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PÓS GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA INTENSIVA

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO CURRICULAR


Prática - HOSPITALAR
Fortaleza/ Ce
2023

Aluno (a): Rachel Patricio da Rocha Feitoza


Matrícula: P21100815
Tel: (85) 98569-5536
E-mail: rachel.patricio.rocha@gmail.com
1. INTRODUÇÃO 3
2. DESENVOLVIMENTO 5
2.1 CASO CLÍNICO 5
2.1.1 Apresentação do Paciente 5
2.1.4 Papel da Fisioterapia no Paciente Crítico 10
2.1.6 Desfecho 12
3. EXAMES COMPLEMENTARES 13
REFERÊNCIAS 19
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1. INTRODUÇÃO

A concepção de sepse compreende as situações nas quais se estabelece síndrome de


resposta inflamatória sistêmica (SIRS, do inglês systemic inflammatory response syndrome)
desencadeada por infecção suspeita ou confirmada. Tendo em vista a condição clínica, a
apresentação da sepse se relaciona às múltiplas possibilidades de interação entre homem e os
mais diversos tipos e formas de microrganismos, distinguindo-se, desta feita, situações como
infecção, SIRS, sepse, sepse grave, choque séptico e disfunção de múltiplos órgãos e sistemas
(CARVALHO et al ., 2010).
Tendo em vistas as caracterizações de sepse supracitadas, devemos ter atenção
especial para condições que evoluem para choque séptico. O mesmo é uma emergência
médica caracterizada por falência circulatória generalizada que ocasiona hipóxia, lesão e
disfunções celulares, em decorrência do desequilíbrio entre oferta e demanda tissular por
oxigênio (BATISTA et al ., 2011).
Sua exacerbação clínica associa-se com a liberação de mediadores inflamatórios e
substâncias tóxicas, onde pode ser subdividido com base em sua etiopatogenia, sendo esses:
cardiogênico, hipovolêmico, vasogênico e obstrutivo , anafilático, e restritivo; ou, em
hipovolêmico, cardiogênico, distributivo, combinado e indeterminado. O choque séptico é do
grupo distributivo, definido como estado de falência circulatória aguda associada a foco
infeccioso ou com predomínio de componente endotóxico (JORGE, et al ., 2016).
Segundo o Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse (2015) sua prevalência
nos Estados Unidos da América (EUA) atinge mais de 230.000 pacientes e 40.000 mortes por
ano, respectivamente. No Brasil, o gasto hospitalar de pacientes com sepse grave ou choque
séptico foi estimado em U$10.595,3, constituindo-se entre 20 a 40% do custo total das
Unidades de Terapia Intensiva.
O Ministério da Saúde (2010), diz que a mortalidade proporcional por Doenças
Infecciosas e Parasitárias (DIP) no Brasil correspondeu, em 1979, a 10,3% do total de óbitos.
Porém ao decorrer dos anos vem apresentando redução. Em 30 anos, apresentou significativa
redução, passando a 4,3% dos óbitos em 2010. A sepse, no entanto, aponta comportamento
diverso. No período entre 1996 e 2010 houve um aumento de 19,1% no número absoluto de
óbitos com sepse declarada como CB. N Em 2010, a sepse correspondeu, na AP 2.1, a 58,7%
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das causas dos óbitos por DIP. Se considerarmos a faixa de 80 anos ou mais, a sepse foi a
responsável por 86,0% dos óbitos por DIP e 4,2 % de todos os óbitos.
Neste contexto, a abordagem precoce do agente infeccioso, tanto no sentido do
diagnóstico como no controle do foco infeccioso pode ser um grande aliada para que seja
dada a assistência necessária ao paciente e garantindo melhor prognóstico. Embora nem
sempre seja fácil detectar o foco primário da infecção, esta deve ser uma preocupação
recorrente na equipe de saúde visando melhor assistência quanto à sepse e do choque
séptico, pois o correto reconhecimento do foco primário do processo infeccioso possibilita
a realização de exames específicos, que podem conduzir à identificação dos microrganismos
responsáveis e a terapia medicamentosa correta (CARDOSO e KALE, 2016).
Outro fator para prevenção da sepse é o conhecimento dos focos de
contaminação, em especial, entre os pacientes em uso de ventilação mecânica, cerca de
24,1% apresentaram casos de sepse e choque séptico nos hospitais brasileiros, sendo a
taxa de incidência nos hospitais públicos, o dobro da taxa das instituições privadas
(16,1%) (BATISTA et al ., 2011).
Deve-se ressaltar que as comorbidades , em especial: Diabetes Mellitus, Neoplasias e
Hipertensão Arterial Sistêmica, o agente infeccioso , tipos de procedimentos e o tempo de
internação influenciam diretamente no desenvolvimento de sepse e choque séptico, contudo
esses dados não foram apresentados pelo ILAS e não foram discutidos nesse estudo.
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2. DESENVOLVIMENTO

