Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROGRAMAS
SOCIOEDUCACIONAIS
COMO ENFOCAR E
PÔR EM PRÁTICA
Uma alternativa naturalística
ENXERGANDO O ALVO:
COMO QUESTIONAR?
ENXERGANDO O ALVO:
COMO QUESTIONAR?
Obra em 8 v.
ISBN 978-65-86771-06-0
Realização Apoio
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
QUESTÕES
ORIENTADORAS
PARA A LEITURA
'' Qual é o ponto de partida da
responsabilidade da avaliação? Como
se formula uma questão avaliativa?
5
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
AVALIAÇÃO DE
PROGRAMAS
SOCIOEDUCACIONAIS
COMO ENFOCAR E
PÔR EM PRÁTICA
Uma alternativa naturalística
A CONVERSA CONTINUA:
QUE RUMO TOMAR?
NO CADERNO
ANTERIOR…
Paulo e Regina conversam com o coordenador, Ricardo, e falam de seu encontro
com a Avaliação. Entusiasmado com a ideia de avaliar seu programa, Ricardo forma
uma equipe, incluindo Paulo e Regina. Eles se reúnem e, logo, sentem dificuldades
em dar o primeiro passo, pois não conseguem ver o rumo a tomar. Neste impasse,
mais uma vez, a Avaliação aparece e conduz a equipe a uma mesa redonda. Lá vá-
rias "interrogações" estavam sentadas enquanto procuravam respostas no espe-
lho, que era o tampo da mesa. A equipe, com a ajuda da Avaliação, foi identificando
várias pessoas conhecidas naquelas interrogações. Eram os interessados no pro-
grama. A equipe aprende que a Avaliação é a resposta a todos esses interessados
e enxerga o rumo quando ela deixa a seguinte mensagem:
1. A avaliação é resposta. O rumo que ela deve tomar depende das preocupações
que deve responder.
7
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
9
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
10. Nas abordagens "voltadas para os participantes", a avaliação responde aos di-
versos anseios dos próprios integrantes do programa, para servi-los em seu traba-
lho cotidiano. Os interessados são os educadores e as pessoas de apoio constante
ou periódico que se envolvem no projeto (grupo C: no projeto que vive e dinamiza
o cotidiano do programa).
11. Merece destaque uma das abordagens voltadas para os participantes, mais
conhecida como "abordagem responsiva". Ela procura, em função da natureza
múltipla e divergente de seus interessados, um caminho mais flexível que as de-
mais abordagens. Pode ser aliada a métodos naturalísticos que privilegiam uma
abertura a definições ao longo da caminhada, muito diferente das outras abor-
dagens, que trabalham com delineamentos preordenados (isto é, com estruturas
previamente definidas). Por isso, a abordagem responsiva consegue acolher uma
diversidade de interessados, enquanto as outras ficam limitadas nesse sentido.
No caso de programas sociais, em especial, a abordagem responsiva é de inegável
valor e a mais apropriada. Ela tem, sobretudo, a vantagem de possibilitar, por sua
flexibilidade, a integração no seu desenvolvimento da busca de algumas respostas,
de modo preordenado, se for necessário.
11
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
NESTE CADERNO…
Entusiasmada com os ensinamentos da Avaliação, a equipe saiu à procura das pre-
ocupações dos vários interessados. Nisso, levaram duas semanas. Cada um traba-
lhou do seu jeito, e onde se sentia mais à vontade. E foi assim que conseguiram
abordar todos os tipos de interesses.
Claudina foi direto para a praça, e não perdeu a oportunidade de puxar um papo
sobre o próprio programa e seus destinatários, ora com as meninas e os meninos
da praça, ora com policiais, ora com vendedores que ali estavam, ora com fregue-
ses dos meninos e jovens que trabalhavam. Com novas "pistas" coletadas nessas
conversas, ela foi atrás de outras preocupações, visitando outros lugares e entre-
vistando pessoas: familiares em suas casas, professores na escola, trabalhadores
de outros programas alternativos, centro de saúde, associações de bairro, a igreja,
estabelecimentos comerciais.
