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Tradução: Ariella

Revisão Inicial: Rose


Revisão Final: Greice
Leitura Final: Jhose
Conferencia: Morgana, Priscila S. e Lorelai
Formatação: Lorel e Ari
AVISO
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184 do código penal e lei 9.610/1998.
Como jogador de beisebol profissional, as mulheres
nunca foram um desafio.
Até eu conhecê-la.
Morena. Bela. Vivaz.
Assim que estou pronto para dar o meu tiro, meu colega
de equipe me bloqueia.
Acontece que ele a viu primeiro.
Isso foi há dois anos.
Por sorte, nossos caminhos se cruzaram novamente e,
desta vez, não perco um segundo.
Eu quero minha chance.

A história de Lark e Brenner apareceu pela primeira vez na antologia de


lançamento limitado Playing To Win. Este livro foi revisado com capítulos
adicionais.
Naquela época

Meus olhos se abrem e eu fico olhando para o ventilador de teto.

Roda, roda.

Um rosnado baixo ressoa ao meu lado enquanto uma grande mão


apalpa meu peito. Seu toque é áspero. Finesse zero.

Mas os mendigos não podem escolher, quando se trata de encontros


às três da manhã. Acontece que o meu é um atleta famoso.

Alec Norris. Idade vinte e três. Terceira base. Escolhido em terceiro


lugar geral, pelos Stingers, na primeira rodada.

Seu polegar balança para cima e para baixo sobre o meu mamilo.

— Querida, que tal um boquete?

Estou exausta e ele quer que eu trabalhe mais? Sou apenas dois
anos mais velha que ele. Eu deveria estar pronta para outra tentativa.

Eu durmo com Alec, continuamente, por duas temporadas. Ele é


supersticioso, mas posso entreter sua natureza supersticiosa. É bom ter
uma conexão regular, sem as pressões de compromisso. Nenhum de nós
tem expectativas sobre o futuro.

Minha colega de equipe, Jessa, não entende nosso acordo. Ela me


diz que se eu não o amo, devo seguir em frente.
O amor não está no meu vocabulário. Bem, isso não é totalmente
verdade. Reservei meus compromissos significativos para produtos de
panificação, bebidas de primeira qualidade e bons momentos. Alec é um
bom momento, e com nossos horários exigentes, nosso arranjo funciona.

Estamos na casa dele, porque nos encontramos depois da meia-


noite. Se fosse antes da meia-noite, eu estaria na minha própria
cama. Tudo isso começou quando eu dormi com Alec na noite anterior à
estreia de três jogos do time, em casa, contra o River Bandits.

Eles ganharam. E ele teve um dos melhores jogos de sua carreira


profissional.

Tínhamos dormido juntos novamente naquela noite.

No próximo jogo, você adivinhou? Eles ganharam.

Dormimos juntos após a segunda vitória.

Mas, então, eles perderam o terceiro jogo em casa.

Alec tinha uma teoria brilhante, o motivo da perda e seu mau


desempenho foi porque fizemos sexo antes da meia-noite.

Em seguida, seguiu para Chicago para enfrentar os


Cannons. Dormimos juntos... Depois da meia-noite... em seu lugar. Eles
ganharam os três jogos.

Um ano depois, estamos fazendo sexo na casa dele, porque eles têm
uma série de três jogos contra os Rapid City Buffalos aqui em LA. Quando
uma série começa em um sábado, é mais provável que ele ganhe se eu
dormir com ele em sua casa e lhe der um boquete matinal.

Alguns podem pensar que sou uma garota burra que está sendo
enganada por um atleta profissional. Não é verdade. Alec documentou as
estatísticas, e acontece que os cálculos são tão pontuais que chegam a
ser assustadores.
Por isso estou aqui entretendo sua natureza supersticiosa. Apesar
da certeza assustadora de seus cálculos, acho que é besteira. Está em
sua cabeça, e se ele apenas jogasse fora as fantasias, ele ainda seria um
grande jogador de beisebol.

Seus lábios passam pelo meu pescoço enquanto ele esfrega seu pau
na minha coxa. — Chupe-me.

Pensa. Pensa. Pensa.

Não me interpretem mal, gosto de dar um bom boquete, mas minha


boca parece algodão e eu mesma tenho um grande dia. Jessa e eu temos
uma partida beneficente de vôlei de praia hoje.

Seu toque suaviza. — Eu estou tão duro por você. — Alec continua
a acariciar meu seio e beijar seu caminho até meu pescoço. — Chupe
meu pau, baby. Por favor.

Ao percorrer o catálogo de superstições, não consigo pensar em um


único motivo para não atender a seu pedido. Eu me levanto e me
ajoelho. Ele desliza o edredom para baixo, revelando seu comprimento
adequado.

Minhas mãos seguram seu pau e eu dou algumas carícias nele. Ele
geme de prazer quando coloco minha boca sobre a ponta.

O alarme dispara e o locutor divulga a previsão do dia. — São sete


da manhã e será mais um dia lindo na ensolarada Los Angeles,
atingiremos uma temperatura máxima de vinte e quatro graus. A umidade
será de setenta e quatro por cento e nenhuma chance de chuva.

— Merda — ele sibila enquanto eu o lambo lentamente. —


Não... não.

— Por que não?


— A umidade e a temperatura são as mesmas, o que significa que
vou bater abaixo da média se você me chupar.

E aí está minha deixa para sair.

— Desculpe, querida. — Ele oferece e acaricia minha cabeça como


se eu fosse seu cachorro de colo favorito.

Eu pulo da cama e pego meu vestido do chão. A tontura toma conta


e minha mão alcança a cômoda para me equilibrar. Eu estava com
sutiã... lá está ele na cadeira. Meu olhar volta para a cama e sorrio para
Alec.

— Você não tem que se desculpar comigo. Eu entendo, lembre-se.

E, embora eu tenha entendido, esta manhã parece diferente. Toda a


situação parece miserável.

Soltando uma lenta lufada de ar, eu subo o vestido de verão pelas


minhas pernas. — Você pode me dar uma carona até o meu carro?

— Não posso. Eu tenho que dormir mais uma hora, antes de ir para
o estádio para malhar.

Ele tinha tempo para um boquete, mas não pode me dar uma carona?

Colocando um sorriso falso nos lábios, coloco meus tênis Sperry. —


Sem problemas. São apenas alguns quarteirões. Tchau.

Eu não espero Alec falar. A raiva se instala em meu estômago


quando chego ao último degrau de seu bangalô em Hermosa Beach.

Não me olhei no espelho antes de sair. Merda. Devo estar com uma
aparência muito envergonhada.

Meu telefone vibra com uma mensagem. Eu olho para a tela.

Alec: Não se esqueça de usar sua camisa azul com o meu número. Não
use a branca.
Eu reviro meus olhos e mando para ele um emoji com o polegar para
cima.

Enquanto coloco meu celular dentro da bolsa, espio por cima do


ombro para encontrar uma multidão de pessoas correndo em minha
direção.

Impressionante. A corrida de caridade é esta manhã. Eu me esqueci


totalmente. Não que eu fosse participar da corrida de qualquer maneira.

Meu Deus... não... não.

Alguém vai me reconhecer do evento de ontem à noite. Estou usando


a mesma roupa maldita.

Pensa. Pensa. Pensa.

Meu coração martela no meu peito, mas estou congelada no meu


lugar.

Mova os pés.

— Parece bem esta manhã, Lark — uma voz da multidão assobia. —


Norris e você ainda firme e forte?

Oh. Meu. Deus.

Quando a multidão passa, meus olhos se conectam com Wolfe


Hastings... bastardo arrogante. E um dos melhores jogadores de vôlei de
praia do mundo. E ele vai defender sua medalha de ouro nas Olimpíadas
neste verão.

— Oh, ei, sim, estou me preparando para correr sozinha.

— Certo, parece que você está vestida para isso.

Gargalhadas se infiltram na multidão dominada por homens e meu


estômago embrulha. O constrangimento e a garrafa de vodka da noite
anterior dançam pelo meu esôfago.
Respirando fundo, eu ignoro seus comentários e caminho em
direção ao beco. A tontura ressoa em meu crânio e nos ouvidos. Eu
deveria ter roubado uma garrafa de água da geladeira de Alec. Eu me
estabilizo e sinto a desidratação perceptível.

Quando faço meu caminho para o próximo quarteirão, meus pés


falham e eu perco o meio-fio. Meus braços disparam enquanto meu corpo
mergulha em direção à terra.

Braços fortes me pegam, antes que eu colida de cara no cimento.

— Não sob meu comando. — Uma voz profunda e rouca me atinge.

Girando ao redor, eu olho para cima para ver profundos olhos


chocolate nadando com diversão olhando para mim.

Brenner Manning.

Ele é companheiro de equipe de Alec e o melhor interbase da liga. Ele


é a verdadeira estrela dos Stingers.

— Você está bem, Lark?

Sacudindo as teias de aranha, aliso as palmas das mãos no


vestido. — Sim, acho que sim. Obrigada. — Minhas pernas vacilam
quando ele me solta.

— Tem certeza? Você parece um pouco instável. — Os braços de


Brenner se cruzam sobre seu peito largo. Seus músculos se projetam sob
o tecido de sua camiseta preta. Droga, ele é bonito.

Mandíbula esculpida, cabelo escuro, que cai perfeitamente acima de


suas sobrancelhas grossas e escuras, e eu não sei o que dizer dos seus
lindos lábios. Todos os seu mais de um metro e oitenta é incrivelmente
bonito. Ele inconscientemente flexiona e eu fico olhando para as veias e
músculos correndo ao longo de seus antebraços.
— Eu vou ficar bem. Eu só preciso de um pouco de água. — Eu uso
meus dedos para pentear meu cabelo emaranhado.

Ele projeta o queixo. — Eu estava indo para o café no


quarteirão. Você quer vir junto?

A curiosidade corrói meu cérebro. Minha mente diz não, mas minha
boca tem o plano oposto. — Certo.

Caminhamos ao longo da calçada e o calor desce pela minha espinha


como lava. Estou tendo um derrame? Insolação. Não está nem tão quente
esta manhã. Beber tanta vodca não foi uma boa ideia.

Brenner abre a porta do café, e o cheiro de café e bacon sobe pelo


meu nariz.

— Brenner Manning, um dos meus clientes favoritos — grita uma


mulher. Enxugando as mãos em uma toalha vermelha, ela contorna o
longo balcão e cumprimenta Brenner com um abraço caloroso.

Ela dá um passo para trás para olhar para mim. — E quem é esta
jovem? — Um brilho cintila em seus olhos azuis, enquanto ela continua
sua inspeção.

— Esta é Lark Saddler. Ela é uma jogadora de vôlei de praia e uma


estrela em ascensão.

O que... ele me assistiu jogar?

A lava incandescente subindo pela minha espinha mergulha como


uma montanha-russa no meu peito.

— Esta é minha...

— Eu sou Monika. Bem-vinda ao meu café.

— Prazer em conhecê-la, Monika.


— Você também querida. Agora, sentem-se. — Ela aponta para uma
mesa no canto. — Vou trazer os cardápios e o café para você,
Brenner. Lark, o que você quer?

A mão de Brenner pousa na parte inferior das minhas costas, me


impulsionando para frente. Suas mãos me fazem sentir mais do que
quando estou com Alec. Eu me sinto mais viva quando jogo vôlei do que
quando Alec me beija. Triste assim.

— Vou querer água por enquanto.

Monika sorri. — Coisa certa.

Eu examino a lanchonete mal lotada. Ninguém parece se importar


com o fato de uma celebridade se sentar no meio da multidão. Talvez eles
não assistam ao beisebol.

Monika corre de volta com nossas bebidas e coloca dois cardápios


na nossa frente. O sino acima da porta toca e um grande grupo de
homens entra.

Bebendo metade do meu copo d'água, leio o menu.

— Com sede, hein? — Brenner me olha com aqueles olhos castanhos


e me dá um sorriso de lobo.

— Acho que bebi um pouco de vodca demais na noite passada —


confesso.

Ele bate com o dedo na lateral da caneca. — Acontece com o melhor


de nós.

Eu faço uma careta. — Sim. Eu acho.

— Então, Alec... — ele falou lentamente.

— Huh?
— Toda a equipe conhece seus rituais e superstições... você é o ritual
pré-jogo dele.

Minhas bochechas ardem com o calor. — Talvez ele seja meu ritual
pré-jogo. Você já pensou nisso?

Ele ri e passa a mão pelo cabelo escuro. — Hmm. E o que esse ritual
faz para o seu jogo?

Antes que eu possa responder a Brenner, Monika retorna para


anotar nosso pedido. Ele pede uma omelete com queijo cheddar branco,
abacate, creme de leite e jalapenos. Opto por uma pilha de panquecas e
frutas frescas. As panquecas absorvem o álcool e as frutas são boas para
a hidratação.

— Então, me fale sobre o ritual?

— Alec é uma trepada decente.

Arqueando uma sobrancelha, ele se inclina mais perto para dizer: —


E você está bem com decente?

— É melhor do que não ser decente.

Uma risada alta explode de sua boca enquanto Brenner se senta


novamente na cabine. — Quando você estiver pronta para algo mais do
que decente, Lark, me avise.

Bam!

Todas as minhas terminações nervosas se iluminam e não sei qual


sentimento é mais poderoso, choque ou excitação.

Não há sentido em negar que o pensamento me excita, mais do que


deveria.
Mas há rumores sobre Brenner Manning. Ele é excelente em muitas
coisas. Jogar beisebol é apenas a dica. Ele marca tanto fora de campo
quanto dentro dele.

Bad boy. Jogador. Viciado em adrenalina.

Seu nome significa literalmente: queimar.

Esta oferta é tentadora. Mas estou com Alec. Além disso, presumi
que ele estava namorando Claire Delano. Ela é uma modelo e acaba de
fazer uma grande campanha com Max Moss.

Tenho que acabar com isso.

— Uau, isso é bem avançado. Sem mencionar que Alec é seu


companheiro de equipe. Você não tem um código de mano ou uma regra
sobre dar em cima da... Namorada? Do seu colega de equipe?

Brenner sorri. — Código de mano, por favor. Não me defino como


mano. Então, não, eu não sigo o código. Mas serei um cavalheiro.

A intensidade de sua voz envia uma onda de luxúria em minhas


veias. Minha boca fica tão seca quanto a areia que cobre a costa.

Nossa comida chega e eu rapidamente mergulho em minhas


panquecas. Ele bebe seu café e me encara.

— O que? — Eu finalmente deixei escapar e balancei minha cabeça.

Ele passa a mão pelo queixo. — É apenas... você me lembra alguém.

— O que? Quem?

Ele mantém seu olhar em mim. — Eu. Você me lembra de mim.

As palavras pairam no ar, a tensão estala entre nós.

— Eu... Eu não sei o que você quer dizer.


— Eu vi você jogar. Você é boa. Ótima, na verdade. Você luta como
o inferno lá fora. A paixão. A concentração. Somos semelhantes nesse
aspecto.

As palavras ecoam com sinceridade. Eu vi esse homem jogar


beisebol, desde que começou sua carreira. Ele é uma fera como um atleta,
e ele vê uma semelhança no meu jogo?

Este é Brenner Manning, jogador All-Star e AL Rookie of the


Year. Ele é um dos poucos jogadores na história da Major League que
rebateu dois Grand Slams em um único jogo.

De jeito nenhum, estou no mesmo nível de talento.

Poderia estar?

— Por que você não está se candidatando às Olimpíadas este ano?

Eu levanto um ombro. — Minha parceira não acha que vamos nos


qualificar.

— Arranje uma nova parceira. Você é muito talentosa para não se


esforçar mais. — Ele dá uma mordida em sua omelete, e eu considero
suas palavras, enquanto vejo os dentes do garfo passarem por seus
lábios.

Normalmente, acho irritante quando alguém tenta me oferecer


conselhos não solicitados, mas com Brenner, é diferente.

Nos últimos três anos no campeonato da AVP, não tínhamos


terminado a temporada entre as quinze primeiras. Considerando que fui
escolhida como a jogadora defensiva do ano, nos últimos três anos, isso
não fazia sentido.

Ele está certo?

— Você não quer mais?


Meu garfo corta a panqueca e vejo a manteiga deslizar para o
prato. Olimpíadas? Acho que nunca pensei em chegar a esse
nível. Nunca pensei que poderíamos vencer os times poderosos. Mas
talvez possamos.

No que diz respeito à minha carreira profissional, fiquei feliz em


ganhar um torneio aqui e ali. O dinheiro é ótimo, mas eu realmente não
precisava dele, graças à herança de meus avós.

Então, eu não me forcei porque não preciso?

Não me falta motivação. Eu tenho?

— Ei, — ele coloca sua mão grande sobre a minha — se você quiser
ser a melhor. Vá assistir o melhor. Aprenda. Pratique. E então pegue
tudo.

A cabeça de Brenner se inclina para o lado por um segundo a mais,


seu olhar pousa em mim com mais ternura do que eu esperava. O que ele
está fazendo comigo?

Ele termina o café da manhã e limpa a boca no guardanapo. — Eu


tenho que ir para a academia. Mas isso foi legal.

Legal? OK.

Pego minha carteira dentro da bolsa.

Brenner se levanta. — Não, este é por minha conta. Acho que você é
material para as Olimpíadas, Lark. Pense nisso.

