamos gramática.

Por conhecermos a gramática da língua, conseguimos associar uma sequência


de sons a um conceito, distinguindo palavras; construímos frases, escolhendo as
palavras e a ordem adequada dessas palavras no enunciado para nos comunicar.
Trata-se, pois, de uma gramática natural da língua, que permite ao falante nativo
entender enunciados e fazer-se entender por meio deles.
A gramática natural não deve ser confundida com as gramáticas que tentam,
de forma sistematizada, registrar, descrever e/ou prescrever os fatos gramaticais.
Assim como não se deve confundir o conjunto de regras gerais e internas da língua
com o conjunto de regras utilizadas pela gramática normativa.

A gramática normativa tenta estabelecer um determinado uso da língua,


chamado de uso culto ou norma padrão. Trata-se, portanto, de um conjunto de regras
que impõe um padrão de linguagem a ser seguido pelos falantes por ter prestígio
social. No entanto, nem sempre ele coincide com a gramática natural:

Formas gramaticais Formas corretas segundo a gramática


normativa
Fazem duas semanas que ele não vem. Faz duas semanas que ele não vem.
Faz duas semanas que ele não vem.

Assisti o filme.
Assisti ao filme. Assisti ao filme.
Me contaram o que aconteceu.
Contaram-me o que aconteceu. Contaram-me o que aconteceu.

Tu sabe o que ele faz.


Tu sabes o que ele faz. Tu sabes o que ele faz.

Você também pode gostar