O documento discute a importância da abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e CTSA (com a adição de Ambiente) no Ensino Médio. Aponta problemas ambientais urgentes e como conceitos como desenvolvimento sustentável são distorcidos. Defende que CTS(A) permite aos estudantes discutir ciência de forma crítica e participativa, ligada a questões sociais e ambientais.
O documento discute a importância da abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e CTSA (com a adição de Ambiente) no Ensino Médio. Aponta problemas ambientais urgentes e como conceitos como desenvolvimento sustentável são distorcidos. Defende que CTS(A) permite aos estudantes discutir ciência de forma crítica e participativa, ligada a questões sociais e ambientais.
O documento discute a importância da abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e CTSA (com a adição de Ambiente) no Ensino Médio. Aponta problemas ambientais urgentes e como conceitos como desenvolvimento sustentável são distorcidos. Defende que CTS(A) permite aos estudantes discutir ciência de forma crítica e participativa, ligada a questões sociais e ambientais.
Resenha: “Ciência, Tecnologia e Sociedade: A relevância do enfoque CTS
para o contexto do Ensino Médio/ De CTS a CTSA: Educação por um
futuro sustentável” Fernando Henrique Marques Costa
O texto, antes de abordar o CTSA, vem nos alertar sobre os problemas
que ameaçam o futuro da humanidade. Um ponto interessante desse início é a criação da Década da Educação para um futuro sustentável, que abrange o período de 2005 a 2014. Não haveria época melhor para a leitura deste texto. Inicialmente, percebo que o texto não faz uma relação direta entre o CTSA e o conteúdo abordado. Apenas informa que o A adicionado à sigla é de Ambiente. Voltando à questão dos problemas, encontra-se: “inúmeras investigações científicas permitem falar de um total consenso científico sobre a existência de uma grave situação de emergência planetária”. A partir daí, o texto lista todos os principais problemas do nosso planeta: contaminação e poluição do ar, o crescimento desordenado e cancerígeno do mundo urbano, as “limpezas étnicas”, entre outros. É ressaltado, logo após, que, apesar da mídia trata-los como isolados, eles devem ser reconhecidos como relacionados, e é assim que devem ser tratados no âmbito da sua resolução. Mais que citar estes problemas, também fala sobre a abordagem do homem em relação ao desenvolvimento, que é sempre impulsionado por interesses de curto prazo. Além dos problemas, cita os maiores erros que impedem ou atrapalham a criação de uma consciência global a respeito da real situação do planeta, como a consideração de que os processos atuais (como efeito estufa, poluição atmosférica, etc) seriam processos naturais, nem um pouco influenciados pela ação humana. Essas opiniões, chamadas “negacionistas”, como o texto diz “frequentemente são apresentadas pelos meios de comunicação em pé de igualdade com as conclusões convergentes de milhares de artigos científicos” (BOYKOFF, BOYKOFF, 2004). Outro erro é o de acreditar que a tecnociência pode resolver tudo. Não se pode delegar totalmente aos especialistas a responsabilidade das soluções. Nesta parte, o texto cita a proibição do DDT e a substituição do CFC como ações que só aconteceram porque a comunidade científica se uniu aos cidadãos. A participação dos cidadãos na resolução dos problemas, nesse contexto, cumpriu o que o artigo de (PINHEIRO) cita: “As pessoas precisam ter acesso à ciência e à tecnologia, não somente no sentido de entender e utilizar os artefatos e mentefatos como produtos ou conhecimentos, mas, também, opinar sobre o uso desses produtos, percebendo que não são neutros, nem definitivos, quem dirá absolutos”. A partir deste momento, o texto começa a falar sobre Educação Ambiental e Educação para o Desenvolvimento Sustentável, e sobre os demasiados equívocos – ou mal-entendidos – que alguns autores causam ao tratar das duas abordagens: alguns, colocando ambas como contraditórias e, portanto, concorrentes. Deixa claro que os próprios educadores ambientais consideram a proteção do meio ambiente incluindo o meio-ambiente humano, se estendendo a várias outras dimensões. Essa afirmação é para negar a afirmação de que a Educação Ambiental é restrita e desconsidera o fator humano. Trata também do uso superficial do termo “desenvolvimento sustentável” e “sustentabilidade” pelo discurso político e pela mídia. A mesma mídia, a propósito que, segundo o artigo de (PINHEIRO), dissemina os pontos preocupantes do desenvolvimento científico-tecnológico – “como a produção de alimentos transgênicos, as possibilidades de problemas na constrição de usinas nucleares”, entre outros. Apesar de ser uma buzzword, os autores afirmam que há “muita pouca atenção aos problemas da situação mundial e quase nenhuma referência ao conceito de desenvolvimento sustentável”. Em outras palavras, e num contexto maior: muito se fala disso por alguns, mas quase nada disso é feito por todos. Além disso, desmistifica a relação entre o “desenvolvimento sustentável” e a atividade do “Norte” (assim trata, provavelmente, da maior potência mundial – os Estados Unidos). O desenvolvimento sustentável, em sua essência, não é uma estratégia do Norte para “continuar tranquilamente as suas práticas de desenvolvimento”. Trata também das distorções que acontecem com esses conceitos: muitos não conseguem aceitar a ideia de um planeta prestes a entrar em colapso, pois, “em certas partes do mundo os seres humanos têm sentido notáveis melhorias […] no nível de qualidade de vida”. O texto nos mostra a diferença entre crescimento (que não pode acontecer infinitamente) e desenvolvimento sustentável (que deve acontecer constantemente). Quem acredita que o crescimento é sempre bom se assusta, mas o texto aplica que não é possível haver crescimento infinito num mundo finito (de recursos, espaço e, se continuarmos como estamos, tempo). “A preocupação [...] sobre a preservação do planeta é um indício de uma autêntica revolução de mentalidades”. Muitos procuram justificar ações para proteção do planeta como uma preocupação com as futuras gerações. Porém, é preciso pensar no hoje: nas enormes diferenças, por exemplo, entre ricos e pobres. Após sermos informados da real situação do planeta, dos equívocos que impedem que todos os seres humanos a conheçam, e das tentativas de alguns autores de desfigurar conceitos educacionais que buscam tratar destes problemas, o texto retorna, em suas conclusões e perspectivas, com o debate sobre a incorporação da letra “A” de Ambiente em CTS. Apesar de, para alguns, parecer desnecessária, a abordagem dos autores explica que, por mais que o ambiente esteja inserido nas outras letras, ele merece ênfase na educação científica, “para evitar um tratamento insuficiente das questões ambientais quando se incorporam as relações CTS”. Para concluir, um trecho essencial do artigo de (PINHEIRO), que conecta todas essas questões e define a importância do enfoque CTS(A) no Ensino Médio: “Precisamos ultrapassar a velha ideia de que discutir sobre ciência é tarefa das disciplinas de química, física ou biologia, participamos de um compromisso social comum. Todos os conhecimentos contribuem em igual escala nas tarefas de lutar por um mundo mais justo e mais humano. […] Acreditamos que a introdução do enfoque CTS no Ensino Médio poderá promover um ensino-aprendizagem que propicie ao aluno habilidade de discussão sobre assuntos relacionados com a ciência, a tecnologia e a implicação social das ciências nos aspectos ligados à sua área de atuação que possa levá-lo, enfim, a uma autonomia profissional crítica.