​2.1 CASO CLÍNICO

​2.1.1 Apresentação do Paciente

Paciente M.S.S.A do sexo feminino, 55 anos, aposentada, natural de fortaleza.


Comorbilidades: DRC dialítica, HAS,DM2,DLP, Amaurose Bilateral (retinopatia diabética?).
Nega alergias e relata uso domiciliar de depakene, fenobarbital e fenitoína.
Apresentou história de dispneia ao repouso iniciada em 23/02, associada à tosse seca
e desorientação. Alegava diarréia autolimitada de 1 semana antes de admissão. Negou
presença de febre no período. Foi internada em UPA para investigação, onde apresentou piora
do quadro clínico, sendo encaminhada para a unidade hospitalar com vaga de UTI. Foi
admitida com taquidispnéia com melhora após as primeiras medidas para sepse (iniciado
cefepime e oxacilina - focos possíveis - urina ou corrente sanguínea).
Apresentou crises convulsivas tônico-clônicas no dia 27/02, sendo hidantalização e
realizado diazepam - cursou com sonolência pós-ictal. Novas crises convulsivas durante HD
no dia 28/02. Seguiu alternando períodos de agitação e sonolência com flutuação de sensório,
apresentando então no dia 04/03 rebaixamento do sensório, evoluindo com PCR em AESP
(Atividade Elétrica sem Pulso) com retorno em 4 ciclos antes de HD, sendo entubada na
ocasião, submetida a VM por TOT, com sedoanalgesia com dormonid e fentanil e em uso de
DVA (noradrenalina dobrada 15ml/h, dobutamina 10ml/h). Com quadro de hipoglicemia em
ocasião com realização de glicose.
Relato de bradicardia associada a fentanil. Vários momentos de disglicemia na
internação, com tendência a hipoglicemia nos últimos dias. Paciente com protocolo de sepse
com evolução de choque séptico. Devido a quadro clínico e choque refratário sem melhora
ao aumento de nora dobrada e dobuta, foi dado início a vasopressina 3ml/h e associado
vancomicina dose de ataque + manutenção. Após período de internação foi detectado a
necessidade de isolamento de burkholderia PAN-R por isolado no aspirado traqueal e lavado
broncoalveolar. Além do mais, por período de internação foi necessária realização de troca de
IOT para TQT.
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Teve-se início da desconexão da vm: 19/03/23 com 17 dias de VM. Com início do
desmame simples da vm: 20/03/23 às 9:00 onde apresentou sucesso do desmame da VM: No
dia 24/03/23 foi realizado troca de traqueóstomo por presença de secreção com episódio de
broncoaspiração durante procedimento de troca. Seguiu em processo de desconexão e
desmame em dias consecutivos, retornando à em 29/03 apenas durante à tarde após
broncoscopia (efeito anestésico) sendo desconectada ainda no turno. No dia 04/04 apresentou
queda de hipotensão importante com a necessidade de DVA, sendo reconectada novamente
a vm. No dia 07/04 teve novo episódio de PCR com volta em 3 ciclos e com nova troca de
TQT n 7,0.