Eu concordo. — Obrigada pelo café da manhã, Brenner. Vou pensar.

— Te vejo por aí.

Ele caminha até o balcão e dá um abraço em Monika. Depois que ele


paga, eu o vejo sair pela porta e não olha para trás.
Dias atuais - julho

Elas conseguiram! Landers e Saddler avançam para a próxima fase


da competição do Campeonato Mundial de Vôlei de Praia da FIVB. Que
história aqui hoje, uma vitória vinda de trás para as americanas.

Eu sorrio e bebo minha cerveja.

Boa menina.

Já faz um tempo desde que falei com Lark. Ainda penso naquele dia
na lanchonete. Para ser sincero, penso muito nela. Cada vez que penso
em alcançá-la, lembro que ela não é minha e mais uma vez engulo meus
sentimentos.

Depois de nossa varredura de três jogos no Rapid City Buffalos, eu


participei de uma troca de seis jogadores... Olá, Chicago. Troquei meu
protetor solar por uma parka e me mudei para Windy City.

Três meses depois, meu antigo companheiro de equipe, Sanchez, fez


um arremesso e me acertou no pulso. Uma pausa limpa e perdi o resto
da temporada. Aí eu agravei a maldita coisa durante o acampamento de
treinamento e tive que começar a temporada na lista de contundidos. As
coisas nunca mais foram as mesmas depois disso. Fisioterapia e
reabilitação se tornaram minha vida. Então, para piorar as coisas, minha
velha lesão nas costas revelou sua cabeça feia.

Assim que terminei minha reabilitação, assinei um contrato de um


ano com os Cannons e joguei uma temporada medíocre e instável em
Chicago. Depois de sermos eliminados dos playoffs, tive uma conversa
difícil com meu agente, o que me levou a anunciar minha aposentadoria.

Em março passado, assinei um contrato de um dia com o Los


Angeles Stingers para que pudesse me aposentar como membro do meu
antigo time, o time onde minha carreira começou.

E agora, sou um comentarista no ar da Global Sports Net Inc. Sinto


falta do jogo. Eu sinto. Mas ser repórter não é um trabalho terrível.

Existem coisas piores na vida.

Eu coloco meu paletó, endireito minha gravata. É domingo à noite,


e estou indo para os estúdios para encerrar os jogos do dia.

— Deus, eu quero fazer isso de novo.

Meus olhos se voltam para a tela. Lark. Jesus. Encharcada de suor,


o cabelo castanho claro grudado nas bochechas, sem fôlego, ela é
deslumbrante. Mas eu a imaginei ruborizada e saciada em meus sonhos
muitas noites. Tudo por causa de minhas habilidades magníficas entre
os lençóis.

Ela é literalmente aquela que fugiu. Claro, ela nunca foi minha para
começar.

— Nós lutamos contra uma equipe brasileira difícil, mas é tão louco.

— Nós definimos nossas expectativas como uma equipe, Lark e eu... e


apenas vir aqui e vencer. Ahhh!

A câmera corta para a multidão e eu desligo a televisão. Eu puxo


meus punhos, então minhas mangas estão lisas no meu terno. Optando
por nenhuma gravata esta noite, então o colarinho está aberto.

Assim que pego minhas chaves, meu telefone toca. Uma imagem da
minha irmã com a língua de fora pisca na minha tela.
— Por que você está me ligando às seis horas? Você não tem coisas
melhores para fazer?

— Calma, eu só queria te desejar um feliz aniversário.

— Obrigado, Rikki.

— Você tem algum plano? Você fez alguma coisa divertida?

— Eu malhei, tomei uma cerveja e agora vou trabalhar.

Ela solta um suspiro. — Uau, grande dia. Você não tem uma amiga
para fazer um bolo para você ou algo assim?

— Não. E sou perfeitamente capaz de fazer meu próprio bolo.

— Você vai ser um marido maravilhoso para alguém algum dia.

Eu bufo. — Sim, claro.

Minha irmã não diz mais nada sobre o assunto. Ela é feliz no
casamento com seu namorado do colégio, com dois filhos e outro a
caminho. Não é a vida para mim.

Estou muito ocupado para me acalmar. Embora, hoje não seja o


melhor exemplo da minha vida diária.

— Tio Brenner — uma voz estridente explode. — Você vai voltar para
casa em breve?

Eu rio. Meu sobrinho, Lucas, me faz essa pergunta toda vez que
converso com sua mãe.

— Ei, amigo, como você está?

— Eu estou bem. Eu acertei a bola no jogo de hoje — ele canta com


alegria.

— Eu vi isso. Sua mãe me enviou o vídeo.


Ele tem um tremendo balanço. Embora ele não vá herdar nenhum
dos meus talentos genéticos. O sucesso de Lucas será feito por ele
mesmo, através de muito trabalho e prática.

Monika e Porter se tornaram meus pais adotivos depois que minha


mãe morreu em um acidente de carro. Deixei os destroços com apenas
um arranhão. Porter era o policial de plantão naquela noite e me levou
ao hospital.

Um de seus amigos estava trabalhando na sala de emergência


naquela noite. Graças a algumas manobras burocráticas inteligentes, os
médicos conseguiram me manter no hospital por uma semana. Porter
veio me visitar todos os dias, então Monika veio com ele.

Minha mãe tinha acabado de morrer e eu estava sozinho. Eu não


tinha família. Não faço ideia de onde meu pai estava porque eu nunca o
conheci. Desde que estive vivo, éramos apenas mamãe e eu. Até que não
era.

Não me lembro bem de como tudo aconteceu, mas me lembro de


Monika me perguntando se eu gostaria de fazer parte da família deles.

E eu disse que sim.

Depois que desligo com Rikki e Lucas, desço no elevador até o


estacionamento e entro em minha Mercedes preta. O rádio via satélite
passa pelos alto-falantes e aumento o volume. A voz anasalada muda o
assunto para as Olimpíadas.

— O zumbido da medalha de ouro está cada vez mais perto para a


equipe dos EUA. No Mundial de vôlei de praia hoje... que tal a dupla de
Saddler e Landers?

Eu saio da vaga de estacionamento e sigo para fora da garagem.

— A próxima rodada não será fácil para a dupla. Apesar de sua difícil
batalha hoje, elas precisam vencer tudo. E, então, vão para as Olimpíadas.
O par de vozes continuam a discutir como Lark e sua parceira, Holly,
jogaram hoje. Atravessando o fluxo pesado de tráfego, vejo o sorriso no
meu rosto no espelho retrovisor.

Caramba. Você pensaria que fui eu quem ganhou hoje.

Meus dias de vitórias estão há muito para trás. A única coisa que
posso fazer agora é esperar algumas entrevistas interessantes e,
possivelmente, meu próprio programa, Podcast ou algo no canal GSN
Plus, não sou exigente.

— A propósito, as coisas estão mudando, Saddler e Landers podem


enfrentar um time holandês agressivo na próxima rodada. Vamos levar
isso para a mídia social. Você está surpreso ao ver a dupla americana
avançando? Tweet seus comentários.

Troco de estação e continuo o trajeto até o Píer 17. Meu celular toca,
o nome da mamãe pisca na tela.

Um sorriso surge no meu rosto enquanto atendo a chamada através


do sistema viva voz do meu SUV. — Ei.

— Feliz Aniversário, filho.

— Obrigado, mãe.

— Você teve um bom dia?

— Sim, senhora, e estou de saída para o trabalho agora.

O tilintar de pratos e o barulho de vozes ao fundo me dizem que ela


está no restaurante. — Eu tenho seu programa pronto para gravar e vou
assistir quando chegar em casa.

Ah, casa. Há dias em que sinto falta da brisa do mar, do som das
ondas quebrando e, sem dúvida, da comida da mamãe.
— Falando em casa, — ela diz. — Estou tentando finalizar o número
de funcionários para o casamento de Anson. Você acha que poderia me
dar uma resposta? Ou pelo menos mandar aquele pequeno cartão RSVP
pelo correio para sua futura cunhada?

Anson, meu irmão mais novo, vai se casar com Claire em agosto. Não
estou de acordo com ele. Embora, para ser justo, ele vai se casar com
minha ex-namorada. Isso torna as coisas um pouco estranhas. Estou
feliz por eles, de verdade. As coisas entre Claire e eu terminaram há muito
tempo.

Eu solto uma respiração profunda. — Sim, eu posso fazer isso.

— E realmente, querido, não é grande coisa se você não tem um


par. Temos duas mesas cheias de pessoas solteiras agora. E você sabe
que Claire tem muitas amigas.

Amigas. Eu conheço todas as amigas dela. Não tenho nenhum


desejo de namorar qualquer uma delas. Embora tenha sido sugerido que
eu vire a mesa de estranho para elas. Mas eu recuso.

Eu acerto minha seta e sigo para a pista da direita. — Ok, mãe, vou
enviar esse cartão pelo correio para Claire. Eu tenho que ir.

— Bem, ok, sentimos sua falta.

— Também sinto saudade. Obrigado por me ligar.

Eu termino a ligação com minha mãe e paro em nosso serviço de


manobrista para estacionar meu carro.

— Ei, Jonah, como você está? — Eu pergunto enquanto saio e


entrego a ele minhas chaves.

— Ótimo, Brenner. — Ele bate no meu punho. — Tenha uma boa


noite.

— Obrigado, cara.
Eu entro no prédio enquanto meu telefone vibra. Um texto pisca na
tela.

Anson: Ei, cara! Feliz aniversário.

Emoções confusas puxam meu coração.

Pego o elevador até o salão executivo. Estou cerca de uma hora


adiantado, mas há muito o que fazer antes de irmos ao vivo.

— Feliz aniversário, Brenner! — Kandace, minha assistente pessoal,


grita quando eu viro a esquina. Ela me entrega um bolinho com uma
vela. — Faça um desejo.

Por mais cafona que seja, faço um desejo.

— Obrigado. Você não planejou uma surpresa maior, não né?

Um rubor aparece em seu pescoço e ela empurra a armação de aro


preto para cima do nariz. — Eu não fiz, mas eles fizeram.

— E por eles, você quer dizer Nolan e Sebastian?

Ela acena com a cabeça. — Eles estão em seu escritório com uma
garrafa de bourbon. — Kandace dá um passo à frente. — E tem mais.

Meus olhos se fecham quando deixo escapar um suspiro


profundo. — O que?

Sua voz cai uma oitava. — Brant também está aqui.

— O que? Não brinca.

Ela sorri e aponta o dedo no meu peito. — Agora, você deve ficar
surpreso ao vê-los, entendeu?

Nolan e eu nos conhecemos no ESPY há alguns anos. Ele é o GM do


New York Renegades. Eu conheço Sebastian desde a faculdade. E Brant
foi meu consultor financeiro até que seus planos de carreira mudaram.
Minha mão aperta seu ombro. — Sem problemas. Eu tenho isso.

Abro a porta do meu escritório e sou saudado pelos meus três


melhores amigos. Eu sou um bastardo sortudo. Isso é certo.

*****

Uma hora depois, estou sentado em um dos melhores clubes de


charutos da cidade de Nova York. Aparentemente, essa pequena surpresa
está em desenvolvimento há semanas.

Nós quatro estamos em uma sala privada. O espaço cheira a riqueza


e poder. Não consigo imaginar quantos negócios do século foram feitos
por homens e mulheres sentados nesta sala.

— Então, Brantley — eu falo lentamente. — Como o casamento e a


paternidade estão tratando você?

— Não tenho nenhuma reclamação. — Ele dá uma tragada no


charuto. — É tudo de bom.

Eu tomo um gole da minha bebida. — E o negócio de bourbon, como


vai tudo isso?

— Além do fato de que estamos expandindo dois novos locais de


degustação. Estamos lançando novos produtos e novas parcerias em
andamento. Nolan convenceu seu chefe a adicionar o Cardwell Bourbon
ao menu de bebidas. Além disso, ele também me deu um bom desconto
para anunciar.

Sebastian esfrega as mãos com prazer. — Você é um bom homem,


Nolan.

Nolan empurra o queixo para cima quando uma nuvem de fumaça


ondula no ar. — Não deixe que isso se espalhe, eu tenho uma reputação
a defender.
— Como está a equipe este ano, Nols? — Sebastian sorri, girando o
conteúdo de seu copo alto, antes de se recostar na poltrona de couro
estofada.

— Halston está chegando para sua quinta temporada. Além disso,


as escolhas que obtivemos no draft e os movimentos que estamos fazendo
na defesa, acho que temos uma grande chance de uma temporada de
vitórias.

Brant interrompe. — Será bom ver os Renegades de volta ao topo da


NFL.

Nolan dá outra tragada em seu charuto. — Isso vai acontecer,


marque minhas palavras.

— Então, como você conseguiu reservas para este lugar? — Meu


olhar se volta para Sebastian.

— Não fui eu. — Sebastian joga a ponta do charuto no cinzeiro.

— Lindsay me deu as reservas, — Nolan informa e faz um gesto para


a nossa garçonete.

Lindsay é a irmã mais nova de Nolan. Ela é gostosa, inteligente e


tem muitos contatos na cidade.

— Como está a gostosa Linds, atualmente?

A irritação pisca em sua expressão. Não perco a maneira como


Sebastian me olha, quando digo o nome dela. Já faz um tempo que
suspeito que Sebastian tem uma queda por Lindsay. Eu faço a pergunta
principalmente para ferrar com Sebastian.

Nolan tira um fiapo de sua calça preta. — Vou deixar você se safar
porque é seu aniversário, Brenner.

Nossa garçonete passa por aqui. Nolan pede outra rodada de


bebidas e pede que nossa mesa esteja pronta em trinta minutos.
Quando ela se afasta, ele me lança um olhar furioso. — Mas, deixe-
me perguntar uma coisa, você gostaria se eu chamasse sua irmã de
gostosa? E se eu dissesse que queria bater na sua irmã, como uma porta
de tela em uma tempestade de vento?

Eu encolho os ombros. — Não me incomoda. Eu tomo isso como um


elogio.

Brant ri. — Isso não te incomoda, porque Rikki é casada e está fora
do mercado. E esses dois idiotas nunca tiveram uma chance de qualquer
maneira.

A risada de Nolan não é nada divertida. — Eu nunca iria quebrar o


código e mexer com qualquer uma de suas irmãs.

— Pfft, por favor, não deveríamos concordar que isso é um chavão


desatualizado entre amigos?

Os três ignoram minha pergunta. Eu sei por que Sebastian mantém


a boca fechada, mas imaginei que Brant poderia me apoiar. Nossa
garçonete volta com as bebidas e duas tigelas de nozes.

— Então, você ainda está firmemente ligado ao seu status de


solteiro, já que sua ex vai se casar com seu irmão? — Sebastian pergunta
e coloca uma castanha de caju na boca.

— Não estou solteiro porque meu irmão vai se casar com


Claire. Estou solteiro porque não tenho tempo para uma mulher na
minha vida.

Em partes é verdade.

— Você sabe que eu namorei algumas mulheres desde que Claire e


eu terminamos, certo?

— Você? — Brant pergunta e morde uma noz-pecã.


Não tenho chance de responder porque os gritos altos do bar
distraem o fluxo da conversa.

— Que merda! — diz Nolan — foi uma combinação incrível hoje. —


Ele acena para a tela da televisão.

Lark aparece na tela. Ela dá um pulo e a parte de baixo do biquíni


branco se aproxima da curva de sua bunda.

— Falando em gostosa — Sebastian interrompe e limpa a


garganta. — Você não conhece Lark, Brenner?

— Eu a encontrei uma ou duas vezes.

Brant toma um gole medido de sua bebida. — Meu dinheiro está com
as duas para ganhar tudo.

Nós nos sentamos em silêncio, pela primeira vez durante toda a


noite, nossos olhos focados na filmagem. Meus pensamentos se
espalham de volta para o dia na lanchonete da mamãe, quando eu tomei
café da manhã com Lark.

Achei que a veria naquela noite na festa, mas ela não apareceu. E
eu não poderia perguntar a Alec por que ela não estava presente. Antes
do próximo jogo, pensei em correr até a praia, talvez para dar uma olhada
em seus treinos.

Sem sorte.

Nossa garçonete loira se aproxima da mesa com um sorriso. —


Cavalheiros, sua mesa está pronta.

— Estou morrendo de fome — diz Nolan, e se levanta.

Brant se vira para me encarar. — Eu também, mas primeiro... — Ele


levanta o copo. — Feliz aniversário, Brenner. Tenho a sensação de que
este será um bom ano para você. Saúde meu amigo.
Sorrindo, engulo o resto da minha bebida. Quando eu olho de volta
para o bar, o rosto de Lark aparece na tela.

Hmm.
Jogo da medalha de ouro do campeonato mundial de vôlei de praia
da FIVB

Quando eu apareci para a partida de hoje, não pensei que meu


coração iria bater tão forte no peito, a ponto de parecer que estou tendo
um ataque cardíaco.

Os sons nas arquibancadas são ensurdecedores. — EUA! EUA!

Quanto mais penso no meu peito batendo mais rápido do que


deveria, mais embaçada minha visão fica.

Não. Não. Não.

Porra. Elas marcaram um ponto.

Respire. Inspire lentamente e expire.

Elas marcaram novamente.

Holly dá um tapa na minha bunda. — Concentre-se, Lark. Vamos


fazer isso.

