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2 A Estrada para o Extraordinário

Ricardo de Camargo

Introdução
Hoje o basquete é um jogo muito diferente do que se praticou nos primeiros
anos. Você acredita que o primeiro time de basquete arremessava em cestas de
pêssego? E os jogadores não tinham permissão para driblar a bola? Desde então, o
jogo de basquete mudou drasticamente ao longo dos anos!

Houve uma mudança significativa na forma como os jogos são jogados, incluindo o
uso de técnicas e regras. Está curioso sobre como o basquete mudou ao longo dos
anos? Se você está interessado em saber mais sobre isso, então este é o lugar para
você!

Neste capitulo, vamos discutir a evolução e a ascensão deste esporte que, hoje, é
praticado por mais de 300 milhões de pessoas no mundo, com mais de 170 países
filiados à Federação Internacional de Basquete, e como ele foi influenciado por esse
crescimento. Continue lendo e não perca nada.

Bom estudo a todos!

Objetivos
Ao término do estudo deste capítulo, esperamos que você seja capaz de:

 explicar a evolução do basquetebol;


 explicar as características básicas presentes no jogo;
 explicar os fatores fundamentais da modalidade;
 explicar os aspectos técnicos de cada posição do basquetebol;

Esquema
1.1 Conhecimento versus habilidades
1.1.1 A evolução é um processo lento
1.2 As características atuais do jogo e seus aspectos técnicos
1.2.1 As posições
1.3 Considerações Finais

Um jogo de basquete pode ser decidido em segundos e é isso que o


torna tão fascinante. Um lance é capaz de determinar o sucesso ou o
fracasso do seu time. É preciso, portanto, correr riscos, surpreender o
adversário e confiar na sua capacidade de execução

1.1 Conhecimento versus habilidades


Talvez a maneira mais clara de observarmos a evolução do basquetebol ao longo dos
anos seja olhar para suas regras originais. Durante os primeiros momentos, a
qualidade técnica e tática dos jogadores, bem como sua condição física, eram bem
diferentes do que vemos atualmente. No entanto, as mudanças foram, sobretudo,
relacionadas à dinâmica do jogo, de modo a torná-lo mais veloz e mais atraente tanto
para praticantes quanto para espectadores. Em outras palavras, quanto mais a
visibilidade do próprio esporte aumentava, mais a condição física e técnica dos
jogadores era aproveitada e o tempo de jogo era otimizado.

Figura 1 – Jogo de basquetebol ao ar livre em 1892.

Fonte: Courts and Greenes.


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Notando novas maneiras e caminhos que pudessem facilitar as ações de ataque, mais
tarde professores e jogadores estabeleceram novas organizações táticas individuais e
coletivas para deixar o jogo conforme era esperado – veloz e com tempo adequado.
Durante esta notável evolução do basquetebol desde a sua criação, em 1891, ambos
foram aprimorados tanto que a importância dos fundamentos de ataque se alterna com
a história do esporte. Houve épocas em que o drible era o fundamento mais
valorizado, enquanto em outros momentos o passe passou a ter mais relevância. No
fim das contas, porém, terminaram por descobrir o verdadeiro potencializador da
ofensividade – o efeito espetacular do desenvolvimento sinérgico de ambos os
fundamentos.

<ABRIR BOX CURIOSIDADE>

Os primeiros jogos eram jogados com bolas de futebol, apesar de serem difíceis de
manusear. Não demorou muito para a empresa A. C. Spalding & Brothers se tornar a
fabricante oficial de bolas do esporte. O design foi melhorado em 1929, e as bolas de
basquete moldadas que estamos acostumados a ver foram inventadas por volta de
1942. Em 1948-49, quando a bola moldada sem renda foi oficializada, o tamanho tinha
sido definido em 30 polegadas (76 cm).
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Mas a questão que o basquetebol enfrentou é familiar para esportes de quase todos os
tipos: como as modificações de suas regras podem ser úteis para modificar a dinâmica
do jogo ao longo do tempo?

