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A Depressão Resistente ao Tratamento (DRT) é caracterizada pela permanência

de sintomas após tratamentos farmacológicos e/ou psicoterapêuticos. Pacientes com


DRT experimentam perda significativa na qualidade de vida e possuem 15 vezes mais
chance de tentar suicídio do que a população geral (FILKOWSKI, 2018).
Para este grupo clínico, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) se
destaca como um tratamento não invasivo de modulação da excitabilidade cortical.
Baseada no princípio da indução magnética, a EMT modula os circuitos
neurofisiológicos por meio de campos magnéticos que passam desimpedidos pelo couro
cabeludo e pelo crânio (RISIO et al., 2020). Tais campos são produzidos pela passagem
de correntes elétricas através de uma bobina composta por espirais de cobre. A
frequência (Hz) dos pulsos magnéticos tende a variar entre 1 e 20 Hz, sendo as
frequências mais altas facilitadoras da despolarização neuronal (JANICAK; DOKUCU,
2015).
A fisiopatologia da DRT está associada à desregulação da comunicação entre o
córtex pré-frontal e regiões límbicas como o hipocampo, a amígdala, o giro cingulado
anterior e a ínsula. Especificamente, estudos de neuroimagem demonstram atividade
reduzida no córtex pré-frontal dorsolateral (CPFDL) de pacientes crônicos
(BEGEMANN et al., 2020). Nesse sentido, a EMT envolve o posicionamento da bobina
acima da região frontal do córtex, potencializando a despolarização do CPFDL esquerdo
e promovendo o aumento das operações metabólicas locais (NGUYEN et al., 2020).
Desse modo, ao atingir o CPFDL esquerdo, é possível modular indiretamente a
atividade do circuito límbico do humor, aliviando sintomas depressivos e ansiosos.
HUNG et al. (2019) conduziram uma meta-análise de ensaios clínicos a respeito
do uso da EMT profunda na DRT, concluindo que a intervenção é altamente eficaz e
segura. Seu efeito antidepressivo é particularmente significativo quando o tratamento é
feito em combinação com psicofármacos Inibidores Seletivos de Recaptação da
Serotonina (ISRSs). De acordo com os autores, isso ocorre porque os ISRSs preservam
o volume do CPFDL esquerdo em pacientes deprimidos, intensificando o efeito
terapêutico da EMT.

REFERÊNCIAS

BEGEMANN, M.J. et al. Efficacy of non-invasive brain stimulation on cognitive


functioning in brain disorders: a meta-analysis. Psychological Medicine, v. 50, n. 15, p.
1-22, 2020. DOI 10.1017/S0033291720003670. Disponível em:
https://doi.org/10.1017/S0033291720003670. Acesso em: 18 nov. 2021.

HUNG, Y. Y. et al. Efficacy and tolerability of deep transcranial magnetic stimulation
for treatment-resistant depression: A systematic review and meta-analysis. Progress in
Neuropsychopharmacology & Biological Psychiatry, v. 99, p. 1-30, 2020. DOI
10.1016/j.pnpbp.2019.109850. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0278584619307870?via
%3Dihub. Acesso em: 5 nov. 2021.
NGUYEN, T.D. et al. The efficacy of repetitive transcranial magnetic stimulation
(rTMS) for bipolar depression: A systematic review and meta-analysis. Journal of
Affective Disorders, v. 15, p. 250-255, 2021. DOI 10.1016/j.jad.2020.10.013.
Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0165032720328573?via
%3Dihub. Acesso em: 29 nov. 2021.

RISIO, L.D. et al. Recovering from depression with repetitive transcranial magnetic
stimulation (rTMS): a systematic review and meta-analysis of preclinical
studies. Translational Psychiatry, Londres, v. 10, n. 393, p. 1-19, 2020.

JANICAK, P.G.; DOKUCU, M.E. Transcranial magnetic stimulation for the treatment
of major depression. Neuropsychiatric Disease and Treatment, v. 11, p. 1549–1560,
2015. DOI 10.2147/NDT.S67477. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4492646/. Acesso em: 3 nov. 2021.

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