Deixa pra lá.

Meus olhos se fecham e eu desligo os nervos que pulsam em meu


cérebro.

Use a energia da multidão.

Quando abro os olhos, as coisas ainda estão confusas.


Mantenha. Sua. Merda. Junta.

Este é o momento pelo qual você trabalhou tanto. Se você estragar


tudo, não sabe se vai voltar aqui.

Limpo meu rosto com as costas do antebraço. Minha pele está


pegajosa de suor.

— Vamos, Lark, nós cuidamos disso.

Eu agito meus membros e pisco de volta a confusão. Em algum lugar


nas arquibancadas, alguém grita: — Vamos, Saddler! — O calor sobe pela
minha espinha.

Holly bate palmas e vejo a bola voando em nossa direção. Ela roça a
rede e cai do nosso lado.

Os próximos minutos parecem repetir e estou em uma névoa. Talvez


eu esteja no piloto automático neste momento.

Recepção.

Levantada.

Bloqueio.

Acerto.

Cravada.

O medo agarra meu estômago, e o ar quente da noite fica espesso e


pesado. Isso está me sufocando. Ou talvez eu esteja tendo um ataque de
pânico?

Um lampejo de amarelo gira no ar, e então estou no ar, o peito


arfando e engolindo em seco por oxigênio.

— Outro belo bloqueio de Saddler!


O punho de Holly bate em mim e mal registro o que está acontecendo
ao nosso redor. Eu expiro rapidamente e espero pelo apito.

Recepção.

Colisão.

Bloqueio.

Cravada.

Aplausos e gritos se espalham pela arena.

— Vamos ouvir os americanos.

Holly está gritando algo para mim. Quase não ouço as palavras
vindo para mim. Eu me viro para encarar minha parceira.

— Você está pronta, garota?

Eu concordo. — Estou pronta.

Para minha surpresa, as palavras saem fortes e confiantes.

— Vamos trazer o ouro para casa, Lark.

Nem em meus sonhos mais selvagens pensei que ganharíamos o


primeiro set em menos de dezesseis minutos. Achei que não teria dez
bloqueios. Não achei que a liderança mudaria cinco vezes.

Subimos cinco no segundo set. São vinte a quinze. O apito soa, meu
coração martela no peito. Eu errei o bloqueio e a bola caiu dentro da
linha.

— Tudo bem — aplaude Holly. — Conseguimos, Lark.

— Eu tenho isso aqui, você faz o seu trabalho.

Estamos em posição, a arena fervilha de energia.


A bola está levantada e passando por cima da rede. Sobre nossas
cabeças e terras fora dos limites.

— Ahhh! — Holly grita e levanta os punhos no ar. — Sim!

Eu pulo e grito, percebendo que acabamos de ganhar o ouro. A


emoção toma conta de mim e eu caio de joelhos na areia. Minhas mãos
cobrem meu rosto enquanto eu balanço minha cabeça.

Com o canto do olho, vejo Holly cair ao meu lado, jogando os braços
em volta do meu pescoço.

— Puta merda, Lark. Puta merda. Conseguimos.

— Landers e Saddler são as vencedoras da medalha de ouro. Que


demonstração incrível de trabalho em equipe! Parabéns à equipe dos EUA.

— Sim, elas conseguiram.

Kandace invade meu escritório. — Quer falar baixo, alguns de nós


estamos tentando trabalhar.

— Eu disse isso em voz alta?

Ela ri. — Você mais ou menos gritou como um uau, uau.

— Eu não grito.

Kandace gira em direção à tela plana em meu escritório. — Você


assistiu as duas jogarem o torneio inteiro.

— Eu conheço Lark. Ela namorou um dos meus antigos


companheiros de time.

Kandace se aproxima de minha mesa. — Oh sim? Qual cara?


Eu levanto minha jaqueta azul-marinho das costas da cadeira. —
Não, não estou dizendo. Mas sim, de volta à Califórnia, fui a algumas de
suas partidas. Acho que elas têm uma grande chance de conquistar o
ouro em Tóquio se continuarem assim.

— Então, ela namorou alguém dos Stingers. — Ela reflete.

Endireitando minhas mangas, eu dou a ela um olhar penetrante. —


Eu tenho que ir para o estúdio.

— Eu vou com você. Eu poderia usar mais alguns passos. — Ela


aponta para seu Fitbit.

— Tudo bem por mim.

— Sua mãe ligou — Kandace menciona. — Ela precisa saber se você


já enviou seu RSVP para o casamento do seu irmão.

Meus olhos se fecham e deixo escapar um suspiro profundo. — Está


na gaveta de cima da minha mesa. Preencha para mim, por favor.

— Brenner, ele é seu irmão — ela lamenta. — Você está passando


por um momento difícil, porque ele vai se casar com sua ex?

Por que todo mundo presume isso?

— Não. Honestamente, eu não posso acreditar que meu irmão mais


novo vai se casar.

Uma pequena mentira. Eu não quero ir. Não sei o motivo, porque
estou feliz por eles.

Viramos a esquina e caminhamos pelo corredor escuro em direção


ao Studio A. — Você pode verificar a lista deles e conseguir uma máquina
de waffles? Ou doe algumas centenas de dólares para a instituição de
caridade que eles escolheram, em vez de presentes ou qualquer coisa
bizarra que Claire fez.
Ela me segue porta afora. — Ok, você não vai dar ao seu irmão e à
sua futura esposa uma máquina de waffles. Você vai doar para uma
instituição de caridade, além de um presente caro.

Minha mão pousa na porta do estúdio. — Escolha. Deixe-me saber


o que eu comprei.

— Você está a caminho de ganhar o prêmio irmão do ano.

— E eu não sei disso.

Eu entro no camarim e me preparo para o meu show. Cabelo e


maquiagem fazem seu efeito, enquanto leio minhas anotações. Acho
difícil me concentrar com minha mente em Lark.

Quando eu a vi pela primeira vez, todos aqueles anos atrás, eu tive


que levantar minha língua do chão. Ela era sexo envolta em um vestido
bege colante.

Seu cabelo castanho claro caía sobre os ombros, em ondas suaves,


que pareciam estar quicando. Seus olhos castanhos e aquele sorriso
iluminaram a sala inteira. Tudo que você queria fazer era viver naquele
sorriso.

E nunca vou esquecer a primeira vez que ela sorriu para mim.

— Qual é a bebida especial esta noite. — Ela pergunta ao barman.

A doçura de sua voz me faz engolir em seco.

— Patio Punch. Tem licor azul, aguardente de pêssego...

— Não, obrigado.

— Você quer um cosmopolitan em vez disso?

Ela o encara. É sutil. Ele não percebe, mas eu sim. Ela se mexe nos
sobre os saltos e uma luz deslumbrante a envolve. Ela é hipnotizante, algo
sobre ela que me faz querer saber tudo sobre ela.
A linda mulher vira seu olhar para mim. — O que você está bebendo?

— Oh, isso, você não gostaria desta bebida. É tequila. — Eu aponto


para meu copo. — E é uma ideia terrível.

Ela sorri para mim. Um sorriso lento, sexy e de parar o coração. —


Tequila é sempre uma excelente ideia. Vou querer o que ele está bebendo.

— Uma tequila com tônica chegando.

— Muitos deles podem levar a problemas. — Advirto.

— Você está encrencado, Manning? Devo me preocupar?

Ela sabe meu nome e isso é um bom sinal. Meu coração bate com a
forma como meu nome soa em seus lábios. Eu lambo meus lábios e engulo
em seco. As mulheres nunca me abalam. Mas esta me tirou do eixo.

— Você é uma fã de beisebol... — Faço uma pausa, esperando que ela


me diga seu nome.

— Lark, — ela anuncia com um sorriso lento. — Sim, sou fã de


beisebol.

— Aqui está sua bebida. — O barman desliza a bebida na frente dela.

Lark sorri com uma sobrancelha arqueada. — Ótimo, obrigada. — Ela


leva o copo à boca e dá um gole.

— Bem, qual é o gosto?

— Refrescante... um pouco azedo e delicioso. — Ela lambe o sal dos


lábios. — Obrigada pela sugestão de bebida.

— O prazer é meu, você quer...

Lá estava eu pronto para perguntar a ela se ela gostaria de ir a algum


lugar e conversar, quando Alec pendurou o braço em volta da curva de
seu quadril.
Ele a convidou para a festa. Vim a descobrir, Alec a conheceu na
última festa da equipe. Eu não fui porque tive que ajudar minha mãe a
mover algumas coisas. Anson estava em uma viagem de negócios; caso
contrário, ele estaria lá em vez de mim.

Lark estava certa quando mencionou o código do mano na


lanchonete da mamãe na manhã em que a encontrei cambaleando para
fora da casa de Alec. Por que Alec não foi trocado?

Por que ela tinha que estar com ele?

Por que não eu...

Eu queria perguntar, por que, tantas vezes. Me matou ver os dois


juntos, mas mantive distância. Já que eu não poderia convidá-la para
sair, eu a observei jogar. Era o mais próximo que eu poderia estar
dela... para conhecê-la... para vê-la.

Nunca vi Alec em nenhuma de suas partidas. Na minha opinião, ele


não a merecia.

— Tenha um bom show, Brenner. — Hal, o cameraman, chama, me


trazendo de volta ao agora.

Eu me sento. — Obrigado, cara.

A hora passa voando e finalmente tenho tempo para respirar. Deixo


o estúdio e volto para o meu escritório. Quando abro meu e-mail, vejo as
últimas revisões do calendário.

O nome de Lark aparece na programação de uma entrevista. Duas


semanas. Eu a verei em duas semanas. Puta merda. Meu desejo se tornou
realidade.
Duas semanas depois, e ainda sinto que foi tudo um sonho.

Isso é a vida real? Minha vida real?

Mas enquanto me sento nos estúdios GSN em Manhattan, a pesada


medalha de ouro em volta do meu pescoço me lembra que tudo isso é
muito minha vida real.

Os segundos finais do set se repetem em meu cérebro e não posso


deixar de sorrir. O mundo inteiro pareceu parar por um momento,
enquanto os holofotes estavam sobre Holly e eu. Depois que vencemos,
Holly ficou tão animada, que dançou por toda a arena com bandeiras
americanas nas duas mãos.

A família dela estava lá para comemorar com ela e eles me


convidaram para ir junto. A velha Lark teria se sentido como uma
intrusa. A velha eu não teria confiado em sua família. Mas a nova Lark
Saddler abraça tudo que a vida joga em seu caminho.

Ela confia.

Com cuidado.

Ela acredita em seu valor próprio.

Verdadeiramente.

Meus próprios pais acham que não tenho nenhum valor, exceto o
fundo fiduciário que meus avós me deixaram, que eles desejam muito.
Meu polegar roça o ouro. No próximo ano, isso pode ser ouro
olímpico.

Brenner Manning é a razão pela qual tenho esta medalha. Não toda
a razão. Se ele não tivesse me dado o chute na bunda que eu precisava,
eu teria me contentado com o meio da estrada. Navegando pela vida, sem
trabalhar com todo o meu potencial.

Claro, eu teria ficado contente. Mas não pretendia competir nas


próximas Olimpíadas.

Nunca tive ninguém acreditando tanto em mim. O suficiente para


me motivar ao próximo nível. Meus pais estavam ocupados demais
administrando seu império para me levar a qualquer tipo de atividade.

Nenhum campo de tênis.

Nenhum encontro de natação.

Passei muito tempo sozinha ou com a babá Buffy. Ela estava na


faculdade e em casa no verão. Ela passava a maior parte do tempo no
telefone ou na piscina. Ocasionalmente, quando ela não estava me
ignorando, ela me ensinou como fazer biscoitos ou me deu aulas sobre a
importância do autocuidado, tratamento facial e pintura das unhas.

Uma tarde, Buffy e eu fomos à praia e não conseguia tirar os olhos


do jogo de vôlei de praia. Eu já tinha visto pessoas jogando antes, mas
nunca prestei muita atenção.

No meu aniversário, pedi uma bola de vôlei à minha avó. Passei o


resto do verão trabalhando sozinha todos os movimentos no quintal.

E, quando pude, fiz um teste para o time de vôlei da escola. Persisti


durante todo o ensino médio, apesar da falta de apoio ou interesse de
meus pais. Eu até recebi uma bolsa de estudos para a Universidade de
Stanford.
Por fora, as coisas estavam boas. Por dentro, eu ainda ansiava pela
aprovação de meus pais. O dano emocional que isso causou em minha
alma doeu. As duas pessoas, que deveriam me amar mais, não se
importavam que eu levasse nosso time do colégio a três campeonatos
estaduais consecutivos ou que me nomeassem a Jogadora Nacional do
Ano da Gatorade.

Meus avós se importavam. Eles assistiam aos meus jogos, quando


não estavam viajando ou ocupados com a fundação que trabalhavam, em
parceria com o Hospital Infantil de Los Angeles.

Eu os visitava tanto quanto possível entre as temporadas. Vovó e eu


passamos um tempo considerável na cozinha. Apesar de ter uma equipe
de cozinha completa, ela arranjou tempo para assar. Biscoitos, bolos e
tortas. Até macarrão caseiro.

Sua coisa favorita para assar eram biscoitos de figo, noz e batata
frita. Ainda tenho sua caixa de receitas em preto e branco, com todos os
seus cartões de anotações manuscritos. Vovó tocava Dolly Parton no
aparelho de som, e nós cantávamos e assávamos.

Quando meus avós morreram, eles me deixaram uma parte


considerável de seus bens. E deixou a sua única filha, minha mãe, nem
um único centavo. Aos vinte anos, perdi as únicas duas pessoas que se
importavam comigo e a cereja do bolo, isso fez com que meus pais
odiassem ainda mais minha existência.

Eu sei... tadinha. Pobre de mim.

Mas quando meus pais tentaram que eu fosse declarada


incompetente, e muito jovem e irresponsável para manter tanto dinheiro,
foi a gota d'água. Eles tinham uma fortuna própria. Por que tentar pegar
mais? Era uma questão de controle.
Percebi que não importava o que eu fizesse, eles nunca me
amariam. Eles podem ter me amado, mas acho que nunca gostaram de
mim.

Depois que o semestre acabou, sentei-me com minha treinadora,


pedindo conselhos. Eu não queria ir para casa no verão.

A treinadora Williams ouviu enquanto eu derramava meu


coração. Ela me entregou uma caixa de lenços de papel e me disse que
às vezes as pessoas são simplesmente ruins.

— Às vezes, as pessoas são simplesmente ruins. Você precisa decidir


se vale a pena.

Eles não valiam a pena. E foi tão fácil assim. Eu tirei meus pais da
minha vida e disse a eles que ligaria para eles se quisesse conversar. Não
falei com eles desde então.

Eu merecia coisa melhor.

Depois do meu café da manhã com Brenner, eu marchei minha


bunda feliz de volta para a casa de Alec e disse não a ele e suas
superstições, e dei uma longa caminhada em um pequeno cais.

Ele protestou, é claro, mas era tudo sobre ele e seu maldito jogo. Ele
gritou comigo de seus degraus da frente, e eu nunca olhei para trás.

Voltei para minha casa e liguei para Jessa. Eu disse a ela que queria
treinar para as Olimpíadas. Para minha surpresa, ela foi totalmente legal
comigo e conseguiu uma nova parceira e me desejou boa sorte.

Então pensei em quem eu admirava. Quem no esporte era a melhor?

Havia apenas uma resposta, Holly Landers.

Eu dirigi para a casa dela, em Newport, naquela tarde. De alguma


forma, eu a convenci a ser minha parceira, e em vez de competir no tour
AVP, passamos nosso tempo no tour FIVB.
— Senhorita Saddler. — Uma rica voz feminina chega aos meus
ouvidos. — Eles estão prontos para você agora.

Levanto-me para os meus pés e com o canto do meu olho eu


vejo ele. Ao vivo e pessoalmente. Ele ainda é bonito. Como se eu não
soubesse. Quando atravessei o saguão lá embaixo, fiquei olhando para a
foto emoldurada dele pendurada na parede por quase cinco minutos.

Eu não queria estar aqui quando Brenner chegasse. Eu queria estar


na metade do caminho de volta para a Califórnia. Não tive essa sorte. Mas
aqui estou eu, admirando a maneira como sua calça azul marinho se
estende por suas coxas sólidas e se afina bem em sua cintura.

Desvie o olhar dele.

Ele entra na área da recepção, dois copos Starbucks em cada mão e


uma bolsa de couro amarrada em seu corpo. Sua camisa branca justa
parece uma segunda pele nele. Seus bíceps não perderam nenhuma
protuberância, desde que ele se aposentou. Aparentemente, ele tem ido
à academia com a maior frequência possível.

Ele me vê e sorri. Tenho certeza que minha calcinha fica molhada.

— Lark, parabéns! — diz ele. — Eu estou tão feliz por você.

— Uh, obrigada. É bom ver você, Brenner.

— Ei, quais são seus planos para o almoço?

Eu tenho que estar em um voo de volta para Los Angeles. Tento


formar a frase, mas tudo que faço é gaguejar alguma versão inaudível de
umm e eu. Porque o cheiro de sabonete limpo e especiarias me deixa com
a língua presa.

— Desculpe interromper, mas Srta. Saddler, temos que colocar seu


microfone e deixá-la pronta. — diz o assistente de produção.
— Eu vou com você. — Ele acena com a cabeça e me direciona pelo
corredor.

