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MICROECONOMIA II

ANO LETIVO 2022/2023

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PROGRAMA

Parte I – Teoria da Produção e Custos


 Capítulo 1. Teoria da Produção
 Capítulo 2. Custos de Produção e Funções Custo

Parte II – Estruturas de Mercados


 Capítulo 3. Mercado de Concorrência Perfeita
 Capítulo 4. Monopólio

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Parte I – Teoria da Produção e Custos
Na unidade curricular de Microeconomia I, analisamos os conceitos
económicos subjacentes à curva da procura de mercado de um bem no
mercado de concorrência perfeita, nomeadamente as preferências dos
consumidores e as decisões individuais de consumo de bens.
Na Parte I desta unidade curricular, vamos analisar os conceitos
económicos subjacentes à curva da oferta de mercado de um bem no
mercado de concorrência perfeita. Em particular, a teoria da produção e
os custos de produção são conceitos fundamentais para explicar as
decisões de oferta das empresas neste modelo de mercado.
Estes conceitos sobre produção e custos são também válidos para uma
empresa que opera em qualquer outro tipo de mercado (e.g.,
monopólio). 3
Parte I – Teoria da Produção e Custos

Capítulo 1. Teoria da Produção

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Capítulo 1. Teoria da Produção
1.1 Conceito de produção
1.2 Função de produção
1.3 Análise da produção no curto prazo
1.3.1 Produto Total e Produtividades média e marginal
1.3.2 Lei dos rendimentos marginais decrescentes
1.4 Análise da produção no longo-prazo
1.4.1 A isoquanta e o mapa de isoquantas
1.4.2 Taxa marginal de substituição técnica
1.5 Casos particulares de funções de produção
1.6 Rendimentos à escala
Bibliografia obrigatória
Besanko e Braeutigam (2015), Cap. 6.
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1.1 Conceito de Produção

• Produção - é a transformação de fatores produtivos e bens intermédios


em bens (produtos ou serviços).

• Os fatores produtivos são, em geral, agrupados nas seguintes


categorias:
 Trabalho
 Capital
 Terra
 Capacidade empresarial (processo de organizar, gerir e assumir a
responsabilidade de um negócio)

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1.1 Conceito de Produção

• Bens intermédios – são bens que são utilizados na produção de


outros bens.
Exemplos:
(i) Energia é um bem intermédio utilizado na produção de qualquer bem;
(ii) aço, vidro e borracha são bens intermédios utilizados na produção de
automóveis;
(iii) o papel é um bem intermédio na produção de livros e material escolar

• A produção inclui as atividades económicas, excepto o consumo


final.
Exemplos: provisão de serviços médicos, ensino, transporte de
mercadorias, transporte de passageiros.

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1.2 Função de produção
• Função de produção - representa a quantidade máxima de um bem
que uma empresa pode produzir, num dado período de tempo, a
partir de várias combinações alternativas de fatores produtivos e
bens intermédios.
q = f(L,K, E, A, M, ...)
q = volume de produção (ou quantidade produzida)/período de tempo;
L = quantidade de trabalho utilizado /período de tempo;
K = quantidade de capital utilizado/período de tempo;
E = energia consumida/período de tempo;
A = quantidade de água consumida/período de tempo,
M = quantidade de outros bens intermédios utilizados/período de tempo.

• Nota: A função de produção é um conceito puramente físico, ou seja é


uma relação técnica entre quantidades físicas de fatores produtivos e
bens intermédios e quantidades físicas do bem produzido.
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1.2 Função de produção
• Neste capítulo e nos seguintes admitimos que a quantidade
produzida de um bem, num dado período de tempo, depende
apenas das quantidades utilizadas de dois fatores produtivos.
Trata-se de um pressuposto que permite simplificar a análise,
nomeadamente na utilização de instrumentos analíticos
(matemáticos e gráficos), e permite uma melhor
compreensão dos conceitos.

