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A questão da educação está sendo extensamente discutida nos moldes da ordem vigente
capitalista. Em essência, o argumento é: transformar a educação em um negócio, tendo
expectativa de mobilizar professores e alunos em busca de uma meta quantitativa, que
em primazia busca satisfazer interesses hegemônicos. Adentro disso, cabe então,
aprofundar na compreensão do conhecimento que perpassa a estrutura escolar e que
colabora para a disciplina do sujeito produtivo e vale evidenciar à essência das posturas
de enfrentamento diante desse ideal de educação. Tendo em vista, uma fundamentação
teórico-epistemológica, de cunho investigador, com a contribuição dos autores Deleuze
e Guattari (1997); com o desvelamento do devir, com o autor Foucault (1987); na
perspectiva disciplinadora; com a autora Oliveira (2010); evidenciando como as
avaliações globais perpassam ideais excludentes, com o autor Santos (2004),
apresentando a razão mantedora do padrão e da disciplina, com os autores Simoninii,
Botelho e Amorin (2014), ressaltando o devir em seu conceito e com inspirações
filosóficas. Em suma, é uma pesquisa em andamento.
que se abrem sobre a face interna do anel. A construção periférica é dividida em celas
(FOUCAULT,1987).
1987). Em decorrência disso, impõe-se uma tarefa ou um comportamento, que no
âmbito escolar, é prescrito por avaliações globais “[...] reduzindo, com isso, a liberdade
de que dispõem as diferentes escolas e sistemas locais com suas diferentes realidades,
para definir seus programas e metodologias de ensino” (OLIVEIRA, 2010 p.21).
Segundo Foucault (1987), no século XVII, a finalidade prescrita do ensino primário era
de fortificar o corpo, adequar a criança a qualquer trabalho mecânico, dando-lhe
capacidade de visão rápida e uma mão firme, isto é, as escolas, norteadas por técnicas,
disciplinavam e produziam sujeitos úteis. O mesmo ideal pode ser reconhecido em
pleno século XXI, em uma propaganda em que a Prefeitura do Rio de Janeiro postara
três crianças em carteiras e enfileiradas sobre uma esteira, como se estivessem em uma
linha de produção de uma fábrica. O conteúdo da propaganda diz: "Nossa linha de
produção é simples. Construímos escolas, formamos cidadãos e criamos futuros".
Abaixo, a imagem:
Sob esse aspecto, a escola pode até tentar impor um ideal de mundo em suas avaliações
globais e métodos, mas o que irá conseguir é apenas a indiferenças de seus alunos. Uma
vez que, o devir não está preocupado com os sistemas. As diferenças que tramam o
cotidiano não podem ser apreendidas como sendo uma re-assimilação contorcida dos
ideais almejados. A potência do devir não se interessa em entender os movimentos que
visam limitar expressões e desejos, mas de usufruir de suas intensificações, se
autolegitimando no cotidiano, em outras palavras, “estar em devir[...] vem a ser
compreendido como compor-se em intensificações que não legitimam modelos
prévios[...]” (SIMONINI; BOTELHO; AMORIM, 2014 p.221). Com isso, compreende-
se a diversidade cultural, seja de gênero, etnia, posição social e afins, um enfrentamento
de empoderamento impulsionado pelo devir, que não corresponde a avaliações globais e
métodos que visam, em sua essência, padronizar os sujeitos para interesses
hegemônicos.
Portanto, as avaliações globais deveriam ser feitas por todos, ou seja, a expectativa é
que cada âmbito escolar tivesse a oportunidade de expor as necessidades e
características da comunidade da escola, tendo atenção ao sujeito e seu movimento. No
entanto, a escola é prisioneira de um sistema disciplinador, tendo em vista, maximizar
interesses e preferências da hegemonia. A própria Secretária do Rio de Janeiro almeja
introduzir um conhecimento mecanicista, que não estimula o aluno a consciência crítica,
ao manuseio ético de seus interesses. A razão metonímica impõe uma direção de
conhecimento e modo de ser, e tudo que não segue essa linha perde a legitimidade. Os
conhecimentos que podem contribuir para o ponto de partida de um método pedagógico
no âmbito escolar são desconsiderados, com isso, o professor não dar abertura a
modificações em seu discurso. Logo, caminha-se ao fracasso do sistema escolar, que
tenta produzir uma realidade que não existe aos olhos dos reais sujeitos potentes. A vida
real não se submete a esse mundo ideal. Para além do autoritarismo tem outras
possibilidades, ou seja, os sujeitos são as potencias que garantem seu espaço, mesmo
que isso ocorra de forma clandestina. O devir é a essência dos vencedores,
empoderando sujeitos nos cotidianos.
Referências
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs. São Paulo: Ed. 34, V4, 1997.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Por uma sociologia das ausências e Uma sociologia
das emergências. In: Conhecimento prudente para uma vida decente. São Paulo:
Cortez, 2004, p.777-823.