<ABRIR BOX SAIBA MAIS>

Conheça um pouco mais sobre como a mídia influenciou a evolução dos jogos e
transmissões do basquetebol ao longo dos anos.

 “Como a moda impactou a NBA?”, disponibilizado pelo canal NBA Brasil:


https://www.youtube.com/watch?v=hp_axY55j6o

 “O All-Star Weekend ao longo das décadas!”, disponibilizado pelo canal


NBA Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=FMcTB0uLcU8

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1.1.1 A evolução é um processo lento

No caso do início desta modalidade, o problema sempre foi a dificuldade de se colocar


a bola na cesta. Uma vez que o número de jogadores por equipe fora reduzido de nove
para cinco em 1897, maior ficara o espaço útil dentro da área de jogo, o que
aumentava a complexidade de se atingir os objetivos de marcar pontos (Figura 2). Esta
experiência levou os treinadores do início do século XX a orientarem seus jogadores
para ocupar as regiões mais próximas à cesta defensiva, evitando, assim, que os
atacantes ali se posicionassem para arremessar a bola. O problema, é claro, foi que
houve um aumento da violência, visto que para que os arremessos fossem convertidos,
menor precisava ser a distância do alvo. Isto obrigou os atacantes a arremessarem a
bola de uma distância maior em relação à cesta e induziu os jogadores mais altos a se
posicionarem próximos do alvo para receberem a bola por cima dos defensores.
Surgia, portanto, a defesa por zona, o passe por cima da cabeça e a posição de pivô.

Figura 2 – Disposição dos times com nove jogadores.


Fonte: Elaborado pelo autor.

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Os primeiros jogos foram disputados em duas metades de quinze minutos. Pouco


depois, isso foi aumentado para duas metades de 20 minutos. Não havia previsão
para estender o jogo se o placar estivesse empatado. Na verdade, o primeiro jogo
jogado terminou empatado em 2-2. No entanto, uma vez que as ligas começaram a
ser formadas, os laços precisavam ser quebrados. Os primeiros desempates foram
"morte súbita" com o primeiro time a marcar um ponto, seja um arremesso convertido
ou um lance livre, vencendo o jogo. Assim, os jogos foram decididos sem que um time
tenha uma única posse de bola. Na década de 1960, a fim de fornecer a cada equipe
uma chance igual, a morte súbita foi substituída por períodos de horas extras.
Enquanto que em 1954, a NBA instituiu o relógio de posse de bola de 24 segundos.
Este foi outro marco para o basquete, já que eliminou as táticas comuns de
paralisação que estavam sendo implantadas. O tempo de posse restringiu o fim do
jogo de faltas e o desfile de lances livres que fez um jogo maçante.

Outra modificação marcante na trajetória do esporte foi a criação da restrição quanto ao


número de passos que um jogador poderia dar com a bola nas mãos, fato que
introduziu o fundamento “drible” (quicar a bola) na modalidade. Em 1901, a regra foi
promulgada permitindo que os jogadores quicassem a bola uma vez. No entanto, os
jogadores eram obrigados a passar a bola e não podiam atirar depois de quicando-a.
Este único drible equivalia a um passe mais do que um drible, já que a bola tinha que
ser jogada mais alta que a cabeça de um jogador e depois se recuperou. Os jogadores
poderiam usar essa tática de salto inúmeras vezes em sucessão, já que não havia
limitação de regra. Em 1909, foram instituídos dribles contínuos e tiros com drible. Ser
capaz de correr driblando transformou o drible de uma manobra defensiva para sair de
problemas em uma potente arma ofensiva. O drible duplo também foi eliminado neste
momento.

<ABRIR BOX CURIOSIDADE>

Em 1927 houve um período em que o drible foi proibido, mas depois reintegrado duas
semanas depois.