• Pressuposto: Assumimos que o volume de produção de um


bem depende apenas da utilização de trabalho e capital:
q = f(L,K).
• A função de produção de um bem representa a quantidade
máxima desse bem, q, que pode ser produzida, num dado
período de tempo, utilizando várias combinações alternativas
de L e K. 9
1.3 Análise da Produção no curto prazo

• Nas decisões de produção, a empresa tem em consideração o horizonte


temporal, que pode ser de período curto ou de período longo.

- Período curto (ou curto prazo) corresponde a um horizonte temporal no


qual a empresa apenas pode alterar alguns fatores de produção –
correspondem aos fatores variáveis – sendo os restantes fatores fixos.

- Período longo (ou longo prazo) corresponde a um período de tempo


suficientemente longo para que todos os fatores sejam ajustáveis, ou
seja, a empresa tem capacidade para alterar a quantidade utilizada de
todos os fatores de produção. Logo, no período longo, todos os fatores
são variáveis.

• Fatores de produção variáveis são aqueles cuja quantidade utilizada varia


com a quantidade produzida.

• Fatores de produção fixos são aqueles cuja quantidade utilizada não varia
com a quantidade produzida.
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1.3 Análise da Produção no curto prazo

• Dada a função de produção q = f(L,K), consideramos L como o


fator variável e K o fator fixo, em período curto.

• Notas: Em determinadas organizações/instituições, não é correto


considerar L (ou parte de L) como um fator produtivo variável no
curto prazo.
• (1) Considere, por exemplo, o caso da Faculdade de Economia do
Porto e adote uma análise de curto prazo. Será correto
considerarmos, neste caso, que todo o corpo docente é um fator
variável em período curto?
(2) Considere o caso do Hospital de S. João. Será correto
considerar todos os médicos como um fator variável em período
curto?
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1.3.1 Produto Total e Produtividades Média e Marginal
• O Produto Total de L é o volume de produção máximo que é possível produzir de um
bem com uma determinada quantidade de L, mantendo-se constante a quantidade
de K.
PTL  f ( L, K )

• Admita a curva do produto total de L representada na figura 1.1.

PTL

PTL

L
Figura 1.1 Curva do produto total de L (PTL)

• Curva do Produto Total de L - representa a quantidade máxima que é possível


produzir de um bem usando quantidades alternativas de L, mantendo-se constante a
quantidade de K. 12
1.3.1 Produto Total e Produtividades Média e Marginal

8
• Note que a curva do produto total desloca-
se para cima quando K aumenta de 4 para
7
9.
6 • Quanto maior a quantidade de K, maior o
nível de produção que se obtem a partir de
5
uma dada quantidade de L.
q

0
0 1 2 3 4 5 6
L

13
1.3.1 Produto Total e Produtividades Média e Marginal

• Produtividade marginal de L (PmgL): é a variação da quantidade


produzida de um bem que resulta da utilização de uma unidade
adicional de L, mantendo-se constante a quantidade utilizada de K.

PmgL = q / L ou PmgL = f(L, ) / L = fL

• Produtividade média de L (PmdL): corresponde ao volume de


produção que, em média, uma unidade de L produz, mantendo-se
constante a quantidade de K.

PmdL = q / L = f(L, ) / L

Nota: Para efeito de tomada da decisão se deve contratar, por exemplo, mais um
trabalhador ou não, o conceito relevante é o da PmgL .
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1.3.1 Produto Total e Produtividades Média e Marginal
PTL

Graficamente, em qualquer
PTL ponto da curva do produto
total de L, a PmgL é igual ao
declive da curva nesse
ponto.
L0 L1 L2 L
Graficamente, em qualquer
ponto da curva do produto
total de L, a PmdL é igual ao
declive da reta que une a
origem a esse ponto.

Figura 1.2 Curvas das Produtividades média e marginal de L 15


1.3.1 Produto Total e Produtividades Média e Marginal

• Relação entre PmgL e PmdL


Considere a figura 1.2. Podemos estabelecer as seguintes
relações:

Se Pmg L  Pmd L , PmdL é crescente em L.