Evolução por órgãos e sistemas:

Peso Estimado 80 kg

Devices: TOT (04/03) SNE (D1) Permcath SCD (?); CVC VFE (DI entre 05 e 07 de
março);
SCV: Noradrenalina dobrada 20ml (0.5 mcg/kg/min), Dobutamina 12ml/h (5mcg/kg/min).

Ausculta; RCR em 2T, s/s. Variações: PAM 57-62 mmhg. FC: 100-110 bpm.
TGI: Dieta por SNE- zero no momento. Em uso de omeprazol 40mg/dia. Sem evacuar
desde a internação.

Abdome: Globoso por adiposidade, hipertimpânico, algo distendido sem massas ou VMG
palpáveis.

R/M: Anúrica; presença de urina residual purulenta em SVA realizada no período diurno |
BH: +761ml/12h. Última HDL em 08/03 (?). Dx: 97 - 146/ Cr: 3.8, Na: 141, K: 3,4*, Mg:
2,4, Ca ion: 1,15, Alb: 2.7, PT: 5.2/ H/I: T: 34-37,3 graus (ÀS 20HS). Uso de Meropenem
(DI: 08/03).

Fez uso de Cefepime + oxacilina (26/02-08/03).


INR: 1.84, TTPA: 1.97 -> sem profilaxia TEV. Hb: 11.13, Ht: 32.47%, leuc: 8630, Plaqu:
167100, PCR: 30,2
Ext: Edema 1+/4+,pulsos periféricos parvos, TEC > 3 seg.

Cuidados Farmacêuticos :
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Descrição clínica: Paciente em RASS-4. Em uso de DVA (nora dobrada 15 mL/h,


dobutamina 10 mL/h). Em dieta zero a partir de hoje (09/03), prescrito bisacodil 5 mg de
12/12h. Inicia escalonamento para meropenem (D0) 2 g de 8/8h com 30 minutos de
infusão (em UPA utilizou Cefepime + oxacilina (26/02-08/03).

Conduta: Realizada análise técnica da prescrição.

Recomendações: Infusão estendida de meropeném em 3h visando melhor efetividade;


Substituição de bisacodil por lactulona via SNE (não aceito devido possível contexto de
distensão após uso de lactulona).

Cuidados Nutricionais:

Avaliação Antropométrica: Peso estimado: 65,6kg / Altura estimada: 1,57m;


IMC: 26,61Kg/m² Sobrepeso/ Peso Ideal: 53kg/ AJ: 49,7cm / CP: 31,5cm/ CB: 29cm;
% de adequação de CB: 93,85% (Eutrofia)/ Diagnostico nutricional: Sobrepeso.
Triagem Nutricional NRS 2002 = escore 3 com risco nutricional

Paciente evolui com boa tolerância a TNE com fórmula polimérica normocalórica e
normoproteica, em administração intermitente no volume de 50ml de 3/3h (8x/d), na vazão
de 20ml/h. Volume infundido: 350ml % de adequação da dieta: 87,5%.

Conduta: Dieta via SNE com fórmula polimérica hipercalórica e hiperproteica, em


administração continua na vazão de 40ml/h/ Volume prescrito:880ml /Kcal prescrita:
1320kcal (20,12kcal/kg)/ PTN prescrita:66g (1,01gPTN/kg).

Necessidades nutricionais atingidas: ( ) SIM ( X ) NÃO

Cuidados Nefrologia:

Paciente grave , em uso de dva: nora 5 ml/h com pam 76. Ventilação por tqt em vm: pcv,
peep 5 fio2 35 sato2 94%. Persiste anúrica, bh 327 ml/24h.