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Para diminuir a agressividade, não só limitações quanto ao número de faltas por


jogador e ao tempo de posse de bola que a equipe atacante possuía para tentar o
arremesso foram introduzidas, como também a linha dos três pontos. Para qualquer
falta flagrante, assim como hoje, os jogadores eram desclassificados durante todo o
jogo. Quando um time cometesse três faltas consecutivas, sem que o adversário
cometesse uma falta, o adversário seria premiado com um ponto – o antecessor das
regras de bônus de hoje. Em 1911, as faltas dos jogadores por desqualificação
aumentaram de dois para quatro, e aumentaram novamente em 1945 para cinco
faltas. Em 1922, correr com a bola foi alterado para uma violação e não mais
considerado uma falta. Adicionalmente, também houve uma mudança na arbitragem,
que visava maior precisão nas marcações e melhor aplicação das regras: antes
contava com apenas um árbitro; atualmente, tem-se três árbitros em quadra, sendo um
principal e dois auxiliares.

As cestas eram frequentemente anexadas às varandas, facilitando que os


espectadores atrás de uma cesta se inclinassem sobre as grades e desviassem a bola
para favorecer um lado e dificultar o outro; em 1895, as equipes foram instadas a
fornecer uma tela de 1,2 por 1,8 metros com o propósito de eliminar interferências.
Logo depois, as tabelas de madeira se mostraram mais adequados. Tabelas de vidro
foram legalizados pelos profissionais em 1908-09 e pelas faculdades em 1909-10. Em
1920-21, as tabelas foram movidas 2 pés (0,6 metros), e, em 1939-40, 4 pés, a partir
das linhas finais para reduzir frequentes a saída dos limites. As cestas de pêssego e
as caixas, por sua vez, também atrasavam o jogo, já que a bola tinha que ser
recuperada após cada ponto, seja por alguém na pista de corrida ou por escada
(Figura 3). As cestas de pêssego foram substituídas primeiro por aros de arame tecido
pesado em 1892. Então, um ano depois, em 1893 foram usadas bordas de ferro
fundido. Redes de nylon abertas foram aprovadas para uso em 1912. Este foi um
marco importante para o basquete desde a queda livre da bola depois de uma cesta
feita dramaticamente aumentou o ritmo e a pontuação do jogo.

Figura 3 – A primeira quadra de basquetebol no ginásio do Springfield College.

Fonte: Getty Images.


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<ABRIR BOX SAIBA MAIS>

Conheça um pouco mais sobre a evolução do basquetebol assistindo aos vídeos


abaixo. No primeiro, o vídeo foi apresentado no evento All Star Game da NBA, em
2016.

 “James Naismith fala sobre a evolução do basquetebol”, disponibilizado


pelo canal Homens Brancos Não Sabem Blogar:
https://www.youtube.com/watch?v=zjgRdOT6tG8

 “A evolução do basquete ao longo do tempo”, disponibilizado pelo canal


Lucas Margarido: https://www.youtube.com/watch?v=-8131QSBVf0
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1.2 As características atuais do jogo e seus aspectos técnicos


Uma das principais características das modalidades esportivas coletivas, seja para
defender ou para atacar uma meta, é a exigência de se integrar um jogador a uma
ação de um grupo, de modo que se movimentem de forma particular, com o objetivo
de vencer o jogo. O ponto principal é o que coletivo se beneficia da divisão das
responsabilidades na execução das ações, e não da atribuição de diversas funções a
um único jogador, embora o desenvolvimento de técnicas individuais facilitem a prática
do esporte e aumente a eficiência de toda a equipe. Portanto, atacar a cesta
adversária, defender a própria cesta, oferecer oposição ao adversário e cooperar com
companheiros de equipe são consideradas as quatro tarefas a serem executadas por
todos que praticam o basquetebol (Figura 4).

