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QUESTÕES – AULA 3

ATENÇÃO

 GESTÃO DO TEMPO.
 SIMULADOS FAZEM PARTE DO TREINAMENTO.
 MANUSEIO DO VADE.
OAB – XXVII Exame
1. Um grupo de criminosos fortemente armados desferiu disparos de arma de
fogo contra diversos populares no Estado Alfa, dando causa à morte de trinta
pessoas. No dia seguinte aos fatos, momento em que as autoridades
estaduais já tinham iniciado a investigação do ocorrido, certa autoridade
federal afirmou que os fatos eram de extrema gravidade, sendo evidente o
descumprimento das obrigações internacionais assumidas pela República
Federativa do Brasil, bem como que adotaria medida, nesse mesmo dia, para
que a investigação dos crimes não fosse realizada por autoridades estaduais.
À luz da narrativa acima, responda aos questionamentos a seguir.
A) Que medida judicial poderia ser adotada pela autoridade federal
competente para que a investigação dos crimes fosse transferida
das autoridades estaduais para as federais? Justifique. (Valor:
0,60)

B) Considerando os dados da narrativa acima, em especial o fato de


não haver qualquer notícia da ineficiência das autoridades
estaduais, a medida judicial eventualmente ajuizada deveria ser
acolhida pelo Tribunal competente? Justifique. (Valor: 0,65)
RESPOSTAS
A) A medida judicial que poderia ser ajuizada, pelo Procurador-Geral da
República, é o incidente de deslocamento de competência para a
Justiça Federal, isso em razão da grave violação de direitos humanos,
conforme dispõe o Art. 109, § 5º, da CRFB/88.
B) A medida judicial não deveria ser acolhida pelo Superior Tribunal de
Justiça, já que ajuizada no dia seguinte aos fatos, inexistindo notícia
de ineficiência das autoridades estaduais na sua apuração. Exige-se
que a atuação federal ocorra em caráter subsidiário, conforme
reiterada interpretação do Tribunal a respeito do Art. 109, § 5º, da
CRFB/88.
2. Manoela de Oliveira, australiana, veio ao Brasil para participar de um
reality show produzido e transmitido no território nacional através de um
canal de televisão. Durante o programa televisivo, Manoela se envolveu
com Erik, com quem teve um relacionamento amoroso por duas
semanas. Ocorre que, com a saída de Erik do reality show, ela se sentiu
solitária e passou a adotar uma postura agressiva com os outros
participantes do programa, protagonizando diversas brigas e discussões
diárias. Em uma manhã de total descontrole psicológico, ela atirou um
objeto em uma das participantes, que sofreu uma pequena lesão na
região do ombro, e, por isso, foi expulsa do programa.
Com a sua saída, Manoela identificou que os fatos acima narrados
foram amplamente noticiados pela emissora de televisão, que não
se limitou a divulgar as imagens, mas também passou a ferir a sua
honra, usando palavras pejorativas para se referir à ela. Diante do
relatado, Manoela ingressou com uma demanda em face da
emissora de televisão, alegando violação ao seu direito
fundamental à honra e à imagem.
Considerando os fatos hipoteticamente narrados, responda
fundamentadamente:
A) É possível invocar um direito fundamental, previsto na Constituição,
em uma demanda movida contra um particular? Explique.(Valor: 0,65)
B) A defesa da emissora de televisão alegou, nos autos, que a norma
constitucional que resguarda o direito à honra e à imagem não pode
ser invocada, tendo em vista a ausência de lei disciplinando o
respectivo dispositivo constitucional. Está correta tal alegação?
Explique. (Valor: 0,60)
RESPOSTAS

A) Sim, é possível invocar os direitos fundamentais, previstos na


Constituição, em demanda movida contra particular, tendo em
vista a eficácia horizontal dos direitos fundamentais, pois a
autonomia privada não pode ser exercida em desrespeito aos
direitos e garantias de terceiros, em especial aqueles elencados
no texto constitucional, como é o caso, em que o direito à honra e
à imagem, previstos no art. 5°, X, da CRFB/88 estão sendo
invocados.
B) Não está correta a alegação da defesa da emissora de televisão,
pois os direitos e garantias fundamentais elencados no texto
constitucional têm aplicabilidade imediata, prescindindo de edição
de norma regulamentadora, conforme art. 5°, § 1º, da CRFB/88,
salvo quando a própria Constituição exigir expressamente.
OAB – XXVII Exame
3. Pedro requereu a determinada Secretaria de Estado que fornecesse a
relação dos programas de governo desenvolvidos, nos últimos três anos,
em certa área temática relacionada aos direitos sociais, indicando-se,
ainda, o montante dos recursos gastos. O Secretário de Estado ao qual foi
endereçado o requerimento informou que a área temática indicada não
estava vinculada à sua Secretaria, o que era correto, acrescendo que
Pedro deveria informar-se melhor e descobrir qual seria o órgão estadual
competente para analisar o seu requerimento. Além disso, afirmou que
todas as informações financeiras do Estado, especialmente aquelas
relacionadas à execução orçamentária, estão cobertas pelo sigilo, não
sendo possível que Pedro venha a acessá-las. Considerando a narrativa
acima, responda aos questionamentos a seguir.  
A)Ao informar que Pedro deveria “descobrir” o órgão para o qual
endereçaria o seu requerimento, o posicionamento do Secretário
de Estado está correto? (Valor: 0,60)
 
B) É correto o entendimento de que as informações financeiras do
Estado estão cobertas pelo sigilo, o que impede que Pedro tenha
acesso ao montante de recursos gastos com programas de
trabalho em certa área temática relacionada aos direitos sociais?
(Valor: 0,65)
 
RESPOSTAS

A) Não. O Secretário de Estado deveria ter informado a Pedro o local


onde pode ser obtida a informação desejada, nos termos do Art. 7º,
inciso I, da Lei nº 12.527/2011.
 