25/03 ur 76 cr 2,9 k 4,4 ph 7,51 bic 28,9


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26/03 ur 112 cr 3,7 na 133 k 4,8 mg 2,9


28/03 ph 7,47 bic 25,3
29/03 ur 59 cr 2,5 bic 26,6
30/03 ur 51 cr 2,1 bic 24
31/03 ur 73 cr 3,4 k 4 ph 7,46 bic 24,3
02/04 ur 76 ccr 3,7 na 137 k 4,0 bic 26,1
03/04 ur 71 cr 2,5 k 4,1 bic 26,7
04/04 ur 102 cr 4,0 k 4,4 bic 24,1
05/04 ur 37 k 3,9 bic 23,5
07/04 ur 28 cr 2,1 na 141 k 3,2 bic 25,4
09/04 ur 40 cr 2,6 na 139 k 3,6 bic 17,6
10/04 ur 62 cr 3,3 k 4,2
11/04 ur 40 cr 2,2 k 4,7 bic 25,4

Conduta:
Manter realização de HD diária. Avaliar CDL (baixo fluxo? recirculação?). Paciente com
baixa efetividade de HD (ureia em ascensão apesar da hd e acidose). Acompanhamento
conjunto.

Cuidados Enfermagem

-R/M: anurica - drc dialítica prévia | última hd 10/04 com 1500ml de uf intercorrendo com
hipotensão, necessitando de otimização de nora | bh: - 935 ml/24h || nas últimas 24h,
apresentou 01 pico hiperglicêmico à noite e 01 vale hipoglicêmico ao meio dia | - ext: ppp,
frias, tec = 4 seg| | úlcera sacral grau 3 + lp tissular profunda em calcâneo direito |
edemaMSD/ +2/+4 ulcerada| edema mmii 1+/4 | sem necrose de lesões de punho e dorso da
mão, mas não avaliado região sacral, realizado curativos com hidrogel.

Condutas: Desmame de dva > deixo em 04ml/h/ Realização de curativos em região sacra
g3, utilizado hidrogel/Curativo em dorso e punho em msd, utilizado hidrogel e age/ feito
curativo em calcâneo direito, retirado tecido necrótico, usado hidrogel. Mudança de
decúbito/ ssvv e glicemia capilar /supervisiono banho no leito e cuidados intensivos,
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Cuidados Fisioterapia:

Pontos importantes da internação da paciente:

1) traqueobronquite purulenta após broncoaspiração em troca de tqt dia 24/03


2) lesões de pele infectadas em msd (úlcera vascular?).
3) diarréia persistente a/e > refratária à metronidazol, fazendo uso de vancomicina SNE
4) pcr em aesp em 07/04 -> rce após 3 ciclos (rolha?) >> trocado tqt

Paciente em isolamento burkholderia pan-r >> isolado no aspirado traqueal | lavado


broncoalveolar

Intercorrências do internamento:
Choque séptico de foco indeterminado (chd? itu?) -> resolvido
Pcr (04/03) em aesp -> iot -> rce após 4 ciclos.
- RNC em 25/03 > encefalopatia séptica (?) | tc de cranio (15/03) sugestiva de insulto
isquêmico crônico.

# Hipóteses diagnósticas do internamento:


- tsh alterado (8,7) + anti-tpo normal -> sd do eutireoideo doente? (repetir tsh 04 sem após
alta).

HDA: paciente com história de dispneia ao repouso iniciada em 23/02, associada à tosse
seca e desorientação. negava febre. internada em upa para investigação. durante internação
evoluiu com rnc após crise convulsiva e PCR em 04/03 durante hemodiálise.

Comorbidades: drc dialítica, has, dm2, dlp, amaurose bilateral (retinopatia diabética?),
epilepsia, nega alergias. - uso domiciliar de depakene 500mg 2x/dia e fenobarbital
100mg/dia, além de sertralina 50mg/dia; filho relata que paciente tem epilepsia desde os 8
anos de idade.