Jorge, por seu lado, foi buscar informações necessárias a quem toma decisões acer-
ca do programa. Obviamente, Ricardo era um deles, e por isso se sentiu honrado
em colaborar. Foi com ele que Jorge falou primeiro sobre preocupações e também
sobre seus valores, ou seja, o que para ele era importante em termos de qualidade
do programa. Ricardo pôs à disposição de Jorge o arquivo do programa e outros
documentos de agências e organizações, inclusive as publicações do UNICEF que
eles tinham à mão. Jorge entrevistou também o pessoal do Movimento Nacional
de Meninos e Meninas de Rua e de outros grupos de defesa dos direitos da criança
e do adolescente, dirigentes e profissionais em cargos de decisão e formulação de
políticas, funcionários do Juizado da Infância e da Adolescência, alguns políticos e
profissionais de imprensa.
De repente, Ricardo teve uma ideia da dinâmica de trabalho para garantir que to-
dos iriam tomar conhecimento de tudo:
13
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
Claudina foi então destacando, na sua longa listagem, algumas preocupações que
lhe chamaram a atenção. E a equipe ficou olhando e lendo com seriedade profissional.
Mãe de menino:
5. "Eu tenho fé em Deus que o meu menino um dia volta pra casa; ele
foi arrumar dinheiro na rua e não voltou mais. Quem sabe este
programa de vocês vai trazer ele de volta?".
Gerente de loja:
6. "Trabalho não falta pra esses meninos. Mas eu não posso bo-
tar qualquer um aqui dentro. Se este programa tiver quem
acompanhe…".
Professora da escola:
Policial:
8. "Eu tenho é pena desses meninos. Não quero prendê-los por va-
diagem ou pobreza, sinto que é injusto. Mas seria bom que vocês,
neste programa, conseguissem caminhos para que eles largas-
sem a rua".
9. "É incrível o que eu vejo aqui. São muitos meninos e até meninas
que chegam para a emergência espancados, atropelados, droga-
dos, esfaqueados ou baleados. E nem me fale em doenças, apa-
rece de tudo. São vítimas da violência. Acredito que estes pro-
gramas podem dar a eles segurança e proteção e, quem sabe,
educação para a saúde".
O padre na igreja:
11. "Eu tenho muita pena desses meninos e meninas. São muitos
nesta cidade. Eu queria que vocês conseguissem um casarão
onde eles pudessem brincar, trabalhar, plantar, fazer crochê
e até ter pessoas com quem falar. E se puder estudar, melhor
ainda".
15
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
14. "A questão dos recursos é outra preocupação séria. A verba que
temos mal dá para a metade do que temos para fazer. O pior é
que nem sabemos prever quanto vamos precisar!".
18. "Que Deus me ajude a enxergar para onde estou levando esses
meninos. Parece que eles precisam de tanta coisa ao mesmo
tempo, e eu não sei o que é mais importante!".
17
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
A esta altura, Ricardo já estava em pé, pensativo (como que perplexo) numa encru-
zilhada. Só de pensar em tantas preocupações, por parte de tanta gente, ele ficou
em dúvida. Será que uma avaliação consegue satisfazer toda essa gente? Logo,
ele foi lembrando a última mensagem que a Avaliação tinha deixado. O que vinha
agora era a seleção de preocupações por prioridade. Mas como? Quais critérios
adotar? Urgência? Viabilidade? Gravidade do problema? Olhou para a equipe:
Aqui começou uma importante discussão sobre o que era prioritário. Não foi fácil,
mas foi gratificante. Entenderam que, apesar da importância de todas as preo-
cupações, algumas eram mais urgentes, precisavam de soluções em curto prazo
— como aquelas que se referiam ao processo de atendimento — e não podiam ser
adiadas; outras, embora não tão urgentes, se relacionavam com informações bá-
sicas para guiar o programa, tal como uma análise da situação do menino de rua;
outras, ainda, demandavam atenção por serem preocupações constantes da maio-
ria dos interessados, como as que se referem ao impacto do programa (ou seja:
seus efeitos). Havia também outras, importantes do ponto de vista da captação de
recursos, merecendo especial prioridade.