Se Pmg L  Pmd L , PmdL é decrescente em L.

Se Pmg L  Pmd L, PmdL é máxima.

Questão: Porquê?
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1.3.2 Lei dos rendimentos marginais decrescentes

• Lei dos rendimentos marginais decrescentes: acréscimos


sucessivos e iguais da quantidade utilizada do fator produtivo
variável L, mantendo-se constante a quantidade utilizada do
outro fator (K), conduzem, a partir de determinado nível de
utilização desse fator, a acréscimos sucessivamente menores do
produto total de L.

Notas: A lei dos rendimentos marginais decrescentes também é designada de


lei das proporções variáveis.

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1.3.1 Produto Total e Produtividades Média e Marginal

• Tabela 1.1. Relações entre Produto total, Produtividade média e Produtividade


marginal do fator trabalho
L 0 L0 L1 L2
PTL 0 ↑ a taxas Ponto de ↑ a taxas ↑ a taxas Máximo ↓
crescentes inflexão decrescentes decrescentes
PmgL ↑ Máxima ↓ ↓ 0 <0
PmdL ↑ ↑ Máxima ↓ ↓
PmdL < PmgL PmdL < PmgL PmdL = PmgL PmdL > PmgL
Rendimentos Início da lei dos
marginais rendimentos
crescentes marginais
decrescentes

Nota: Da Figura 1.2 e da Tabela 1.1, podemos afirmar que um produtor racional não
produz com um nível de L superior a L2. Porquê?

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Exemplo 2: Considere a função de produção 𝑞 = 𝐿 𝐾 − 𝐿 . Suponha que K=30.

a) Calcule o produto total de L, PmgL e a PmdL .


b) Determine a quantidade de L a partir da qual se verifica a lei dos rendimentos marginais
decrescentes.
c) Determine a quantidade de L para a qual a PmdL é máxima.

Resolução:
a) Dado que K=30, 𝑃𝑇 = 30𝐿 − 𝐿 .
Tendo em conta a definição de PmgL (slide 16), 𝑃𝑚𝑔 = = 60𝐿 − 3𝐿 .
Considerando a definição de PmdL (slide 16), 𝑃𝑚𝑑 = = 30𝐿 − 𝐿 .

b) A PmgL é máxima no ponto de inflexäo da curva do produto total de L; i.e., = 0, o que é


equivalente a = 0.
= 60 − 6𝐿 = 0 ⇔ L=10.
Podemos concluir da expressäo anterior, que a PmgL é crescente para L<10, decrescente para L> 10,
sendo máxima quando L=10. Logo, a lei dos rendimentos marginais decrescentes verifica-se para
L>10.

c) A PmdL é máxima quando PmgL =PmdL . Então, 60𝐿 − 3𝐿 = 30𝐿 − 𝐿 ⇔ L=15

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1.4 Análise da produção em período longo
• Em período longo, ambos os fatores, L e K, são fatores variáveis.
• A figura 1.3 representa uma função de
produção que indica o volume de produção
q
possível q quando ambos os factores K e L são
variáveis. q=f(L,K)

• O conjunto de possibilidades de produção


(área sombreada na figura 1.3) é o conjunto
de todas as combinações (L,K,q) tecnicamente
possíveis.

• A fronteira do conjunto de possibilidades de


produção designa-se por fronteira de
produção, que representa o conjunto das
combinações (L,K,q) que são tecnicamente
eficientes.

• As curvas de nível da função de produção Figura 1.3


designam-se por isoquantas.

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1.4.1 A isoquanta e o mapa de isoquantas
• Isoquanta: lugar geométrico das
combinações de fatores produtivos, (L,K),
que permitem produzir um determinado
K
nível de produção.

