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Produção de Eteno e Propeno

Há três rotas bem conhecidas de produção de olefinas leves (eteno e propeno):


por gás de FCC (craqueamento catalítico fluidizado), por desidratação do etanol
e via steam cracking, sendo este último o mais utilizado.

O steam cracking usa como matérias-primas a nafta ou o etano e propano


oriundos do gás natural. Este processo acontece em fornos de pirólise, nos
quais a nafta ou o gás natural, encontra condições extremas de temperatura ao
fluir por tubos verticais que estão expostos a uma fonte de calor.

A reação que ocorre nesses fornos é a quebra da ligação carbono-carbono, ou


carbono-hidrogênio, dos hidrocarbonetos da corrente de alimentação. Essas
reações de quebra formam as olefinas leves, porém não se limitando a isso.

Para maximizar a produção do eteno e propeno desejados, é necessário


controlar o processo para minimizar a formação de coque e a produção de
hidrocarbonetos de cadeias longas.

Principais variáveis de controle do processo steam cracking: temperatura,


formação de coque, tempo de residência, características da carga e pressão e
razão de diluição com vapor.

a) Temperatura: a temperatura de um forno de pirólise fica em torno de 900°C.


Esta temperatura tão elevada é necessária para que a reação de quebra das
cadeias ocorra (reação endotérmica).

Claro que o range de temperatura varia de acordo com a carga disponível e o


produto desejado. Altas temperaturas favorece a produção de hidrogênio,
metano, eteno e benzeno. Porém, reduz a formação de propeno e gasolina de
pirólise.

Uma característica sobre a carga é a temperatura necessária para a reação:


quando utilizamos a nafta, o craqueamento ocorre em temperaturas menores
em relação ao etano/propano.

b) Coque: o coque se forma durante a reação de craqueamento e se deposita


no interior das serpentinas do forno. O coque nada mais é que um depósito de
carbono de alta densidade. Uma das causas para esse depósito, é a diferença de
velocidade dentro da serpentina. Junto às paredes, essa velocidade é menor do
que no interior da mesma. Essa diferença de aproximadamente 300 m/s, eleva o
tempo de exposição a altas temperaturas, favorecendo a formação de cadeias
mais longas de carbono, de difícil escoamento. Eventualmente esse produto se
deposita na serpentina formando o coque.

Os impactos negativos da formação de coque vão desde a perde de carga


devido a diminuição da área transversal dos tubos, até a perda de eficiência de
troca térmica. Essa última tem dois efeitos negativos: redução da energia
disponível para a carga e formação de pontos quentes nas paredes das
serpentinas.

c) Tempo de residência: as chamadas olefinas leves são formadas no chamado


craqueamento primário. Para assegurar a produção do eteno e propeno, é
necessário controlar o tempo de residência e que a reação pare assim que os
produtos craqueados deixem o forno de pirólise. A reação é interrompida
através de resfriamento em trocadores de calor em linha.

Nos dias de hoje, há fornos de pirólise que operam com tempos de residência de
milissegundos. Isso só foi possível devido aos avanços tecnológicos na área de
metalurgia, que possibilitou a operação dos fornos com temperaturas mais elevadas.

Na década de 60 os fornos operavam com um TR (tempo de residência) entre 0,2 e


0,5 segundos, proporcionando uma conversão de eteno em torno de 30%.

Com o advento dos fornos de milissegundos, pode-se operar com temperaturas mais
elevadas e TR menores (0,05 a 0,1 segundos), aumentando o rendimento da
conversão de 30 para 33%.

d) Carga: Diferentes cargas podem ser usadas como matéria-prima na produção de


eteno e propeno, variando de hidrocarbonetos gasosos leves a frações mais pesadas
de petróleo. A qualidade da carga é avaliada pelo potencial de formação dos produtos
desejados, levando em consideração não apenas o tamanho das moléculas, mas
também sua estrutura, como os teores de parafinas, isoparafinas, olefinas, naftênicos
e aromáticos. Cada componente tem um impacto diferente na formação dos produtos,
por exemplo, parafinas são ideais para produzir olefinas leves, enquanto isoparafinas
têm uma tendência maior para produzir propeno e metano em vez de eteno.

e) Operar os fornos de pirólise em pressões mais baixas favorece a formação de


olefinas leves e reduz a formação de coque. A pressão é controlada reduzindo a
pressão parcial dos hidrocarbonetos pela injeção de vapor de diluição na carga,
controlada pela razão vapor/hidrocarbonetos e mantendo-se a pressão de sucção do
compressor à jusante dos fornos o mais próximo possível da pressão atmosférica. O
vapor de diluição ajuda a reduzir a formação de compostos indesejados e reduz a
formação de coque nas serpentinas, através da redução da atividade catalítica do
metal da serpentina e da reação com o carbono sedimentado.
Após a pirólise, os subprodutos precisam ser separados para obter eteno e propeno
puros. Isso é alcançado através de uma série de equipamentos na Área Quente e na
Área Fria de uma planta de produção de olefinas leves.

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