Caminhamos pelo corredor em direção aos estúdios e posso senti-lo


atrás de mim. Eu sei que aqueles olhos castanhos estão olhando para a
parte de trás da minha cabeça.

Entramos no estúdio onde eles mexem no meu microfone e fazem


alguns testes. Brenner fica à direita da câmera, bebendo seu café.

Uma jovem de cabelos loiros e óculos de aro preto se aconchega ao


lado dele.

— Aqui está o seu café — Ele diz a ela.

Ela ri e pega o copo de papel da mão dele. — Acho que é meu


trabalho ir buscar café para você. — Sua voz borbulhante assume um
tom provocador e ele bate no ombro dela.

Eu desvio meus olhos, achando um pouco doloroso assistir os dois


flertarem. Uma mulher de blusa vermelha e calça preta vem até mim. —
Oi, é tão bom conhecê-la. Eu sou Anna.

— Diretora de programa, Anna?

— Sim, sou eu. Ok, basta olhar para a tela e você verá o rosto de
Mark Mahoney...

— Espere, não estou sendo entrevistada pessoalmente? — Eu


interrompo.

— Sinto muito. — diz Anna. — Ninguém aqui conhece realmente


voleibol de praia. Mark foi preparado e assistiu à sua partida. — Anna
sorri, em seguida, dá um passo para o lado. — Lá vem Mark. Três dois,...

— E aí pessoal, vocês estão assistindo The Sit Down. Sou Mark


Mahoney e hoje estou entrando com Lark Sandler.
Ele acabou de foder meu nome?

— Olá, Lark. Como tá indo?

— Oi, Mark, estou indo bem, mas meu sobrenome é Saddler.

Ele zomba e olha fixamente para a câmera. Seu rosto muda de uma
carranca para uma careta fácil.

— Bem-vinda ao programa. Como é ser o campeão do AVP?

Minhas sobrancelhas franzem. Ele tá brincando?

— Bem, Mark, eu não sei.

É tudo que eu dou a ele, testando as águas para ver como ele se
recupera.

Fora do set, ouço a voz de Brenner. Ele está resmungando algo para
Anna. Ela balança a cabeça. Eu me concentro em Mark, que embaralha
sua papelada, parecendo desorientado.

— Certo, então, Lark, o que vem por aí para você?

Uma respiração tranquila deixa meus pulmões, grata por ter uma
pergunta que posso responder. Mark se mexe na cadeira e olha para o
chão.

— Estou ansiosa para voltar ao trabalho. Holly e eu temos que


pensar nas Olimpíadas. Esse é o nosso foco agora.

— Falando em foco e prática, o quanto você diria que pratica para


esses tipos de jogos?

Esses tipos de jogos? A irritação arranha minha garganta e minhas


mãos agarram o braço da poltrona.

— Na verdade, eu não pratico nada. Eu meio que pego a areia e


improviso.
Ele ri. — Bem, eu acho que você tem que fazer o que tem que
fazer. Minha parte favorita do vôlei de praia são os uniformes. Você
escolhe o estilo e o corte desses uniformes?

As risadas invadem meus ouvidos. Meu coração bate em uma batida


irregular.

Bastardo misógino.

Outra voz pula no meu fone de ouvido. — Ei, devo dizer que sou um
grande fã de Holly Landers, sua parceira. Mas o que aconteceu entre você
e Jessa McNeil?

O que há com essa linha de questionamento? Um cara de terno cinza


aparece na tela.

— Você e Jessa jogaram no circuito de vôlei de praia por muito


tempo.

— Sim, jogamos, mas Jessa e eu temos objetivos diferentes. Não é


incomum que jogadores troquem de parceiros. Existe um respeito no jogo
dessa forma.

Suas risadas saem juntas. O calor queima minha nuca e rola como
lava pela minha espinha.

Fala-se inaudível e, em seguida, a tela escurece.

— O que acabou de acontecer? — Brenner grita. — Que raio de


entrevista foi essa?

As mãos de Anna voam para seus quadris. — Eu não faço ideia.

— Mark estava bêbado? E o que aconteceu com Josiah atrapalhando


a entrevista?

Eu empurro a cadeira e fico de pé. — Está tudo bem. — Digo a


Brenner.
Ele se vira para me encarar. — Não, não está bem. Não se contente
com esse tipo de merda, Lark.

Brenner continua a discutir, e Anna continua a balançar e tecer com


desculpas ocasionais. Olhando para a tela do meu telefone, tenho duas
horas antes do meu voo partir. A menos que Brenner queira almoçar no
aeroporto, tenho que ir.

— Brenner. Eu tenho que ir.

— Espere, deixe-me consertar isso para você. Posso conseguir uma


entrevista decente para você. — Ele implora.

Eu balancei minha cabeça. — Não, por favor, não se preocupe. Eu


preciso ir para minha próxima reunião. — Não é uma mentira total. Fica
do outro lado do país.

Seus olhos castanhos se enchem de tristeza. Não sei dizer se é


porque estou indo embora ou porque ele está tentando ser meu cavaleiro
branco.

Eu fico olhando para ele por um segundo a mais. — Isso teria


sido bom. Vejo você, Brenner. — Eu ando em direção à saída e não olho
para trás.
Inaceitável.

A entrevista de Lark foi um desastre. Não da parte dela, ela deu tanto
quanto eles deram a ela. Eu não a culpo por fugir do estúdio.

O choque me percorre enquanto caminho pelo corredor até o


escritório de Anna. Estou chateado que uma atleta de classe mundial foi
submetida a uma linha de perguntas juvenis por analistas de esportes
desleixados.

— Sério, Anna? Você precisa demitir esses dois curingas.

Anna levanta os olhos de seu telefone e me lança um olhar


penetrante. — A rede não me deixa. E essa foi a classificação de ouro.

Minhas mãos se fecham em punhos. Ela está falando sério? Eu me


recuso a acreditar que estamos aceitando esse tipo de tratamento com
atletas do sexo feminino.

Para avaliações. Avaliações.

Meu sangue ferve e meus dedos cavam em minhas palmas.

— A entrevista já está sendo compartilhada nas redes sociais. —


brinca Anna, bastante satisfeita consigo mesma.

— Como você pode ficar feliz com o fato de dois de seus funcionários
terem estragado aquela entrevista?
Ela levanta um ombro. — Não foi tão ruim. Além disso, está dando
a Lark e a rede alguma agitação. Veja o que aconteceu com a entrevista
com Cara Delevingne, aquela que ela fez quando promoveu aquele filme
Paper Towns.

— Eu não sei quem é, e definitivamente não me lembro desse filme.

— Olha, o vôlei de praia não tem estado exatamente quente nos


últimos anos. Mark fez o melhor que pôde. Além disso, acho que Lark
pode ter sofrido de jet lag ou algo assim.

Lark não estava cansada. Eles a pegaram desprevenida pela falta de


preparação para a entrevista. E Mark não levou a conversa a sério porque
acha que está abaixo dele. Esse tipo de “cultura ignorante” com figuras
femininas do esporte só vai tirar as mulheres das quadras e dos campos.

— Você não pode estar falando sério. Ela está indo para as
Olimpíadas pelo amor de Deus.

Ela desliza para a tela do telefone. — Há mais alguma coisa,


Brenner?

Estou tão cansado.

— Sim, mais uma coisa, eu me demito.

Anna me encara. — Você o que?

— Você me ouviu. Eu me demito. Se é assim que a GSN trata as


atletas femininas, não tenho uso para esse tipo de cultura corporativa.

Penso em minha irmã e em minha mãe, ambas mulheres


trabalhadoras, e não consigo tolerar que alguém as trate assim. Mesmo
que eu tivesse provocado Lark no passado, sobre ser o ritual pré-jogo de
Alec, eu sabia que era o tipo de merda que ela não aceitaria.

Ela recuou quando os bartenders nas festas dos Stingers


presumiram que ela queria um vinho branco ou cosmopolitan. E se ela
tivesse, essa é sua escolha. Mas pelo menos dê a ela uma escolha. Nas
festas dos Stingers, Lark era a dona do maldito quarto. Ela não precisava
se emburrecer para falar sobre negócios com as pessoas... não os
jogadores, não a gestão e não os executivos. Mesmo que algumas esposas
e namoradas achassem que Lark não parecia muito inteligente.

Anna dá um passo atrás de sua mesa e se senta. — Mas você está


sob contrato.

— Então me demita.

— E te dar seguro-desemprego? Acho que não.

Eu rolo meus olhos. — Não quero o seu seguro-desemprego.

Anna se recosta na cadeira. — Tudo bem, cancele seu contrato e


pague a multa.

— Feito.

— Há também a questão da não competição que você assinou.

— Sim, sim, como posso esquecer. — Minha mandíbula lateja.

Anna se levanta e estende a mão sobre a mesa. — Vá em frente e


limpe seu escritório. Foi um verdadeiro prazer trabalhar com você.

Apesar da minha raiva, aperto a mão dela. Antes de voltar para o


meu escritório, todos os presentes receberam o e-mail interno de que
estou saindo.

— Brenner — lamenta Kandace. — Porque você fez isso?

— Fiz o que?

— Se demitir. — Seu salto escuro bate contra o piso de madeira.


Eu passo a mão pelo meu cabelo e solto uma respiração áspera. —
Porque aquela entrevista foi uma merda. Eu não suporto ver as pessoas
tratando-a assim. E, eu tenho alguma integridade moral.

— Oh meu Deus! — ela me corta. — Você gosta dela.

Ignorando o comentário de Kandace, me ocupo reunindo meus itens


pessoais.

— Lark. Você gosta de Lark Saddler. Isso faz todo o sentido. — Ela
anda pelo meu escritório e para na frente da minha estante. — Aqui, eu
pensando que você estava apenas cobiçando as jogadoras de vôlei de
praia o tempo todo. Mas, realmente, era só ela.

Eu lanço um olhar para ela. — Na verdade, gosto do esporte, sabe.

Ela acena para mim e pega meus livros. — Claro, claro. Eu acredito
em você. Quando foi a última vez que você teve um encontro?

Este é um território novo. Kandace nunca tentou armar para mim


antes, mas Nolan e Sebastian tentaram em várias ocasiões. Pude recusar,
educadamente.

— Eu estive em encontros. — Eu atiro de volta, e ela revira os olhos.

— As únicas reservas de jantar que faço para você são com os


meninos ou sua mãe. Nunca uma amiga.

— Kandace, você não tem trabalho a fazer?

Seus lábios se torcem em uma carranca e ela joga os livros na minha


mesa. — Hmm. Talvez, mas o que você vai fazer agora?

— Não sei ainda.

Ela se encosta na frente da minha mesa. — Você quer que eu pegue


o número de Lark para você? Posso descobrir onde ela está
hospedada. Devo fazer uma reserva para um jantar para dois naquele
restaurante italiano que você gosta?

Eu fico olhando para ela por um momento. — Sim, isso soa


bem. Obrigado.

Kandace sorri e dança fora do meu escritório. Depois de terminar de


empacotar minhas coisas, ligo meu computador e começo a limpar meus
e-mails.

— Aqui está o número de Lark. — Kandace me entrega um post-it


amarelo. — Mas tenho más notícias.

— O que?

— A outra reunião dela é em Los Angeles e seu vôo embarca em 45


minutos.

— Droga, isso é uma merda. — Eu bato minhas palmas na mesa.

Quando eu olho para cima, Kandace está sorrindo um grande


sorriso dentuço para mim.

Eu levanto um ombro. — O que?

— Vá atrás dela, Brenner.

— Nunca vou chegar ao aeroporto a tempo.

— Não, mas você pode ir para Los Angeles.

— Ela vai pensar que eu sou louco. Que estou perseguindo ela.

— Você vai ficar maluco se não entrar em um avião e dizer a essa


mulher como se sente. Que você quer sair com ela. Há quanto tempo você
está apaixonado por ela?

Eu solto um suspiro. — Faz algum tempo.


Ela balança a cabeça. — O que é um tempo?

— Não sei. Como eu disse, um colega meu a viu primeiro e...

— Uau, tudo bem — ela diz. — Vou colocá-lo no próximo voo para
Los Angeles.

— Deixe-me pelo menos ir para casa e fazer as malas. Eu quero estar


lá amanhã de manhã cedo.

— Você tem que ir num voo noturno.

— Vale a pena.

Ela ri. — Tudo bem, vou mandar um e-mail para você com as
informações do seu voo. E se você precisar de alguém para cuidar do seu
apartamento enquanto estiver fora, estou pronta para o trabalho.

— Se você precisa ficar na minha casa para ficar longe do seu colega
de quarto, você pode.

Ela bate palmas. — Sim. Obrigada. Você é o melhor.

Eu rolo meus olhos. — Bem, isso é tudo meu. Estou fora daqui.

— Sim, você está. — Ela grita. — Vá buscá-la Brenner e poste uma


foto no Insta.

— Sem chance. — Eu provoco.

— Sentirei falta de não trabalhar com você no dia a dia.

— Eu também, Kandace. Depois que eu descobrir as coisas, talvez


você venha trabalhar comigo de novo?

— Combinado.

*****
Quando chego em Los Angeles, ligo para o número de Lark. Vai
direto para o correio de voz e não deixo mensagem.

Enquanto espero por minha bagagem, abro o aplicativo Uber no meu


telefone. Eu agendo minha viagem e, por sorte, há um carro esperando
do lado de fora.

Depois de verificar a placa do carro e verificar seu nome, pulo no


banco de trás. Eu não vou para a casa de Lark ainda. Primeiro, preciso
ver minha mãe.

Eu disco o número de Lark novamente, sem resposta. É sábado de


manhã. Ela pode estar malhando. Quase não há tráfego nas estradas, o
que é um milagre.

Logo o carro para na casa da minha mãe e estou cruzando a calçada


com minha bagagem a reboque.

— Brenner, oh meu Deus! — minha mãe fala. — Eu não sabia que


você estava na cidade.

— Viagem de última hora, queria fazer uma surpresa para vocês.

Ela esfrega as mãos nos meus ombros e depois as pressiona nas


laterais do meu rosto. — Estou tão feliz em ver você.

Os sinos da lanchonete tocam e por cima do meu ombro, vejo


Lark. Ela está vestindo um short jeans puído e um top listrado que
mostra seus braços tonificados e barriga lisa.

Lark é de tirar o fôlego. Seu cabelo castanho claro brilhante cai em


ondas sobre seu ombro. Suas sobrancelhas arqueiam sobre os ricos
olhos castanhos quando ela me vê.

— Brenner, oi. — Ela dá um passo em minha direção.

— O que você está fazendo aqui?


— Oh, Lark é uma das minhas habituais. — mamãe canta.

— Desde que você me trouxe aqui, venho pelo menos uma vez por
semana. — Lark passa por mim e dá um abraço em minha mãe.

— Oi, Lark. — Mamãe diz. — Vocês dois querem se sentar juntos?

Meu olhar vai para Lark. — Sim, tenho tentado ligar para você. Você
se importa em tomar café da manhã comigo?

— Esse era o seu número? Lamento, mas coloquei o meu telefone


em modo silencioso. Desde aquela entrevista de ontem... Tenho recebido
chamadas sem parar.

A culpa me atinge no peito. — Eu sinto muito por isso.

Mamãe coloca minha bagagem atrás do balcão. — Vá em frente e


pegue os menus e sente-se onde quiser.

Pego os menus e alguns talheres enquanto Lark se senta na mesma


mesa em que nos sentamos anos atrás.

— Então, sobre o que você quer falar comigo?

— Eu larguei meu trabalho. — Digo a ela deslizando minha bunda


contra o banco verde.

Ela ergue uma sobrancelha na minha direção. — Por que? Por causa
da entrevista?

— Principalmente, sim.

Ela balança a cabeça e seu cabelo cai sobre o ombro. — Você não
precisava fazer isso. Isso tudo vai passar em alguns dias. A mídia seguirá
para outra história. Dia lento das notícias.

Mamãe nos traz dois cafés e águas. — Obrigado, mãe.

— Obrigada, Monika. Por que você não me disse que ela é sua mãe?
Eu ri. — Nós realmente não contamos para muitas pessoas. Mamãe
não quer que este lugar se torne uma atração turística. A lanchonete se
sai muito bem sozinha.

— Compreendo. Definitivamente se tornou um dos meus lugares


favoritos. — Seus olhos castanhos brilham. Ela é tão fofa.

Quando eu a conheci anos atrás, eu sabia que Lark era


especial. Chame de destino ou sensibilidade, mas eu sabia que Lark
estava destinada a estar na minha vida. Ela acendeu algo dentro de mim.

— Então, Brenner... o que você vai comer?

— Você.

Ela me encara. — O que?

— Quero você.

— Estamos voltando à conversa de três anos atrás? — ela pergunta,


antes de tomar um gole de seu café.

— Pode ser. — Eu sorrio. — O que você diria se eu te levasse a um


encontro?

Ela ri. — Eu não acho que um encontro é o que você queria naquele
dia.

— Não, naquele dia não. Mas naquela noite, eu teria te convidado


para sair se Alec não tivesse visto você primeiro.

Mamãe para perto da mesa para anotar nosso pedido: panquecas de


mirtilo para mim enquanto Lark se contenta com a torrada francesa e as
batatas fritas.