Figura 4 – As características básicas do basquetebol.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Essa distinção entre atribuições e posições se localiza no cerne da diferença entre os


aspectos coletivos e individuais voltados para que cada equipe jogue a bola dentro da
cesta adversária e evite que a outra equipe obtenha o controle da bola ou faça pontos.
Como toda modalidade esportiva coletiva, tem-se como característica o confronto
dinâmico e imprevisível entre duas equipes, envolvendo ações simultâneas de
oposição e cooperação, composto por fundamentos contínuos e combinados e a
sucessão de esforços de intensa exigência dos membros inferiores, qualificando-o de
maneira predominantemente anaeróbio. Essa ocupação do espaço comum no
basquetebol – diferentemente de outras modalidades em que há separação do espaço
ocupado –, além da participação simultânea de todos os praticantes, gera uma
dinâmica especial. Tradicionalmente, o basquetebol como modalidade esportiva
coletiva apresenta seis elementos comuns a todos os outros esportes coletivos: a bola,
o espaço de jogo, os companheiros de equipe, os adversários, as regras e a meta ou
alvo. As posições, ao contrário, exigiam que o jogador dominasse certos fundamentos
específicos, relacionando-se com suas atribuições. No basquetebol, essas
características podem ser observadas tanto na defesa quanto no ataque.

Com a exigência de um alto grau de treinamentos dos atletas, o esporte requer que
seus praticantes em nível de competições estejam preparados para alcançar uma
excelência. Esta necessidade se dá estando bem fisicamente, psicologicamente,
tecnicamente e taticamente, onde tal desempenho é atingido na grande maioria das
vezes com anos de prática em uma estrutura adequada para o treinamento. A
modalidade mesmo que praticada em uma quadra fechada (oficialmente) sofre muita
interferência de fatores externos e esses fatores afetam o desempenho do atleta,
sendo eles: auditivos, visuais, ou jogos provocativos. Por esse motivo, a
imprevisibilidade é um fator presente em todos os jogos de basquetebol, uma vez que
muitas partidas são decididas nos segundos finais. Dessa forma, a cooperação e a
oposição entre as equipes; a imprevisibilidade; a criação e a diminuição de espaços
são três fatores fundamentais para a prática do basquetebol (Figura 5).

Figura 5 – Três fatores fundamentais do basquetebol.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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1.2.1 As posições

Desde a sua criação, o basquetebol tem se desenvolvido constantemente. A


intensidade do jogo aumentou, tornando-o mais rápido e preciso, nos dias atuais os
sistemas de defesa e de ataque tem se desenvolvido muito, proporcionando uma
grande disputa em detalhes técnicos e também táticos, além da preparação física e
mental, as regras do jogo têm sido adaptadas periodicamente e esse progresso
técnico tem influenciado um grande número de praticantes em todo o mundo.

Embora tenham sido regulamentadas sem grandes pretensões, tais modificações


nunca alteraram os princípios básicos do jogo; elas objetivaram apenas o
aperfeiçoamento dos pontos nos quais, mais tarde, a prática demonstrou a
necessidade de adaptação e atualização em virtude da rápida difusão técnica do jogo.
Considerando que o esporte de alto rendimento se caracteriza pela necessidade de
potência, o basquetebol, antes muito esquematizado e rígido, em que há ações
executadas mais vezes por determinada posição, cedeu às múltiplas capacidades de
um mesmo jogador, não o limitando e o impedindo de realizar ações mais comuns a
outras posições.

Para modificar os elementos estruturais das regras do jogo, como aspectos temporais
ou espaciais, sem estabelecer medidas que modifiquem a interação entre jogadores e
equipes com elementos funcionais, espaço e tempo, as equipes devem realizar as
adaptações que melhor atendem aos seus objetivos. Essas modificações alteram os
comportamentos dos jogadores de forma diferenciada, pois são eles que adaptam
seus comportamentos e decisões em função de suas próprias habilidades e
habilidades dos adversários. A evolução da regulamentação modifica as regras
estruturais do basquete; no entanto, são os jogadores e treinadores que determinam o
comportamento funcional no basquetebol, ou seja, a forma como utilizam as regras
estruturais para se conectarem com o campo, o tempo de jogo, adversários e
companheiros.