Dados vm:
- altura: 157 | peso predito: 50 i vc-4ml/kg: 196 | 6ml/kg: 298 | 8ml/kg: 397

Datas importantes da internação:


IOT: 04/03/23 (upa) -> rnc durante hd + pcr/rcp com 4 ciclos
Admissão no huwc/uti clínica: 04/03/23 (madrugada)
Traqueostomia: 17/03/23
Início da desconexão da vm: 19/03/23
Dias de vm: 17 dias
Início do desmame simples da vm: 20/03/23 às 9:00 | sucesso do desmame da vm:
22/03/23 (sem intercorrências).
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Troca do traqueóstomo: 24/03/23 (por secreção) + episódio de broncoaspiração durante o


procedimento
Retornou a vm em 29/03 apenas durante à tarde pós broncoscopia (efeito anestésico) sendo
desconectada ainda no turno
Retornou a vm em 04/04 durante a passagem de plantão devido a hipotensão e necessidade
de dva, sendo reconectada ainda no turno da manhã
-PCR com volta em 3 ciclos (07/04-tarde)
-Troca de tqt nº 7,0 (07/04)

Exame físico:
Neuro: sem sedação (desligada à tarde) ---> para avaliação do despertar
Hemodinâmica: em uso de nora 12 ml/h. fc 71 bpm. pa 157/67 (90) mmhg
Respiratório: tqt, sob vm, modo pcv, pc 13, peep 5, ti 0,90, fr 16/16, fio2 35%. spo2 94%
AP: sp +, reduzido em bases, com roncos em ápices
STB : mucosanguinolenta, moderada quantidade

Conduta: Avaliação do despertar em conjunto com equipe. Monitorização ventilatória e


ajustes necessários de parâmetros ventilatório (redução de fio2 e de pressão de controle),
higiene brônquica, mobilização passiva, posicionamento no leito, mantido cabeceira
elevada > 30° e verificação de pressão de cuff.

2.1.4 Papel da Fisioterapia no Paciente Crítico

A criação da Unidade de Terapia Intensiva se deu em resposta à necessidade de prestar


cuidados e monitoramento intensivos a pacientes hospitalizados com doenças mais
complexas, desempenhando um papel crucial na possibilidade de sobrevivência e recuperação
desses indivíduos. A Unidade de Terapia Intensiva é uma área de internação hospitalar com
sistemas de monitoramento altamente avançados e contínuos. Essa unidade recebe pacientes
com condições potencialmente graves, que apresentam falência em um ou mais sistemas
orgânicos e cuja única possibilidade de recuperação é por meio de suporte intensivo. Portanto,
a Unidade de Terapia Intensiva é fundamental no prognóstico de pacientes em estado grave,
independentemente de serem vítimas de trauma por diversos fatores ou de outras ameaças à
vida (FRANÇA et al., 2012).
O papel do fisioterapeuta especializado em cuidados intensivos tem se expandido e se
estabelecido como essencial na recuperação de pacientes críticos. As intervenções do
fisioterapeuta no ambiente de terapia intensiva contribuem para diminuir as chances de
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infecções, estimulam a retirada precoce da ventilação mecânica, reduzem o tempo de


