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Noradrenalina, avaliação do risco de administração de

uma solução ligeiramente hiposmótica.

A noradrenalina é uma catecolamina endógena com potente efeito α1- agonista


e algum efeito β1-adrenérgico. Tendo uma ação simpaticomimética, é usada no
controle da pressão sanguínea em casos de hipotensão.

É uma droga muito efetiva no aumento da pressão arterial, por causa da sua
ação predominantemente vasopressora.

A fim de fazer um melhor enquadramento do assunto em causa ficam algumas


definições:

A osmolalidade é uma unidade de concentração relacionada com a molalidade,


baseada não nos moles de soluto, mas nos moles de partículas por quilograma de
solvente, os quais são o fator determinante da osmose. Por exemplo, um mol de
cloreto de sódio produz aproximadamente dois moles de partículas (iões Na+ e iões Cl-
) em solução.

A concentração de uma solução aquosa um molal de NaCl pode ser expressa


como 1 mol de NaCl/kg de H2O. A sua osmolalidade (número de osmoles (Osm) por
quilograma de solvente) é aproximadamente 2 Osm/kg. Como a molalidade é
aproximadamente igual à molaridade para uma solução diluída, a osmolalidade é às
vezes expressa como osmolaridade.

Determinações de osmolalidade são feitas em amostras de plasma e de urina.


Ajudam a diagnosticar desordens de fluidos do nosso corpo e frequentemente são
solicitadas para avaliação de terapia por diálise e administração endovenosa de
fluidos.

Pelo facto de os valores clínicos serem pequenos, são expressos não em


osmoles por quilograma mas em miliosmoles por quilograma. Um miliosmol (mOsm) é
um milésimo de um osmol. A osmolalidade normal do plasma é de 290 mOsm/kg. Em
unidades SI, milimoles (mmol) de partículas são usados no lugar de miliosmoles.
Assim, a osmolalidade do soro seria expressa como 290 mOsm/kg.

Em meio hospitalar, com grande frequência, são usadas soluções com aditivos,
com elevados valores de osmolaridade. Soluções infundidas com elevada
concentração final potenciam lesões vasculares, podendo ocorrer perda de células do
endotélio venoso, reação inflamatória local, edema ou trombose, culminando com
muita frequência em flebites.
A Noradrenalina deve ser administrada preferencialmente em veia central, pois
devido às suas características, o extravasamento periférico pode levar á necrose
tecidular. A administração deve ser feita em perfusão contínua, devido á sua semi
vida curta (2 a 3 minutos).

A Infusion Nurses Society (INS) estadia o risco de se desenvolver flebite


atendendo à osmolalidade da solução:

Risco baixo: < 450 mOsm/Kg

Risco moderado 450-600 mOsm/Kg

Risco alto > 600 mOsm/Kg (em soluções hiperosmóticas deste calibre deverá ser
ponderada a utilização de acesso venoso central)

Os valores de referência da Osmolalidade do plasma situam-se entre 275 –


295 mOsm/Kg.

No doente internado em Cuidados Intensivos a via de acesso é predominante a


via central, a qual está indicada para soluções com osmolalidade maior que 700
mOsm/kg. No entanto, a via periférica também é uma via existente nestes doentes
antes da colocação de cateter central, a qual está indicada para soluções com
osmolalidade menor que 700 mOsm/Kg.

A solução injetável na qual incide este parecer apresenta uma osmolalidade de


263 mOsm/Kg, estando descrito em RCM o seguinte: “Antes da administração deve
diluir-se a noradrenalina injetável com glucose a 5% em cloreto de sódio 0,9 %
(solução para perfusão), porque a glucose nestes líquidos protege contra a perda
significativa da potência da noradrenalina devida à oxidação”, devido a esta diluição no
final a osmolalidade irá estar um pouco aumentada.

As especificações deste medicamento para o ensaio de osmolalidade são: 280


mOsmol/kg–320mOsmol/kg.

Neste contexto e devido ao facto do seu uso ser feito em doentes em choque
séptico em Unidades de Cuidados Intensivos; não existe na prática clínica nenhuma
razão para que a solução de noradrenalina não possa ser administrada por via IV.
Contudo, como referido anteriormente, deverá ser sempre feita numa veia de grande
calibre devido às suas caraterísticas vasoconstritoras e não devido ao seu valor de
osmolalidade.

Em suma, não há nenhum impedimento para que esta apresentação de


noradrenalina 1 mg/ml com uma osmolalidade de 263 mOsm/Kg não possa ser
administrada com toda a segurança não existindo risco para o doente, quando
utilizada dentro do descrito em RCM.

Maio.2017

Silvia Fanica

Farmacêutica Hospitalar - Hospital .... - Évora


Especialista em Farmácia Hospitalar pelo Colégio de
Especialidade de Farmácia Hospitalar da Ordem dos
Farmacêuticos desde 20xx

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