O próximo passo era a formulação das "questões avaliativas", que nascem das pre-
ocupações. Nisso, eles se atrapalharam. Adiaram a discussão e, na sessão seguinte,
avançaram muito pouco. A equipe sentiu que precisava de ajuda profissional. Era
a hora do espelhinho…
Num instante, chegou a ajuda. Era a Avaliação. Ela foi logo olhando aquela pa-
pelada. Eles haviam formulado questões a partir das preocupações, procurando
respeitar aquelas prioridades de resposta. Ela examinou uma das questões e logo
percebeu o que estava acontecendo. Com um sorriso que tranquilizou a todos,
disse:
E Paulo prossegue:
— A resposta a esta pergunta vai servir para quê? Por que o inte-
ressado faria uma pergunta dessas? Não é a qualidade das ativi-
dades que interessa mais?
E prossegue a Avaliação:
19
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
Jorge tenta:
— Entendi — disse Regina. — Que tal essa nova forma: "As ativi-
dades desenvolvidas no programa são de boa qualidade?".
21
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
Neste ponto culminante, a equipe adquiriu uma certa competência para formular
questões partindo de preocupações. E foi adiante, trabalhando nos outros dois
conjuntos de preocupações e completando os dois anteriores, na presença esti-
mulante da Avaliação.
E aqui está o que produziram. O mais interessante, porém, é que, ao mesmo tempo
em que Regina ia passando as questões para o quadro negro, Paulo ia sublinhando
o foco e Ricardo ia se certificando de que o restante da questão orientava para o
juízo de valor, anotando à parte qual era, em cada questão, o elemento base para
tal juízo. Claudina, entusiasmada, lembrou que só faltava descobrir se se tratava
de mérito ou relevância. E escreveu ao lado de cada questão: M (para mérito) e R
(para relevância).
23
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
Questões avaliativas
1. O
s objetivos estão formulados de maneira suficientemente
clara para orientar o trabalho? (M)
2. A
quantidade de objetivos é adequada do ponto de vista
de sua viabilidade? (M)
5. O
s recursos materiais são de boa qualidade? (M)
7. O
s educadores são adequadamente qualificados? (M)
8. O
s educadores têm um bom desempenho? (M)
25
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
Q1. F
ormulação clara, suficiente para orientar o trabalho.
Q2. A
dequação quantitativa (nem pouco, nem demais),
para ser viável.
Q3. A
tendimento às necessidades do menino.
Q4. S
atisfação das necessidades da comunidade.
Q5. D
e boa qualidade.
Q6. A
lcance de resultados.
Q7. Q
ualificação adequada.
Q8. B
om desempenho.
Q9. M
udanças alcançadas.
Q10. Impacto no menino.
Q11. C ompatibilidade com o discurso.
Q12. B om relacionamento.
Q13. M udanças produzidas.
Q14. Transformações.
Q15. C ompatibilidade de resultados com necessidades.
Q16. C ompatibilidade de resultados com necessidades
do mercado.
Q17. Resultados benéficos.
Q18. Gastos compensados.
A lição tinha sido ótima e agora a lista estava pronta. Ricardo, entretanto, ainda admirado
diante de tudo aquilo, não se conteve:
— Gente, quantas questões prioritárias! Quer dizer que temos que res-
ponder a tudo isso?
— Mas não é viável — disse Ricardo —, nós somos poucos para todo esse
trabalho. Nossa equipe faz muitas outras coisas também!