• Nota: O conceito de isoquanta mostra que A D


20
há vários métodos para produzir uma
determinada quantidade de um bem. Por q = 30
B
10
exemplo, cada ponto na isoquanta C q = 20
associada a q=10 corresponde a um 5
q = 10
método de produção. Uma deslocação do
ponto A para o ponto C, corresponde a
uma alteração do método de produção. 10 20 30 L

• Mapa de isoquantas: conjunto de todas Figura 1.4 Mapa de isoquantas


as isoquantas associadas a uma função de
produção. Corresponde à representação
de uma função produção no espaço dos
fatores produtivos.
21
1.4.1 A isoquanta e o mapa de isoquantas
• Exemplo 3: Considere a função de produção
q=2KL.

• A expressão analítica das isoquantas é igual a K


K = , podendo-se gerar o mapa de
isoquantas.
A D
8
• Por exemplo, para q=32, a isoquanta
correspondente a este volume de produção é
igual a K = . B C
4
As combinações A=(2,8) e B=(4,4) pertencem à q = 64
isoquanta q=32.
q = 32

• Para q=64, a isoquanta é igual a K = . 2 4 8 L


As combinações C=(8,4) e D=(4,8) permitem
produzir q=64.

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1.4.1 A isoquanta e o mapa de isoquantas

• Propriedades das isoquantas:


i. Quanto mais afastada da origem, maior o volume de produção
associado à isoquanta
 dada a existência de rendimentos (ou produtividades) marginais
positivos.
ii. Não se intersetam
 uma determinada combinação de fatores produtivos não pode
proporcionar dois níveis de produção máximos distintos.
iii. Declive negativo
 dada a existência de rendimentos (ou produtividades) marginais
positivos.
iv. Convexas em relação à origem (analisamos esta propriedade mais à
frente na secção 1.4.2)

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1.4.2 Taxa marginal de substituição técnica
• A taxa marginal de substituição técnica de capital por trabalho (TMSTKL)
representa a redução (aumento) da quantidade de capital que é
tecnicamente possível quando se aumenta (reduz) em uma unidade a
quantidade de trabalho, mantendo-se o volume de produção constante.

• A taxa marginal de substituição de K por L fornece informação sobre as


possibilidades técnicas de substituição de capital por trabalho.

• Analiticamente:
K
TMSTLK   (caso discreto)
L

dK (caso contínuo)
TMSTLK  
dL

• Geometricamente, a TMSTKL corresponde ao valor absoluto do declive da


isoquanta entre dois pontos (caso discreto) ou num ponto (caso contínuo).

24
1.4.2 Taxa marginal de substituição técnica
K

A D
20
ΔK =10
B
10
ΔL =10 C q = 20
5 q = 10

10 20 30 L
Figura 1.4 Mapa de isoquantas

Exemplo 4: Considere a Figura 1.4. Se a empresa estava a utilizar a combinação de


fatores A e passa a utilizar a combinação B, significa que é tecnicamente possível
substituir 10 unidades de K por 10 unidades de L, mantendo-se constante o volume
de produção (q=10). A taxa marginal de substituição técnica de K por L entre as
combinações A e B é igual 1 unidade de K por uma unidade de L.
A taxa marginal de substituição técnica entre B e C é igual a 0,5 unidades de K por
uma unidade de L.

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1.4.2 Taxa marginal de substituição técnica
• Taxa marginal de substituição técnica e produtividades marginais dos
fatores produtivos
- Função de produção: q = f(L, K)
- Ao longo da isoquanta:
dq = 0  (q/L).dL + (q/K).dK = 0
i.e., a soma algébrica da variação do volume de produção resultante de
uma variação da quantidade utilizada de trabalho (PmgL.dL) e de uma
variação do volume de produção resultante da variação da quantidade
utilizada de capital (PmgK.dK) é igual a zero (dq=0).

>0
sendo PmgK a variação da quantidade produzida resultante da utilização de
uma unidade adicional de K, mantendo-se constante a quantidade de L.
Analiticamente, PmgK= q / K ou PmgK = f(L,K)/ K = fK .

