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1 INTRODUÇÃO
2 REGIÃO SUL
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Graduanda de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: lyls.salgueiro@gmail.com
2
Graduando de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail:drager.gr@hotmail.com
3
Graduanda de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina
E-mail: gabriellybrancaleone@gmail.com
4
Graduando de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: gustavyukio@gmail.com
5
Graduanda de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: sonarastella.ssj@gmail.com
6
Graduando de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Catarina.
E-mail: bitolopesx@gmail.com
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Professor do Departamento de Geociências na Universidade Federal de Santa Catarina e responsável pela
disciplina Organização do Espaço Mundial (GCN7502).
E-mail: carlos.espindola@ufsc.br
do país de modo a entender sua participação nacional na criação de animais, produção de
carne e exportação. Essa seção tem caráter introdutório. Uma análise mais aprofundada de
cada estado será exposta mais a frente.
2.1 Rebanho
A região Sul possui uma grande concentração na criação de suínos e galináceos. Como
pode-se observar no gráfico abaixo, 55,6% do rebanho em 2020 era composto por galináceos,
21,5% por bovinos e 18,3% por suínos (IBGE, 2021).
O gráfico abaixo mostra como a região Sul veio perdendo espaço na criação de
bovinos ao mesmo tempo que ampliou a criação de suínos e galináceos. Ao longo da década
de 2000 e 2010, investimentos em pesquisa e tecnologia possibilitaram a criação de novas
técnicas que auxiliaram na descoberta de terras novas usadas para pasto, ao mesmo tempo que
a expansão para novas áreas tornaram a região Sul menos competitiva na criação de gado.
Enquanto o Rio Grande do Sul obteve uma queda de 23% no rebanho de bovinos, todos os
estados localizados na Amazônia Legal mostraram um grande aumento, como o Pará, com
26%. Esses dados comprovam que a expansão da pecuária no Norte e Centro-Oeste também
está ligada ao desmatamento. A alternativa para os estados da região Sul foi um maior
investimento na criação de suínos e galináceos, que já eram setores fortes em razão da
necessidade de pequenas propriedades para sua criação, característica particular do lugar. A
existência de outros produtos necessários para a criação de aves e porcos, como o milho no
Paraná, também impulsiona a produção de frangos e porcos (EPAGRI, 2021).
2.3 Exportação
Um fator intimamente ligado com a criação e abate de animais na região Sul é a sua
importância para o mercado internacional. O Brasil é o maior exportador de frango do mundo.
Em 2021 foram exportadas 4,4 milhões de toneladas de frango (8,3% a mais que 2020), muito
à frente do segundo colocado, EUA (3,421 milhões). A receita alcançou recorde de US$7,49
bilhões, 25% a mais em relação a 2020. Dentre os motivos, está o aumento da demanda pelo
produto, desencadeado pela China. O país, maior produtor/consumidor do mundo e principal
cliente do Brasil (17% da receita), passou por uma grave crise de peste suína africana e
precisou buscar alternativas à carne de porco (EPAGRI, 2021). Desse modo, a região Sul se
tornou ainda mais importante no setor, representando 78,5% da receita nacional. Outro fator
chave é o aumento dos insumos básicos para a criação de frangos, acarretando na valorização
dos preços e refletindo no aumento da arrecadação (EPAGRI, 2021).
O mesmo caminho pode ser observado em relação às exportações de suínos. Com os
problemas sanitários na China, bem como a desvalorização do real, a participação brasileira
no mercado internacional aumentou 10,6% em relação a 2020,enquanto o valor arrecadado foi
16% maior. O Brasil é o 4º maior exportador do produto, novamente impulsionado pela
atividade na região Sul. Deve-se levar em conta que parte do total de suínos criados é abatida
em outros Estados, contribuindo para divergências entre os valores de criação, abate e
exportação (EPAGRI, 2021).
Além da peste suína africana, outras doenças como a influenza aviária tornam
clientes de longa data mais confiáveis, e no caso da região sul, a evolução do volume de
exportações bem como o cuidado com a qualidade da carne mostram-se um diferencial
atrativo para muitos países consumidores, em especial, os localizados na Europa, mais
exigentes em relação a aspectos sanitários. Desse modo, o setor é chave para a arrecadação de
receita na região e desde os anos 2000 é alvo de maior especialização, como evidencia o
gráfico abaixo (EPAGRI, 2021). Nas próximas seções, será realizada uma análise mais
aprofundada diagnosticando as peculiaridades de cada estado.
