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FAMÍLIA E POLÍTICA NA REPÚBLICA ROMANA: A PRÁTICA POLÍTICA

FAMÍLIA E POLÍTICA
A república romana é vista como um terreno fértil para os estudos da dimensão política das
estratégias familiares, um número relativamente reduzido de famílias aristocráticas exerceu
por longo tempo uma dominação política, social e econômica na República romana. A partir
de um jogo de alianças que produziam um equilíbrio, criando um sistema no qual a
participação era distribuída entre elas, evitando assim, o monopólio de uma família no poder.
Os estudos jurídicos e sociais realizados sobre o casamento, o dote, as relações intrafamiliares,
sobre as mulheres romanas e pesquisas sobre a estrutura de parentesco, revelam de uma
forma clara as funções políticas da família e as características das alianças entre famílias na
República.

O QUE JUSTIFICA ESSA PRÁTICA?


A ausência de partidos estruturados e organizados. Diferentes relações de proximidade, de
fidelidade e as obrigações, clientes, permitiam uma certa flutuação na formação dos e nos
grupos de famílias
A República romana é, como se sabe, uma República oligárquica, no sentido em que todo o
corpo político dirigente é recrutado nas fileiras de uma nobilitas patrício-plebeia que é
reconhecida como tal a medida em que pode referir-se a antepassados que exerceram cargos,
por exemplo, o consulado.

E UMA OLIGARQUIA QUE PLEITEIA E DIRECIONA O VOTO POPULAR PARA SE PERPETUAR


Mas não é rigidamente fechada a entrada de outros grupos familiares; os homines “novi”
podem, é claro abrir caminho com o empenho e determinação; devem, porém não só ser
expoentes de famílias ricas, mas também saber aliar-se, ao menos na fase inicial as grandes
famílias que conduzem o jogo.
EXEMPLO
O mais célebre dos homines “novi” da República romana tardia: MARCO TÚLIO CÍCERO. Um
homines novi, se tem dinheiro e preparação de oratória e jurídica é logo cooptado.

A CORRUPÇÃO
A história da corrupção eleitoral em Roma é uma longa história. Um grande moralista como
Salústio, colocou no centro de sua atividade historiográfica exatamente o problema da
corrupção política como elemento substancial do comportamento político do romano.
Pode-se até dizer que o quadro da política por ele traçada é, sob certos aspectos, sem saída.
Salústio parece querer em todo caso deixar claro que, a seu juízo, a república Romana,
tradicional não teria podido sobreviver a própria insanável degradação. A cena descrita por
Salustio de um Jugurta que se afaste de Roma, saudando-a sarcasticamente como o lugar onde
tudo é venal.
Como a cidade que venderia a si própria se encontrasse comprador, assume nas intenções do
historiador um valor emblemático que está além da circunstância concreta do conflito entre
a República e um rei cliente, particularmente hábil e, sem muito escrúpulo

PRÁTICAS POLÍTICAS DA REPÚBLICA


Acordos entre candidatos não eram novidades nas eleições romanas. Naturalmente, quando
vem a luz escandalosamente podem ocasionar a ruína política, talvez temporária, desses
incansáveis lutadores eleitorais que foram os rebentos das grandes famílias romanas.
A questão da corrupção política em Roma tem várias facetas:
1. O aspecto mais vistoso é a corrupção eleitoral, mas há outros, como por exemplo o
desfrute das províncias e a extorsão.
A extorsão tornou-se um fenômeno de tal ordem generalizado que provocou a constituição
de um tribunal especial, criado para reprimir esse crime.
2. O controle desse tribunal provocou choque entre os equestres e os senadores. O que
estava em jogo era reservar, apenas aos senadores ou também aos equestres, a
exploração das províncias.
CÍCERO:
Cícero em seu processo contra VERRE, mostra como isto acontecia: extorsão peculato,
sacrilégio e, podendo atingir o crime de lesa-majestade.
Em seu discurso PRO MURENA, Cícero recorda que um Senatus Consultum estabelecia que
pagar pessoas para formar ao lado dos candidatos, pagar-lhes para que os acompanhassem,
distribuir lugares a todos, por tribos, nos combates de gladiadores e oferecer refeição pública
constituía violação da lei, embora fundada no voto mercadoria, ou voto escambo.
O mecanismo eleitoral romano produz autocorretivos que na realidade tem pouco peso, mas
que, talvez, tenha como única função descrever, na forma de um elenco de crimes, a realidade
efetiva da eleição. Pode-se deduzir ainda o grau de percepção do problema pelo acúmulo de
reflexão sobre o fenômeno ELEIÇÕES, que é testemunho o pequeno tratado de CÍCERO
preparou para o seu irmão por ocasião da memorável campanha eleitoral para o consulado
de 63.

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