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1.4.2 Taxa marginal de substituição técnica
Por que razão as isoquantas têm declive negativo?

q1
G
D q0
F
A H

B
C

Figura 1.5 Região económica e região não económica L


27
1.4.2 Taxa marginal de substituição técnica

28
1.4.2 Taxa marginal de substituição técnica
• Taxa marginal de substituição técnica e a convexidade das isoquantas
- Ao longo da isoquanta, a TMSTKL diminui à medida que L aumenta e K diminui.
Esta propriedade da TMSTKL resulta da convexidade das isoquantas.
- A convexidade das isoquantas significa que, à medida que se substitui o fator K
pelo fator L, a redução da quantidade de K que é tecnicamente possível é cada
vez menor, mantendo-se constante o volume de produção. Dito de outro modo,
à medida que L aumenta e K diminui torna-se cada vez mais difícil substituir
capital por trabalho, mantendo-se constante o volume de produção.

• A TMSTKL entre as
K combinações A e B é
igual a 1 unidade de
K por uma unidade
A D de L.
20
q = 30 • A TMSTKL entre as
B combinações B e C é
10
C q = 20 igual a 0,5 unidades
5
q = 10 de K por uma
unidade de L

10 20 30 L
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1.5 Casos particulares de funções de produção
• Caso 1: Função de produção linear (os fatores produtivos são substitutos
perfeitos)
No caso de uma função de produção linear, a substituibilidade entre os
fatores de produção é perfeita, o que significa que uma determinada
quantidade de um dos fatores produtivos pode ser substituída por uma
quantidade fixa do outro fator produtivo, mantendo-se constante a
quantidade produzida.

q = aL + bK  TMSTKL = a/b
(constante ao longo da isoquanta)

30
1.5 Casos particulares de funções de produção

• Caso 1: Função de produção linear


• Exemplo: q = 500H + 100L

Quantidade de
computadores de
elevada capacidade (H )
4 q : Capacidade de
armazenamento (em gigabytes)

q = 2000
q = 1000
10 20 Quantidade de computadoresde
baixa capacidade (L)

31
1.5 Casos particulares de funções de produção
• Caso 2: Função de produção de Leontief (os fatores produtivos são
complementares perfeitos)

No caso de uma função de produção de Leontief, os fatores produtivos são


complementares perfeitos; i.e., os fatores produtivos são utilizados numa
proporção fixa, qualquer que seja o volume de produção. Logo, aumentos
na quantidade utilizada de um dos fatores não acompanhados do aumento
da quantidade utilizada do outro fator, não provocam acréscimos na
quantidade produzida.
q = min {aL, bK}
o A TMSTKL é infinita no ramo vertical da isoquanta, nula no ramo
horizontal, sendo indeterminada no vértice.

32
1.5 Casos particulares de funções de produção
• Caso 2: função de produção Leontief
• Exemplo: q=min{
Átomos de
q : Moléculas de água
oxigénio (O)

2 q=2

1 q=1

2 4
Átomos de hidrogénio (H)

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1.5 Casos particulares de funções de produção

• Caso 3: Função de produção Cobb-Douglas


q= f(L,K) = ALK
em que A,  e  são parâmetros positivos.

• Propriedades:
o PmgL = PmdL e PmgK = PmdK
o PmgL é uma função decrescente de L se <1 ; PmgK é uma função
decrescente de K se <1.
o A TMSTKL = (/)K/L é decrescente à medida que L aumenta e K
diminui.

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1.6 Rendimentos à escala
• Os rendimentos à escala referem-se à variação no volume de produção
resultante da variação simultânea e na mesma proporção de todos os
fatores de produção.
q = f(L, K)
Alterando a quantidade utilizada de ambos os fatores produtivos (a escala
de produção) em  ( >1), vem:
f(K,L) = q.