Antes muito atreladas às posições clássicas (Figura 6), nas quais se subdividem os
atletas até hoje, suas funções já não são mais tão bem definidas por esse método de
classificação. Uma evidência disso é que, atualmente, muitos jogadores são
associados a duas ou mais posições para tentar enquadrá-los em algum estilo de jogo
padronizado, mas mais flexibilizado. Inclusive, os papéis de muitos dos melhores
jogadores de basquete da atualidade não são bem representados pelas possibilidades
vigentes. Pivôs, que costumavam se posicionar próximo à cesta e restringiam-se a
operar em disputas físicas, hoje podem espaçar a quadra e participar de modo ativo na
articulação das jogadas. Alternativamente, embora determinados atletas se portem
menos como facilitadores e condutores de ritmo e mais como finalizadores, continuam
sendo chamados de armadores. Dessa forma, ainda que não exista um consenso na
melhor maneira de se demarcar as funções modernas, as opiniões tendem a convergir
na necessidade de se desapegar das posições tradicionais e se buscar novas
abordagens.

Figura 6 – Disposição tradicional dos jogadores em quadra.

Fonte: Elaborado pelo autor.

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Devido ao amplo dinamismo de jogo e a evolução técnica e tática dos jogadores, o


basquete moderno faz necessário que todos os jogadores tenham um preparo
necessário para realizar todas as tarefas do jogo, ou seja, arremesso, rebote (ofensivo
e defensivo), passes e defesa. Porém o contexto do jogo faz com que normalmente os
atletas se especializem em determinados fundamentos do basquete como, por
exemplo: infiltrações seguidas de finalização por meio de bandejas e arremessos de
longa distância são duas das características do jogador na posição número 1 e 2,
conhecidos como armadores e ala-armadores. Considerado o organizador e o
“cérebro” da equipe, é o armador quem deve conduzir a bola da defesa para o ataque,
sendo muito habilidoso no controle de bola, além de um bom driblador, passador e
ótimo arremessador. Dessa forma, tem-se nessa posição a crença de ser uma
“extensão do treinador” em quadra, uma vez que é o armador quem sinaliza qual
deverá ser a jogada adotada pela equipe. Enquanto isso, o ala-armador é
caracterizado pelas infiltrações em alta-velocidade e o contra-ataque, podendo
também fazer a transição da defesa para o ataque, de modo a prejudicar a
organização da defesa adversária.

<ABRIR BOX CURIOSIDADE>

Combo guards é como são chamados os jogadores que têm características tanto de
armadores quanto de ala-armadores (posições 1 e 2).

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As posições 3 e 4, ou alas e alas-pivôs, são os típicos jogadores polivalentes. Tendo


bom aproveitamento de arremessos e infiltrações é geralmente o jogador que mais
pontua em uma partida. Por outro lado, quando na defesa, também é o responsável
secundário pela disputa dos rebotes, mas o principal jogador defensivo, já que é a
posição que pode marcar qualquer adversário. Os alas-pivôs, por sua vez,
desempenham um papel semelhante ao do pivô, mas com maior possibilidade de
movimentação embaixo da cesta. O objetivo dessa posição é receber rebotes, além de
realizar bons arremessos de média distância devido ao seu posicionamento em
quadra. Esse jogador ainda pode realizar saídas do garrafão para arriscar uma
tentativa de bola de três pontos. O ala-pivô não se limita a jogadas perto da cesta,
sendo possível realizar bloqueios eficientes e passes precisos.

Por fim, os pivôs, ou a posição 5, são os jogadores que ocupam a região do garrafão
tanto na defesa quanto no ataque. Ótimos em jogar de costas para a cesta e em
realizar arremessos de curta distância, os pivôs são geralmente os mais altos, mais
pesados e mais fortes do que os outros jogadores da equipe. A figura 6 mostrada
abaixo traz as áreas de atuação dos atletas devido as suas posições em quadra.

Figura 6 – Áreas de atuação por posições específicas.