Ela me encara, olhos semicerrados e lábios entreabertos. Eu quero


beijar ela. Provar ela.

— De que noite você está falando?


— A noite em que eu disse que tequila era uma péssima ideia.

Ela se recosta na cadeira. — A tequila foi uma excelente ideia. Alec,


por outro lado, foi uma má ideia.

— Estou feliz que você voltou para seus sentidos. O que aconteceu?

— Depois do nosso café da manhã, eu marchei de volta para a casa


dele e disse a ele que estava acabado. Então me concentrei em mim
mesma e no voleibol. — Seus dedos finos deslizam sobre a alça de sua
caneca de café.

Meus olhos se arregalam. — Bom para você. Eu recebo algum


crédito por te dar um empurrão na direção certa?

Ela sorri para mim por cima da borda de sua caneca. — Sim, você
ganha algum crédito. — Lark toma um gole de café. — Posso até
agradecer.

— Outra forma de me agradecer é indo a um encontro comigo.

Ela olha ao redor da lanchonete. — Algumas pessoas podem dizer


que estamos em um encontro agora.

Minha palma desliza contra a superfície lisa da mesa. — Eu diria,


acho que eles estão certos. — Eu agarro seus dedos e um arrepio percorre
minha espinha.

A maneira como ela está olhando para mim, nossa brincadeira


sedutora e a eletricidade que está crescendo entre nós me deixa meio
duro. Ela me quer tanto quanto eu a quero.

O polegar de Lark roça minha junta. — Depois do café da manhã,


vamos tomar um sorvete, que será outro encontro, desta vez, por minha
conta.

Mamãe nos traz nossa comida e reabastece nosso café. — Está tudo
bem aqui? — Ela está sorrindo de orelha a orelha.
— Sim, estamos bem.

Mamãe olha para nossas mãos ainda unidas. — Então, Lark é a sua
acompanhante no casamento de Anson? Sua assistente, Kandace, me
ligou e disse para mudar seu status de solteiro para namorando.

Kandace deve ter previsto que eu perguntaria a Lark. Ela é uma


ótima assistente.

Eu balanço minhas sobrancelhas. — Se ela não estiver ocupada no


dia, sim.

— Quando é o casamento?

— Daqui a dois fins de semana.

Lark pega seu garfo e corta sua torrada francesa. — Estou livre como
um pássaro.

Mamãe bate palmas. — Maravilhoso. Aproveite sua comida. — Ela


sai correndo, deixando nós dois sozinhos.

— Você tem um lugar para ficar enquanto estiver aqui?

— Vou verificar no hotel onde meu irmão vai se casar. Eu tenho um


quarto reservado para o fim de semana do casamento. É uma questão de
mover algumas coisas.

— Então, você não vai voltar para Nova York entre agora e o
casamento?

— Não.

— Você pode ficar comigo.

Porra de jogo.
A manhã se transforma em tarde e tudo o que quero fazer é levar
Brenner para minha casa e para minha cama.

Ele tem pensado em mim o tempo todo, assim como eu tenho


pensado nele. Muitas vezes eu quis ligar para ele. Quase pedi ao meu
agente que conseguisse o número dele. Mas eu me acovardei.

Depois de tomarmos sorvete, fomos dar um passeio na


praia. Brenner me contou sobre sua infância e como ele perdeu sua mãe
biológica em um terrível acidente. Conto a ele sobre minha infância e a
falta de amor dos pais... interesse. Qualquer que seja.

— Lamento saber do Porter — digo a ele. — Parece que ele era um


homem incrível.

— Perdê-lo foi difícil, mas estou grato pelo tempo que passei com
ele. Ele me ensinou muito e me incentivou a jogar bola.

Eu me pergunto como as coisas teriam sido se eu tivesse pais que


me apoiassem. E se eles tivessem se interessado por minha vida, quando
eu era mais jovem. Mas não importa, imaginar não leva a lugar
nenhum. Estou em um lugar muito melhor.

— Então, — ele bate palmas — você precisa estar em algum lugar


logo?

Eu rio. — Não tenho planos para hoje.

— Bom. Então, podemos manter esse dia de encontros, certo?


— Gostaria disso.

Ele me pressiona contra a grade do pátio, do lado de fora de um


restaurante na praia. — Passar um tempo com você foi a maior diversão
que já tive em muito tempo.

Meu coração bate contra minhas costelas e acho que ele está prestes
a me beijar.

— Eu gosto de você, Lark Saddler. — Sorrindo, ele afasta uma mecha


errante de cabelo da minha bochecha, então desliza sua mão para a
minha. Nossos dedos se entrelaçam enquanto caminhamos pela calçada.

Nós voltamos para a lanchonete de sua mãe. Brenner se ocupa com


seu telefone enquanto eu entro no banheiro feminino. Enquanto lavo
minhas mãos, olho meu reflexo no espelho. Suas palavras ecoam em
minha mente: — Eu gosto de você, Lark Saddler.

Gosto da maneira como ele sorri para mim. Eu quero ser aquela que
o faz sorrir tão livremente.

Eu gosto dele também.

Talvez isso seja loucura.

Balançando a cabeça, jogo a toalha de papel no lixo.

— Ei, eu quero te levar a um lugar. — Brenner anuncia quando eu


saio do banheiro.

— Estou intrigada.

— Quer se divertir um pouco? — Ele balança as sobrancelhas


escuras e eu rio.

— Lidere o caminho.

*****
Vinte minutos depois, chegamos ao estádio Stingers.

Assim que saímos do Uber, Brenner segura minha mão. Um sorriso


surge no meu rosto enquanto estamos do lado de fora da entrada VIP.

— Vamos, por aqui.

— O que você está fazendo aqui?

— Nós vamos acertar algumas bolas.

— Estou tão animada! — me ouço gritar. — Como você fez tudo isso
acontecer?

— Eu conheço pessoas, — ele brinca e coloca o polegar sobre o


ombro. — Vamos lá, o tempo está passando.

Todo o equipamento está configurado e pronto para usar. Eu olho


ao redor do campo com admiração. A grama verde contrasta com a
sujeira. É lindo.

Mesmo que o estádio esteja vazio, a energia que vibra ao nosso redor
é insana. Eu nunca estive aqui antes.

— Isso é tão legal.

Os olhos escuros de Brenner nadam em diversão. — O que você quer


fazer primeiro?

— Eu quero fazer um home run.

— Tudo bem, escolha um taco. — Ele aponta para a arquibancada


segurando cerca de uma centena de tacos de beisebol. — Para sua altura
e peso, o que não vou perguntar, você provavelmente vai querer um taco
de oitenta centímetros.

Ele ri, me fazendo rir também.

— Ok, este parece bom. — Digo a ele.


— Experimente, dê alguns golpes. Sinta-o em suas mãos. — Brenner
vai até a cesta cheia de bolas de beisebol e joga uma no ar.

— Assim? — Minhas mãos seguram o taco e dou um golpe forte.

Ele corre atrás de mim, suas mãos deslizam pelo meu corpo. —
Ajuste seus quadris e pés. Fique confortável com sua postura.

Estar tão perto dele está me deixando tonta de necessidade, estou


tendo dificuldade para me concentrar.

— Você consegue, Lark. — Ele sussurra em meu ouvido antes de


correr de volta para o monte do arremessador.

Ele vai para o campo e, assim que acho que consegui, eu balanço.

É uma falta.

— Esqueça isso, linda. — grita Brenner e pega outra bola.

— Isso pode durar horas. — Grito enquanto me posiciono na base


novamente.

— Concentre-se. Fique com o cotovelo firmemente plantado ao seu


lado. — Lembra ele.

Mais alguns golpes e acerto a bola entre a primeira e a segunda


base. Brenner me pega e me gira.

— Isso foi incrível, Lark.

— Foi muito bom.

*****

Estamos sentados em um bar na esquina do estádio no que


decidimos ser nosso quarto encontro.
Nossos encontros me lembram das festas da fraternidade “Ao redor
do mundo” na faculdade. Não tenho nenhum problema em acelerar esse
processo com o Brenner. Sua confissão de que queria me convidar para
sair naquela noite na festa dos Stingers quase me deixou sem fôlego.

Todo o tempo que nós perdemos não explorando nossos sentimentos


um pelo outro. As coisas teriam sido diferentes se eu tivesse conhecido
Brenner primeiro?

Eu só conheci Alec na semana anterior. Eu ainda estava em dúvida


sobre sair com ele. Mas nossa química era quente na época e parecíamos
ter um entendimento entre nós dois. Lamentavelmente, gostaria de
querer mais no momento. Não só de mim, mas também de um parceiro.

— Vamos conversar sobre o jantar. — Anuncio e peço duas doses de


tequila.

— Jantar?

— Sim, estou muito tonta e precisamos comer. Uma cesta de batatas


fritas acertará o alvo.

Brenner se inclina para perto. — Estou com fome, mas não de


comida.

Eu sorrio. — Aposto que sua boca faz coisas incríveis.

— Beije-me e descubra.

Um gemido sacode minha garganta. Eu procuro por ele. Minhas


mãos seguram seu queixo e pressiono meus lábios nos dele. Ele me beija
de volta, forte. Sua mão segura a parte de trás da minha cabeça,
assumindo o beijo.

Por um momento, acho que seremos expulsos do bar por atos


obscenos em público. Infelizmente, não fomos, o que teria sido um alívio
bem-vindo para a tortura de seu beijo e a pulsação dolorida entre minhas
pernas

Engolimos nossas doses e estou agradavelmente relaxada e feliz. É


mais do que a bebida. É estar aqui com ele. O ar que nos rodeia brilha,
carregado com anos de saudade.

— Você quer sair daqui? — ele pergunta.

— Você acabou de ler minha mente? — Eu provoco.

Ele pede a conta e gentilmente paga. — Eu preciso pegar minha


bagagem na casa da mamãe, então podemos ir para sua casa.

— Hoje foi um sonho absoluto. — Digo a ele enquanto ele me prende


contra o bar.

— Esta noite será ainda melhor. — diz ele e se abaixa para um


selinho rápido.

— Promessas, promessas. — Eu sorrio contra seus lábios.

Ele chama um Uber, e esperamos sob o toldo do pátio. Eu me inclino


e beijo seus lábios quentes, o ar salgado nos envolve como um casulo.

Nosso motorista é muito falador e Brenner adora conversar. O carro


para e Brenner me ajuda com um sorriso preguiçoso.

— Podemos pedir comida aqui. — Sugere Brenner.

— Não é uma má ideia. Mas acho que seria melhor pedirmos na


minha casa. Eu não gostaria que a comida esfriasse.

Ele pisca para mim e eu rio. Depois de pegarmos sua bagagem,


pegamos outro Uber até minha casa em Manhattan Beach.

Nós chegamos na minha casa e minhas mãos se atrapalham com as


chaves. Sinto seus dedos puxando a barra do meu short. — Abra essa
porta, Lark. — Ele sibila no meu ouvido.
Seu pau esfrega contra minha bunda. — Estou tentando, mas se
você continuar assim, vou explodir em chamas e esta casa também.

— Bem, não podemos ter isso acontecendo. — diz ele e pega a chave
da minha mão trêmula. — Deixe-me fazer isso por você.

Nós dois caímos no corredor e ele bate a porta com um chute. Ele
tira os sapatos e eu sigo seu exemplo.

— Belo lugar você conseguiu aqui. — Ele sussurra, beijando minha


garganta.

Minhas mãos se fecham nas costas de sua camiseta. — Você quer


um tour?

— Mostre-me o quarto primeiro. — Brenner me beija com força,


então me puxa para seus braços.

— Pela sala de estar. — Digo a ele entre beijos. — Não tem como
errar, a porta à esquerda.

Nós chegamos ao quarto. Minhas costas batem no colchão e seus


dedos trabalham no botão do meu short. A chama em seus olhos se
acende. Suas mãos acariciam minhas pernas para cima e para baixo. —
Há quanto tempo você está pensando sobre isso?

— Desde o dia em que você me salvou de cair de cara no chão. — Eu


me apoio nos cotovelos e me sento.

Ele olha para mim com um sorriso malicioso. — É muito tempo. —


Ele puxa a camiseta pela cabeça, então suas calças caem no chão.

— Demasiado longo.

Ele está diante de mim com uma cueca boxer sexy como o inferno,
me dando uma boa olhada de seu corpo. Sua grande mão desliza sobre
seu pau e então ele empurra a cueca sobre seus quadris enquanto a
gravidade faz o resto.
Puta merda.

A cabeça de seu pau é grossa. Ele é grande. Quer dizer,


ridiculamente grande. Ele se dá alguns golpes e eu lambo meus lábios.

Brenner chega entre nós e puxa minha blusa pela minha cabeça. Ele
segura meus seios com a palma da mão e, em seguida, tira a renda rosa.

Depois que ele joga meu sutiã na cadeira perto da cama, ele rasteja
pelo meu corpo, beijando cada centímetro da minha pele que ele pode
alcançar. Sua boca pousa no meu mamilo, dando duas lambidas
provocantes. — Naquele dia, pensei muito sobre isso. Eu não conseguia
parar de olhar para suas pernas. E agora tenho minhas mãos em você.

Minhas unhas arranham seu peito. — Gosto das suas mãos em


mim.

A cabeça de Brenner cai para o meu esterno, ele solta um rosnado


longo e estrondoso que vibra por todo o meu corpo. — Você me deixa
louco.

— Deixe-me mostrar o quão louco eu posso te deixar. — Eu movo


meus quadris e me esfrego contra seu comprimento duro.

— Porra. — Seus dedos puxam minha calcinha e eu me levanto para


ajudá-lo. Ele se inclina para mim, beijando-me profundamente e
roubando o ar dos meus pulmões. Meus dedos cavam nos músculos de
seus ombros.

— Merda. — Ele murmura. — Os preservativos estão na minha


bagagem. A menos que você tenha algum.

Eu balancei minha cabeça. — Não, eu não tenho nenhum


preservativo. Eu fui testada. Estou segura.

— Eu também. — Ele morde meu mamilo enquanto acaricia seu pau


na minha entrada.
— E tomo minha pílula todos os dias na mesma hora, como uma
boa menina — sussurro. Minhas mãos deslizam sobre os planos rígidos
de seu abdômen.

Seus quadris saltam para frente e ele empurra dentro de mim. —


Porra, você é tão boa.

Brenner me estica o suficiente para queimar levemente, e eu não sou


virgem.

— Mais forte. — Eu imploro, arqueando minhas costas, incitando-o


mais fundo. Eu grito com a sensação dele me preenchendo
completamente.

— Anos, eu esperei por isso. — Ele raspa e balança em mim com


golpes profundos e prolongados.

— Sim, Brenner. — O desejo corre em minhas veias.

Cada centímetro do meu corpo formiga. Eu quero que isso dure, mas
eu não vou também. Não tem jeito. Cada impulso profundo e forte de seu
pau me empurra para mais perto da borda.

Um grito sem fôlego deixa meus lábios e estou voando. Meu orgasmo
se intensifica ao perceber que é Brenner fazendo meu corpo doer e
queimar. É tão bom.

— Oh merda, Lark — ele grunhe. Brenner aninha o rosto na curva


do meu pescoço e eu o sinto pulsando dentro de mim. Nós nos agarramos
um ao outro, recuperando o fôlego.

Mudando para se deitar ao meu lado, Brenner arrasta os dedos pelo


meu cabelo e me beija.

— Deus, isso foi tão bom.

Meu dedo patina em seu peito. — Foi muito bom. — Foi


fantástico. Eu escondo meu sorriso sob o lençol.
— Muito bom? — ele ecoa. — Hmm, acho que terei que fazer
melhor... em cerca de cinco minutos.
— Ei, então me fale sobre o casamento do seu irmão.

— O que você quer saber?

Ela sorri. — É um grande casamento ou um casamento


pequeno? Formal ou semiformal?

— Eu honestamente não sei. — Digo a ela e pego minha segunda


fatia de pizza.

Suas sobrancelhas se erguem. — Acho que vocês dois não são


próximos?

— É complicado. E já que você é meu par no evento, eu


provavelmente deveria dizer que ele vai se casar com minha ex-
namorada.

Ela quase engasga com o vinho e o lençol que enrolou em volta de


si, dando-me uma vista fabulosa de seus seios. — O que? Quem? Isso é
algo saído de uma comédia romântica.

— Sim, é estranho. Não quero ir, mas estou tentando ser um bom
esportista para mamãe. E quem, é Claire Delano.

— Isso é difícil. Eu não gostaria de estar nessa situação.

Eu fico olhando para seus lábios inchados pelo beijo. — Bem, ter
você lá vai fazer isso... tolerável.

Lark empurra meu ombro. — Tolerável. Você é um idiota.


Eu a pego pela cintura e a puxo para o meu colo. — Você tem uma
bunda ótima.

Suas mãos enquadram meu rosto, então ela me beija. Fala muito,
mas ela não deixa suas ações falarem por ela. Lark coloca todos os seus
pensamentos em palavras. Destemida e sem remorso. Eu poderia me
apaixonar por ela facilmente. Se ainda não o fiz.

— Estou pensando em me mudar. Odeio os invernos de Nova York e


gostaria de estar mais perto da mamãe.

— Então, você está pensando na Califórnia?

Eu pisquei. — Sonhando com isso, na verdade.

— É um grande risco. — Ela sussurra.