Uma função produção apresenta:


• Rendimentos constantes à escala quando a quantidade produzida aumenta na
mesma proporção que as quantidades de todos os factores produtivos: =.
• Rendimentos crescentes à escala quando o aumento proporcional da quantidade
de todos os fatores produtivos resulta num aumento mais que proporcional da
quantidade produzida: >.
• Rendimentos decrescentes à escala quando o aumento proporcional da
quantidade de todos os fatores produtivos resulta num aumento menos que
proporcional da quantidade produzida: <.

35
1.6 Rendimentos à escala
• Funções de produção homogéneas

- Por definição, uma função f(x,y) diz-se homogénea de grau n se


f (x, y) = n f(x,y) para todo o  (>0).

- No caso de funções de produção homogéneas, o grau de


homogeneidade é um indicador do tipo de rendimentos à escala.

o Por exemplo, as funções Cobb-Douglas q = ALK são funções


homogéneas de grau (+), donde:
 + >1  Rendimentos crescentes à escala
 + =1  Rendimentos constantes à escala
 + <1  Rendimentos decrescentes à escala

36
1.6 Rendimentos à escala
Capital Capital Capital
6
C
3 C 30
1,8 C
2 30 3 B
1,5 B
B 1 30 A
1 20 20 1 20
A A A
10 10 10
O 1 2 3 Trabalho O 1 1,5 1,8 Trabalho O 1 3 6 Trabalho

Rendimentos constantes Rendimentos Crescentes Rendimentos decrescentes à


à escala à escala escala

Figura 1.6 Rendimentos à escala

- Os rendimentos à escala podem também ser analisados através do mapa de


isoquantas.
- Note que uma variação na mesma proporção de ambos os factores, K e L,
pode ser representada, no espaço (L,K), por um movimento ao longo de um
raio que parte da origem. Por exemplo, o movimento de A para B e de B para
C no raio que parte da origem, na figura 1.6, não altera a proporção em que
os fatores são utilizados.
37
1.6 Rendimentos à escala

• Razões para a existência de rendimentos crescentes à escala:


o indivisibilidades técnicas;
o divisão do trabalho/especialização;
o relações geométricas.

• Razões para a existência de rendimentos decrescentes à escala:


o limitação de recursos ou do output;
o excesso de divisão do trabalho;
o dificuldades de supervisão/gestão.

38
Nota 1: Diferença entre rendimentos à escala e rendimentos marginais

• Rendimentos à escala indicam como o volume de produção varia quando todos os


fatores de produção variam na mesma proporção.

• Rendimentos marginais indicam como o volume de produção varia quando um


fator produtivo varia, mantendo-se constante a quantidade do(s) outros(s)
fator(es).

• Exemplo 5. O número de árvores plantadas por hora com a utilização de dois fatores
produtivos, L (número de trabalhadores) e K (número de pás), está representado na seguinte
tabela:
Número de árvores plantadas
Trabalhadores
2 4 6
1 3 4 5
Pás 2 5 6 7
3 6 8 9

a) Indique o tipo de rendimentos à escala desta atividade.


b) Calcule a produtividade marginal do trabalho quando o número de pás é igual a 2.

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Nota 2: Diferença entre rendimentos decrescentes à escala e rendimentos
marginais decrescentes
• Rendimentos decrescentes à escala indicam que um aumento proporcional em
todos os fatores de produção gera um aumento menos que proporcional no
volume de produção.

• Rendimentos marginais decrescentes indicam que adicionando montante iguais


de um fator produtivo, mantendo-se constante a quantidade do(s) outros(s)
fator(es), os aumentos no volume de produção são cada vez menores.

• A lei dos rendimentos marginais decrescentes pode verificar-se em funções de


produção com rendimentos crescentes, constantes e decrescentes à escala.

• Exemplo: Considere a seguinte função de produção ,


. Esta função de
produção caracteriza-se por rendimentos crescentes à escala e a lei dos
rendimentos marginais decrescentes verifica-se neste caso para o fator L.

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