Fonte: De Rose Junior e Silva, 2006.

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Com base nas características das posições ocupadas por cada jogador, pode-se
concluir que cada um tem sua posição original, mas, ao mesmo tempo, isso não os
impede de transitar e atuar em outras funções – dentro da equipe, de uma temporada
ou mesmo de um jogo. O sucesso de uma equipe, na verdade, é mediado pela
exploração das melhores características dos jogadores.

<ABRIR BOX CURIOSIDADE>

Que ações os atletas de cada uma das posições mais realizam em jogo? Quem dribla
mais? Quem arremessa mais? Quem pontua mais? Quem realiza mais passes? Quem
pega mais rebotes?

De acordo com a pesquisa de Okazaki et al. (2008), cada função tem uma
especificidade. Vejamos cada uma delas:

• Armadores: utilizam mais a técnica de drible e passe, além de perderem e roubarem


mais a posse da bola.

• Alas: arremessam mais à cesta e fazem mais pontos (média de 19,8 arremessos por
jogo).

• Pivôs: apresentam maior número de rebotes (9,4 rebotes por jogo) e bloqueios (1,1
bloqueios por jogo). Também têm o maior número de lances livres.

Ainda, de acordo com o estudo, o arremesso do tipo jump e bandeja foram as técnicas
de arremesso mais utilizadas, com índice de 69,7% e 16,7%, respectivamente. Com
relação ao passe, os mais utilizados foram o de peito (44,1%), por cima da cabeça
(24,0%) e ombro (20,1%).

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<ABRIR BOX SAIBA MAIS>

Conheça um pouco mais sobre a evolução das posições do basquetebol assistindo


aos vídeos abaixo:

 “Como as posições evoluíram na NBA?”, disponibilizado pelo canal NBA


Brasil: https:/www.youtube.com/watch?v=r0be3zliY-o

 “Como a bola de três pontos mudou o basquete?”, disponibilizado pelo


canal NBA Brasil: https://www.youtube.com/watch?v=-8131QSBVf0

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1.3 Considerações finais


Com base nas características estudadas até aqui, podemos concluir que o
basquetebol é um esporte coletivo, cooperativo, de invasão e, algumas vezes,
competitivo. Além disso, esse esporte se tornou um dos mais populares do mundo,
fazendo com que as instituições que o administram estejam constantemente
preocupadas em mantê-lo dinâmico e atrativo, permitindo que haja uma evolução
contínua ao longo dos tempos como forma de mostrar que um mesmo esporte pode
ter uma pluralidade de formas.

Quando Shaquille O’Neal, um pivô de 2,16 m pesando 147 kg, conduziu a bola da
defesa para o ataque, se equilibrou e ainda tentou um arremesso de 3 pontos no All-
Star Game de 2007, em Las Vegas, todos acharam engraçado. Afinal, pivô tem que
correr para o garrafão e pedir a bola embaixo da cesta, não é? Foi-se esse tempo.
Para jogar o basquetebol atual, tem que dominar todos os fundamentos do esporte.

Até a alguns anos atrás, as posições dos jogadores eram bem definidas e fáceis de
explicar. O armador era o responsável por fazer o time jogar, preocupando-se mais
em distribuir assistências do que pontuar. Mas, desde que Allen Iverson começou
sua carreira profissional, as funções clássicas da posição mudaram: os armadores
não só assistem o time como também pontuam. Em seguida, Stephen Curry elevou a
condição de armador-pontuador a um novo patamar com a predominância de
arremessos de 3 pontos.

Antes destinados à função de pontuar, os ala-armadores, como Michael Jordan e


Kobe Bryant, passaram a jogar mais pelo time, distribuindo mais assistências, o que
dificultou a distinção de armadores para ala-armadores.