No final de toda essa importante tarefa, estavam todos cansados, inclusive a Avaliação.
Porém, todos se sentiam realizados com o sucesso.
27
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
EM OUTRAS
PALAVRAS…
1. Avaliação requer responsabilidade de identificar, obter e disseminar as informa-
ções em resposta às preocupações de seus interessados.
7. Como exceção à regra geral, algumas questões procuram apenas uma descri-
ção analítica como resposta, em vez de um julgamento em relação ao mérito
ou relevância do programa (ou de seus aspectos). O caso de levantamentos que
auxiliem no planejamento de novas frentes de trabalho de um programa (aná-
lise situacional e avaliação do contexto/análise de necessidades) é um exemplo.
Avaliação do processo que descreve os detalhes (que facilita ou dificulta o fun-
cionamento) é um outro exemplo.
29
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
EXERCÍCIOS
Para autoavaliação da aprendizagem
Responda os seguintes itens com base no que você estudou neste caderno, mas
também aproveitando sua própria experiência. Se você não entender bem alguns
dos termos aqui utilizados, não se preocupe. Mais adiante, nos próximos cadernos,
eles vão ser discutidos.
Exercício 1
Indique se você concorda (C) ou discorda (D) com as afirmações a seguir, basean-
do-se no conteúdo do texto lido:
(C) (D)
(C) (D)
(C) (D)
(C) (D)
5. O
juízo de valor está relacionado ao mérito ou à relevância da coisa julgada.
(C) (D)
6. A
qualidade intrínseca da coisa julgada representa a sua relevância.
(C) (D)
7. O
s esforços do programa para estimular mudanças nas crianças e na
comunidade são aspectos relacionados com mérito.
(C) (D)
8. N
a questão avaliativa "há um número adequado de objetivos do ponto de vista
de sua viabilidade?", o foco da questão é "ponto de vista".
(C) (D)
9. N
a mesma questão acima, o juízo de valor está representado na expressão
"número adequado".
(C) (D)
(C) (D)
31
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
Exercício 2
Nas seguintes questões avaliativas, identifique o foco e o elemento base para o juízo de valor, e
se este é de mérito ou de relevância.
a) foco:
b) juízo de valor:
c) de mérito ( ); de relevância ( ).
a) foco:
b) juízo de valor:
c) de mérito ( ); de relevância ( ).
a) foco:
b) juízo de valor:
c) de mérito ( ); de relevância ( ).
a) foco:
b) juízo de valor:
c) de mérito ( ); de relevância ( ).
5. As práticas nas oficinas do programa são eficientes para que os jovens se integrem ao
mercado de trabalho local?
a) foco:
b) juízo de valor:
c) de mérito ( ); de relevância ( ).
6. Q
uais necessidades do contexto social o programa deve atender?
a) foco:
b) juízo de valor:
c) de mérito ( ); de relevância ( ).
33
→ Enxergando o alvo: como questionar? ←
Folha de respostas
Exercício 1 Exercício 2
Gabarito
Exercício 1 Exercício 2
1. (C) 1. a) os objetivos
2. (C) b) satisfazem ou não as necessidades
3. (C) c) de relevância
4. (D) 2. a) as estratégias educativas
5. (C) b) são adequados ou não
6. (D) c) de mérito
7. (C) 3. a) pessoal que atende à saúde dos meninos
8. (D) b) competente ou não
9. (C) c) de mérito
10. (D) 4. a) comportamento das crianças
b) mudanças de cuidado pessoal
c) de relevância
5. a) as práticas nas oficinas
b) eficientes ou não para a integração ao mercado de trabalho
c) de relevância
6. a) necessidades do contexto
b) não requer juízo de valor
c) não há juízo de mérito nem relevância
Explicação: esta questão não é avaliativa, por não ter juízo de valor;
ela solicita uma descrição analítica, uma análise de contexto.
35
Realização Apoio