internação e a taxa de mortalidade, preservam a funcionalidade do paciente e evitam a
ocorrência de novos distúrbios cardiopulmonares e neuromusculares (ARAÚJO et al., 2009).
O fisioterapeuta tem à sua disposição uma variedade de métodos, instrumentos e
aparelhos para promover a reabilitação completa de seus pacientes e garantir uma maior
qualidade de vida. Dentre esses recursos, podem ser mencionadas as atividades de
movimentação precoce, as técnicas de expansão e higienização das vias respiratórias, a
ventilação mecânica por meio de procedimentos invasivos e não invasivos, o posicionamento
funcional e o tratamento de reabilitação cardiorrespiratória (RIBEIRO et al., 2021).
No que se refere aos procedimentos de assistência ventilatória, aproximadamente 80%
dos fisioterapeutas são responsáveis pela extubação, regulagem dos parâmetros do ventilador
mecânico e o processo de desmame. Em relação à ventilação não invasiva, 42,5% dos
fisioterapeutas possuem autonomia para realizar o procedimento, enquanto 49% seguem
protocolos discutidos em conjunto com a equipe médica. Apenas em casos raros os
fisioterapeutas não têm autonomia para esses procedimentos. Já em relação à ventilação
mecânica invasiva, somente 22% dos fisioterapeutas têm total autonomia no gerenciamento
do processo ventilatório, enquanto 62% precisam discutir antecipadamente com a equipe
médica para estabelecer o procedimento adequado. Por tanto, o fisioterapeuta tem um papel
fundamental com relação e pacientes sob VM (NOZAWA et al ., 2011).
O fisioterapeuta avalia o impacto da retenção de secreções e do desempenho
pulmonar, bem como a dificuldade de expectoração do paciente, seu nível de cooperação e
desempenho, a fim de diagnosticar funcionalmente a situação. Já a terapia de higiene
brônquica engloba técnicas não invasivas para ajudar na mobilização e purificação de
secreções das vias aéreas. O excesso de produção de muco, tosse ineficaz, crepitações ou
roncos, febre, taquipneia ou insuficiência respiratória podem indicar retenção de secreções
brônquicas, tornando a higiene brônquica imprescindível. Nas afecções pulmonares agudas, a
terapia tem como objetivo reduzir o tempo da doença ou sua repercussão funcional, enquanto
em casos crônicos, o intuito é evitar a progressão da doença (RIBEIRO et al., 2021).
As intervenções de posicionamento e mobilização são técnicas fisioterapêuticas
essenciais e de baixo custo para garantir a segurança do paciente. Essas técnicas têm impacto
significativo na função muscular, remoção das secreções, distribuição do ar, oxigenação e
regionalização da capacidade residual funcional, evitando a hiperdistensão alveolar. Os
recursos que aumentam o volume inspiratório são recomendados quando há dificuldade na
expansão pulmonar adequada para uma tosse eficaz e para melhorar o fluxo expiratório
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relacionado à disfunção dos músculos expiratórios. O objetivo principal da higiene brônquica


é remover as secreções retidas, melhorar a troca gasosa nos alvéolos e reduzir o esforço
respiratório(RIBEIRO et al., 2021).
Portanto, observa-se que o fisioterapeuta desempenha uma função de grande
relevância no ambiente de Terapia Intensiva.

​2.1.6 Desfecho

Após quase um mês de internação, paciente segue com quadro clínico grave, com
necessidade de DVA, realização de HD. Porém segue-se com tentativas de desmame de VM
por TQT quando possível, através de avaliação de despertar diário. Paciente segue em
cuidados Intensivos.
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3. EXAMES COMPLEMENTARES
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Hemograma Completo

Hemácias em milhões/mm³..: 2.44 4,5 - 6,5 4,0- 5,5 Mlh/mm³

Hemoglobina em g/dL ........: 7.26 13,5 - 18,0 12,0 - 16,0 g/gdl


Hematócrito em % ...........: 21.78 40,0 - 54,0 36,0 - 45,00 %
VCM em fl ..................: 89.12 80,0 - 96,0 fl HCM em pg ..................: 29.68 27,0 - 32,0 pg
CHCM em g/dL ...............: 33.31 32,0 - 36,0 g/gdL
RDW em % ...................: 13.9 11,5 - 15,5 %

LEUCOGRAMA Adulto ....: 4000 - 11000 Leucócitos por mm³ ..........: 12240/mm³ 4 a 7
anos: 6000 - 15000 8 a 12 anos: 4500 - 13000