— Um que estou disposto a aceitar. — Devo a sua honestidade, no


mínimo.

— Há mais nisso, — ela gesticula entre nós — do que apenas sexo?

Respirando seu cheiro, eu coloco meu nariz em seu cabelo. —


Espero que sim. Espero que sim, Lark.

— Vai ser um desafio, estou treinando para Tóquio, e


você... procurando emprego?

Tudo isso é verdade. Mas Lark é tudo que eu queria desde o primeiro
momento em que coloquei os olhos nela.

— Você quer dar a nós dois uma tentativa séria?

Com medo de que ela não queira a mesma coisa que eu. Os
segundos parecem minutos. Ela não diz nada, e meu coração martela no
meu peito.

— Estou um pouco assustada, — sua voz falha, ecoando o


sentimento em meu peito.
— Eu também, — eu admito. — Eu quero fazer funcionar com
você. Mais do que tudo, eu quero você.

— Eu também. Quero você. Vou tentar... nós vamos. — Lark se


levanta e me põe de pé. — Leve-me de volta para a cama, agora mesmo.

Seus olhos são mais verdes do que castanhos, como a água que sai
de sua porta dos fundos, e eu quero nadar neles.

Talvez para sempre.

*****

Por duas semanas, Lark e eu passamos nosso tempo juntos em uma


rotina sólida.

Conversas. Fazendo sexo. Mais conversas. Compartilhado.


Conhecendo um ao outro em um nível mais profundo, tudo isso enquanto
fazíamos um ótimo sexo.

Era perfeito. Desde a primeira vez que a beijei e todas as vezes desde
então, é uma corrida inebriante. O desejo que flui entre nós dois - só fica
melhor com Lark.

Estar com ela é tão fácil, ela me deixa querendo mais.

Ela está me ajudando a descobrir o que vem por aí, enquanto eu a


ajudo com seus treinos. Tenho observado seu treino com Holly, e elas
estão mais do que prontas para Tóquio.

— Você pode me ajudar? — ela pergunta, olhando por cima do


ombro.

— Com prazer. Você está linda pra caralho. — Meus dedos deslizam
o zíper em suas costas e estou envolvido com o cheiro de baunilha.

— Não estou ofendendo a noiva, estou?

— Quem se importa se você fizer isso.


Respingando um pouco de perfume em seus pulsos, ela ri. —
Eu. Embora com esse terno, você está me dando tantos motivos para
pular este casamento.

Minhas mãos deslizam sobre seus ombros nus. — Este vestido é a


única razão pela qual preciso pular o casamento de Anson e Claire.

Ela está usando um vestido vermelho sem mangas que mostra sua
figura linda. Lark passa por mim, certificando-se de que suas curvas
roçam em mim. Seus quadris balançam, fazendo meu sangue ferver.

— Na verdade, o que está por baixo disso me deixa mais intrigado.

Lark bate na minha mão. — Sim, você vai ter sorte esta noite. Mas
temos que ir.

— Ótimo. — Minha mão dança sobre a curva de seu quadril. — Por


mais que eu queira tirar você desse vestido. Mal posso esperar para te
mostrar esta noite.

— Eu gosto do som disso.

*****

Para minha surpresa, as coisas entre Claire e eu correram


bem. Após a cerimônia, eu a abracei e parabenizei os dois.

Eles tiveram uma pequena cerimônia íntima. Foi muito pessoal e


honestamente lindo. Claire chorou enquanto meu irmão se controlava.

Vivas explodiram, e a bebida flui pesadamente quando Anson e


Claire entram na festa. Mamãe encurralou Lark no balcão de sobremesas
trinta minutos atrás. E eu fiquei com minha irmã, Rikki, observando o
casal feliz enquanto um garçom oferece a eles taças de champanhe antes
que eles andem em nossa direção.

— Obrigado por doar para a nossa fundação, — Claire me diz.


— Sim, e as malas personalizadas. Isso foi atencioso, — acrescenta
meu irmão.

Obrigado, Kandace.

— De nada. Essa é uma nova tradição? Abrindo os presentes antes


do casamento?

— É meio moderno, — diz Claire. — Mandar os presentes para casa


é muito mais fácil do que ter alguém os levando de volta para nossa casa.

— Onde vocês estão indo na lua de mel?

Anson ri. — Estou surpreso que mamãe não tenha deixado escapar.

— Estamos indo para a Toscana, — diz Claire e abraça Anson.

— Oh, você vai adorar a Toscana, — começa Rikki. — Nós nos


divertimos muito quando estávamos lá.

— Você e Lark namoram há muito tempo? — Claire pergunta, uma


pitada de inquietação ressoa em seu tom.

— Ainda é novo, mas nos conhecemos há anos. — Eu tomo um gole


da minha bebida.

— Vamos, esposa, vamos dançar. — diz Anson e a arrasta para


longe.

Rikki olha para mim. — Como você está indo?

— Estou bem. — Eu fico olhando para Lark por um longo momento,


estudando cada linha e curva de seu rosto. As luzes da sala parecem
segui-la por toda parte. Todas aquelas ondas marrons, brilhantes e
grossas, cascateando por suas costas.

Eu imagino a bunda macia de Lark envolta em renda preta. Porra,


eu preciso pensar em algo diferente de Lark nua.
Minha irmã está divagando sobre a Toscana e todos os pães e
massas maravilhosos. As palavras mal são registradas porque Lark se
vira para mim. A brisa brinca com a fenda de seu vestido.

O que você está vestindo por baixo desse vestido, querida?

— ...então, sim, eu recomendo o salmão cremoso da Toscana. É de


morrer com o espinafre e os tomates secos. Puxa, Brenner. Eu não posso
acreditar que você não foi para a Itália, tipo nunca. Talvez você leve Lark?
— Ela bate no meu cotovelo.

— Sim talvez. Se ela quiser... tudo o que ela quiser.

— Meu Deus, você realmente gosta daquela mulher. Você


está apaixonado por ela? — ela sussurra atrás de seu copo de água.

Lark olha para mim e fico perdido em seus olhos, mas me controlo.

— Não sei. É possível.

— Como eu disse, você será um marido maravilhoso algum dia.

— Realmente nunca pensei que fosse do tipo que casaria.

— Alguns homens nunca o fazem. Só é preciso a mulher certa.

Rikki desliza para ajudar mamãe com algo, e eu vou para o bar. Foi
um bom evento, mas estou exausto de sorrir e de bater papo em
geral. Estou mais do que pronto para levar Lark para casa.

— Então, você está namorando Lark Saddler? — as palavras vêm de


Sebastian.

Levo o bourbon aos lábios e engulo. — E você ainda não está


namorando Lindsay.

Ele me lança um olhar furioso. — Você sabe que não posso fazer
nada sobre meus sentimentos por ela.
— Código de irmão é para irmão, e você não é irmão. Você é um
empresário de sucesso. Nolan teria sorte em saber que você está
cuidando de sua irmã mais nova, em vez de algum idiota com zero a favor
dele.

Ele bebe seu coquetel e balança a cabeça. — Então, como você a


conheceu?

— Foi há anos em uma festa da equipe. Na época, ela estava em um


relacionamento... Mas agora, ela é toda minha.

— Como isso vai funcionar?

— Aparentemente, você não leu as últimas notícias, pedi demissão.

Ele me encara, o choque visível em seu rosto. — Você está saindo da


GSN?

— Já saí. — Eu confesso. — E agora, se você não se importa, vou


levar essa linda mulher para casa e adorar seu corpo.

Ele dá um tapa no meu ombro. — A felicidade fica bem em você,


amigo.

Eu faço meu caminho em direção a Lark, e ela me abre um


sorriso. Eu a puxo para o meu lado. — Você está pronta para sair daqui?

— Definitivamente pronta para mostrar a você o que não está sob


este vestido. — Ela sussurra.

Meus olhos se arregalam. — Você está dizendo o que eu acho que


você está dizendo?

Ela me dá um aceno lento. — Sem calcinha.

— Porra, Lark! — eu assobio.

Depois de nos despedirmos de minha mãe e de alguns outros


convidados, eu a puxo para fora da recepção e a levo para o
manobrista. Meus dedos coçam para tocar sua pele sedosa. O controle
que estou exercendo agora é um feito de proporções épicas.

Eu pedi um serviço de carro para a noite, sem saber ao certo onde


as festividades da noite terminariam.

Nós deslizamos para o banco de trás e eu aperto o botão da tela de


privacidade. Lark abre as pernas para mim. Ela está em plena exibição,
suave e atraente.

Jesus Cristo. Estrelas inundam meus olhos com a visão de sua


boceta brilhante. Eu provoco suas dobras com meus dedos. Nunca estive
tão duro na minha vida.

Em vez de transar com ela na parte de trás de um carro, eu espero


e arrasto sua bunda pela porta da frente de sua casa, de volta para seu
quarto.

Eu a como e engulo sua liberação enquanto ela grita meu nome


repetidamente. Meu nome em seus lábios quando ela goza está gravado
em meu cérebro e em meu coração.

Lark pula para o banheiro e a dor fria e pesada da realidade sobe e


se instala em meu interior. Tenho que voltar para Nova York e amarrar
algumas pontas soltas.

Ela volta vestindo calcinha preta e uma blusa fina de marfim. Seu
cabelo castanho é uma auréola bagunçada, ela tem uma aparência de
gatinha sexy. — O banheiro é todo seu. — Ela diz, se enfiando sob os
cobertores. — E eu limpei uma gaveta para você no armário. Se você
quiser.

— Uma gaveta, hein?

Lark pega o frasco de loção em sua mesa de cabeceira. — Sim.

— Eu tenho que voltar para Nova York, — eu deixo escapar.


Ela olha para mim, esfregando o cheiro de baunilha nos braços e
nas mãos. — Você quer que eu vá com você?

— Você pode, quero dizer, com o seu cronograma de treinamento e


não tem alguns jogos chegando?

— Sim, suponho que devo seguir meu plano. Quanto tempo você vai
ficar fora?

Eu me levanto da cama. — O suficiente para embalar minhas coisas


e colocar minha casa no mercado. Preciso falar com meu contador e ver
como conseguir uma vaga aqui.

— Isso parece tão louco. Tem certeza de tudo isso?

Eu entro no banheiro e acendo a luz. — Você me ofereceu uma


gaveta. Sei que nossas vidas podem parecer mundos diferentes, mas
nunca me esqueci de você, Lark. Então, sim, tenho certeza de tudo isso.

— Eu canto no chuveiro, — ela anuncia.

Eu espreito minha cabeça na esquina da porta com minha escova


de dente na mão. — Eu sei.

— Faço ioga na sala de estar quando chove.

— O que quase nunca acontece, e eu sei. — Assistir Lark fazer ioga


no convés e no quintal se tornou um dos meus passatempos favoritos.

— Eu cozinho todas as quartas-feiras de manhã. Muito. Pão de


banana, muffins de chocolate... qual é o seu doce favorito?

Termino de escovar os dentes e enxáguo. Meu ombro repousa no


batente. — Você tem escondido um segredo de mim. Estou aqui há duas
semanas e não vi um único pedaço de pão de banana.

— Bem, realmente não houve muito tempo para assar. — Ela brinca.

— O que você vai assar para mim, querida?


— Estou viciada nesse programa, Mulher Pioneira. Estou pensando
em fazer alguns rolos de canela amanhã para o café da manhã.

— Mas amanhã é domingo. Não quarta-feira.

— Eu sou imprevisível assim.

— Eu sou um pouco bagunceiro — digo a ela. — Não um desleixado


total, às vezes deixo a louça suja na pia. Eu tenho sapatos em cada porta.
— Eu puxo minha cueca boxer sobre meus quadris. — Eu sempre
colocarei a tampa do vaso sanitário para baixo. Eu lavo roupa todas as
sextas-feiras à noite, a menos que haja um jogo dos Stingers.

Ela ficou em silêncio por um momento. — Eu posso viver com tudo


isso.

— E eu prometo não demorar muito nas minhas boas-vindas, — eu


sento ao lado dela na cama. — Porque eu realmente quero que isso
funcione entre nós.

— Vou até te ajudar a procurar um lugar aqui.

Eu mudo para beijá-la. — Eu vou arrastar você para um monte de


visitas.

— Estou pronta para o desafio.


Nove meses depois

— Feliz aniversário, querida. — Brenner canta e coloca uma pilha


de panquecas na minha frente.

— Aniversários pedem panquecas, hein?

— E frutas frescas. — Ele acrescenta e coloca um prato cheio de


fatias de abacaxi, morangos e framboesas na minha frente.

— Que aniversário é este?

Brenner adora qualquer motivo para comemorar. Encontramos


tantos motivos para ser gratos. Acho que temos sorte de termos tantas
razões para sermos felizes, ele me deixa muito feliz.

— Bem, quatro anos atrás, você e eu tomamos nosso primeiro café


da manhã juntos. Você comeu panquecas e eu uma omelete. — Ele se
senta à minha frente e toma um gole de café. Seus olhos me percorrem
enquanto ele passa a língua pelos lábios.

As coisas estão indo bem, mas vou ter que esperar até o ano que
vem para colocar as mãos no ouro olímpico. Tóquio, junto com o resto do
mundo, foi adiada. Estou olhando para o lado bom, mais tempo para
praticar e aperfeiçoar minhas técnicas.

Estamos na casa de Brenner em Hermosa Beach. Após o adiamento


das Olimpíadas, ele insistiu que eu ficasse com ele. Ele não queria que
eu ficasse sozinha. Sem mencionar que sua casa precisava de uma
grande redecoração. A localização é perfeita, o visual dos anos setenta
não é. Nós nos divertimos muito desenhando juntos. Agora tem um clima
praiano bem descontraído.

Se você quiser testar os limites de um novo relacionamento, faça um


projeto de reforma. Nós navegamos por isso com sucesso. O que nos
levou a descobrir uma paixão compartilhada por perseguir propriedades
imobiliárias online.

Descobrimos que ambos amamos propriedades em Malibu. Uma em


particular... uma das primeiras propriedades de Frank Gehry - The Tin
House.

— Eu amo aquele dia. — Eu digo a ele e coloco um pedaço de


coalhada na minha boca.

Ele pisca. — Eu também. Então, quais são seus planos para o dia?

— Treino da tarde, então provavelmente irei nadar e me bronzear. E


você?

— Bem, eu tenho algumas notícias empolgantes para compartilhar.


— ele prolonga.

● — Não me deixe em suspense. O que é?

— Stingers me ligou com uma oferta de trabalho... Gerente Geral.

— O que? Isso é incrível.

— Aparentemente, eu estava na lista restrita para o trabalho. — Ele


coloca um pedaço de abacaxi na boca.

— Você está aceitando?

Brenner acena com a cabeça sobre a borda de sua caneca de café. —


Se o contrato estiver certo, estou definitivamente animado com a
oportunidade.
— Você será o melhor gerente geral de todos os tempos.

— Vou dar tudo o que tenho, com certeza.

Olhamos um para o outro entre as mordidas de comida


deliciosa. Tudo com ele parece certo. Eu soube no momento em que ele
voltou à minha vida. Nossos mundos colidiram e algo se encaixou.

Brenner era a parte da minha vida que eu mais sentia falta. Alguém
com quem compartilhar minhas experiências, boas e más. Ele apoia a
mim e aos meus sonhos.

Espero tê-lo ajudado tanto quanto ele fez por mim. Posso não saber
toda a história de sua vida, mas eu o conheço, a pessoa por trás dela. O
homem que me deu alguns conselhos que mudaram minha vida.

A atração entre nós dois é magnética e é mais poderosa agora.

— Já que você cozinhou, eu vou limpar. Estava tudo delicioso,


obrigada.

— O prazer é meu. — Brenner me beija e quase derreto.

Eu poderia ter pensado que nunca encontraria um homem que me


fizesse sentir tão especial, mas a vida jogou Brenner no meu caminho, e
eu sou muito grata.

Brenner sai da sala para atender uma ligação enquanto eu me ocupo


limpando a cozinha. Eu fico olhando pela janela, sobre a piscina e para
a praia. Realmente está um dia lindo lá fora.

Por alguma razão estranha, minha avó vem à minha


mente. Normalmente, é uma música de Dolly Parton ou o cheiro de
açúcar ou figo que me lembra dela.

Acho que ela teria gostado do Brenner. A tristeza toma conta de mim
porque ela nunca vai conhecê-lo.
Se eles tivessem se conhecido, a vovó forçaria comida em Brenner
mesmo quando ele não estivesse com fome. E o vovô levaria Brenner
furtivamente para seu escritório e assistiria ao beisebol. Um ávido
observador de esportes, corrida de cavalos, vela, esgrima, se estivesse
acontecendo, ele estaria assistindo. No final das contas, acho que é por
isso que ele acabou gostando tanto do vôlei de praia.

Mas o beisebol era seu favorito absoluto.

O pensamento me faz sorrir e coloco toda a tristeza de volta em seu


espaço designado. Estou dobrando as toalhas de cozinha quando ouço
Brenner me chamar do lado de fora.

— Ei, Lark, vem aqui, sim?

— Já estou indo, — eu grito.

Eu saio para o deque da piscina. O sol é bom na minha pele.

— Onde você está?

— Aqui embaixo na praia.

Eu olho por cima da grade e vejo cerca de duas dúzias de bolas de


praia amarelas e azuis em forma de um coração na areia.

