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Ano VII – Fundado 14.Mar.2005


Nº 724 o 15.Janeiro.2013
Editor: Xavier de Figueiredo

Breves

» Bancada do MPLA continua a opor-se à transmissão televisiva, em directo, dos


debates parlamentares. De início deu o seu assentimento – o que deu lugar à montagem
das condições técnicas necessárias; posteriormente reconsiderou. No último debate
sobre o assunto, há ca de uma semana, foi notada uma posição relativamente neutra do
Presidente da Assembleia, Fernando da Piedade Dias dos Santos.

» Ajudas solicitadas a título de emergência a países da região, Guiné Equatorial em


especial, permitiram ao Governo de S. Tomé e Príncipe atender a ca de 90% dos
encargos a que o Estado deveria fazer face, Dez.2012, mas para os quais não estava
financeiramente habilitado (AM 719), devido à situação de penúria em que encontrou
os cofres do Tesouro.

» Endiama não aceitou o nome de Marcelo Rebelo de Sousa (AM 694) como árbitro da
SPE-Sociedade Portuguesa de Empreendimentos no tribunal arbitral a constituir para
julgar o diferendo sobre a SML-Sociedade Mineira do Lucapa, que opõe ambas. Gesto
aparentemente determinado pelo propósito de “reciprocar” a rejeição pela SPE do
árbitro proposto pela Endiama, Manuel Gonçalves, licenciado em Direito mas
profissionalmente dedicado à gestão empresarial.

Cabo Verde

Projecto de praça financeira anima Governo; meios empresariais cépticos

Pesquisa e análise
1 . A transformação de Cabo Verde numa praça financeira internacional é o cenário
que o actual Governo acalenta como via para robustecer/internacionalizar a sua
economia e afirmar externamente o país; o PM, J Maria Neves, em conversas discretas
sobre o assunto, vislumbra o futuro de Cabo Verde como “as Maurícias do Atlântico”.

Na perspectiva das autoridades, o objectivo da implantação de uma praça financeira


internacional “a valer” (sic), é inseparável de uma boa reputação externa do país – i e,
que o identifique com todos os atributos de um Estado de direito democrático pleno e
com instituições financeiras competentes e sólidas.

Do conteúdo de um relatório recente do FMI, que já contempla uma análise do OE


2013, faz parte um dignóstico considerado menos auspicioso do estado da economia
(AM 720) e evolução estimada. As autoridades preferiram enfatizar encomiásticas
passagens do documento referentes ao seu sistema de governo democrático.

O primeiro passo com vista à criação da praça financeira é a internacionalização da


Bolsa de Valores – plano já objecto de acordos formais com a NYSE Euronext Lisboa.
A médio prazo, a Bolsa iniciará a emissão de títulos no mercado internacional,
especialmente virados para emigrantes cabo-verdianos e investidores.

A celebração dos referidos acordos foi precedida da aprovação pela Bolsa de novos
normativos e de um novo código de conduta, como instrumentos reguladores de
procedimentos a observar pelos intervenientes no mercado bolsista, mas também
destinados a estabelecer convergência técnica com a legislação internacional afim.

Como componente da praça financeira, está prevista a criação de um CIN-Centro


Internacional de Negócios (AM 641), vulgo zona franca empresarial, na Praia. A
legislação que regulará a instalação do CIN (gestão a cargo de uma joint venture com
entidades da Madeira) e definirá o seu modelo, está de momento a ser preparada.

2 . Meios económicos e empresariais de Cabo Verde denotam, porém, dúvidas em


relação ao projecto da praça financeira e à importância que lhe é conferida pelo
Governo.

Argumentos invocados – entre outros:


- O Governo revela nas suas políticas (formulação e aplicação), sujeição a
critérios ideológicos; uma praça financeira deve ser afirmada e animada pela
iniciativa privada, interna e externa – realidade merecedora de dissimuladas
reservas do Governo e/ou de figuras influentes no mesmo.
- O motor da economia de Cabo Verde, presente e futuro, é claramente o turismo
e não uma praça financeira ou o chamado cluster do mar; apresenta a vantagem
adicional de impulsionar e dar dimensão a sectores complementares como a
agricultura e pescas.

O turismo já representa directamente ca de 25% do PIB (indirectamente, 50%). É o


maior empregador, depois da agricultura, e responsável por ca de 85% das divisisas
geradas por via comercial. Os referidos meios consideram todavia, que o sector estaria
mais desenvolvido se o Governo apoiasse a iniciativa privada de que depende.

O desenvolvimento do turismo resulta, de facto, da iniciativa privada – nacional e


internacional. O Governo não tem programas de apoio à iniciativa privada nacional. P
ex, os produtos agrícolas deterioram-se nas ilhas de potencial agrícola, enquanto os
hotéis do Sal e Boaviosta importam maciçamente hortícolas de Espanha.

3 . A preocupação considerada “extrema” das autoridades em relação a uma cultura


externa do “bom nome” de Cabo Verde, como factor crucial do seu desenvovimento
económico (AM 636), ficou patente no modo drástico como em 2012 lidou com um
caso de tráfico de droga envolvendo um anterior presidente da Bolsa de Valores – preso.

Em conexão com o episódio, foram também detectadas operações de lavagem de


dinheiro efectuadas através da sucursal local do banco angolano BAI-Banco Africano de
Investimento – que as autoridades não só denunciaram publicamente, como
promoveram iniciativas no sentido de evitar recorrências futuras.

FIM

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