Historicamente, a posição de ala sempre teve os atletas mais versáteis. São os


jogadores que estão no meio do caminho em questão de altura e agilidade, mas até
então ninguém tinha levado a palavra “polivalência” quanto Lebron James. Enquanto
isso, o ala-pivô deixou de frequentar só o garrafão para tentar arremessos de longa
distância. Dirk Nowitzki é um grande nome desse processo, hoje, muito bem
representado por Anthony Davis.

Por fim, nos primórdios da modalidade, o pivô era o jogador responsável por
preencher o garrafão tanto na defesa como no ataque. Grandes jogadores, como Bill
Russell, se destacavam justamente por essa proteção do aro na parte defensiva, mais
até do que sua capacidade de pontuar. Ao longo do tempo, a função de pontuador foi
sendo incorporada aos pivôs como, por exemplo, o próprio Shaquille O’Neal. No
entanto, com o crescimento exponencial dos arremessos de 3 pontos, a posição
precisou se aventurar também no perímetro nos últimos anos.

Está claro que, apesar de existirem posições específicas no basquetebol – armador,


ala e pivô –, elas não limitam a atuação dos jogadores dentro de quadra. Isso porque,
no basquete atual, a versatilidade é um aspecto importante para o sucesso individual e
coletivo.

Resumo

Neste capítulo, você viu que a evolução do basquetebol surgiu a partir de uma relação
entre as modificações das regras e a necessidade de se atender à dinâmica do jogo
nos aspectos físicos, técnicos e táticos. As mudanças regulamentadas foram
fundamentais para a popularização do esporte, pois assim melhorou-se a qualidade do
espetáculo, o desempenho dos atletas, atraindo um grande número de pessoas.

Hoje, o basquetebol é um dos esportes coletivos mais praticados em todo o mundo e


suas regras tem sido alvo de frequentes alterações nos últimos anos, as quais
aconteciam no início de cada ciclo olímpico, mas a necessidade de acompanhar a
evolução do jogo e a dar resposta a problemas criados por jogadores e treinadores,
levou às organizações a efetuar alterações com maior frequência.

Originalmente, este esporte por algum tempo foi disputado de uma forma muito
truncada, lenta e com resultados muito baixos dificilmente as contagens passavam de
trinta pontos. As mudanças que ocorreram ao longo dos anos, desde a sua criação até
os dias de hoje mexeu consideravelmente com a estrutura e a dinâmica do jogo. Hoje
o basquetebol é considerado um esporte de grande complexidade e de uma dinâmica
especifica que exige dos seus praticantes além de um bom condicionamento físico um
desenvolvimento cognitivo apurado para poder tomar as decisões rápidas frente às
exigências do jogo. Com o passar do tempo o jogo foi se aperfeiçoando, os atletas
foram adquirindo características próprias obrigando um aperfeiçoamento dos sistemas
de treinamento e também dos sistemas de jogo.

Diante disso, notou-se então que as alterações nas regras do basquetebol vieram
somente a contribuir com esta modalidade, tornado o esporte muito mais atraente e
dinâmico. Todos os aspectos abordados demonstram a evolução continua do
basquetebol, através do século, e quem sabe quantas outras evoluções ocorrerão no
futuro.

Referências

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http://sge.esumula.com.br/Arquivos/LIVRO_DE_REGRAS.pdf. Acesso em: 02 mar.
2022.

COMO A BOLA DE TRÊS PONTOS MUDOU O BASQUETE? – EVOLUÇÃO 75, vídeo


(7min01s.). Publicado pelo canal NBA BRASIL. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=jahEXSR5etQ>. Acesso em: 02 mar. 2022.

COMO A MODA IMPACTOU A NBA? – EVOLUÇÃO 75, vídeo (6min33s.). Publicado


pelo canal NBA BRASIL. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=hp_axY55j6o>. Acesso em: 02 mar. 2022.

COMO AS POSIÇÕES EVOLUÍRAM NA NBA? – EVOLUÇÃO 75, vídeo (5min17s.).


Publicado pelo canal NBA BRASIL. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=r0be3zliY-o>. Acesso em: 02 mar. 2022.

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL (CBB). A História Oficial do


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