— O que é tudo isso?

— Eu queria te dizer que te amo, Lark.

Ainda não dissemos essas palavras um ao outro.

— Tem certeza?

— Nunca tive mais certeza de nada na minha vida. — Ele responde


e sobe os degraus em minha direção.

Ele estende a mão para mim, deslizando sua mão pelo meu braço e
pegando minha mão na dele. Tocá-lo, estar tão perto, é esmagador. A vida
me lançou um obstáculo quando tropecei no caminho de Brenner. Uma
simples conversa com um homem, que eu mal conhecia, teve um efeito
profundo na direção da minha vida.

— Uh, Lark. — Seus olhos castanhos perfuraram os meus.

— Eu também te amo. — Eu confesso.

— Sim?

Eu levanto um ombro. — Eu já deveria saber há um tempo.

Brenner envolve seus braços em volta de mim. — Eu te amo. — Ele


murmura, seus lábios no canto da minha boca. — Tanto que dói.

— E eu te amo. — Eu o beijo.

Amor. Algo que eu achava que não existia. Mas estou aqui para dizer
que é real.

Ele me agarra pela parte de trás das minhas coxas e me


levanta. Minhas pernas envolvem sua cintura.

— Hora de celebrar.

Eu rio e o beijo. — Qualquer desculpa para marcar uma ocasião.

— Eu vou marcar você. — Ele sibila.

Não chegamos ao quarto. O tapete da sala foi o mais longe que


conseguimos. Brenner tira minhas roupas. Seus dedos desenham
padrões para cima e para baixo em meu estômago e sobre meus seios.

Ele me vira de joelhos e as pontas dos seus dedos sussurram na


minha espinha, e depois abaixam, até que ele desliza um longo dedo
dentro de mim.
— Oh merda! — ele rosna. — Você está tão molhada quanto o oceano
a poucos metros da nossa porta. Porra, aposto que você tem gosto disso
também.

— Por que você não deixa sua boca descobrir? — Eu provoco, por
cima do ombro.

Ele dá outro grunhido e desliza outro dedo dentro de mim. — Baby,


vou adorar sua boceta de maneiras que você nunca imaginou.

— Você pode colocar sua boca onde estão suas promessas a


qualquer momento, baby.

— Hmm, talvez outra hora. — Ele brinca, deslizando seu pau pela
minha umidade.

— Provocador.

Seu braço aperta minha cintura enquanto ele coloca seu corpo sobre
o meu. Os primeiros espasmos do meu orgasmo nadam pelas minhas
pernas, dão um salto mortal para trás no meu estômago e acariciam
minhas costelas.

Ele empurra dentro de mim. — Eu vou desfrutar de foder você


espertinha.

— Sem chance! — eu mordo de volta.

Brenner bombeia em mim, seus dedos giram em torno do meu


clitóris enquanto ele beija o seu caminho até meu pescoço.

— Eu te amo pra caralho. — ele rosna.

— Me diga de novo.

— Lark.. — ele geme. — Oh, eu... Porra. Eu amo você.


— Sim você ama. — Eu mal consigo pronunciar as palavras porque
meu orgasmo toma conta, me enviando para cima... para cima e sobre o
penhasco de êxtase.

Um batimento cardíaco depois, ele vem com um rugido baixo


enquanto seus dentes rangem no meu ombro. Nós paramos, abraçados,
tremendo e ofegantes. Eu quero que este momento dure para sempre.

— Eu também te amo, Brenner. — Eu sussurro.


Cinco meses depois

Estou encerrando o fim do dia de trabalho quando ouço Lark


murmurando maldições baixinho pela janela. O beisebol finalmente
voltou, e felizmente aceitei o trabalho com os Stingers.

— Querido, agora que isso ficou para trás.

— O que está atrás de nós? — Eu grito da cozinha enquanto puxo


uma cerveja da geladeira.

— Essa sua pequena ideia de plantar um jardim em casa. Quer


dizer, as coisas voltaram ao normal, então...

Eu saio para o convés e examino a cena. Duas caixas de plantio


estão cheias de tomates e outros vegetais que não consigo identificar. Nós
plantamos manjericão? Salsa? Eu não faço ideia.

— Tipo, o que é isso? — ela ri da exibição patética de ervas daninhas.

O problema não é a ideia. É um esquema. Não há terra suficiente.


Terra zero. Eu preciso de terra.

— Isso é horrível, Brenner. — Ela diz, depois se curva para arrancar


algumas ervas daninhas. — Quer dizer, honestamente, eu só concordei
com o jardim porque era algo para você fazer para passar o tempo.

— Bem, foi uma boa ideia na época.

Ela me encara com um olhar. — Na época, sim. Mas agora...?


— É uma monstruosidade.

— Sim, então faça algo sobre isso, por favor. — Ela inclina a cabeça,
enviando ondas marrons brilhantes caindo sobre seu ombro.

Eu caio de joelhos. — Ok, vamos nos mudar. Você e eu… Malibu.


Conseguiremos um lugar maior com espaço para um enorme
jardim. Teremos flores, ervas e vegetais em canteiros
elevados... construída a partir de andaimes recuperados.

Seus olhos se arregalam. — Você está dizendo o que eu acho que


está dizendo? A casa, nossa casa está no mercado?

— Sim, vamos fazer isso. O que você diz?

— Tem certeza?

— Sim, eu tenho certeza. Passamos quase todas as noites


juntos. Não há razão para ter duas casas. Estou pronto para isso.

Nunca estive mais pronto para algo. Lark vem primeiro.

Ela se abaixa para encontrar meus olhos. — Sim, vamos comprar a


casa dos nossos sonhos. — Suas mãos pressionam minhas bochechas,
então ela esmaga seus lábios nos meus.

— Inferno, sim! — eu grito e levanto meu punho no ar.

Lark ri e se afasta de mim. Eu agarro seu pulso.

— Ainda estou de joelhos.

Seu nariz enruga. — Então, levante-se ou precisa de ajuda, meu


velho?

— No meu joelho, olá... — Meus olhos se arregalam e meu coração


dispara. Tiro o diamante de lapidação de almofada do bolso. De forma
oval. Vintage em design. — Baby, case comigo. Eu amo você. Não há
ninguém com quem eu prefira comer panquecas, fazer jardinagem ou
construir uma vida. Você é a única.

— Tentar fazer jardinagem... — ela chora.

— Eu te amo. — Digo a ela e me levanto.

— Eu também te amo. — Seus lábios pousam nos meus.

Quando ela interrompe o beijo, ficamos ambos sem fôlego. Coloco o


anel de ouro rosa em seu dedo. — Você não tem ideia de como você me
fez feliz. Eu vou te deixar muito feliz, Lark.

— Você já faz.
Pós Olimpíadas...

Tóquio foi incrível. Holly e eu ganhamos aquela medalha de ouro. É


um sonho tornado realidade.

Sou uma campeã olímpica.

Por causa da programação de verão dos Stingers, Brenner não


poderia estar em Tóquio comigo, mas ele assistia a todos os jogos na TV
e conversávamos sempre que podíamos.

Depois do turbilhão em Tóquio, fechei negócios com roupas Rox


Volleyball e Estée Lauder. Havia pouco tempo livre após a turnê de
imprensa pós-olimpíadas. Ser modelo e porta-voz é um trabalho árduo.

Ainda não decidi se quero treinar para outra Olimpíada. Ainda não
decidi se quero defender minha medalha de ouro ou sair por cima. Mas o
que mais eu faria?

Holly quer tentar de novo e não posso culpá-la.

Mas agora estou tendo todos os tipos de déjà vu. Estou tomando
uma tequila com tônica em uma mesa perto da janela enquanto meu
noivo trabalha na sala. É o Grand Slam Weekend anual dos Stingers, um
fim de semana de festas e eventos ininterruptos.

Brenner me convenceu a me envolver no leilão de caridade hoje à


noite. Todos os jogadores elegíveis do Stingers serão leiloados por uma
boa causa. Tudo o que tenho a fazer é apresentar um dos jogadores.
— Bem, se não é Lark Saddler, campeã olímpica.

Eu conheço essa voz.

Olhando por cima do ombro, vejo Alec Norris. — Oi, Alec.

Ele se senta à minha frente e sorri. — Então você está aqui. Deve ser
esse o motivo pelo qual ganhei o concurso Home Run hoje.

Meus olhos querem revirar, mas não permito a ele a satisfação. —


Ainda alimentando suas superstições?

— E eu vejo que você ainda tem seu atrevimento junto com uma
medalha de ouro. Não sabia que você era tão ambiciosa. — Ele me estuda,
com expectativa.

— Bem, assim que parei de dormir com você, encontrei minha


autoconfiança e treinei como uma vencedora.

Alec dá uma risadinha e acena para o garçom pedir uma bebida. —


Que tal você dar um lance em mim esta noite? Pelos bons tempos?

E aqui está o problema... Brenner e eu não contamos a ninguém


nem fizemos um anúncio oficial sobre nosso noivado porque não
queríamos distrações da mídia enquanto eu treinava para as
Olimpíadas. Nem temos sido vistos em público como um
casal. Conseguimos manter as coisas discretas graças à quarentena.

— E se eu dissesse que estou em um relacionamento?

O garçom deixa seu uísque puro. — Isso é impossível. Porque se você


estivesse em um encontro, eu não teria vencido a competição hoje. Você
ainda é meu amuleto da sorte. Venha ao nosso jogo amanhã à noite e
vista minha camisa.

— De jeito nenhum.
— Vamos, Lark. Amanhã temos uma estreia em casa de três jogos
contra o River Bandits, tal como quando nos conhecemos. É o destino
que você está aqui.

— Persistente, não é?

Ele estala os dedos na frente de uma mulher com longos cabelos


escuros. Uma cortina negra protege seu rosto. — Quando você voltar,
traga uma bandeja com aqueles mini bolinhos de salmão com molho de
limão, está bem?

— Eu não trabalho aqui. — Ela joga o cabelo escuro por cima do


ombro. — E nunca estale os dedos para mim.

— Oh meu Deus, Sadie? — Minha voz grita um pouco.

— Lark, puta merda. O que você está fazendo aqui?

Eu pulo da minha cadeira para abraçar Sadie. — Eu uh... eles me


pediram para participar do leilão de caridade. Eu posso sair com um
gostoso do beisebol.

— Eu também. Espero que não seja esse cara.

— Espere um minuto... — interrompe Alec. — Sadie. Você é Sadie


the Slayer, a lutadora de MMA.

Meu olhar se estreita em Alec. — Ela é uma boxeadora, seu idiota.

— Desculpe, — ele falou lentamente. — Eu não esperava que você


fosse tão bonita. Você está sempre tão...

— Sangrenta e machucada, — ela termina por ele. — Sim, eu me


limpo muito bem.

Conheci Sadie enquanto Holly e eu estávamos treinando em Venice


Beach. Nós treinamos na mesma academia. Ela é uma maldita durona.

Sadie manobra ao redor de Alec e toma o assento vazio ao meu lado.


Alec se levanta. — Acho que vou embora. Pense no que eu disse,
Lark.

Eu aceno para ele. — A resposta é não. Sempre será não.

— Veremos sobre isso. — Ele sorri e caminha em direção à estação


de aperitivos.

— Quem é o idiota? — Ela acena com a cabeça em sua direção.

— Acho que você não assiste muito beisebol.

Ela levanta um ombro. — Não se eu puder evitar. Eu prefiro


jogadores de futebol ou lutadores.

— Eu costumava, uh... ele e eu já fomos...

Ela levanta as mãos em sinal de rendição simulada. — Não precisa


explicar. Todos nós já passamos por um ou dois idiotas. No meu caso, —
ela solta uma respiração áspera — eles são todos idiotas.

Meus olhos encontram o olhar derretido de Brenner do outro lado


da sala. — Nem todos eles.

Ele pisca para mim e sinto todo o meu corpo aquecer com o calor.

Sadie pega uma taça de champanhe do garçom que está


passando. — Vou ter que acreditar na sua palavra.

*****

O leilão está indo muito bem. Muito bem, eles passarão de sua meta
em pelo menos 26%.

— A seguir, temos Alec Norris acompanhado pelo lutadora mais feroz


deste lado do Estado.
— A lutadora mais feroz de toda So Cal. E vou defender meu
campeonato no mês que vem. Por que vocês não vêm dar uma olhada, —
Sadie grita no microfone.

Uma grande salva de aplausos se espalha pela multidão.

— O lance começa em quinhentos dólares.

Alec se afasta de Sadie e ela desliza para fora do palco. Já entrei no


palco e meu jogador recebeu um lance de quinze mil dólares. Foi incrível.

O lance pelo encontro com Alec fecha em doze mil dólares. Sinto
pena da mulher que o Dj acabou de chamar de: "a sortuda de vestido
verde".

Eu escondo meu sorriso atrás do meu punho enquanto Brenner


cruza o palco para fazer o discurso de encerramento da
noite. Finalmente, podemos sair daqui e ir para casa.

Ele fica tão gostoso em um terno preto. O colarinho está aberto e ele
está sem gravata. Um punhado de cabelo escuro no peito espia de sua
camisa preta sob as luzes.

Minhas coxas pressionam juntas enquanto pensamentos deliciosos


de um Brenner muito nu rodam em minha cabeça.

— Obrigado, senhoras e senhores, por suas generosas doações para


nossa arrecadação de fundos anual. Esta noite esmagamos nosso
objetivo e estamos ansiosos para fazer o mesmo no evento do próximo
ano.

— Na verdade, Brenner, — uma voz feminina grita da multidão. —


Estamos prestes a levantar um pouco mais de dinheiro.

Puta merda.

A atriz Heather Young desfilou pelo palco em um vestido dourado


sensacional para varrer o chão e enganchar seu braço no de Brenner.
Oh meu Deus. Eles vão leiloar meu noivo.

Merda. O que eu faço?

Meus dentes afundam no meu lábio inferior. Eu fico olhando para


Brenner. Ele pode me ver?

Devo dar um lance nele?

Inferno, sim, eu deveria.

— Senhoras, vocês adorariam ir a um encontro com o gerente geral


do Los Angeles Stingers?

Aplausos e gritos de gato filtram a multidão.

— Oh não, Heather. — Brenner muda e acena para a multidão. —


Acho que fizemos muito bem aqui esta noite. Ninguém precisa dar um
lance para um gerente velho e antiquado.

Eu rio no meu copo. Ele acabou de dizer gerente velho e antiquado?

— Eu lanço três mil dólares. — Uma mulher com um vestido branco


brilhante se levanta.

— Quatro mil dólares. — Isso vem de uma jovem usando um vestido


vermelho de ombros largos.

Brenner parece envergonhado ou apavorado. Eu não sei dizer.

Eu me levanto da minha cadeira. — Quinze mil e quinhentos


dólares.

Todos os olhos estão em mim e um sussurro de um sorriso brinca


nos lábios do meu lindo noivo. Ele pega o microfone. — Vendido para a
senhora no vestido de lantejoulas azul.

Rindo, eu bato palmas e meu queixo cai no meu peito. Puta


merda. Acabei de pagar para namorar o homem com quem vou me casar.
Ninguém sabe disso ainda.
O calor de agosto sufoca o ar da manhã enquanto eu me esforço nos
últimos três quilômetros de minha corrida. Eu chego ao final da nossa
garagem, e meu celular toca em meus fones de ouvido.

É Drew Roberts, o presidente de operações de beisebol dos Stingers.

— Ei, Drew, o que houve?

— Você tem um minuto?

Eu respiro fundo e ando pelo pátio. — Sim, acabei de terminar


minha corrida.

— Recebi uma ligação ontem à noite. Albany quer trocar por Norris.

— OK. Uau. — Eu corro a mão pelo meu cabelo encharcado de


suor. — Buckley?

— Sim. Acabei de enviar os detalhes do contrato. Dê uma olhada e


discutiremos os detalhes.

Eu puxo meu e-mail.

Merda, sim. É um ótimo negócio.

— OK. Posso estar em meu escritório em trinta minutos. Isso


funciona?

— Sim. Falo contigo depois.

A ligação termina e eu caminho em direção à porta da frente.


— Oi querido. — Lark está na porta segurando um smoothie de
frutas. Ela adora essas coisas.

— Ei. — Ela me entrega o copo e eu engulo metade do conteúdo.

— Você está bem? — Lark inclina a cabeça para encontrar meus


olhos.

— Sim. Drew ligou. Albany quer fazer uma troca.

— Um pouco tarde na temporada, não é?

Entramos na casa e eu termino o resto do smoothie. — Eu diria que


sim, mas a MLB anulou a regra 9 (a) (4) envolvendo negociações de agosto
no início deste ano.

— Você está chateado com isso? — Ela segue em direção ao fogão e


acende. — Panquecas, ok?

Eu concordo. — Nem um pouco chateado. Albany quer nos dar


Buckley por Norris.

— Alec? — Os olhos de Lark se arregalam.

— Sim. Isso te deixa triste? — Eu provoco.

Seus olhos se estreitam e ela aponta a espátula para mim. — Nem


um pouco. Embora, eu me sinta um pouco mal por Alec. Ele tem um
bangalô na praia nobre do qual terá que desistir.

Sento-me na ilha e Lark me traz uma xícara de café e um pouco de


água com gás. Ela é a melhor. Posso conseguir essas coisas sozinho e
fazer meu próprio café da manhã, mas gostamos de compartilhar as
tarefas domésticas.