Figura 7 - Peso total das carcaças (Kg) da pecuária em Santa Catarina (2003-2021)
8
Inclui-se na categoria “Rebanho”: Boi; Vaca; Novilho; Novilha. SIDRA (2022)
Fonte: SIDRA-IBGE, 2022
O abate, por sua vez, mostra um pico de ascensão entre 2010 e 2012, até voltar ao
status de crescente gradual, refletindo de acordo com o nível de exportação e produção de
frangos e galináceos, mesmo que o estado seja campeão em exportação, o nível de consumo
ainda não superou ao bovino e suíno.
Carnes de
203 animais da $1.321.365.367 $412.732.448 $297.486.832 $484.245.045 $186.039.767 $87.225.123
espécie suína
Carnes bovinas
202 $6.651.066 $5.258.573 $12.357.383 $12.395.350 $1.482.506 $73.064
congeladas
Carnes bovinas,
201 frescas ou $2.747.542 - $12.414 $1.134.609 - -
refrigeradas
Fonte: ComexStat, 2022
No território em que hoje se encontra o estado do Rio Grande do Sul (RS), a criação
de gado bovino começou antes da colonização por Portugal, com essa atividade sendo
introduzida inicialmente por jesuítas espanhóis. A região só foi apropriada pelos portugueses
com a expansão da mineração em Minas Gerais, justamente incentivada por interesses
econômicos com a apropriação do gado, ligada à alta dos preços dos animais gerada pelo
aumento da demanda por bovinos (REICHERT; SCHUMACHER, 2015).
Conforme pode ser visto na figura 11, as mesorregiões do RS que mais concentram o
rebanho bovino são o noroeste, sudeste e sudeste rio-grandenses. Representando quase 50%
de todo rebanho em 2003, as regiões do sul do estado têm esse destaque em parte por motivos
históricos, sendo onde terras foram doadas em grandes extensões através do sistema de
sesmarias. Já na mesorregião noroeste, é lá onde se concentra grande parte da pecuária leiteira
do estado, tendo em vista vantagens locais como “solo fértil e pastos, boa disponibilidade de
água e de mão de obra familiar e clima temperado” (REICHERT; SCHUMACHER, 2015).
Com o ciclo de baixa da pecuária bovina rio-grandense que se iniciou em 2011,
podemos observar que as mesorregiões sudoeste e sudeste foram as mais afetadas, apesar de
ainda apresentarem conjuntamente quase metade de todo o rebanho. Outro fator a se destacar
é a pequena variação no tamanho do rebanho da mesorregião noroeste, onde, como discutido
anteriormente, a maior parte da produção bovina é destinada à pecuária leiteira, possivelmente
indicando que os ciclos de baixa do período estão mais associados à pecuária de corte.
Figura 15 - Número de rebanho bovino (cabeças) no Rio Grande do Sul por Mesorregião
(2003-2020)
Figura 17- Número de rebanho suíno (cabeças) no Rio Grande do Sul (2003-2020)
Figura 18 - Número de rebanho suíno (cabeças) no Rio Grande do Sul por Mesorregião
(2003-2020)
Fonte: SIDRA-IBGE, 2022
O abate de suínos no RS, com exceção do ano de 2005, cresceu constantemente até
2021, quando atingiu seu maior volume (Figura 15). Comparado com as mudanças no número
do rebanho, os abates não necessariamente as acompanharam, como é possível ver no ano de
2013, em que houve o maior rebanho do período, mas no qual os abates não destoam muito
do ritmo de crescimento anterior. Tal como no caso da pecuária bovina, os abates de suínos
tendem a aumentar no final do ano, geralmente tendo seu pico anual no quarto semestre.
Figura 22 - Exportação de Carnes e miudezas, comestíveis do Rio Grande do Sul, por valor
FOB (US$) e quilograma liquido (2003-2021)
Os dados do IBGE (2021) apontam que, em 2020, um em cada três frangos abatidos
no Brasil saiu do Paraná, fazendo do Estado o líder nacional em avicultura, além de ser,
também, o principal exportador brasileiro de carne de frango.
Em relação à exportação, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Social (Ipardes), com base nas informações da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério
da Economia (2021), assinala que os principais destinos são a Ásia (com ênfase na
participação da China, que consome um quarto da carne de frango do Estado), os Emirados
Árabes Unidos, Japão, Arábia Saudita e Coreia do Sul.