B) Não. Pedro tem o direito de receber informações de interesse geral,
nos termos do Art. 5º, inciso XXXIII, da CRFB/1988 OU da Lei nº
12.527/2011, como são aquelas relacionadas à execução
orçamentária, as quais não são imprescindíveis à segurança da
sociedade e do Estado, o que afasta a tese do sigilo.
OAB – XXVIII Exame
4. João da Silva, servidor público estadual, respondeu a processo
administrativo disciplinar sob a alegação de ter praticado determinada
infração no exercício da função. Ao final, foi condenado e sofreu a sanção
de advertência. A conduta de João, apesar de eticamente 2 reprovável,
somente foi tipificada em lei em momento posterior à sua prática, o que foi
considerado irrelevante pela autoridade administrativa competente, pois
“inexistiria norma constitucional vedando a retroação da lei que tipificou a
infração administrativa.” Além disso, João não constituiu advogado para
sua defesa técnica no processo administrativo. Considerando a narrativa
acima, responda aos questionamentos a seguir.
A) A tese da autoridade administrativa, no sentido de que a retroação
da tipificação da infração não é vedada pela Constituição da
República, está correta? Justifique. (Valor: 0,65)
 
B) Sob a ótica constitucional, o processo administrativo a que João
respondeu sem a representação técnica de advogado é válido?
(Valor: 0,60)
RESPOSTAS
A) Não. A ordem constitucional veda a retroação de normas
sancionadoras, nos termos do Art. 5º, incisos XXXIX e XL da
CRFB/88. Art. 5º., II, da CRFB/88 OU do Art. 37, caput, da
CRFB/88 (0,10)
B) Sim. Em que pese o advogado ser indispensável à administração
da justiça, nos termos do Art. 133 da CRFB/88, nos termos da
Súmula Vinculante 5 do STF, “a falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.”
5. Maria, ao iniciar as tratativas para a obtenção de um empréstimo junto a uma
instituição financeira, foi surpreendida com a informação de que não poderia ser
beneficiada por um programa de juros mais baixos, que era oferecido às pessoas
que não figuravam como proprietárias de nenhum imóvel. Afinal, de acordo com o
cadastro mantido pelo Município Alfa, Maria figurava como proprietária de diversos
imóveis. Maria, por tal razão, compareceu à repartição municipal competente e
solicitou que fossem fornecidas todas as informações relacionadas a ela, o que foi
negado sob o argumento de que, por força da Lei municipal nº XX, tais informações
eram “sigilosas” para pessoas a que se referiam, somente sendo fornecidas às
pessoas jurídicas cadastradas, públicas ou privadas. Irresignada, Maria interpôs
todos os recursos administrativos cabíveis, mas não logrou êxito em reformar a
decisão, que reputava ser manifestamente ilegal. A partir da narrativa acima,
responda aos questionamentos a seguir.
A) A Lei municipal nº XX, ao estabelecer o sigilo, é materialmente
compatível com a Constituição da República de 1988? Justifique.
(Valor: 0,65)
B) Qual é a ação constitucional passível de ser utilizada por Maria
para assegurar que ela tenha conhecimento das informações
referidas na narrativa, considerando que a Lei municipal nº XX
dispõe sobre o sigilo? Justifique. (Valor: 0,60)
RESPOSTAS

A) Não. A Lei municipal nº XX é materialmente inconstitucional, pois


se trata de informação pessoal, de modo que o sigilo não pode
ser oposto à própria pessoa a que se refere, o que afronta o Art.
5º, inciso XXXIII, da CRFB/88.
B) A ação constitucional passível de ser utilizada por Maria é o
habeas data, nos termos do Art. 5º, inciso LXXII, alínea a, da
CRFB/88 ou do Art. 7º, inciso I, da Lei nº 9.507/97.
6. Antônio, na condição de consumidor, celebrou contrato com determinada
concessionária de serviço público de telefonia, vinculada à União e sujeita à
fiscalização de uma agência reguladora federal. Poucos anos após a celebração,
a ele foi informado que a concessionária partilharia, com seus parceiros
comerciais, as localidades em que estão situados os números de telefone aos
quais Antônio se conecta regularmente. O objetivo era o de contribuir para o
delineamento do seu perfil, de modo a facilitar a identificação da propaganda
comercial de seu interesse. Acresça-se que tanto a União quanto a agência
reguladora federal divulgaram comunicados oficiais informando que não tinham
qualquer interesse na discussão a respeito dos referidos atos da concessionária.
Insatisfeito com o teor do comunicado recebido, Antônio procurou você, como
advogado(a), e solicitou que respondesse aos questionamentos a seguir.
A) A partilha de informações a ser realizada pela concessionária é
compatível com a Constituição da República? (Valor: 0,60)
B) Qual é o órgão do Poder Judiciário competente para processar e
julgar a demanda que venha a ser ajuizada em face da
concessionária? (Valor: 0,65)
A) Não. É assegurado o sigilo de dados e das comunicações
telefônicas, ressalvada a existência de ordem judicial, nos termos
do Art. 5º, inciso X ou Art. 5º, inciso XII, ambos da CRFB/88.
B) O órgão competente é o Juiz Estadual, já que a União e a agência
reguladora federal não serão demandadas por Antônio, nos
termos do Art. 109, inciso I, da CRFB/88 ou da Súmula Vinculante
27 do Supremo Tribunal Federal.

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