— Tenho certeza que ele vai conseguir um bom preço por isso. — eu
asseguro.

Ela se afasta do fogão. — Eu tenho uma ideia. Vem comigo.


Minhas sobrancelhas franzem. — OK. — Eu não posso deixar de
olhar para sua bunda naquela legging de ioga cinza apertada. Meus olhos
rastejam para cima, notando sua parte inferior das costas. Ela está
usando um pequeno pedaço de tecido que gosta de chamar de sutiã
esportivo.

— Vamos comprar a casa dele e reformar.

Não era isso que eu esperava ouvir de Lark, mas não me


surpreende. Fizemos uma reformulação total em meu apartamento de
solteiro durante a quarentena. E graças às habilidades de decoração de
Lark, sua casa foi vendida dois dias depois de chegar ao mercado.

— Podemos definitivamente tentar. Embora, uma vez que eu diga a


Alec que ele foi negociado, ele pode não me colocar em primeiro lugar em
sua lista de compradores em potencial.

Ela vira as panquecas e liga o ventilador. — Não importa. Esperamos


pela lista e então entramos e a compramos. Contanto que ele não nos
faça escrever uma carta de amor explicando por que devemos ser os
novos donos ou algo maluco, acho que estamos bem.

Eu ri. — Ok, querida, o que você quiser.

Ela desliza o prato de panquecas na minha frente junto com a


manteiga e a calda. — Sim, acho que descobri uma nova paixão além do
vôlei.

— Eu. Eu sou sua nova paixão.

As palmas das mãos espalmadas contra a ilha. — Você é


definitivamente minha paixão, mas você não é mais tão novo.

— Ai. — Eu estremeço e começo a comer meu café da manhã.


Ela dá a volta na ilha para ficar atrás de mim, envolvendo os braços
em volta dos meus ombros e beijando meu pescoço. — Eu amo você. Você
é vintage. Um clássico. Como um bom vinho ou um carro esporte sexy.

— Boa defesa, baby.

— Por falar em economia, o quão incrível foi que eu salvei você de


ser arrastado para um encontro desconfortável com uma Barbie de
Beverly Hills?

Enquanto Lark passeia atrás de mim e caminha em direção a


cafeteira, eu apunhalo as panquecas e coloco uma framboesa junto com
a bondade fofa. — Bastante incrível. Mas eu pensei que a Barbie fosse de
Malibu?

Minha noiva adoravelmente revira os olhos. — Ha ha. Muito


bem. Você me pegou.

Limpo minha boca com o guardanapo de pano. — Eu tenho você. É


por isso que acho que devemos nos casar. Tornar tudo oficial.

Seus olhos se arregalam. — Você quer se casar?

— Sim. Quanto antes melhor.

— Tem certeza de que isso não será uma distração enquanto você
está prestes a vencer a divisão e possivelmente a maldita coisa toda?

— Não. A vida é muito curta e mal posso esperar até ser seu
marido. Eu amo você. Não vamos esperar.

Ela sorri por cima da caneca de café. — Eu amo você. E mal posso
esperar para ser sua esposa. Então, vamos fazê-lo. Vou planejar tudo.

— Algo pequeno e íntimo?

— É claro. Tenho algumas ideias e acho que você realmente vai


gostar delas. — Ela puxa a alça do sutiã, baixando sobre o ombro.
Meu pau chama atenção. — Eu vou amá-las. — Eu olho para o meu
telefone. — Merda. Tenho que revisar este contrato e ligar para Drew em
breve.

— Faça o que você tem que fazer. Eu vou limpar a cozinha.

— Eu vou compensar você. Eu prometo.

Ela se acomoda entre minhas coxas, pressionando seus lábios nos


meus. — Estou contando com isso.
— Feche o zíper. — Digo por cima do ombro para Rikki.

— Deus, você está linda. Meu irmão vai enlouquecer quando ver
você, Lark. — Depois do terceiro bebê, ela está radiante e linda em um
vestido rosa com um ombro único e uma fenda ousada que termina
abaixo da coxa.

Eu fico olhando para o meu reflexo no espelho, me apaixonando pelo


vestido de novo, o vestido de renda cor champanhe abraça meu corpo nos
lugares certos.

— Obrigada. Não acredito que vou me casar hoje.

Rikki me entrega uma taça de champanhe. — Lark Manning. Tem


uma linda combinação. — Ela levanta seu copo para o meu.

Eu engulo o copo, aliso meus lábios com um tom vibrante de gloss


rosa e afofo as pontas do meu cabelo.

Rikki ajusta meu véu e então seguimos em direção à


porta. Enquanto desço as escadas, sorrio ao ver a linda explosão de flores
que Monika selecionou para a ocasião.

Um calor intenso me atinge com a visão de rosas cor de pêssego,


creme e rosa claro misturadas com tons de verde e cor de ferrugem. É
perfeito.

Eu paro na escada inferior, observando a cena do outro lado da


piscina no jardim. Transformamos todo o nosso quintal em um ambiente
de sonho e romântico com luzes cintilantes penduradas sobre a nossa
área de jantar ao ar livre. O cenário de montanhas e oliveiras faz com que
tudo pareça aconchegante e intimista.

Menos de vinte pessoas estão sentadas esperando que eu inicie este


show. Tenho sorte de ter encontrado tantas pessoas para chamar de
amigos e familiares. A ex-assistente de Brenner, Kandace, está presente.

Quero acreditar que meus avós estão sorrindo para nós hoje. Tenho
certeza de que eles estão felizes por eu ter encontrado a pessoa com quem
eu deveria estar pelo resto da minha vida.

Quando Brenner disse a Rikki que eu estava andando pelo corredor


sozinha, ela disse que não havia como me deixar andar pelo corredor
sozinha.

Nos tornamos boas amigas no ano passado. Já que Brenner não


poderia estar comigo em Tóquio, Rikki e Monika voaram. Brenner insistia
em tudo de primeira classe.

Dando o passo final, eu me viro e atravesso nossa sala de jantar para


a cozinha e subo até a soleira das portas francesas que levam aos jardins.

Rikki agarra minha mão quando o quarteto de cordas toca “Crazy


Love” de Michael Bublé. Os convidados se levantam enquanto saímos da
casa.

Minha atenção vai direto para o homem parado em frente ao arco


coberto de grama de pampa e flores que combinam com meu
buquê. Brenner parece incrivelmente bonito, vestido com um terno cinza
claro.

A música termina e Rikki me entrega ao meu noivo sexy.

— Esta é uma cena que você montou em apenas algumas semanas,


querida.
— Obrigada. Esta pronto?

Ele ri enquanto seus olhos escuros vagam pelo meu rosto. — Eu


nasci pronto.

Nossos votos foram curtos e doces declarações de amor e proteção,


juntamente com promessas engraçadas. Brenner prometeu fazer
panquecas para mim sempre que eu quisesse. Prometi continuar fazendo
muffins e tortas todas as quartas-feiras.

Antes que eu perceba, a cerimônia acabou e estou casada com o


amor da minha vida. “Sweet Thing” de Van Morrison toca enquanto
caminhamos pelo corredor.

A luz do dia se transforma em anoitecer quando terminamos de tirar


as fotos.

Nós dançamos.

Nós rimos.

Bebemos e comemos.

Pratos típicos da fazenda à mesa são servidos em uma simples


toalha de algodão que adorna o meio da mesa de jantar. A iluminação
suave de estilo bistrô ilumina o espaço, transformando a festa no jardim
em uma noite perfeita para celebrar o amor.

— Querida, onde você achou esse pão artesanal? É delicioso.

Eu sorrio para ele por cima da minha taça de vinho. — Sua mãe fez
toda essa comida.

Seus olhos se arregalam quando ele se vira para sua mãe. — Mãe,
isso é incrível.

— Estou feliz que você gostou. Vou cobrar mais tarde.

— Vocês dois vão em lua de mel? — pergunta Rikki.


Eu concordo. — Depois que a temporada acabar, iremos para a
Itália, como você sugeriu no casamento de Anson e Claire.

Ela grita de alegria. — Oh, sim. Vocês dois vão adorar!

— Dance comigo. — Sussurra Brenner, beijando logo abaixo da


minha orelha. As bolhas do champanhe fazem cócegas na minha
garganta enquanto ele me leva para o deque da piscina.

O amigo de Brenner, Brant leva sua esposa, Caroline, para o outro


lado do convés, onde eles balançam ao som da música. Anson e Claire
deslizam pelo convés, rindo e se abraçando. Sebastian, que Brenner
conhece desde a faculdade, leva Monika pela pista de dança com uma
rotina de giros impressionante.

Contratamos apenas o quarteto para a cerimônia. Então, estamos


apenas transmitindo nossa lista de reprodução de casamento pelos alto-
falantes externos.

Eu paro para recuperar o fôlego e encher minha taça de vinho. Holly


se aproxima e pega outro coquetel.

— Ei, parabéns, Lark. Tudo é simplesmente lindo.

— Obrigado por estar aqui. — Eu aperto a mão dela.

— Você já pensou em treinar de novo?

— Sim, e espero que você não me odeie muito.

Ela ri. — Tive a sensação de que isso estava chegando. Você está se
aposentando?

Eu concordo. — Sim. Tenho outras coisas que quero realizar antes


do Brenner e eu começarmos uma família.

Ela bate seu copo no meu. — Eu não posso te culpar nem um


pouco. Porém, se você mudar de ideia...
— Eu sei onde encontrar você.

Sinto-me bem com minha decisão e mais leve, de alguma forma,


agora que contei meus planos a Holly. Ela encontrará outra parceira e
ganhará mais torneios. Provavelmente mais medalhas olímpicas.

Agora posso me concentrar em meus projetos de paixão. Além disso,


terei mais tempo para apoiar Brenner e os Stinger.

Meu marido caminha em minha direção com um brilho nos olhos. —


Você está pronta para encerrar a noite?

— Ainda não. Acho que preciso de outro pedaço de bolo.

— Não posso dizer que te culpo. O creme de manteiga e a cobertura


de limão são uma excelente combinação.

— Sabe, você e eu somos uma combinação excelente, meu marido.


— Pego uma fatia de bolo e corto um pequeno pedaço.

Brenner sorri e envolve os dentes do meu garfo com a boca. — Você


sabe disso, esposa.

Eu escovo meus lábios nos dele. — Eu amo você.

— Eu também te amo.

Vou passar o resto dos meus dias provando a Brenner o quanto o


amo. Quanto valorizo o que temos juntos.

Somos uma família agora.

Brenner Manning invadiu minha vida em uma época em que amor


e risos eram as últimas coisas em minha mente. Ele me ensinou muitas
coisas sobre mim. Eu tenho valor. Eu me valorizo.

Sou capaz de muito mais com seu amor.


Chove confete e uma multidão enorme se reúne no monte do
arremessador após o surpreendente strikeout do craque do Stinger,
canhoto, determinar a vitória.

Os Stingers são campeões da World Series.

Minhas bochechas doem de tanto sorrir de orelha a orelha. Eu


manobro pela multidão com Monika, Rikki, seu marido e seus filhos.

Monika aperta minha mão e me puxa para mais perto quando


chegamos ao palco que foi montado imediatamente após o jogo.

— Vamos, por aqui! — Lucas grita.

— Espere aí, vaqueiro... — Anson pega seu sobrinho.

Assim que nos aproximamos, desviando das câmeras e do enxame


de repórteres, encontro Brenner.

— Conseguimos! — Ele me puxa para seus braços e me ergue mais


alto no ar. — Eu não posso acreditar no meu primeiro ano como gerente,
nós conseguimos!

Eu o abraço com força. — Eu posso absolutamente acreditar


nisso. Você é incrível.

— Isso é incrível.

— Estou tão orgulhosa de você.


Eu deixei Brenner ir para que sua mãe, Rikki, e o resto da família
pudessem compartilhar o momento. Rugidos de empolgação e um
estrondo de aplausos filtram a multidão.

— Stingers! Stingers!

Meus olhos percorrem a multidão, revivendo minha própria vitória


em Tóquio. Isto é algo.

Brenner volta para mim e passa o braço em volta da minha cintura


antes de plantar seus lábios nos meus.

Meu marido me pressiona para frente, parando apenas para receber


parabéns e tapinhas nas costas da mídia, jogadores e outros membros
da família.

— Ei, Manning. — Eu ouço uma voz gritar.

Viramos para encontrar Alec Norris caminhando em nossa direção.

— Ei, cara, bom jogo — ele diz e aperta sua mão.

— Obrigado, Norris. Vocês com certeza nos deram uma corrida pelo
nosso dinheiro nesta série.

Ele ri e tira o boné antes de passar a mão pelo cabelo. — Realmente


pensei que tínhamos você lá. Nunca sonhei que chegaria ao último inning
do último jogo.

— Coisas estranhas aconteceram. — Eu aponto.

Alec estreita os olhos para mim. — Bem, você esteve em todos os


jogos. Provavelmente por que ganhamos alguns, e não vamos esquecer
meus três home runs no último jogo.

— Alec, você tem que desistir das superstições.

— É impossível. Vamos ver... ganhamos todos os jogos em casa, você


estava lá... esta noite perdemos o jogo final. Eu rebati duas vezes. Sem
RBI. É uma terça-feira e o tempo está quente o que é incomum. Algo está
errado.

Eu aceno para ele. — Você é ridículo.

— Então vocês dois são casados agora, hein? — Alec acena para
nossa aliança de casamento.

Brenner agarra minha mão e aperta. — Sim, e vamos entrar em


nossa lua de mel em alguns dias.

Rikki salta até nós e coloca uma garrafa de champanhe nas mãos
de Brenner. — Onde você conseguiu uma garrafa de champanhe?

Rikki zomba. — Por favor, eu tenho meus caminhos. Beba.

Brenner ri e me entrega a garrafa. — Eu beberei mais tarde. Vocês


vão em frente.

— Uh, não, obrigado. Estou bem com água por enquanto.

Alec me olha com desconfiança. — Você está recusando uma


bebida?

Rikki dá um tapa no meu quadril. — Você está grávida, Lark?

Meu coração dispara e bate nas costelas.

— Lark? — Isso vem de Monika.

Todos em nosso pequeno círculo param e todos os olhos pousam em


mim. Eu engulo um grande gole de ar e me viro para encarar Brenner. —
Bem, eu ia esperar para te contar, mas sim, vamos ter um bebê.

Uma risada sai de seus lábios e ele me olha com lágrimas nos
olhos. — Você está grávida?

Eu aceno e meu coração bate no meu peito. — Sim. Você vai ser pai.
Sua boca se funde com a minha e minha língua acaricia a dele
enquanto aprofundo nosso beijo. Sua mão pressiona contra meu
estômago. — Nós vamos ter um bebê. — Ele sussurra contra meus lábios.

Agora, lágrimas salgadas caem em cascata pelo meu rosto. —


Sim. Nosso próprio rebatedor ou jogador de vôlei.

Alec solta uma risada. — Eu sabia que algo estava errado com meu
jogo esta noite.

Eu dou um soco de brincadeira no braço de Alec. — Odeio quebrar


isso para você, gênio, estive grávida durante toda a série.

Isso me rendeu muitas risadas, até mesmo de Alec. Eu acho que


algumas coisas nunca mudam. Gritos e aplausos se espalham pelo
estádio. — Agora precisamos trazer o seu gerente Brenner Manning até
aqui... — a voz do locutor ressoa na multidão.

Brenner me puxa com ele e nos aproximamos do pódio. Meu corpo


inteiro treme com a emoção do dia.

Meus pés param quando chegamos às escadas. — Eu vou esperar


por você.

Ele dá um passo à frente e estende a mão. — Venha comigo. — Um


brilho provocante ilumina seus olhos.

Hesitante, deixei Brenner me guiar até o pódio. Lá, sou saudada por
alguns jogadores e suas famílias, que passei a conhecer ainda melhor
desde que Brenner anunciou nosso casamento.

Brenner me puxa para o seu lado enquanto se aproxima do


microfone. Ele faz um discurso empolgante que leva a multidão de
pessoas na frente do palco em uma ovação histérica.
— E agora, gostaria de agradecer à pessoa mais importante da
minha vida, minha esposa, Lark, que coincidentemente tornou esta noite
ainda mais especial.

Puxo sua jaqueta, balanço a cabeça e digo em seu ouvido: — Tem


certeza? Não estou nem fora do primeiro trimestre. Algo pode dar errado.

— Ok, podemos esperar para compartilhar nossas boas notícias. Eu


te amo muito. — Brenner me abraça, envolvendo-me em seus braços, e
me beija enquanto milhares de pessoas aplaudem e desmaiam em
aprovação.

Mais confete chove enquanto Brenner e eu saímos do palco. Ele me


beija novamente e meus joelhos dobram.

— Você está bem? Não é o bebê, é? — Brenner me puxa para mais


perto e eu recupero o equilíbrio.

— Não, acho que estou animada com toda a emoção.

— Contanto que seja só isso. — Ele se inclina para me beijar. — Que


tal comemorarmos esse pouco de empolgação?

Eu ergo uma sobrancelha. — O que você tem em mente?

— Siga-me até meu escritório e descubra.

Eu pressiono meus lábios nos dele, beijando-o com força e de forma


imprudente. — Vamos fazer isso, campeão.

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