Ser o maior produtor de aves para abate do Brasil se deve, segundo o Sindicato das
Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), aos seus trabalhos na
defesa dos interesses das indústrias avícolas paranaenses, buscando promover bem-estar
animal, sanidade, meio ambiente, qualidade e legislações que assegurem o pleno
desenvolvimento da atividade.
A produção de suínos no Paraná também foi alvo dos benefícios angariados com a
conquista da certificação internacional de área livre de febre aftosa sem uso de vacinas,
segundo a CNA Brasil (2022). Como resultado disso, o estado também recebeu investimentos
da Agroceres Pic – líder no mercado de genética de suínos – justamente pela elevada
biosseguridade. Dados do Ipardes apontam que o estado é o segundo que mais exporta
proteína suína no país, ficando atrás apenas de Santa Catarina e que, dentre os produtos
exportados pelo Paraná a carne suína só fica atrás da soja, tendo como principais mercados a
China, Estados Unidos e Argentina.
Em entrevista ao G1 (2022), Nicole Wilseck, analista técnica da FAEP, afirma que o
Paraná tem potencial de transformar-se no maior exportador brasileiro de carne suína, já que,
de acordo com ela, o Paraná tem muitas áreas livres para onde expandir as estruturas de
suinocultura, diferente de Santa Catarina, que não tem mais onde crescer geograficamente a
produção. Além disso, ela destaca que o Paraná tem forte produção de grãos, que provém boa
parte da alimentação dos animais, sem precisar importar de outros estados.
6 CONCLUSÃO
Através do estudo apresentado por este artigo, foi possível analisar e compreender o
funcionamento da pecuária na região sul e o seu grande impacto no mercado internacional. Ao
decorrer das últimas duas décadas, é perceptível alguns pontos em comum que ocorreram
entre os três estados, como a decadência do rebanho bovino e o crescimento nos rebanhos
suínos e galináceos. Essa especialização da região na produção da carne de frango e de porco
ocorreu como forma de escapar da concorrência da produção bovina com os estados do norte
e do centro-oeste, que se beneficiaram com a expansão promovida pelo desmatamento da
Amazônia.
Outra característica importante que evidencia o sucesso comercial da região é que,
não há um investimento apenas na quantidade, mas também na qualidade do produto final.
Dessa maneira, mercados exigentes de países que demandam rigorosos controles sanitários
são atraídos e se fidelizam com a importação das carnes produzidas no sul do Brasil.
Referências
ABPA Associação Brasileira de Proteína Animal, Relatório Anual, 2020, Disponível em:
<https://abpa-br.org/wp-content/uploads/2020/05/abpa_relatorio_anual_2020_portugues_web.
pdf> Acesso em: 15, Junho de 2022.
Ação quer modernizar a pecuária paranaense. O Paraná, 2017. Disponível em: <
https://oparana.com.br/noticia/acao-quer-modernizar-a-pecuaria-paranaense/>. Acesso em:
18, Junho de 2022.
Em 2020, um em cada três frangos abatidos no Brasil saiu do Paraná. Canal Rural, Disponível
em: <
https://www.canalrural.com.br/noticias/pecuaria/aves/em-2020-uma-em-cada-tres-aves-abatid
as-no-brasil-saiu-do-parana/>. Acesso em: 12, Junho de 2022.
PINTO, C.E.; GARAGORRY, F.C.; COSTA JR., N.B.; BALDISSERA, T.C. (Orgs.). Pecuária
de corte:Vocação e inovação para o desenvolvimento catarinense. Florianópolis: Epagri, 2016.
212p. Bovino de corte; Crédito agrícola; Pecuária. ISBN 978-85-5859-001-3.
Suínocultura cresce no Paraná após estado ser reconhecido como área livre da febre aftosa
sem vacinação, diz Ipardes, Disponível em: <
https://g1.globo.com/pr/parana/caminhos-do-campo/noticia/2022/02/20/suinocultura-cresce-n
o-parana-apos-estado-ser-reconhecido-como-area-livre-da-febre-aftosa-sem-vacinacao-diz-ipa
rdes.ghtml>. Acesso em: 15, Junho de 2022.
WORKSHOP DE CIÊNCIA E INOVAÇÃO EM PECUÁRIA, 1°, 2020, Lages, SC. Anais ...
Florianópolis: Epagri, 2020. 132p. (Epagri. Documentos, 322)