Blastos .............: 0 0 /ml


Neutrófilos .........: 91 11138 40 - 75 1600 - 7500
Promielócitos .....: 0 0 0 0 Mielócitos ........: 0 0 0 0
Metamielócitos ....: 0 0 0 - 1 0 - 100 Bastões ...........: 1 122 0 - 5 0 - 500 Segmentados .......:
90 11016 40 - 75 1600 - 7500
Eosinófilos .........: 1 122 1 - 6 40 - 600
Basófilos ...........: 0 0 0 - 1,5 0 - 150
Linfócitos Típicos ..: 6 736 20 - 45 800 - 4500 Linfócitos Atípicos..: 0 0 ? ? Monócitos
...........: 2 244 2 - 10 80 - 1000 PLAQUETAS 288800/mm³ 150000 a 500000 / mm³

Gasometria Arterial

Teste Valor Unidade Valores de Referência


pH 7.381 7,35 - 7,45 PCO2 44.1 mmHg 35 - 45
PO2 92.3 mmHg 83 - 108
SO2% 96.9 % 95 - 98 tHb 8.7 g/dL Homens: 13.0 a 18.0 Mulheres: 11.5 a 16.5 Recém
Nascidos: 14.5 a 19.0 Hct 26 % Homens: 40.0 a 50.0 Mulheres: 35.0 a 48.0 Recém
Nascidos: 45.0 a 60.0
Na+ 135.1 mmol/L 136 - 146 K+ 4.45 mmol/L 3,5 - 5,1 CL- 105.6 mmol/L 98 - 106 CA++
1.13 mmol/L 1,09 - 1,30
GLU+ 162 mg/dL 65 - 95
LAC 2.3 mmol/L 0,7 - 2,5
TCO2 27.7 mL/dL 22 - 29
BE(B) 1.7 mmol/L -2 a + 3
HCO3-ACT 26.3 mmol/L 21 - 28
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PROTEINA C REATIVA Dt.Recebimento: 11/04/2023 05:15:44 Dt.Liberação: 11/04/2023


06:02:01 RESULTADO: 19.94

Valor de referência: 0,0 a 0,5mg/dL


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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, A.P. et al. O papel da fisioterapia no desmame da ventilação mecânica de pacientes


críticos: uma revisão sistemática. Cad. Edu Saúde e Fis 2019; 6 (11): 91-100.

BATISTAS, R. S. et al.Sepse: atualidades e perspectivas. Bras Ter Intensiva. 2011;


23(2):207-216.

CARVALHO, R. H. et al. Sepse, sepse grave e choque séptico: aspectos clínicos,


epidemiológicos e prognóstico em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital
Universitário.Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 43(5):591-593,
set-out, 2010. Rev bras epidemiol jul-set 2016; 19(3): 609-620.

CARDOSO, B.B,. KALE, P.L. Codificação da sepse pulmonar e o perfil de mortalidade no


Rio de Janeiro, RJ.
Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse. Sepse: um problema de saúde pública..
Brasília: CFM; 2015.

FRANÇA, et al. Fisioterapia em pacientes críticos adultos: recomendações do Departamento


de Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Rev Bras Ter Intensiva.
2012;24(1):6-22. http://dx.doi.org/10.1590/ S0103-507X2012000100003.

JORGE, R.L.N. et al. Choque séptico.Rev Med Minas Gerais 2016; 26 (Supl 4): S9-S12.

Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS – DATASUS [homepage na


internet]. Sistema de Informações sobre Mortalidade. Brasília, 2010 [acesso em 12 abr 2023].
Disponível em: http://tabnet.datasus. gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/cnv/obt10br.def.

RIBEIRO, N. S. et al. Fisioterapia em pacientes adultos em estado crítico internados com


COVID-19: revisão integrativa.ASSOBRAFIR Ciênc.,
13:e4473https://doi.org/10.47066/2177-9333.AC.2022.005
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